VALE (OLAVO BILAC)

2018 assinala o centenário da morte de OLAVO BILAC, que a seu tempo foi o Príncipe dos Poetas Brasileiros. Destaco aqui o poema VALE, um primor que atravessa décadas e sempre mexe com o coração.



Sou como um vale, numa tarde fria,
 Quando as almas dos sinos, de uma em uma,
No soluçoso adeus da ave-maria
Expiram longamente pela bruma.

É pobre a minha messe. É névoa e espuma
Toda a glória e o trabalho em que eu ardia...
Mas a resignação doura e perfuma
A tristeza do termo do meu dia.

Adormecendo, no meu sonho incerto
Tenho a ilusão do prêmio que ambiciono:
Cai o céu sobre mim em pirilampos...

E num recolhimento a Deus oferto
O cansado labor e o inquieto sono
Das minhas povoações e dos meus campos.

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