ROBÔS E HOMENS
· Geraldo Generoso
A tecnologia, em
espiral de crescimento astronômico, fez com a robótica a criação de soldados
atiradores, que sobem e descem escadas. É a última novidade na experiência das forças de ocupação no Iraque e uma evidência de que as profissões
humanas cada vez mais cedem o lugar para
a automação galopante.
A
globalização preconiza, entre os seus cânones sagrados, o enxugamento de
pessoal. A própria legislação federal no Brasil, a
exemplo de outros países, passou a estabelecer limites nos percentuais das
folhas de pagamento dos estados e municípios. Não
há como fugir deste nosso momento
histórico . Em absoluto, de nada adianta o “urrus esperniandis”.
Nem há o que
optar entre governos de direita, de centro ou de esquerda. A realidade é essa
com a qual se tem forçosamente de
conviver. Mesmo em meio à evidência da corrosão dos salários, os
próprios sindicatos nada podem fazer por aumentos, ainda que justos aos seus
sindicalizados. O lema – correto – é manter o emprego.
O aspecto mais inquietante dessa conjuntura madrasta
e iníqua, é o fato de não apresentar,
nem mesmo aos mais otimistas, uma réstia
de esperança de que tal quadro assustador possa se reverter, ou diminuir
seus impactos.
Quando adveio a Revolução Industrial, no século XVIII
na Inglaterra, as mudanças foram radicais. Como tudo que começa, iniciou-se a era da indústria eivada de
injustiças sociais. Foi preciso que muita água passasse por debaixo da ponte
para que viesse, aos poucos, a divisão do trabalho e maior atenção às
reivindicações do operariado. Demorou muito para que governos e patrões
ajustassem ao mínimo tolerável à situação dos trabalhadores.
Não existe capitalismo sem consumo
Fundamentalmente,
o capitalismo tem dois pontos básicos de sustentação : a Produção e o
Consumo. Ainda que os robôs possam fazer de tudo, de forma assombrosamente
perfeita e em grande escala, não são dotados de uma faculdade indelegável do
ser humano: : o consumo. De que adiantará os robôs, com toda a presunção da tecnologia, aumentar os bens se não houver a quem vendê-los?
Uma luz no fim do túnel
Para ao menos remediar esta condição incômoda, que é
fatal à economia do capitalismo nacional e internacional – hoje sem
concorrência – aí está o
salário-desemprego, o Bolsa-Família, englobando diversos itens; os programas de
geração de renda para ocupação de trabalhadores em nível quase informal.
A
tendência atual sinaliza que os robôs façam a sua parte – que
desempenham muitíssimo bem – e a sociedade possa voltar-se (na melhor das
hipóteses) à ocupação com a arte, a filosofia, a ciência, a cultura e outras
atividades do pensamento como magistralmente explanou em seu livro O ócio
criativo – o douto antropólogo italiano Domenico de Masi . Vale a pena
conferir esta obra para se confirmar que
há males, por piores que sejam, que
sempre vêm para o bem.
·
O autor é escritor e jornalista.
Especial para O ESTADO DO MARANHÃO -
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