E O BARCO TRANSBORDOU


Geraldo Generoso

A ocorrência de milagres – de que a Bíblia Sagrada é farta  em menções - parece guardar certo ordenamento, certas condicionantes óbvias, mas necessárias.

Efetivamente não há  explicação racional para um milagre de ontem ou de hoje. Mas é possível observar, nos bastidores desses  relatos sobre graças alcançadas, algumas características a pautar tais ocorrências.

Em O MILAGRE DA PESCA, por exemplo, segundo Lucas, Cap.5, vers. 5 -7), não se afirma sequer que Simão (depois denominado Pedro por Jesus Cristo), haja se ocupado em dirigir sequer uma prece para pegar pelo menos alguns peixes para a féria diária.

Mas depreendem-se  duas  condições :  A primeira, obviamente  foi ele não estar  pescando no seco. De motu próprio foi ter ao mar para gratificar sua faina, quase sempre rude, obrigado a  deixando de lado a comodidade do lar e da família,

A segunda condição foi a fé. Ele até objetou  com o Mestre sobre a inviabilidade de sucesso naquelas circunstâncias. Ele e os companheiros lutaram a noite toda sem nenhum resultado. Mas ainda assim, pôs em prática o que Cristo determinou.



Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao largo e lançai as vossas redes para a pesca.  Ao que disse Simão: Mestre, trabalhamos a noite toda, e nada apanhamos; mas, sobre tua palavra, lançarei as redes. Feito isto, apanharam uma grande quantidade de peixes, de modo que as redes se rompiam. Acenaram então aos companheiros que estavam no outro barco, para virem ajudá-los. Eles, pois, vieram, e encheram ambos os barcos, de maneira tal que quase iam a pique. (LUCAS 5; 4-7)



        Outra observação dessa passagem ressalta que  sequer pediu ao Senhor que resolvesse aquele problema de carência dele e dos companheiros. Aliás, isso estava fora de cogitação, a ponte de ele dizer : “trabalhamos a noite toda e nada apanhamos”. Por ele e para ele próprio ele não concebia qualquer ideia de êxito na pesca daquele dia.

       Para Simão, com todo o respeito devido ao bom amigo, talvez pela sua conhecida franqueza, às vezes rude, pode ter objetado que Jesus nada tinha de pescador, sendo o status profissional apenas de carpinteiro.

            Mas esse  pescador teimoso  mantinha grande confiança nas palavras do Mestre. Tanto assim que O obedeceu de pronto. à sugestão, ainda que a lógica conspirasse  no sentido contrário: “trabalhamos a noite toda e nada apanhamos”.

          Todavia, o resultado o  surpreendeu  duplamente. Primeiro, porque os peixes vieram ter às redes .  Segundo , pela abundância– da pesca, como nunca dantes.  Esta foi  tão copiosa ao ponto de fazer romper as redes e exigir o concurso dos companheiros de outro barco. Só assim  para dar conta de recolher os cardumes. Transbordou     fartura  onde    havia falta,  carência e limitação.

            Por uma ordem natural, ou melhor, celestial, igualmente qualquer de nós pode ser aquele pescador exausto, desanimado, quase a ponto de tomar da tralha e seguir para nossa tenda, totalmente frustrado com a avareza do mar e a aparente escassez do que buscamos.

            No entanto, estão bem explícitas as atitudes que antecederam àquele milagre de Cristo. Pedro, e os de sua companhia, haviam usado de todo o esforço e paciência  durante a noite insone e trabalhosa.

        Também estavam – Pedro e os seus homens -  perfeitamente aptos a recolher os peixes que emborcassem nas redes. E o resultado foi tão promissor que até as redes cederam ao peso de tamanha bênção naquela pescaria.

          Igualmente nós devemos estar aptos a saber como administrar nossa vida, quando Deus determina uma realidade diferente e melhor para os nossos afazeres, de onde nos vem o pão, as vestes e “as demais coisas que a Providência Divina nos acrescenta”           .

       O Criador é assim mesmo. Até nos deixa sem saber o que fazer quando deixamos que as mãos Dele alcancem  as nossas vidas. Transborda tanto que nosso barco por si mesmo é insuficiente para conter a profusão de nossa pescaria. E nesse exagero divino partilhamos com “outros barcos” a bênção com que fomos agraciados.







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