Alfarrábios do Generoso: E VIVA O VERDÃO

Alfarrábios do Generoso: E VIVA O VERDÃO: Não é possível! É o cúmulo! Olha lá o Hilário! Pelado pela rua – disse o dono da Cantina Monte Castelo, bem no coração de Florópolis....

E VIVA O VERDÃO




Não é possível! É o cúmulo! Olha lá o Hilário! Pelado pela rua – disse o dono da Cantina Monte Castelo, bem no coração de Florópolis.

Todos o conheciam na pequena cidade. Tido como anormalmente alegre, nos últimos dias apresentava uma conduta diferente da habitual.

 Um pouco sério e menos comunicativo. Lá estava ele na Praça Dr.  Raphael de Souza, nu em pelo, desfilando pela rua principal. Dispensava breve atenção às vitrines com quem disputava a curiosidade dos transeuntes e motoristas que passavam ali por aquela via central.

Ao expresso espanto do proprietário da cantina juntaram-se outros comentários e Hilário virou o eixo polêmico de uma questão inédita. Algumas pessoas riam. 

Uma senhora robusta baixou levemente o olhar em direção ao nada, mas seu olhos não acompanharam tal intenção. Uma garota olhou sobressaltada, como se conferisse não se tratar de uma miragem.

Pessoas se juntavam em pequenas rodas a discutir sobre aquela inusitada cena. Hilário realmente excedera na dose. Abilhoado de nascença, a anormalidade até então não lhe granjeara  nenhuma notoriedade. Consideravam-no um louco manso.

Mas agora não, pois lá estava ele de forma exótica, totalmente à vontade, circulando pela área central da pequena urbe e polarizando as discussões.

Passou pela frente da Nossa Caixa, atravessou a rua e alcançou o Bar Língua Preta. Olhou para o chão à procura de um lugar para deitar-se. Olhava indiferente para os lados. Seus olhos, meio achinesados, não tinham um ponto de referência definido. Nem um pouco se importava  com as pessoas que o estavam vendo ou fingindo não vê-lo.

Calçava apenas um par de chinelos vão de dedo, sendo um dos pés na cor verde  e  o outro, na cor amarela. Ali se postou na lateral esquerda da praça, próximo a uma lixeira de concreto.
Ali mesmo deitou-se alheio a tudo e a todos.

 Talvez apreciasse aquele ponto porque era um funil por onde escoava o maior número de transeuntes.. Mesmo antes de aderir ao que podemos chamar naturismo solitário, era ali o seu ponto predileto de parada.

- O que faz a Polícia? Onde estão as autoridades? Cadê o prefeito, o delegado que não vêem essa pouca vergonha em plena praça? Além disso o rapaz é superdotado, mesmo com a ferramenta em repouso – pergunta em alto tom de voz Anselmo Santos, um octogenário que dizia nunca ter visto tal cena, de alguém pelado sair assim pelas ruas sem mais nem menos.

- Ei, seu Anselmo, isso é um problema sério. Esse Hilário não tem jeito mesmo. Mas, no fundo, ele está se aproveitando da própria loucura para abusar do povo, principalmente aqui nesta praça central da cidade. Olhe lá uma mulher vindo para cá...coitada...E a polícia não pode fazer nada. Ele é inimputável – emenda Tião Alves, funcionário da prefeitura.

- Um puto! Um puto! Isso é que ele é –conclui Anselmo.

De fronte a lixeira havia uma loja de confecções. O dono veio correndo com um calção na mão. Parou diante de Hilário. Este o olhou curiosamente mas sem muito interesse.
O lojista estende-lhe  o calção para que o apanhe. Hilário levanta-se, apoiando a mão nos ombros de seu benfeitor enquanto enfia as pernas pela peça para vesti-la.

Confere como assentou-lhe o tecido sobre o corpo e sorri em aprovação agradecida. Incontinenti partiu para casa e saiu de cena. Mas não por muito tempo. 

O assunto sequer teve o tempo de esfriar nos interlocutores da praça. Refazendo o mesmo trajeto de meia hora antes, Hilário volta a desfilar novamente nas mesmas condições pelas quais ganhara um calção. Completamente nu, com seus chinelos vãos de dedo bem brasileiros (verde um pé, amarelo outro).

            Mas agora ele contorna e dobra à direita e caminha meio quarteirão além da  praça. Um despachante interrompe o serviço na máquina de escrever, sobressaltado ao vê-lo passar com a maior naturalidade por sua porta vestindo apenas aquele par de chinelo gasto.

O folgado Hilário agora se posta diante de uma loja de roupas,  farta de portas,  sem  qualquer constrangimento. Ato contínuo deita-se na calçada para ver a vida passar. Defronte há um açougue. Dona Rosania , proprietária daquela loja, chama por Laércio, o açougueiro:

- Laércio, você poderia dar uma chegadinha aqui, por favor?
De pronto o açougueiro vem atendê-la mas, na pressa, traz na mão direita o facão com que estava cortando toicinho. As pessoas à volta ficam tensas e a impressão que o quadro sugere dispensa detalhações  específicas.

Aquela protuberância entre as pernas de Hilário poderia emprestar ao objeto cortante uma inédita serventia. Mas o açougueiro passa pelo nudista sem dar-lhe atenção e vai direto para saber o que deseja dona Rosania, a vizinha  dona da loja.

       Embora fosse a primeira vez que via Hilário destrajado, ultrajando o pudor público por falta de poder público, o açougueiro passou direto e postou o ouvido bem perto de Rosania,  repetindo gestos de cabeça, afirmando entender o que ela lhe pedia em voz inaudível para a platéia improvisada que o desnudo Hilário conseguira reunir em segundo tempo. 

                                 - Pois não, dona Rosania – disse o jovem  Laércio, ao mesmo tempo, o sem-miolos balançava despreocupado, aliviado de qualquer vestimenta, os pés em folgada ginástica dos artelhos 
.     
            Por conta dessa movimentação, seu objeto de vergonha ora reclinava para a esquerda, ora para a direita. Laércio depôs o facão sobre o balcão da loja e foi para o lado de Hilário dizendo-lhe: “Vista  este calção  vermelho. Veja como ele é bonito. Vamos ver, Hilário, se ele serve para você. Vamos, experimente. Se servir, você pode vestir e ficar com ele para você jogar bola. 

            Dona Rosania permanecia na calçada, agora com mais pessoas presentes por volta.                                                                             

  Hilário esboça  um sorriso espichando ainda mais os olhos achinesados, engastados no rosto comprido,  magro, com uma franja sobre a testa, e diz para o açougueiro:
- Ei, Laércio! Esse calção é igualzinho  o que eu ganhei do seu Saliba.

            Vestiu o calção e foi-se rua afora sem mais palavras. Pelo caminho foi conferindo a elasticidade do pano, abrindo-o  à cintura e experimentando a resistência da peça.

            Ganhou o rumo da estação ferroviária. Dali a pouco regressou trajando, novamente, apenas os chinelos inseparáveis, gastos pela dedicação de seu usuário.

            De novo estava Hilário na praça , em passos miúdos, como uma vitrine ambulante, com furúnculos sobre as nádegas brancas, ainda não acostumadas a proezas naturistas que ele iniciara  sem mais nem porquê.

           Desceu pela rua Luiz Coelho e estacou diante de outra loja do mesmo ramo da qual descolara o último calção. O ritual se repetiu. 

       Deitou-se no gramado próximo a um  ponto de táxi  com o indicador viril apontado para cima e ali permaneceu. 
     
     Seu Jorge Jubran, o proprietário, de origem árabe e nos seus setenta e poucos anos, foi ao seu encalço e ofereceu-lhe um calção. Agora já era o terceiro. O comerciante fez-se de zangado para convencê-lo a vestir-se:

- Vista isto já, seu moleque! Que coisa mais feia – disse-lhe o árabe em dissimulada indignação.


- Ah, seu “Jóige”, eu quero um calção verde. Vermelho já tenho dois. Afinal, eu sou palmeirense. O senhor não sabe?

Alfarrábios do Generoso: O TREM DO SUCESSO - 2ª PARADA

Alfarrábios do Generoso: O TREM DO SUCESSO - 2ª PARADA: A  ÚNICA  FELICIDADE É AQUI E AGORA A maioria das pessoas vive  a emitir promissórias da própria vida. Freqüentemente sacamos sobre o f...

O TREM DO SUCESSO - 2ª PARADA

A  ÚNICA  FELICIDADE É AQUI E AGORA

A maioria das pessoas vive  a emitir promissórias da própria vida. Freqüentemente sacamos sobre o futuro ou revolvemos as moedas do passado,  com  validade vencida, incapazes de comprar a migalha sequer de um momento. Tanto uma atitude quanto a outra faz abortar o presente. Seria de bom juízo  cada qual fazer um balanço de sua própria vida.  Este dia que ora transcorre já morou nos sonhos. Foi embalado em nosso ontem pelo ideal projetado para o dia atual. Mas este dia que ora flui, montado sobre os ponteiros do relógio, infelizmente não veio da forma imaginada.
         Tanto isto é verdade que, assim como milhares de outras pessoas, enxergamos mas nem vimos a beleza do sol nascente com o canto dos primeiros pássaros da manhã. Ou nem percebemos a chuva acariciando  a relva ao abrirmos as janelas de nossa casa.
         Isto porque, tempos atrás, seguindo um hábito em linha reta, já tentamos viver este momento, em um outro dia qualquer. Assim, foi sobreposto este futuro, que será passado, sobre o ontem que deixamos de viver pensando no dia de hoje.
Auto-observação
Somente mediante  uma acurada observação de nosso próprio modo de ser e de viver é possível mudar este hábito de deixar os bons momentos para o dia seguinte. Temos de mudar o costume de lançar nossa tenda no futuro. No ato de programarmos o porvir empregamos mal o presente. E não só isso, maltratamos o dia que passa como se ele não oferecesse  a mínima importância.
         Esta atitude, no entanto, é compreensível,  se analisada sob um aspecto fundamental: o senso natural de imortalidade. Como disse Jesus Cristo, ratificando as palavras de Davi "vós sois deuses". Sim, nós somos deuses. Daí que a consciência nos permite viver sem uma definida junção ao tempo. Sabemos, bem lá no fundo de nossas almas, que o calendário não nos sujeita ao seu império.

Mas enquanto seres humanos

Por outro lado, nossa vida humana individual, nos faz partícipes de um cenário limitado.  Assim como, quando  em criança, brincávamos de pega-pega , amarelinha, peões e pipa, a vida humana, sob sua feição terrena, tem uma escala de momentos a ser vivida. Pouquíssimas pessoas sabem desempenhar o seu papel nesse jogo, ou brincar nesse brinquedo. O bem viver o dia presente é administrar bem  os  pensamentos e emoções de cada minuto.
         É  dar agora o abraço mais forte. Dizer a melhor palavra. Fazer a mais expressiva demonstração de apreço e a oferenda de nossa mais elevada gratidão. Falar com todas as palavras do nosso afeto aos que nos circundam.
         É colocar no trabalho deste momento o empenho mais entusiasta, a fé mais veemente, a atenção mais acurada, o nosso próprio ser, como um todo, neste dia que não voltará mais.
Sem medo de ser feliz !
         Pelo fato de cada ser humano dispor de uma inata predisposição à felicidade, sob os aspectos  instintivo, mental e espiritual, fica evidente que  fomos  talhados para realizar  o melhor de nós  mesmos na face da Terra. Esta sublime tendência, às vezes nos conduz  à busca de estar  feliz em vez da busca de  ser  feliz. Nessa busca incorreta,  acabamos, temporariamente,  por nos perder  a nós mesmos. Sem nós, não há a  mínima  chance de qualquer  felicidade. Quando nos direcionamos na busca dos valores espirituais, aí  sim, somos e vivemos verdadeiramente felizes, ainda que atravessando períodos de turbulência. É para esta procura que fomos talhados por Deus a fim de levar avante o Seu projeto de eternidade, feito com os tijolinhos de cada dia de nossa existência.

         O estranho e psicodélico mestre afastou-se do cenário sem dar as costas, sempre insistindo em manter o gesto de Paz e Amor, com os dedos indicador e médio.
        



Alfarrábios do Generoso: PROCURA DE AGENTE LITERÁRIO

Alfarrábios do Generoso: PROCURA DE AGENTE LITERÁRIO: PROCURO AGENTE LITERÁRIO NOS ESTADOS UNIDOS. AUTOR DE VÁRIAS OBRAS, A MAIOR PARTE INCONCLUSAS, O OBJETIVO É LANÇÁ-LAS NOS ESTADOS UNIDOS. ...

PROCURA DE AGENTE LITERÁRIO

PROCURO AGENTE LITERÁRIO NOS ESTADOS UNIDOS.

AUTOR DE VÁRIAS OBRAS, A MAIOR PARTE INCONCLUSAS, O OBJETIVO É LANÇÁ-LAS NOS ESTADOS UNIDOS.

NÃO A JUÍZO PESSOAL, MEU, MAS DE ESTUDIOSOS DE LITERATURA, SÃO OBRAS DE BOA ACEITAÇÃO PÚBLICA, TANTO POR LEITORES COMO PELA CRÍTICA.




GERALDO GENEROSO - IPAUSSU, ESTADO DE SÃO PAULO - BRAZIL

E-MAIL: braunaster@gmail.com


Alfarrábios do Generoso: O TREM DO SUCESSO

Alfarrábios do Generoso: O TREM DO SUCESSO: Primeira Parada Neste nosso passeio, ao roncar dos motores da locomotiva, embrenhamos por um túnel iluminado, aparentemente infinito, d...

O TREM DO SUCESSO

Primeira Parada

Neste nosso passeio, ao roncar dos motores da locomotiva, embrenhamos por um túnel iluminado, aparentemente infinito, descansando nossos olhos na paisagem em derredor, às vezes com a vegetação  machucada pelas intempéries, mas no geral as tintas da exuberância predominam no cenário.

Tudo está muito claro à nossa volta. A luz está a nos mostrar que estamos protegidos, no interior da montanha imensa,  por um envoltório de aço nas paredes do amplo túnel  pelo qual o trem vai avançando devagar.

E aqui a conversa passa a ser muito séria. No interior deste rochedo, cuja portentosa estrutura sugere segurança, o trem vai fazer a primeira parada. Nesta fortaleza, parte feita pela Natureza e parte, por mãos humanas, vamos conversar sobre um princípio da verdade, tão ou mais sólido do que o próprio cenário onde estamos refugiados dos bulícios do mundo lá de fora.

Estranho Personagem

O túnel forma uma perfeita câmara de eco. Isto permitirá ouvir a voz clara e forte de um eremita. A chusma de passageiros se espreme  pelas portas de saída do trem que está em silêncio. Todos se mostram  curiosos por esta primeira parada para ouvir aquele habitante que emerge de uma caverna incrustada no interior daquele penedo.

Tudo conforme previsto no roteiro, exceto que o mestre, em lugar das sandálias calça um par de tamancos. Também ninguém esperava encontrar o filósofo prometido pelo guia turístico vestindo uma calça azul e desbotada com barras esgarçadas. Menos ainda que, em vez de um austero manto, ele cobrisse o peito apenas  com uma camiseta branca,  sem mangas. Somente a barba, negra como seus olhos que pareciam fuzilar à distância, lhe emprestava um certo tom exterior de sabedoria e espiritualidade.

O Mistério Maior

E assim, ali mesmo, ao ar livre,  em pé sobre uma enorme pedra,  vamos ouvir as palavras de nosso primeiro guru:

“Galera, eu sei que o bicho tá pegando. Eu sei que não é mole para cada um de vocês ter que brigar sempre em desvantagem para  descolar o rango, vestir um pano  à prestação, morar à prestação, e ainda assim levar uma vida que não tá com nada.

Pular cedo, pegar trilho e sentir a galera se espremendo. Ou pular num trem metropolitano ! Aí, meus  maninhos e  maninhas, o bicho pega solto e o caldo engrossa. Espreme daqui, espreme de lá,  até chegar para o trampo e repetir o mesmo barato do dia anterior, quando aconteceu a mesma coisa e no fim não aconteceu nada, porque a vida passou a ser um tremendo bagulho.

Mas, entre vocês também se encontram pessoas ricas, gente que comprou tudo, ou quase tudo que a grana pode comprar e,  mesmo assim, está com a cuca cheia de grilos.

Pô, esse barato tá errado, meu! O cara dá um duro e continua sem cascalho. E continua trabalhando só por trabalhar. Outro maninho tem grana à beça pra deitar o cabelo   para a Europa, Estados Unidos e os cambaus, e também fica grilado, numa tremenda fossa, sem tesão para curtir o barato da vida.

Gente, tem coisa errada. E a gente tem que descobrir que o  barato não deve nem  pode ser esse. O neguinho  fica embaçando, embaçando, de repente o bicho estica os membros, veste  o pijama de pau e aí o bicho come tudo que é do homem.

Se tem trampo, o trampo cansa. Se não tiver  trampo não tem nem direito a não ter nada. Essa configuração tá braba, meu!

Mas a galera não se move. E quando digo pra se mover não é partir pro pau, não. Isso já era, malandro. Tem mais é que usar a massa cinzenta, levantar dois dedos pra cima  e acreditar no lema Paz e Amor, bicho. Só que o cara quando fala isso dá uma de currupaco, repetindo as coisas sem ter noção do barato que tá dizendo.

Bem, galera, o que eu queria era bater pra vocês uns macetes, ainda que estou meio novato nessa manha de sobrevivência, mas já levei muita porrada e cansei de só viver fazendo porralouquice, porque descobri que tem muita coisa legal, tem muita gente legal e sempre tem um caminho muito da hora para a gente seguir quando encara um barato novo e não se conforma em viver como barata tonta, dando banda de revoltado e deixando tudo pra depois da missa, sem dar conta de que o momento que está pintando agora é o que conta.


Façam aqui uma promessa pra valer: de nunca mais olhar para o dia que já se foi, nem tentar adivinhar o dia que vai pintar amanhã. 

Vou bater  para vocês, em linguagem de gente, uma mensagem que copiei há algum tempo de um rabisco moderno e espero que esta seja a primeira mensagem para curtir a vida numa boa, sem incucações e sem grilos. 

(continua) Se gostar, compartilhe. Abraço a todos. Geraldo Generoso

Alfarrábios do Generoso: MENINA TRAVESSA

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Alfarrábios do Generoso:


A Você que me deu a honra de seucompartilhament...
: A Você que me deu a honra de seu compartilhamento na leitura destes meus rabiscos, um abraço, daqui pra frente, sem palavras ...

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Alfarrábios do Generoso: ODE AO TOTÓ: Porque não sou o céu no infinito aberto Nem sou deserto,  em seus caminhos sem termos,  Não posso me isentar do vício...

Alfarrábios do Generoso: SILêncio na noite

Alfarrábios do Generoso: SILêncio na noite: SILÊNCIO DA NOITE Extraído do Diário escrito em 04 de outubro de 2011. ...



A Você que me deu a honra de seu compartilhamento
na leitura destes meus rabiscos,
um abraço,
daqui pra frente, sem palavras
e sem ponto final.


GeGê

 

25 de agosto de 2016.
Ipaussu city, Sant Paul State, Brazil, South America





SILêncio na noite


SILÊNCIO DA NOITE

Extraído do Diário escrito em 04 de outubro de 2011.






Mais uma noite guardo
O silencio dos teus passos
E no vazio do espaço
Carrego o fardo
Do vazio do teu abraço,
Com flocos de noite
Com os quais me enlaço.


ODE AO TOTÓ









Porque não sou o céu no infinito aberto
Nem sou deserto,  em seus caminhos sem termos, 
Não posso me isentar do vício da posse,
Da busca do espaço, do calor de um abraço,
Da sensação do “meu” ou do “nosso”.

Porque não sou o mar de águas tantas,
Que pode esparzir gotas e espumas sem limites,
É que a dor da solidão,
Ainda que a dois
Tanto me dói,
A corroer  todos os meus motivos;
A arredar todas as minhas metas,
A matar o “eu mesmo” neste “não ser” forçado.

Sinto quase a sensação de abandono,
E bendigo o sono
Que me faz imergir
No meu nada que resta,
Nesta
Pequena fresta
Que vejo surgir
Dos olhos de meu cão de quem sou dono:
De quem sinto companhia,
A quem posso falar
A qualquer hora do dia, e  ele,
Mesmo sem o dom da fala,
Jamais se cala,
No simples  abano de sua  cauda
Ensina-me  que não  sou só
Porque  me resta um amigo.





FILOSOFANDO



               


               
Brasão da Família Generoso
                

                 Cerre o portão do futuro
                 E feche as portas do passado escuro
                 Porque o presente é mais iluminado.
                 Esqueça o que passou e viva em paz.
                 Esqueça tudo que ficou pra traz,
                 Sufoque o som das vozes do passado.

                 Esqueça quem quiseste e não te quis,
                 Só assim é que se pode ser feliz
                 -Não revolvendo mais essa ferida.
                 Encare com coragem o presente,
                 Porque o dia de hoje é tão somente
                 A realidade e a verdadeira vida.

                 De fato neste mundo existe dor,
                 Para consolo existe um grande amor
                 Que nos conforta a alma e enxuga o pranto!
                 Mais de uma vez a experiência disse:
                 -Existe um mago encanto na velhice
                 E, dentro da própria morte existe encanto!




CANÇÃO AO PASSADO



            P
assado,   volte como as andorinhas
            Saudando as luzes do verão nascente;
            Passado, vem trazer-me em toscas linhas
            Poesia que não há em meu presente.

            Passado, volte como a primavera,
            Que em meses de setembro a tudo enflora;
            Volte, passado, para a minha vida
            Trazendo a vida que levaste embora.

            Dê-me, passado, no presente escuro,
            O teu clarão e luminosidade;
            Que inteiro te entrego o meu futuro
            E inteira te devolvo esta saudade.

FELICIDADE

               

               Por trilha errante a palmilhar a estrada,
               Cheia de passos que o destino aponta,
               Fui buscar o clarão de uma alvorada
               Que iluminasse a vida ponta a ponta.

               Minha alma se fartou na caminhada
               E das milhas que andei perdi a conta:
               Queria ser feliz e na escalada
               O preço que paguei me desaponta.

               Na febre louca de vencer a luta
               Contra os embustes do destino incerto
               Tudo empenhei de forma absoluta.

               Mas da nada valeu tão férreo empenho:
               - Felicidade estava em mim, tão perto,
               Que por longe buscá-la não mais tenho.

PENSAMENTOS ESPARSOS

               ESPARSOS I

                 *
                                 “O colibri,
            com um simples fio de cabelo de milho
                       pregou um botão de flor
                               No vestido azul
                               da primavera.”

                     **
                              Após a chuva
                   O céu mandou de presente
                        um beijo de sol macio...

                    ***
                             A flor vai longe
                      Quando pega carona
                     No bico de um beija-flor

                   ****
                            A pedra muda
                       Tão vagarosamente
                            E nos diz tudo...

           



              ESPARSOS II

                  *
                               Sentiu-se tooonta
                        A água da cachoeira
                               E veio abaixo...
            
                       **
                              Nenhuma fera
                          Fere gratuitamente
                          Quem a encarcera.

                      ***
                               O passarinho
                      Já tem o seu cantinho
                          Guardado no céu.

                     ****
                              Eterna criança:
                     - Cúpido sempre menino,
                       No colo da esperança...

                    *****
                             Noite sonolenta
                    De cansaço se espreguiça
                        Ao sol que a afugente.

  
  ESPARSOS III

                        *
                 Quem primeiro bebe o perfume
                        É o frasco que o leva,
                     Quem primeiro vê o lume
                    É quem o acende na treva.

                                       **
          A gente só pode fazer a felicidade de hoje
          se não deixar para amanhã o momento de ser feliz.

                     ***
                            Há horas vazias
         Com pautas de música em branco.
           É assim que se escreve o silêncio...
                    ****
    Pode a noite tentar nos assustar com seus fantasmas
    e acorrentar as horas lentas no fio de seus pesadelos.
               Mas nada pode adiar o momento
             ou impedir a chegada do alvorecer!
                  *****
   O coração quase nunca tem razão. Mas quando ama
   de verdade sempre tem certeza.

POTRO REDOMÃO

                         





                   Sou um potro
                          D e s g a r r a d o
                          Sem arreio,
                          sem arado
                             Que galopa
                             Pelo prado

                             Sempre em pelo
                             Pela vida
                             Em atropelo     
                             Sobre os rastros
                             De uma tropa
                             Sem apelo
                             Recolhida...


MENINA TRAVESSA

      

                        P
osso, ao menos,
                        Sentir a sua graça
                        Quando você passa
                        Em passos pequenos,
                        E assim me confesso
                        Ao banco da praça.

                        Menina travessa,
                        Tão cheia de graça.
                        Já fez-me a cabeça,


                        E a vida passo
                        Enchendo o espaço
                        Com a sua graça
                        Com que a vida passa
                        Com você na cabeça,
                        Tão cheia de graça...

SONETO A IPAUSSU



              Ó
Flor do Vale que adoro tanto,
              És ninho de ternura e encantamento;
              Pela percepção do sentimento
              Sinto o aroma especial do teu encanto.

              Ó Flor do Vale, tu és meu alento,
              Paciente ouvinte do meu pobre canto;
              A ti cultivo no orvalhar do pranto
              E te cultuo em risco ou em sofrimento.

              Serena Flor que em êxtase transporta
             A minha vida, que de amor perpassa
             O meu ser abrindo tua singela porta;

             Tu és a Flor perene que vegeta
             Sobre o Vale esplendendo a tua graça
            Ao pincel do pintor e á lira do poeta.

POETISA

                 

            Q
uerida, és esplendor; és luz na imensa
            Treva que envolve a minha vida; és canto
            Que enche o silêncio; és-me tudo o quanto
            Ainda resta da perdida crença!

            Por dentro da névoa da neblina densa,
            Rola em ondas de adeus magoado pranto;
            Foi o amor imortal; foi a dor outro tanto,
            Na igual proporção da ventura, a sentença.

            Senti, sem rumo, da existência a meta;
            Tentando em rimas tudo recompor,
            Mesmo sem o querer, me fiz poeta...

            Se a lira que tangi de leste a oeste
            Tiver no estro pobre algum valor,
            Os versos fui quem fiz; o poeta tu fizestes.

DOIS OMBROS


          

                        E
sta pesada solidão
                        Não faz o mínimo sentido;
                        Talvez não exista explicação
                        Ao desespero sem razão
                        Pra este vazio não preenchido

                        Em algum lugar há de existir,
                        Talvez até bem perto mesmo,
                        Um coração viva a pedir
                        A alguém falar a alguém ouvir,
                        Alguém como eu vagando a esmo.

                        Neste mergulho até me assombro
                        O quanto a alma resistiu
                        A alguém buscar de tombo em tombo,
                        A ter vazio sempre este ombro
                        Se o ombro amado está vazio...

ENCRUZILHADA

         

                           A
nossa estrada,
                           Em cruz, ilhada,
                           Foi nossa senda
                           Repartilhada
                           Em duas tendas
                           Estraçalhadas...

                           Seguimos ambos
                           Pelos meandros
                           De dias turvos
                           Sempre voltando
                           A idas tardes
                           Onde ainda arde
                           Em duas piras
                           Um mesmo incenso
                           De solidão...


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