A TERRA ESTÁ NO FIM OU NO COMEÇO?


É comum ouvirmos, aqui e ali, diante da situação deste nosso mundo “HOJE EM DIA A VIDA  ESTÁ CADA VEZ MAIS DIFÍCIL”.  Esta é uma frase usual até mesmo para os jovens nos mais diversos pontos do globo terrestre.  O passado, na verdade, nos traz ao paladar da Alma um ilusório sabor de doçura, indutora de um falso alívio. Até porque, particularmente, coloco em dúvida esta expressão, este clichê de que “RECORDAR É VIVER”.

Que o caro leitor não me tome como um otimista contumaz. Não sou um  alienado das complexidades locais, nacionais e mundiais de que aí estão diante de todos os olhos.

No plano material da vida, cada um de nós – em termos de povos ou indivíduos – experimentamos constantes mudanças. E um termo sinônimo de MUDANÇA é a palavra CRISE.

E o que é a vida senão uma constante mutação? Dias que anoitecem; noites que amanhecem; problemas superados apenas para dar lugar ao desafio de outros – mais ou menos graves – com que nos defrontamos do primeiro ao último suspiro neste plano da existência.

É o bastante um conhecimento elementar da História mundial para se concluir que, este mundo, caso haja sido um paraíso, a ninguém é possível dispor de um relato de como era a vida nessa condição ideal, onde o próprio Criador do Céu e da Terra, segundo se lê na escritura judaica, “e eis que Deus viu que era bom tudo o que foi criado. Ou em uma variante enfática dessa expressão “EIS QUE TUDO ERA MUITO BOM”.

Em que pese ter citado esta expressão de cunho religioso, aqui não pretendo abarcar a questão sob o ângulo místico ou espiritual. Apenas me limitarei a considerar a questão sob o aspecto objetivo, sociológico, nu e cru da realidade existencial do ser humano, enquanto elo da humanidade, com suas complexidades, injustiças, dores de todos os tipos.
 Em alguns casos extremos até a nos leva ao indesejável  sentimento de dó pelo  preço a pagar “pecado mortal” em que todos nascemos, crescemos  vivemos e, até por uma inexplicável contradição, fazemos e desfazemos o possível  para continuar esta vida. Justo esta vida que é tão complicada e tão difícil, senão sempre, na maioria de nossos dias.

Convido-o, internauta, a uma viagem rápida pela História. Essa disciplina para os estudiosos, curiosos em geral e autodidatas da mais alta relevância, a começar pelo subsídio filosófico que detona uma rica e até confortante interpretação deste nosso mundo e desta gente que o povoa.

Lamento não dispor de conhecimento mais aprofundado, quer por estudos ou viagens pelo mundo, mas para o objetivo presente sei bem possível conduzir uma argumentação, em que pese imperfeita e incompleta, sobre o tema proposto.

Em certo sentido, acho até preferível não ser um especialista nessa questão, dessa forma me permitindo oferecer uma exposição mais enxuta e resumida, sem cansá-lo com minúcias históricas cansativas sobre a questão se o mundo, em termos de humanidade, está melhor ou pior

Ao longo destes últimos 30 ou 40 milênios, a maioria da humanidade, o grosso da população mundial, viveu condições de flagrantes e injustificáveis situações, demonstradas ao longo do processo evolutivo em termos objetivamente considerados como de extrema infelicidade, desconforto, verdadeiros castigos coletivos para o ser humano.

No entanto, apesar do egoísmo inevitável de que cada qual de nós somos dotados; apesar de nossa disposição em priorizar o TER em vez do SER, capaz de promover a Terra como um planeta menos infeliz, ainda assim podemos observar que, de modo geral, a humanidade experimentou, ainda que não de forma ideal, melhores condições de sobrevivência.

Uma criança ou jovem de hoje custa entender a realidade de um tempo em que era normal, e pior que isso, em grande número, levas e levas de pessoas sujeitas à escravidão.

 Até mesmo na Bíblia lemos referências sobre essa nódoa vergonhosa em alguns trechos. O escravo – e não apenas os de raça negra, isso veio depois -, era um objeto de comércio e consequentes lucros para uma elite que não sentia vergonha dessa prática nefanda. E nem era sequer motivo de análise, muito menos de discussão. A tal ponto, a questão era tão delicada, que o próprio Mestre Jesus Cristo se absteve de discuti-la em seus ensinamentos.

Mas, tudo bem. É mais do que evidente que esse pecado mortal de escravizar o próximo batia de frente com o mandamento cristão de se amar o semelhante como a si mesmo.

Todavia, nada há de errado que tenha o condão de permanência. Ainda que ninguém falasse sobre esse absurdo da servidão desumana que reinou por tanto tempo, as próprias pedras do campo gritaram por essa prática injustificável.

Nem sequer na religião e, muito menos na  política,  se discutia essa realidade vergonhosa e inadmissível. Lamentavelmente, ainda hoje, você pode contra-argumentar, existem várias formas de escravidão. Sim, concordo, mas em muitíssimo menor proporção e sem qualquer institucionalidade.

A par dessa extrema injustiça, seria cansativo mencionar tantas outras, que aos poucos – apesar dos políticos e condutores em geral, ainda insistem em permanecer. Mas cada vez com menos vigência em termos mundiais, onde os conceitos injustos e os preconceitos inaceitáveis vemos cair um a um.

E como foi que grande parte dessas insanidades foram caindo por terra, mesmo tendo a seu favor a força da espada que sucedeu a flecha e o tacape? Foi tão só a doutrina do humilde carpinteiro de Nazaré. E isto sem derramar sangue, senão o próprio e de seus mártires, abafando o poder gigantesco do próprio Império Romano, o maior de todos os tempos.

Assim também, sem qualquer visgo ideológico, vemos cair os preconceitos pouco a pouco. Ainda não é o ideal. Mas apesar da índole ambiciosa própria dos seres humanos ,quando dotados de poder, devagar uma nova mentalidade se forma e vai predominar inevitavelmente.

Quando nos deparamos com a existência de exércitos poderosos, com bombas capazes de destruir o mundo de uma hora para outra; de potências imperiais em disputa pelo deus mercado, tudo isso não é suficiente para ser considerado todo poderoso.

 Sutilmente, sem sequer o ouso de um estilingue ou de uma flecha, as palavras de Jesus Cristo ganham corpo e, embora eu pessoalmente não questione o fim dos tempos ou o fim do mundo, creio que esse fenômeno não está tão perto de acontecer.

 Não se dá fim a algo que não se concluiu. O mundo ainda está se fazendo, permanece por ora em construção e formação, e falta muito ainda para se chegar a condição conclusiva, de uma humanidade que desfrute, como realmente merece, da forma mais justa e perfeita.

GeGê



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