Uma chuva mansa percutia o telhado do velho casarão. O grupo contava oito pessoas. Já de per se algo impróprio, porque se faz meramente impraticável um diálogo a mais de três interlocutores.
Sobre a mesa rústica, uma garrafa de cachaça, alguns itens de comilança que o dono da casa reservou para aquele encontro. Apesar de inofensivo, todos o quiseram discreto, por motivos que desconheço. Principalmente cada um deles requereu a preservação absoluta de seu anonimato.
Se me houvesse qualquer menção àquele encontro, que contasse o milagre, mas jamais nomeasse o santo. Aliás, linguagem imprópria para ateus militantes, ainda que disso não fizessem alarde.
De pronto os desenganei de qualquer pretensão em mudar seus conceitos ou definições sobre a provável existência de um Ser Criador ou mesmo a mais leve pretensão de incutir-lhes qualquer senso de espiritualidade.
Por mais que nos esforcemos, em assuntos tais - e mesmo em tantos outros menos transcendentais - não há como não revelar uma subjetividade, parte que é de nossa própria individualidade. Somos fruto de inúmeros fatores, até por aquilo que sejamos incapazes de ser ou de fazer.
PRIMEIRA QUESTÃO:
De onde deve ter surgido essa ideia de que a vida não se encerra com a morte ? Aliás - embora seja um lugar comum, ainda que verdadeiro - fica a evidência de que ninguém voltou para dizer que continua vivo.
- Seria inoportuna e estéril qualquer afirmação de minha parte, em sentido contrário ao que - primeiro a sua pergunta, depois a sua tese - estabelece as regras desta discussão.
Que prevaleça, pois, a pretensa racionalidade como viga mestra desta discussão. Eu poderia - sem descer a detalhes científicos, emq ue aliás me confesso leigo - que temos níveis limitados de percepção, principalmente dos sentidos da visão e da audição.
Tanto para as ondas sonoras de frequência muito baixas quanto para com as mais altas, somos cientificamente surdos. No espectro das cores, ocorre o mesmo, até para o companheiro aqui da minha esquerda, que está com um aparelho de surdez posto no ouvido.(Risos)
Portanto, por deficiência do nosso próprio equipamento humano, ouvimos e vemos muito pouco. Vemos e esta luz e, por causa dela, nos enxergamos uns aos outros. E só.
O parceiro ali da frente, que acabou de dar um espirro, expeliu não apenas um líquido catarral pela narina. Há muitos microorganismos que dele saltaram. Se entre nós houvesse algum vidente poderia ouvir até o micróbio a soltar alguns palavrões pelo despejo de seu lugar de origem. Por conta disso, até torço para que todos estejam os com nossas imunidades em dia para que nenhum contágio se verifique. (Risos)
- Obs: este assunto segue amanhã...dia 9 de junho de 2012
Mas nada há de mais desagradável a uma pessoa, propor uma questão e a mesma desviar-se para uma outra que não se colocou. Faço esta ressalva para confirmar aqui um velho ditado.
As duas palavras mais difíceis de se proferir são : Sim e Não. Pois nada é categórico. Nem na Natureza nem na Sociedade. Humanamente ainda mais impossível quando se trata de assuntos que não dá para medir, apalpar e tocar como um objeto concreto, circunscrito ao espectro das nossas possibilidades de apreensão de seu significado.
Pelo exposto, ir pela via dos sentidos terrenos para afirmar se existe ou não vida depois da morte se revela como atitude impraticável. Mas como os "extremos se abraçam", também seria temeridade irresponsável afirmar que "nada existe de vida depois desta".
Ainda que possível fosse um falecido apresentar-se a algum habitante mundando, suponho - sem perda da oportunidade poética - que quem o revise, certamente não iria conferir em seu figurino uma lagarta, mas uma borboleta, com asas e miríades de cores que dormitavam latentes em sua condição de vida anterior, de simples mandorová.
Peço escusas por esta divagação, resvalado para um enfoque que pode parecer religioso. Mas a Natureza não apresenta nenhuma religião para que se processem essa e outras metamorfoses menos milagrosas.
Pois bem, retomando a questão aqui proposta pelo primeiro participante, talvez não seja sem propósito afirmar que, se considerarmos a probabilidade de uma vida além-túmulo, ao finado seria impiedade essa providência de vir contar como é para o suposto ou acreditado lado de lá.
Se tudo for igual, não haverá novidade nenhuma a mencionar. Se for tão bom como afirmam os espiritualistas, talvez até incorresse na imprudência de alguém se dar ao desejo de morrer para renascer no Paraíso.
Entre os muçulmanos há até a promessa de se encontrar um harém para cada um, obedecidas certas circunstâncias de martírio. Oras, é preciso evitar que surjam mais homens-bomba do que existem atualmente. (Risos)
Para aqueles que presumivelmente foram maus neste mundo, a quem o catolicismo recensia como moradores do inferno, também seria de extremo mau gosto esse visitante, morador das trevas com "choro e ranger de dentes" viesse causar tanto terror desnecessário, além daqueles de que a vida terrena é farta a tantos infelizes.
Portanto, fica a questão de que há mais de um motivo - aliás, todos os motivos - para que possamos concordar com alguém que afirmou com muita propriedade: "aos mortos, o silêncio".
- 09/06/2012 - sábado - 22h40 m.
Obs: Amigos, o relato sobre esse encontro (entre ateus) prossegue aqui mesmo, amanhã, domingo, dia 10. Se você está a apreciar este texto, ou se lhe mover o desejo de fazer um comentário, seja ele qual for - seja a favor ou contra, não faça cerimônia. Isto apenas irá enriquecer o conteúdo deste despretensioso trabalho, cuja pretensão é levar para o teatro e produções de vídeo.
Até amanhã.
Gegê
VAI PROSSEGUIR O TEMA NUMA PÁGINA SEQUENTE, PELO QUE SE EVITARÁ QUE AS PESSOAS TENHAM QUE SE DAR À RELEITURA DO QUE JÁ FOI EXPOSTO.
grato,
GEGê
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