HOMENAGEM A SR OSVALDO CACHONI



HOMENAGEM AO SAUDOSO AMIGO 
OSVALDO CACHONI





Os tempos marcam vidas que afirmam
Val ores eternos para os que prosseguem
De peito aberto  e pelo tempo seguem
O s ideais que com  fé confirmam.

Cada exemplo deixado é uma semente
Aqui plantada sobre o chão terreno;
Calam-se  as dores, olha-se pra frente,
Harmonia se faz num abraço ameno,
O céu onde não existe só sereno,
N em apenas nuvens tão somente
Instila-nos seu amor eternamente.

Homenagem da Família ao Patriarca Osvaldo Cachoni, vertida em forma poética por Ge Generoso.


Homenagem  a FRANCISCA CRISTINA MOLLO

Ge.Generoso
Felicidade, a mais esperada.
Riso feliz me trouxe a sua chegada;
Amor, que a todo amor sobrepujou.
Na magia materna indestrutível,
Crendo no Bem e até no Impossível,
Investi em você e Deus a criou.
Sempre esforçada, sempre na união,
Colada a mim, de alma e coração,
Agasalhei sonhos que você sonhou.



Caminhamos bem juntas pela vida.
Revivo sempre a cada hora vivida.
Inseparáveis, unidas nossas mãos,
Sempre numa perfeita comunhão,
Tive em você o apoio e a guarida,
Inspiração à luta não faltou.
Na nossa convivência usufruída,
Amor existiu, sobrou dedicação.

Mudou, você, para o céu merecido,
O seu nome era lá já conhecido,
Lido pelos anjos numa canção
Linda, por na Terra ter vivido
O Amor Maior que é o Amor cristão.





PRÊMIO LITERÁRIO CONQUISTADO NA VENEZUELA EM 2005.


   

      Este link conduz a um grande momento de minha vida literária, agraciado com o Prêmio RADIALES do Ministério da Educação e Cultura da Venezuela, em 2005.
    O link conduz à poesia, escrita na parte inferior, bem como a declamação da mesma.
    Espero que gostem e compartilhem. 
    Obrigado
    Geraldo Generoso
http://encontrarte.aporrea.org/23/criticon/a5755.html

O VERDADEIRO AMOR



O VERDADEIRO AMOR É ASSIM:
 TUDO FAZ POR EVITAR  ATÉ O FIM
POR TODOS OS MEIOS 
A QUEM SE AMA QUALQUER DOR. 


EM TÃO ALTO  APREÇO 
 DEPÕE ESTA ARTE,
QUE  SE SUJEITA A QUALQUER PREÇO

 PARA EVITAR,  
NO TODO OU EM PARTE, 

ATÉ A DOR INEVITÁVEL DA  SAUDADE
QUE  FATALMENTE  CHEGARÁ.





HISTÓRIA DA MÚSICA HERÓI DE COSMORAMA


No vídeo abaixo, feito por Edgard Andrade aparece a música raiz, gravada por Morena e Moreninho, tendo sido autoria de GERALDO PERES GENEROSO (conforme tenho registro autoral) e  JOÃO CIOFI, que se refere ao finado  MORENINHO.  A Morena, como intérprete em dueto com o pai, também incluiu-se na parceria. 


      Foi um acontecimento mundial esse episódio do HERÓI DE COSMORAMA, Sr. JOAQUIM PEREIRA.  Na região de Cosmorama,  cidades vizinhas a música até hoje é repetida por bons cantadores. Oportunamente, até irei lá para abraçar o meu herói Joaquim, inspirador e mote de minha arte.

    Até o presente eu nunca me dei ao trabalho de fazer propaganda própria do meu trabalho e da minha arte. Só que às vezes há pessoas, não é o caso presente, que se apropriam de meus escritos e produções e, talvez por mera vaidade, se atribuem autorias de que nunca participaram.
  
   Já fui roubado duas vezes em questão de autoria. Uma em um Festival nos anos 80, outro em uma monografia em que fui furtado escandalosamente, e foi a última que deixei passar .

    De hoje em diante obrigo-me, e tenho sido zeloso em registrar tudo quanto escrevo em verso e prosa.

    Aconselho meus amigos artistas, de que ramo for, que registrem tudo e não aceitem dividir seus méritos se os não houver.  Eles são seus, porque Deus os conferiu a você e não a outros que dele querem usufruir por lucro ou vaidade. Infelizmente tem que ser assim. 

O vídeo está contido no link abaixo. Confira se gosta dessa música raiz, nas vozes de Morena e Moreninho (filha e pai) , letra deste autor (Geraldo Peres Generoso) com melodia de Moreninho.

hhttp://www.youtube.com/watch?v=aiWKAlp8GFs

SALVOU NETO DE MORTE POR SUCURI

SEU JOAQUIM PEREIRA - O HERÓI DE COSMORAMA - 



Este é um post bem breve e objetivo. Aqui  faço constar, no link da G.1., Globo, em que está a notícia sobre um incidente em que uma sucuri por pouco não devora o neto de um sitiante. Denominei-o de HERÓI DE COSMORAMA, em título de uma música raiz que compus com o saudoso MORENINHO, da dupla MORENO E MORENINHO. Eis aí, e fim de papo.

http://globotv.globo.com/rede-globo/globo-reporter/v/avo-salva-neto-atacado-por-cobra-de-cinco-metros-com-as-proprias-maos/1882780/

TEXTO IMPRÓPRIO

 PARA MENORES DE 90 ANOS
Geraldo Generoso- Brasil
A vida, de vez em quando, bem que merece algumas palmadas. A própria Natureza, às vezes mãe, às vezes madrasta, também em certos momentos requer algumas certeiras aplicações da nossa palmatória, ainda que feita tão só com tiras de palavras que retiramos de nosso próprio couro.

            Este mistério vital, entre o tédio e a dor, não pode ser desconsiderado de nosso inventário pessoal, familiar e social. Agir assim, pura e simplesmente, não se resume apenas em ingenuidade perdoável , senão que em alienação irremediável.

            Não me refiro a este tempo e a este lugar. Em todos os  tempos e em todos os lugares, a vida pôs e  põe cobro de cuidado  incessante. É um S.O.S insistente, a acender de quando em quando a luz vermelha de um ou outro perigo. De uma ou outra reivindicação, frequentemente superiores às nossas forças de costume.

            Já disse alguém “o perigo existe”. Não há como negá-lo. A cada passo temos que correr ou chutar, no mais das vezes, para que o mundo veja que ainda estamos vivos. Alguns buscam a religião, outros perfilam entre os ateus e o mundo, nem por isso, deixa de chorar por seus mortos e, ainda mais, por seus vivos.
            Assim é o cotidiano de todos esses quase 7 bilhões de pessoas neste mundo que envelheceu e, não obstante, antes de chegar ao juízo parece ter se dado à caduquice. Hoje se diz Mal de Alzheimer e outros nomes  científicos, numa era em que a ciência faz mágicas,  mas, na realidade, não resolve nem e menor parte dos dramas de nossa humanidade.

            Diz o poeta Ferreira Gular que “é preciso a arte, porque a vida não basta”. De pleno acordo com o grande mestre, que arranca lascas de poesia da dimensão de concreto que interpreta a vida, sem qualquer ponta de eufemismo, ainda que não seja ele o que se possa chamar um  pessimista.

            Wil Durant, filósofo americano do século passado, autor de Mansões da Filosofia, que podemos apostar seguia uma linha filosófico-poética aos moldes de Platão, afirmou com muita propriedade, ante a crueza da vida: “só nos resta criar a beleza que nos mata”.

            Sim, porque até quando nos dispomos à criação de belezas, em qualquer modalidade de arte, o tempo nisso empregado também conta a nosso débito, subtraído da existência,  de forma incontornável e irremissível. Bom, tudo isto aqui exponho, tão só como cópia da “vida como ela é”, de que se ocupou em outros enfoques o nosso grande Nelson Rodrigues, mas não paro por aqui, em respeito ao leitor a quem sempre costumo oferecer as três taças de minha argumentação: Tese, Antítese e Síntese.

            Até aqui veio a tese, que nada tem de original.  Absolutamente nada, apenas mudam os personagens, mas o enredo crucial é o mesmo para todas as pessoas deste mundo. Talvez porque hoje foi uma tarde farta de notícias indesejadas e, pior que isso, de males crônicos que achacam pessoas ao nosso redor.

            De repente procuramos notícia sobre um tio. Digamos que seja o  Tio João. Um paredão aparente por toda a vida. Dele nos vem a informação de estar, tudo fazendo para ser feliz, sobre uma cadeira de rodas. Do marido de uma sobrinha, jovem ainda, não vem algo melhor: está com câncer metástico e os médicos não oferecem qualquer esperança de cura ou mesmo melhora.

             Não propago desditas, mas elas são insistentes em visitar este ou aquele dos nossos entes queridos. Quando não, vem a morte e leva-os ao permanente desaparecimento. Não é preciso alongar-me mais, pois a vida realmente merece umas palmadas, já que tantas  nos dá ao correr de si.

           Sempre que me explodem na mente estas considerações, ainda que incontestáveis, o que me conforta (e pode confortar qualquer pessoa) é que nada é definitivo. O Universo permanece a caminho, e a tudo muda de um momento para o outro, de acordo com os dias e as estações.

            Por essa dinâmica, cada qual de nós prossegue pelos seguidos  ultimatos da vida a tentar acertar, não importa se através de nossos acertos ou até mesmo de nossos próprios erros. Tudo é muito relativo em quase todas as coisas.  Um dado,contudo,  a ser considerado é que todas as dores se apagam. Não estou dizendo que cicatrizam apenas. Elas morrem, sim, e desaparecem por inteiras de nosso coração, ainda mesmo naqueles mais masoquistas dentre nós.

            No rebite do argumento usado para contrapor ao que, até com razão, alguns leitores podem me tachar de pessimista ou fatalista, me baseei nas belas e doces palavras do poeta indiano (Prêmio Nobel de Literatura de 1913), em seu livro “O Significado da Vida”.

            Ele até admite que o mundo tenha sim seus aspectos infelizes e dolorosos, mas nada está estático, tudo está em movimento, portanto as coisas que parecem ser, só são assim sob a égide do tempo que transcorre, o que as faz efetivamente temporárias.

            E arremata, de forma belíssima,  :  “nas investidas das negras  aves de rapina pelo céu , elas jamais  conseguem  deixar  uma mancha a persistir no eterno azul do firmamento.”

LEGÍTIMA CARÊNCIA

LEGÍTIMA CARÊNCIA
(Geraldo Generoso)

Maldizemos, às vezes,
esta fome de mundo que nos assola,
esta ânsia pelo nada que se evola
de esperanças vãs e estúpidas !
Amargamos reveses e naufrágios,
pela busca infrene de posses e títulos,
pagos ao peso de imensos ágios,
por bens insignificantes e ridículos.

Na matéria, desse pó, de que em parte
somos feitos,
Imergimos a alma integralmente,.
a insistir  na  pífia arte,
por todos os modos e jeitos,
de desfrutar intensamente
por via de corpos imperfeitos
uma falsa ventura prazerosamente.

Mas neste Universo desmedido
nada se perde, nada está perdido,
nem um só átomo há de se perder.
Bendita esta fome insaciável
pelo que pensamos precisar ou ter,
Esta fome que nos corrói,
que tanto nos consome e que  tanto dói
em nossa alma tem a razão de ser:

Esta sensação de tremendo vazio
que nos traz mil desejos, infinita vontade,
É um mero disfarce a esconder o pavio
Por nossa fome de eternidade.




REVISÃO DE TEXTOS

Redação, Revisão e Edição de Textos

Orientação a Novos Escritores, Crítica Literária e Avaliação de Originais.


Geraldo Generoso
                                                                                                                                               
 


Revisado com muita alegria.Um livro de cair o queixo.





Orçamento para Revisão Técnica de Textos



Objetivo
Compromisso em garantir a correção e a clareza dos textos revisados de acordo com rigoroso critério de qualidade, além de atentar para as disposições normativas da Reforma Ortográfica ora vigente.


Serviço de Revisão de Texto
É o trabalho de análise e correção de textos, baseando-se nos aspectos ortográficos e gramaticais de acordo com as regras atuais da Língua Portuguesa (acentuação, concordância, regência, semântica e pontuação), sempre respeitando o estilo e objetivo do texto.

Valor por lauda*: R$ 8,00 a lauda*


Serviço de Preparação Textual (revisão e copydesk)
A preparação de texto requer um procedimento mais detalhado onde, além da revisão do texto, atenta-se à sua coerência, coesão e construção sendo apresentadas ao autor, sugestões para aperfeiçoar a construção e a compreensão do conteúdo conforme o tema e o estilo propostos.

Valor por lauda*: R$ 13,00

Observação
*Nos serviços de revisão de textos, consideramos como "lauda" um texto de 1.300 caracteres, incluindo espaços (aproximadamente 25 linhas de 50 caracteres)


I)                 Forma de Pagamento -
Os pagamentos podem ser efetuados por meio de depósito bancário e os trabalhos serão iniciados mediante sinal de 50%, sendo o restante pago por ocasião da entrega.


     II) Prazo de Entrega
De acordo com a necessidade do cliente.
A contagem do prazo inicia-se com a confirmação de recebimento do depósito do sinal.


À disposição, agradeço por seu contato.

Ipaussu, 09 de novembro  de 2013.
Professor Geraldo Generoso
Escritor, Revisor e Jornalista 

LEI DA FICHA LIMPA BRASIL

MALUF E A LEI DA  FICHA LIMPA

Na pág.A.11 de Poder, de 6/11/2013, a Folha coloca a questão da condenação de Maluf pelo Tribunal de Justiça SP “a pagar multa de R$42,3 milhões pelo superfaturamento na construção do túnel Ayrton Sena quando foi prefeito da capital”. 


E ainda assim, devolvendo praticamente uma mega sena acumulada por irregularidade constatada,  a isso cabe recurso, segundo a lei:  porque o juiz pode entender que “ele não poderá ser enquadrado [ na lei da Ficha Limpa, ficando inelegível ]” se sua condenação não apontou enriquecimento ilícito ou dolo.”


Então, a acontecer esse desmando jurídico, em que se considera enriquecimento lícito superfaturar obras - comprar por menos e faturar a mais para ganhar a diferença - , daqui a pouco o candidato poderá dizer até em comícios: "superfaturei, mas não cometi dolo e não me enriqueci ilicitamente- 

Pois bem, em havendo essa decisáo para liberar a candidatura de Maluf, diante de uma questão tão evidente, temo que isto chegue a resultar numa súmula vinculante e, a partir daqui, se rasgue a lei da ficha limpa e a jogue no lixo, no desfragmentador de papel ou no incinerador. 

O País precisa urgente rever essa farra de recursos. No mesmo Folha de S.Paulo dá-se conta que Nicolau Santos Neto ainda goza da possibilidade de apresentar recursos, juntamente com outro empresário cúmplice de seus desvios.

Precisamos urgentemente de um Congresso que faça leis claras para um judiciário eficaz e que não revolte a população, a ponto de não se saber mais distinguir o certo do errado.

3 DESPEDIDAS ANTECIPADAS: GAB, JOR E GER

DESPEDINDO-SE DA VIDA COM MUITO AMOR

GABRIEL GARCIA MARQUES

S
e, por um instante, Deus se esquecesse que sou uma marionete de trapo e me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo o que penso,  mas, certamente, pensaria tudo o que digo. Daria valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os outros parassem, acordaria enquanto os outros dormem. Escutaria quando os outros falassem e gozaria um bom sorvete de chocolate. Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida, vestiria simplesmente, me jogaria de bruços no solo, deixando a descoberto não apenas meu corpo, como minha alma. Deus meu, se eu tivesse um coração, escreveria meu ódio sobre o gelo e esperaria que o sol saísse.Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre estrelas um poema de Mario Benedetti e uma canção de Serrat seria a serenata que ofereceria à Lua. Regaria as rosas com minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e o encarnado beijo de suas pétalas.
     Deus meu, se eu tivesse um pedaço de vida, não deixaria passar um só dia em dizer às gentes: te amo, te amo. Convenceria cada mulher e cada homem que são os meus favoritos e viveria enamorado do amor.
     Aos homens, lhes provaria como estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar.
     A uma criança, lhe daria asas, mas deixaria que aprendesse a voar sozinha. Aos velhos ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento.
     Tantas coisas aprendi com vocês, homens. Aprendi que todo mundo quer viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a escarpa.
     Aprendi que quando um recém-nascido aperta com sua pequena mão pela primeira vez o dedo do pai, o tem prisioneiro para sempre. Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo. São tantas coisas que pude aprender com vocês, mas finalmente, não poderão servir muito, porque quando me olharem, infelizmente estarei morrendo.




VIVER A VIDA


Jorge Luís Borges


S
e eu pudesse viver novamente a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser perfeito, relaxaria mais. Teria menos pressa e menos medo. Daria valor secundário às coisas secundárias; na verdade, bem poucas coisas levaria a sério.
          Seria muito mais alegre do que fui: só na alegria existe vida. Manteria distâncias enormes de pessoas ciumentas e possessivas. Seria mais espontâneo. Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
          Seria mais ousado: a ousadia move o mundo. Iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais sorvete e menos sopa, teria menos problemas reais e nenhum problema imaginário.
          Eu fui uma dessas pessoas que vivem preocupadamente cada minuto de sua vida; claro que tive momentos de alegria. Mas, se pudesse voltar a viver, tentaria somente ter bons momentos. A vida é feita disso: só de momentos. Nunca percas o agora. Mesmo porque nada nos garante que estaremos vivos amanhã de manhã. Eu era desses que não ia a parte alguma sem um termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva e um pára-queda; se voltasse a viver, viajaria mais leve. Não haveria comigo nada que fosse apenas um fardo.
          Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no início da primavera e continuaria assim até o final do outono. Jamais experimentaria os sentimentos de culpa ou ódio. Teria amado mais a liberdade e teria mais amores do que tive.
          Viveria cada dia como se fosse um prêmio. E como se fosse o último. Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres e brincaria muito mais do que brinquei.
          Teria descoberto mais cedo que só o prazer nos livra da loucura.
          Tentaria uma coisa nova todos os dias, se tivesse outra vez uma vida pela frente.
          Mas, como sabem, tenho 88 anos e sei que estou morrendo.



SE HOUVER AMANHÃ


Geraldo Generoso geraldo156@itelefonica.com.br


Se no momento definitivo de devolver ao pó esta ferramenta que dele veio, assistido da necessária lucidez para reesquadrinhar um existir futuro, certamente eu haveria de estabelecer profundas mudanças no modo de usufruí-lo.
          Jamais reclamaria do tempo. Quando as nuvens vertessem do céu as lágrimas que o chão não sabe chorar em sua bruteza, eu apararia as mãos agradecidas pelo frescor da chuva. Jamais haveria de murmurar contra o rigor dos sóis arregalados de dezembro, a acrescentar mais luzes aos Natais que me fossem dados comemorar.
          Nunca perderia uma noite de sono a pensar na realidade que poderia ter sido. Se arrependimento houvesse, fosse tão só pelo que deixei de fazer. Iria me contentar exclusivamente com as porções que a vida me trouxesse no seu milagre diário. Viveria em plenitude.  Romperia a passos firmes quaisquer que fossem os trechos mais difíceis da estrada. Da mesma forma, acolheria de braços e coração abertos a saudade que me restasse de alguma paixão que valesse a pena.
          Deixaria na garagem os muitos cavalos do carro. Trocaria-os por um único cavalo, de carne, crina e cascos, que me conduzisse por verdes pastos e aos remansos de águas serenas.
          Frequentaria mais botecos do que frequentei. Principalmente os mais despojados, onde se afogam as mágoas das maiorias. Defronte a um balcão, preencheria o que me faltou nesta existência: as preciosas conversas que se jogam fora nesses recintos tão democráticos.
         Aprenderia com os bêbados as verdades que deixei de aprender por minha condição de abstêmio convicto. O espírito requer esses espaços de lazer descompromissado. Pela porta de um bar entram e saem, sem pedir licença,  as notícias feitas de carne e osso. As mentiras que consolam e, acima de tudo, é ali que nascem os versos e as canções que somente os boêmios sabem  compor e cantar.
          Assistiria menos televisão e por nada perderia os forrós, preferindo os mais animados pela gente do povo. A dança tem sua lição própria a nos ministrar ou, quando não, ensinar-nos a difícil arte de sentir os pés no chão.
          A música, só ela, pode aliviar o imenso peso deste tempo rotulado por códigos de barra. Desta era que confiou a memória aos computadores e o coração à internet.
          Se assim puder passar pelo mundo, no momento de recobrar um novo corpo que me for ofertado  para dessa forma viver, por doação divina, certamente farei por devolvê-mais gasto do que a atual vestimenta carnal.
          Se me fosse dada uma nova chance, como habitante deste mundo,  haveria de amar com muito menos escrúpulos. Por conseguinte, minha alma requereria longo período de sono no travesseiro dos céus. Só assim esquecer-me-ia das paixões que houvesse espontânea e conscientemente vivenciado na Terra.
          Em resumo, tudo em minha vida seria diferente em quase tudo. Mas a esta altura, como que moldado em chumbo, pouco ou quase  nada posso mudar. Se eu vivesse uma outra vez, não escreveria uma só linha. Não tentaria aprisionar nenhum momento. Nem mesmo os mais felizes Deixaria cada minuto voar solto como um pássaro livre para que, alegre ou triste, pudesse ouvir a verdadeira canção da vida.
           


* escritor e jornalista

ROBÔS e HOMENS?

ROBÔS E HOMENS

·       Geraldo Generoso

A tecnologia,  em espiral de crescimento astronômico, fez com a robótica a criação de soldados atiradores, que sobem e descem escadas. É a última novidade na  experiência das forças de ocupação no  Iraque e uma evidência de que as profissões humanas cada vez mais cedem o  lugar para a automação galopante.

            A globalização preconiza, entre os seus cânones sagrados, o enxugamento de pessoal.  A  própria legislação federal no Brasil, a exemplo de outros países, passou a estabelecer limites nos percentuais das folhas de pagamento dos estados e municípios. Não há como fugir deste nosso  momento histórico . Em absoluto, de nada adianta o “urrus esperniandis”. 

          Nem há o que optar entre governos de direita, de centro ou de esquerda. A realidade é essa com a qual se tem forçosamente de  conviver. Mesmo em meio à evidência da corrosão dos salários, os próprios sindicatos nada podem fazer por aumentos, ainda que justos aos seus sindicalizados. O lema – correto – é manter o emprego.

            O aspecto mais inquietante dessa conjuntura madrasta e iníqua, é o fato de  não apresentar, nem mesmo aos mais otimistas, uma réstia  de esperança de que tal quadro assustador possa se reverter, ou diminuir seus impactos.

            Quando adveio a Revolução Industrial, no século XVIII na Inglaterra, as mudanças foram radicais. Como tudo que começa,  iniciou-se a era da indústria eivada de injustiças sociais. Foi preciso que muita água passasse por debaixo da ponte para que viesse, aos poucos, a divisão do trabalho e maior atenção às reivindicações do operariado. Demorou muito para que governos e patrões ajustassem ao mínimo tolerável à situação dos trabalhadores.

Não existe capitalismo  sem consumo

            Fundamentalmente, o capitalismo tem dois pontos básicos de sustentação : a Produção e o Consumo. Ainda que os robôs possam fazer de tudo, de forma assombrosamente perfeita e em grande escala, não são dotados de uma faculdade indelegável do ser humano: : o consumo. De que adiantará os robôs, com toda a  presunção da tecnologia,  aumentar os bens  se não houver a quem vendê-los?

Uma luz no fim do túnel

            Para ao menos remediar esta condição incômoda, que é fatal à economia do capitalismo nacional e internacional – hoje sem concorrência – aí está  o salário-desemprego, o Bolsa-Família, englobando diversos itens; os programas de geração de renda para ocupação de trabalhadores em nível quase informal. 

         A tendência atual  sinaliza  que os robôs façam a sua parte – que desempenham muitíssimo bem – e a sociedade possa voltar-se (na melhor das hipóteses) à ocupação com a arte, a filosofia, a ciência, a cultura e outras atividades do pensamento como magistralmente explanou em seu livro O ócio criativo – o douto antropólogo italiano Domenico de Masi . Vale a pena conferir esta obra para se confirmar  que há males, por piores que sejam,  que sempre vêm para o bem.

·       O autor é escritor e jornalista.

Especial para O ESTADO  DO MARANHÃO - 

NÃO EXISTE FRACASSO TOTAL

DO CADERNO H





           Aprendi um pouco tarde, mas nem  tanto, nos livros e nas

 experiências da vida, que o sucesso que fica para amanhã está

 fadado a nunca acontecer.


           Por outro lado, o fracasso que se adia também nunca ocorre

 de fato, ou pelo menos não tanto na proporção a que se é temido.




        Como tudo na vida se nos apresenta temporário e efêmero, 

ainda que nunca possamos assegurar o sucesso absoluto, igualmente

 está fora de possibilidades o fracasso total a quem quer que seja.



       Daí cumpre manter bem ao fundo do espírito esta verdade: 

nunca, em hipótese alguma, se pode dizer que “tudo está perdido”.

A vida é mágica.  Pródiga de surpresas. Tudo se move e não há

 quem possa deter o ritmo do Universo.



          Evitemos cair na ilusória euforia que o êxito seja uma comida

 de preparo instantâneo, como um miojo ou uma sopa knorr.



             Da mesma forma, tenhamos bem presente que o fracasso, 

pela determinante de que os  extremos se tocam, nunca acontece 

de  repente.

E O BARCO TRANSBORDOU


Geraldo Generoso

A ocorrência de milagres – de que a Bíblia Sagrada é farta  em menções - parece guardar certo ordenamento, certas condicionantes óbvias, mas necessárias.

Efetivamente não há  explicação racional para um milagre de ontem ou de hoje. Mas é possível observar, nos bastidores desses  relatos sobre graças alcançadas, algumas características a pautar tais ocorrências.

Em O MILAGRE DA PESCA, por exemplo, segundo Lucas, Cap.5, vers. 5 -7), não se afirma sequer que Simão (depois denominado Pedro por Jesus Cristo), haja se ocupado em dirigir sequer uma prece para pegar pelo menos alguns peixes para a féria diária.

Mas depreendem-se  duas  condições :  A primeira, obviamente  foi ele não estar  pescando no seco. De motu próprio foi ter ao mar para gratificar sua faina, quase sempre rude, obrigado a  deixando de lado a comodidade do lar e da família,

A segunda condição foi a fé. Ele até objetou  com o Mestre sobre a inviabilidade de sucesso naquelas circunstâncias. Ele e os companheiros lutaram a noite toda sem nenhum resultado. Mas ainda assim, pôs em prática o que Cristo determinou.



Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao largo e lançai as vossas redes para a pesca.  Ao que disse Simão: Mestre, trabalhamos a noite toda, e nada apanhamos; mas, sobre tua palavra, lançarei as redes. Feito isto, apanharam uma grande quantidade de peixes, de modo que as redes se rompiam. Acenaram então aos companheiros que estavam no outro barco, para virem ajudá-los. Eles, pois, vieram, e encheram ambos os barcos, de maneira tal que quase iam a pique. (LUCAS 5; 4-7)



        Outra observação dessa passagem ressalta que  sequer pediu ao Senhor que resolvesse aquele problema de carência dele e dos companheiros. Aliás, isso estava fora de cogitação, a ponte de ele dizer : “trabalhamos a noite toda e nada apanhamos”. Por ele e para ele próprio ele não concebia qualquer ideia de êxito na pesca daquele dia.

       Para Simão, com todo o respeito devido ao bom amigo, talvez pela sua conhecida franqueza, às vezes rude, pode ter objetado que Jesus nada tinha de pescador, sendo o status profissional apenas de carpinteiro.

            Mas esse  pescador teimoso  mantinha grande confiança nas palavras do Mestre. Tanto assim que O obedeceu de pronto. à sugestão, ainda que a lógica conspirasse  no sentido contrário: “trabalhamos a noite toda e nada apanhamos”.

          Todavia, o resultado o  surpreendeu  duplamente. Primeiro, porque os peixes vieram ter às redes .  Segundo , pela abundância– da pesca, como nunca dantes.  Esta foi  tão copiosa ao ponto de fazer romper as redes e exigir o concurso dos companheiros de outro barco. Só assim  para dar conta de recolher os cardumes. Transbordou     fartura  onde    havia falta,  carência e limitação.

            Por uma ordem natural, ou melhor, celestial, igualmente qualquer de nós pode ser aquele pescador exausto, desanimado, quase a ponto de tomar da tralha e seguir para nossa tenda, totalmente frustrado com a avareza do mar e a aparente escassez do que buscamos.

            No entanto, estão bem explícitas as atitudes que antecederam àquele milagre de Cristo. Pedro, e os de sua companhia, haviam usado de todo o esforço e paciência  durante a noite insone e trabalhosa.

        Também estavam – Pedro e os seus homens -  perfeitamente aptos a recolher os peixes que emborcassem nas redes. E o resultado foi tão promissor que até as redes cederam ao peso de tamanha bênção naquela pescaria.

          Igualmente nós devemos estar aptos a saber como administrar nossa vida, quando Deus determina uma realidade diferente e melhor para os nossos afazeres, de onde nos vem o pão, as vestes e “as demais coisas que a Providência Divina nos acrescenta”           .

       O Criador é assim mesmo. Até nos deixa sem saber o que fazer quando deixamos que as mãos Dele alcancem  as nossas vidas. Transborda tanto que nosso barco por si mesmo é insuficiente para conter a profusão de nossa pescaria. E nesse exagero divino partilhamos com “outros barcos” a bênção com que fomos agraciados.







HIPOCONDRIA E LONGEVIDADE

À medida que a ciência médica avança, as pesquisas com seus exames sofisticados de laboratórios, ressonância magnética e procedimentos miraculosos, as pessoas que têm fixação em doenças nisso veem um prato cheio.

 Se não são infinitos os assuntos sobre males físicos e mentais, pelo menos podem ser considerados ilimitados na mente de algumas pessoas.

Nada contra esses indivíduos, no pleno direito de exagerarem nos cuidados, em nome da liberdade pessoal, que é o asilo inviolável do peito e outras partes do ser humano, no que tange ao corpo.

Todavia, havemos de admitir que aqueles que se preocupam com doença, fregueses contumazes de drogarias, boticas e farmácias; habitués de consultórios médicos de todas as especialidades, geralmente não morrem cedo.

Embora essa longevidade possa ser considerada dolorosa, apreensiva e de sabor amargo (do fígado e da bílis e outras porções do organismo), resulta comprovado que vivem mais, ainda que não vivam da melhor forma.

A hipocondria, a rigor, entendo como uma doença psicológica, mas não endógena. Creio que ninguém nasce hipocondríaco.

Algum ancestral, talvez acometido de alguma enfermidade, passou a observar-se com regularidade e constância, vindo a influir nos descendentes de uma forma negativa.

Pessoas com esse perfil consideram uma saída da rotina ir a um consultório médico. E o profissional de medicina só é bom se for , cordial e, principalmente, compreensivo.

Longe de nos causar motivos de escárnio, o hipocondríaco merece, até onde a paciência aguentar, a compreensão dos amigos e familiares. 

A rigor, lá um determinado dia, em época incerta e não sabida no futuro, todos seremos obrigados a dizer que ele tinha razão: 

Conforme profetizava continuamente, eis que em troca do fim das doenças, aceitando ou não elas só se acabam, definitiva e totalmente com a passagem desta para melhor.

E como no céu não há doenças, por direta consequência, também não se encontram  hipocondríacos.

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