NOITIÁRIO DE SÁBADO, 13/02/2010

00:30 H - SÁBADO, DIA 13 DE FEVEREIRO DE 2010.

A chuva chegou ruidosa. De plácida só continha o não vir embalada em ventos. Aqui na soleira da área as goteiras percutem o telhado. Mas em questão de minutos a trilha sonora  pluvial arrefeceu-se.

O ritmo se percebe configurar-se às batidas calmas do coração da noite. O melhor a observar se resume na discreta queda de temperatura, e com isto a melhor sugestão passa a ir para a cama sob grosso cobertor e ouvir o murmúrio das goteiras numa quase hipnose líquida e certa.

A noite hoje, como algumas vezes se tem mostrado algumas vezes, está barulhenta, de vozes e músicas em alto volume e de gosto duvidoso, vindas do prédio ao lado, do Clube Panelão.

Há sons que não pedem licença aos nossos ouvidos. São tão horríveis que é difícil crer que as pessoas que os criam e espalham não se deem conta disso.

Mas não há o que fazer. É bem válido este aforismo, com o qual concordo, mesmo quando sou voto vencido: Os incomodados que se mudem. Ah, seu eu pudesse.

 Mudaria agora mesmo, lá para a minha aconchegante Timburi e iria beber silêncio, mesmo que temperado com um certo amargo de solidão. Pois é melhor nenhum som do que um som ruim deste tamanho.


RELATO DE UM SONHO - 11-02-2010 - Diário

00:45H - QUINTA-FEIRA.

A madrugada se mantém fresca, ainda que sem vento. Cães de várias latitudes acuam ao perto e ao longe. Por conta da ingestão de um lanche - desses entregues no domicílio - conciliar o sono se faz praticamente impossível. Mas a alma está em paz.

06:30 H -

Despertei de um sonho a que atribuo bons augúrios. Sonhei que mantinha um bebê ao colo. O pequeno era de muita mansuetude, de saúde perfeita e feição feliz e inocente. Apesar de ocupar-me em cuidar dele, o mesmo não chorou em nenhum instante.

Pelo contrário. Sorria e parecia entender - apesar de tão pequenino - tudo quanto eu lhe falava.

Também sonhei ter recebido a visita de duas pessoas: uma delas, minha conhecida e, outra, vinda com ela, vi pela primeira vez. Ambas queriam opiniões sobre alguns escritos que passou a mão o desconhecido. A intuição prevalecente é de bons augúrios pela presença daquela criança, a qual me fez muito bem, apesar dos grandes cuidados de mim requeridos.

03:30 H SEXTA FEIRA, DIA 12 DE FEVEREIRO DE 2010.

A madrugada apresenta, no momento que escrevo, uma temperatura ao figurino da do paraíso. O ar está cheio de umidade e frescor. O sonho de hoje, pela dedução, também me pareceu auspicioso, ainda que no meu papel de sonhador haja encontrado mais dificuldade do que o simples ato de levar uma criança pequena às costas.

Hoje sonhei com a escalada de uma janela, situada numa parede muito alta, a ser alcançada sem qualquer apoio ou escada. Ao que tudo indica,  a casa situava-se na Fazenda Santa Rosa (onde nasci e vivi os primeiros anos da minha vida).

Esta casa, a rigor, até onde sei, não existe mais. Dela apenas restou um fragmento. Fez-se num rancho aberto para abrigo de um trator.

A distância vertical foi vencida com sucesso, mercê de estrênuo esforço. Antes desse capítulo onírico eu me ocupava de um concurso literário, do qual tentava conhecer o regulamento. Antes, ainda, sobreveio um sonho onde um homem agressivo, com sotaque nordestino, me ameaçava. Contudo, não resultou em qualquer consequência danosa à minha integridade.

Hoje, sexta-feira, terminado o dia, se Deus quiser há o período de folga pelo carnaval, com um hiato nas minhas tarefas da Câmara até a próxima quinta-feira.

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Quanto ao meu sonho da escalada da parede da janela, o significado, segundo o Livro dos Sonhos,é "aumento de salário ou maiores lucros na atividade exercida." Tomara que seja assim, mas sou bastante cético com relação a profecias laicas. Já me bastam as da  Bíblia, que me assustavam muito quando criança, com meus sonhos de fim do mundo...

Efetivamente, em nosso país, o ano só começa de fato a partir do carnaval. De qualquer modo, há a necessidade planificar um trabalho alternativo, conciliável e sem prejuízo de minha função pública por força de contrato.

CADERNO G -09/02/2010

No difícil mister de manter a serenidade, nem sempre esta tentativa se coroa de êxito pleno. No meu caso particular, esforço-me ao máximo, mas por conta da sensibilidade, às vezes me vejo aturdido.

O ideal em situações tais é escapar da rotina por alguns dias e respirar a longos haustos outros ares. O ramerrão do dia a dia nos faz pesar a âncora da vida com sua ferrugem de tédio e monotonia. 


O momento desse hiato, na mesmice de tantas manhãs e tardes, pode ser uma viagem, de preferência a um lugar que nunca tenhamos estado.

O feliz resultado de uma viagem, e o que nela há de mais especial, se resume em nada mais do que no re-encanto de se voltar para casa.

O Poder das Aparências

Tornou-se proverbial a expressão - desgastada pelo uso -, mais propriamente como um bordão de consolo do de que convicção - "mais vale ser do que ter", mas que pode soar, não raro, como na conotação daquela fábula da Raposa e as Uvas.

Todavia, se imergirmos na profundidade de uma pessoa, o ditado pode ganhar um sentido claramente verdadeiro. Será o bastante uma dedução a que se é fácil chegar. O indivíduo, na verdade, erroneamente entende que "para ser é preciso ter". Confunde a circunstância de que TER (dinheiro e as coisas que ele compra) possam fazer com que pessoas de posses sejam superiores às demais.

Resta a evidência, a cada um de nós, por mais que o materialismo destes nossos tempos que tão alto conjuga o verbo "consumir" possa preencher a quem quer que seja com o seu falso brilho. Na maior parte do tempo, o coração humano anseia por preenchimento de coisas e sensações impalpáveis e inapreensíveis com os nossos meros cinco sentidos do corpo humano.

Enganosamente, a riqueza exterior, palpável e invisível dos invejados, a rigor não é pelo que os pobres sabem que eles possuem e que as podem demonstrar, mas pela aceitação, estima e respeito de que parecem gozar no seio da sociedade. 

Pelo AMOR que parecem desfrutar em relação ao sexo oposto e pela paz que, por incrível que pareça, aos ricos é bem mais difícil desfrutar. Ou, pelo menos, exige tanto mais sacrifício na proporção de seus haveres terrenos.

Em resumo, cada um pode ter mais do que tem. Porém, é impossível, só por isso, ser mais do que realmente é.

DIÁRIO - CADERNO G - sábado, 6/2/2010

SÁBADO, DIA 06 DE FEVEREIRO DE 2010.


O calor desta noite está de inédito rigor. Certamente por isso o sono transcorreu intermitente e pouco reparador. Não mantenho hábito de reclamar sobre o tempo e as estações. Esta menção aqui posta à alta temperatura se faz como mero registro, todavia sem qualquer questionamento.

Afinal de contas, o clima não pertence ao controle humano, ao ponto de até mesmo as previsões meteorológicas nem sempre se cumprirem da forma anunciada. 

Hoje aniversaria um grande amigo - o MOREIRA - com quem muito aprendi sobre muitos assuntos, da vida e da história. Hoje, daquele contato frequente, restam mensagens por e-mail, que trocamos regularmente, a companhar os novos tempos.

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DOMINGO - DIA 07 DE FEVEREIRO DE 2010.

A despeito de ser ainda noite escura, usa-se nomear como Uma Hora da Manhã, no que Neruda,  um dos maiores poetas mundiais (Prêmio Nobel de Literatura), não concordava com essa forma brasileira de definir as horas que antecedem o dia claro com plena escuridão.

A esta altura os cães ladram, em vários pontos e parecem exaltados nos seus ânimos caninos. Diversos veículos também cruzam a velha estrada em ambas as direções. 

Graças a Deus foi um sábado tranquilo. Um vento tímido, mas constante, marcou presença desde manhã até o entardecer. À noite o calor chegou pra valer. A temperatura no quarto ocasiona um suadouro, mas nada que seja considerado insuportável, ainda que um pouco desconfortante.

A vantagem é que a temperatura elevada, no meu caso específico e da esposa Toninha até se comporta a nosso favor para manter em bom nível a pressão arterial.

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00;15H

O sono hoje está arisco. Talvez pela inércia física do sábado ou, quiçá, porque suspendi hoje o uso do medicamento diazepan. A insônia deve ser um flagelo para algumas pessoas. Assim confessam esse desconforto. Alguns até mesmo experimentam ansiedade.

Pessoalmente, não a sinto como algo a esse ponto indesejável. Hospedo com prazer os pensamentos que a insônia traz em seu colo. São sentimentos que revoluteiam, como libélulas ao redor de uma luz acesa. 

Faço da alma um celeiro enorme, onde se juntam numa mesma essência, o passado e o presente. Tal postura me permite estabelecer as relações entre o pretérito imediato e o passado remoto. A integridade da vida, aquilo que cada um é e fez, se constitui dessa unidade demarcada pelo tempo.

O viver se torna fragmentário se só o presente nos ocupar o espírito. Felizmente, tal proeza é humanamente impossível a qualquer de nós. Sempre estamos com um pé no ontem e outro no hoje.

Considero como um erro palmar simbolizar o passado como cinzas de um fogo extinto. O que passou na vida de uma pessoa não se traduz apenas em saudade, senão que também em inspiração e motivação que ela destila em nosso espírito.



DIÁRIO, DOMINGO - CADERNO G 2010

31 DE JANEIRO DE 2010 - DOMINGO - 06h00

      O galo já veio bater o ponto na madrugada. Seu canto retardatário deve-se ao fato de a esta altura o céu encontrar-se encoberto, por conta do verão chuvoso, a pontuar o último dia deste mês.

      As conduções se sucedem, num coquetel de notas múltiplas a irradiar-se dos escapes. Prevalecem os sons da pesada, de ônibus, caminhões, treminhões, entrecortados por buzinas e brecadas sucessivas.

        
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02 DE FEVEREIRO DE 2010 - TERÇA-FEIRA  / 3 HORAS DA MADRUGADA

Normal, fresca e silenciosa.

Longo se faz o hiato entre passagem de veículos, enquanto esse vácuo se preenche pelo ladrar insistente de um cão insone. Já ultrapassei a metade da leitura do Volume 2 de JOSÉ E SEUS IRMÃOS. A esta altura o livro apresenta a figura de um personagem, meu velho e amado conhecido, Faraó Amenhotep IV, ainda a despontar como novo rei do Egito.

Que narrativa deliciosa tem o escritor alemão Thomas Man. Não foi em vão que recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, cujo ano não me lembro exatamente. Pelos indícios de sua escrita, deduzo que Thomas Man haja sido rosa-cruz,  ou pelo menos, reúne conhecimentos sobre o movimento político-religioso que culminou no monoteísmo.

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04 DE FEVEREIRO DE 2010 - QUINTA-FEIRA

O relógio assinala onze badaladas. A noite veio quente e abafada. Na tarde de hoje a nota triste foi o falecimento do Sr. NICO,  pai de Leonardo, meu concunhado.

         Do falecido se disse ter vivido 88 anos, com grande parte da vida passada na roça e, como passatempo não dispensava o baralho. Gostava de seus jogos com os amigos, o que revela ter aproveitado bem o tempo de lazer. Tanto melhor que esse vício para ele não se fazia prejudicial ao trabalho e família.

              88 anos de existência é bastante para as estatísticas. Extrapola o estabelecido como expectativa normal de vida em nosso País. E tudo se faz ainda mais relativo em termos de cronologia àqueles a quem a perda de um ente querido vem ocorrer.

              Assim é a realidade, que nos leva a ponderar sobre essa circunstância, fácil de equacionar pelos estranhos e pelos burocratas, mas sempre muito difícil para a família.
  
                Que os anjos de Deus acolham a alma bondosa do Seu Nico em suas asas infinitas e lhe propiciem a merecida ventura celeste, cujo mistério nossos olhos terrenos são incapazes de vislumbrar.


             

DIÁRIO DE 28/01/2010 - CADERNO G

QUINTA-FEIRA - 28 DE JANEIRO DE 2010

    Faltam 20 minutos para as 23 horas desta quinta-feira. O dia apresentou momentos de chuva mansa, alternada com o sol a brilhar. A molhar, muitas vezes, com a garoa tímida a luz solar pelas ruas e pelo casario.

   No momento, chove com média intensidade, em ritmo normal: sem ventos ou trovões. Apenas a temperatura se revela cada vez mais baixa.

      A noite está daquelas que melhor se prestam a um sono agradável sob um tépido cobertor.


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SÁBADO, 30/01/2010 - 04:05 H

A madrugada nascente parece muito quieta. A cidade dorme sob temperatura amena, o que faz o leito bem aprazível. Cada chuva traz um mote diferente. O aguaceiro insiste em imprecar contra a sarjeta e desce em murmúrio para um regato que fica perto da estrada.

Encerrei o dia overdosado da leitura de JOSÉ E SEUS IRMÃOS, de Thomas Man (1875-1955) - um gigante das letras, Prêmio Nobel de Literatura. Mais do que merecido.  Uma obra clássica de longo percurso em 3 alentados volumes. Cada página prende bastante a atenção, desperta o interesse, com grande poder que Man detém para descrever cenários, personagens e paisagens.

Alfarrábios do Generoso: DIÁRIO - CADERNO G - 27-01-2010

Alfarrábios do Generoso: DIÁRIO - CADERNO G - 27-01-2010: As 6 horas do relógio desata a garganta do galo vizinho. É um canto insistente, otimista, guloso por ser ouvido. Por esta altura da manhã a...

DIÁRIO - CADERNO G - 27-01-2010

As 6 horas do relógio desata a garganta do galo vizinho. É um canto insistente, otimista, guloso por ser ouvido. Por esta altura da manhã a vida já se faz ruidosa de motores dos veículos pelas rodovias próximas.
Eis que num piscar de olhos chegamos à quarta-feira, praticamente a assinalar o fim de janeiro.

Se o tempo voa assim tão depressa, embora isto ocorra apenas no nível da percepção, o que é muito relativo -a pergunta que se faz não poderia ser "será que sou quem levo a vida ou será ela quem me leva? E o faz cada vez mais depressa, quer seja eu que vá, quer seja ela a ir-se levando.

Eis acima uma pergunta sem resposta. O certo é que a vida passa assim tão vorazmente rápida porque assinalada por um tempo de normalidade e, principalmente, de atividade regular. De rotina, da qual a gente tanto reclama mas sempre que saímos dela (rotina) lutamos muito para voltarmo-nos a ela.

Mas a vida é mágica. Mesmo no extremo e misterioso evento da morte, se estivermos numa cerimônia fúnebre, a vida dá um jeito de intervir. Ela é mágica. Uma fada encantadora. Um feitiço a que ninguém consegue se imunizar.

Sim. Já vi namoros começarem em velórios mais de uma vez. A vida sempre dá de goleada na morte, cuja arma é só o silêncio desafiador e pretensamente sem resposta. Não. A vida responde e vence. A morte acaba no cemitério. O amor começa em toda parte, porque é a essência da própria vida, quer no homem quer em toda a Natureza. 

VIVA A VIDA.



Diário - Caderno G - dia 25.01.2010

Calculo estar à altura das 22 horas e alguns minutos. A chuva oferece uma pequena trégua, mas deve estar a cair em alguns pontos da redondeza. A atmosfera ainda se conserva umedecida pelas águas fortes caídas no início da noite.

A Natureza, em vários pontos do País tem-se revelado, ultimamente, uma mãe brava, furiosa até. Mais ainda no Haiti, com a hecatombe que assolou aquele pequeno e país da América Central com tremores de terra devastadores.

Ante essas emergências não há como não se envolver em meio a tais imagens aterradoras, pavorosas, dantescas mesmo. Porto Príncipe bem retratou o próprio inferno, ao trazer a desolação coletiva, em massa, de força desgraçadamente superlativa.

Tudo indica que o planeta está envelhecido. Mais ainda pelos maus tratos com que a humanidade irresponsável o aflige em todos os quadrantes. 

As camadas mais pobres da população, por inépcia e por conta da necessidade, invadem áreas de risco. Ali erguem seus arremedos de casas. Isto ocorre, mormente, em todas as grandes e médicas cidades. Das autoridades, que era de se esperar uma disciplinação e ordenamento urbano, só se obtém vista grossa. 

Ano a ano as enchentes se sucedem. E o que é pior: cada vez mais graves e cada vez em mais lugares. Haverá uma grande economia para os cofres públicos se os governos - em seus vários níveis - federal, estadual e municipal investirem em medidas de prevenção. Urge fixar um rígido ordenamento de ocupação imobiliária.

Remover flagelados em tão grande número, como a que tem se obrigado os governos, representa um custo muito maior, sem um mínimo benefício. 

Claro que muito tem sido feito. Mas o que se fez até o momento é insuficiente para evitar tantos transtornos como se verificam em grande número de lugares, afetando populações inteiras com o flagelo das intempéries, que bem poderia ser contido por medidas sérias e responsáveis.

THIAGO APARECIDO DA COSTA

THIAGO APARECIDO DA COSTA -  o nosso memorável BIGODINHO,
veio ao mundo na capital paulista, no ano da graça de 1984, precisamente no dia 16 de agosto.  Seu local mais preciso de nascimento foi no Hospital Iguatemy, no bairro paulistano de  Pinheiros. Desde sua chegada ao lar da família COSTA, sendo seus pais Regina Aparecida Gambarelli Costa e Valter Aparecido da Costa (conhecido por Bigode) - de quem herdou a alcunha no diminutivo, foi uma riqueza e orgulho de seus genitores e da irmã Tânia Regina da Costa Menegasso. 
         Deixou a cidade de São Paulo, com apenas 5 anos de idade, e aportou na terra ipaçuense no ano de 1989, onde fincou sólidas e belas raízes de amizade e benquerença entre vizinhos e amigos, em grande número e sempre reconhecidos pelos préstimos e pelo dom de solidariedade sempre demonstrado pelo nosso imortal BIGODINHO.
            Quis o destino, quiçá por ser ele talhado pelo espírito de solidariedade, capaz de bem interpretar as dores e aflições da comunidade - que nele sempre confiou -, BIGODINHO,  desde cedo na vida, dedicou-se ao trabalho farmacêutico, a todos levando o conforto de sua presença, sempre iluminada por um sorriso franco e acolhedor.
               Assim persistiu em sua seara, e aplicou-se no estudo na ETEL (Escola Técnica de Eletrônica de Ipaussu), onde igualmente cultivou o carinho pelos mestres e a cordialidade para com todos os colegas, no afã de preparar-se para enfrentar as lutas da vida.
                Ainda no perfil de BIGODINHO havemos de destacar sua participação constante nos esportes de nosso Município, sem deixar de mencionar sua presença obrigatória nas festas comemorativas da cidade.
                 Diziam os gregos, seja esta uma mera expressão poética ou filosófica daqueles recuados tempos que "Os amados dos deuses partem cedo".  Para nosso ilustre amigo THIAGO, hoje transladado ao céu, até onde podemos alcançá-lo tão somente com nosso respeito e orações, certamente ele se enquadra nesta afirmação dos helenos, pois pela bondade que expressou em toda sua breve existência, no seio desta cidade, BIGODINHO pode, com justiça e verdade, ser considerado um amado de Deus. 
                      E, da parte de toda nossa comunidade ipauçuense, este amor também se fez e se faz presente, qem sua doce e inesquecível memória. 
                      Fica pois, perpetuado, no Conjunto Aquático que leva seu nome, a mais alta expressão de nossas autoridades e de todo o povo ipauçuense em respeito ao que ele nos legou com seu jeito, sua atuação, sua presença e seu exemplo.


O CAMINHO DE EMAÚS



Geraldo Generoso


Afirmam os estudiosos das Sagradas Escrituras que os relatos bíblicos sempre enfeixam, de forma simbólica, lições e exortações para conforto e uso em nossas vidas. As narrativas não se esgotam nos episódios em si mesmos. São sempre depositárias de uma mensagem a ser decodificada.

            Entre tantas passagens da Bíblia Cristã, na cerimônia de casamento   de VITOR ANDRÉ G.MARTELINI (meu compadre e sobrinho)  com ELAINE NARDO,  o nosso querido FREI PAPIN,  de Santa Cruz do Rio Pardo, como sempre,  foi muito feliz na  escolha da leitura evangélica na celebração daquelas bodas.
            Conforme atesta o livro sagrado, já decorriam três dias da morte de Jesus Cristo. Dois de seus discípulos tomaram o rumo da aldeia de Emaús, distante 60 estádios (3 km + ou -) e pelo caminho rememoravam entre si  o trágico acontecimento da transição dolorosa por que passara o Divino Mestre. Eis senão quando, Cleófas e seu companheiro são alcançados por um terceiro caminheiro em demanda da mesma povoação.
 De pronto o novo amigo quis saber sobre o que estavam falando e qual o motivo de tanta tristeza e  apreensão. Cleófas estranhou por aquele caminheiro, provindo de Jerusalém como eles, não saber da recente  da morte de Jesus.

 Eles explicaram o ocorrido. “Ele foi entregue à condenação. Nós esperávamos que ele remisse Israel, mas eis que já fazem três dias. É verdade que algumas mulheres, indo ao túmulo, o encontraram vazio, tiveram visão de anjos e disseram que Ele vive”.

            De imediato o peregrino se pôs a explicar-lhes as escrituras, sobre os profetas e sobre Moisés e ainda esclareceu que “ao Cristo convinha padecer estas coisas e entrar no reino da glória”.

            Assim entretidos na boa conversa daquele homem, o percurso se fez breve até a aldeia, e logo chegaram ao local de destino. Aquele que os alcançara pela estrada fez que ia para mais longe. Fizeram por convidá-lo para que ficasse, pois já era tarde “e já declinou o dia” – observaram-lhe.

            mente voltaram para Jerusalém, felizes porque “Ressuscitou verdadeiramente o Senhor”.
            Igualmente em nossas vidas, muitas vezes somos alcançados,  em nossa trajetória, pelo Cristo disfarçado em um simples caminhante ao nosso lado.
 Da mesma forma que os viandantes em demanda de Emaús, ignoramos a evidência do Cristo ressuscitado e sempre presente em nossos caminhos.
            Contudo,  sempre é difícil  ao comum dos seres humanos, como o foi aos próprios discípulos, reconhecer o Cristo de Deus nos gestos que lhes são próprios, como lhe era bem peculiar o seu gesto de  partir do pão.
Assim, mesmo quando nos parece que o Cristo está morto na Jerusalém de nosso coração, em que estamos errantes como que a fugir dos problemas que se nos assemelham fatais e sem solução, o Mestre está em nosso encalço para nos alcançar por quaisquer que sejam os nossos caminhos e com Suas mãos abençoadas partir o pão que nos alimenta pelo resto da jornada.


      

Será que vai chover?

- Diário de Segunda-feira, 25/01/2010 –


A madrugada, fresca, hoje se monstra acuada pelo ruído de motores. 

As chuvas,  ultimamente, têm acontecido persistentes. Intermitentes, dia e noite. 

A estação também justifica o calor de verão, a ponto de transpirar pelos poros.


Como seres vivos somos grandemente influenciados pela meteorologia.

 É até possível haver mesmo, nessa nossa preocupação com os humores do tempo, uma forte razão econômica, oriunda dos genes de nossos ancestrais.

Talvez na era em que predominou a agricultura – o chamado código agrícola, de forte acento patriarcal, em grande parte, bem mais do que hoje, as lavraturas e colheitas da terra dependiam em muito do tempo.

Nossos antepassados sentiam-se muito dependentes da chuva e do sol em medida certa para a fartura de suas lavouras e criações. 

Na verdade, eles observavam mais o céu, a indagar a lua, as nuvens, as estrelas, na tentativa de adivinhar ou prever o alimento para consumo e renda.



A tal ponto isto se fazia notório, e ainda permanece de forma inconsciente na mente das gerações atuais, que o tempo ainda se constitui no ponto de partida de uma conversa entre as pessoas: 

“Será que vai chover?

Diário do CADERNO G - 2010

Diário – Caderno G –  Sábado 23/01/2010

São 4 horas da manhã. Há apenas na estrada próxima (SP.225 – Eng. João Baptista Cabral Renó) um ou outro ruído de motor a beliscar a pele do silêncio.

Domingo- Caderno G – Domingo – 24/01/2010

O relógio martela 3 horas da madrugada. Pelo que a audição me permite discernir, há um razoável aumento de tráfego em ambas as pistas que servem  a este itinerário do sudoesta paulista.

            Talvez se explique o aumento do fluxo de trânsito por conta do feriado, aniversário da fundação de São Paulo, que se dará amanhã. Até esperava pela vinda do meu especial amigo Edson Rafael Paloni (ipauçuense radicado na capital), com sua troupe, mas, por conta das chuvas, preferiu não viajar cá para o interior.

            Ontem foi um sábado rico de atividades sociais. Durante a noite estivemos, a esposa Antonia e eu em casa de nosso admirado e respeitado amigo  Fernando Gonçalves Mendes Júnior.

            Todos nós temos carência de gente em nosso entorno. Bem o disse o filósofo Aristóteles que “o homem é um animal social, gregário”.  Na oportunidade transcorreram momentos agradáveis, reforçados por laços de respeito e laços afetivos recíprocos.

            Pessoas como eu, voltado para o lado místico a maior parte do tempo, necessitam, outrossim, buscar o equilíbrio entre o mundo de Deus e a dimensão do próximo.

            Trata-se de uma equação sempre fácil de ser armada, porque pessoas voltadas para o Espírito encontram praticamente toda sua constante complementação no mundo divino. Contudo, ninguém entre nós pode se fechar numa muralha particular e cerrar as portas para a vida e seu derredor.

            O senso do coletivo é tão necessário, ou até mais, do que o limitado senso pessoal, subjetivo de cada ser humano. Para as pequenas e grandes coisas do meu viver, invariavelmente me confio aos cuidados do Todo Poderoso.

            Por isso mesmo, tenho refletido ultimamente no seguinte: esta mesma Graça que me assiste como ente, como um ser individual e único, não me discrimina do contexto social e humano de que sou parte indissociável.

            Cada homem tem a obrigação intransferível de ser a luz do mundo e essa Graça implica num contato inevitável com cada um de seus semelhantes.

            Quando o Apóstolo São Paulo passou a vivenciar o Cristo dentro dele, poderia ter se extasiado em um modo absolutamente contemplativo, e destarte não cumprir sua missão como um dos maiores sustentáculos da fé e da esperança de milhões de pessoas milênios afora.

Nossa união consciente com Deus está sempre a nos advertir que o nosso próximo, o nosso semelhante, continua sendo o caminho concreto para que, com nossos passos, cumpramos nossa missão enquanto neste mundo terreno e, futuramente, no celestial.
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