Geraldo Generoso
O que não falta neste mundo é gente afoita por aparecer, lançar dúvidas sobre fatos e feitos históricos. Atrás de todas essas teses absurdas há um motivo explicável: rolam montanhas de dinheiro, auferidas da ingenuidade de pessoas, ávidas por novidades, que é o ingrediente das várias modalidades da mídia mundial.
Don Brown encheu seus cofres com o livro Código Da Vinci. E o mais interessante é que milhões de pessoas pagaram para ler. Se valeu como passatempo, ótimo. Se todas aquelas baboseiras desse autor possa a alguém ter se tornado em tese, isto é mais do que lamentável, porque respira ignorância usada pela má fé explícita dos caça níqueis.
Vez por outra surgem, nos jornais, revistas, filmes, livros que viram Best-sellers da noite para o dia, que até se cansam em ficar entre “os mais vendidos” o assunto absurdo de que Jesus Cristo teve esposa, outros arriscam que foi amante de Maria Madalena, e assim vai aumentando a fila dos ingênuos em discussões bizantinas.
Graças ao espírito democrático de nossa era, aqui também me totalmente à vontade para juntar o meu arrazoado com referência a esse assunto que, de vez em quando, se faz momentoso, para logo depois sumir como as ondas de praia, enchendo múltiplos cofres nas mais diversas regiões do globo.
Esclareço que não me baseio no aspecto religioso da questão, pois qualquer que seja a minha crença ela reside na minha esfera pessoal, e seria deselegante querer tomar a mão de qualquer leitor para levá-lo ao meu templo ou ao meu modo de pensar, fosse numa igreja ou num boteco.
Reservo-me tão somente ao aspecto da figura histórica de Jesus a partir do que se pode confiar como registrado na Bíblia judaico-cristã. Independente de qualquer juízo de valor sobre o Velho e o Novo Testamento, uma coisa salta aos olhos de qualquer historiador ou leitor que se preze, se der à leitura dos registros neles contidos.
Em resumo, pode-se dizer que a Bíblia, que na verdade é um conjunto de livros pela própria etimologia, dela podemos dizer com justiça que a mesma não faz média com nenhum de seus personagens. O limite de espaço me obriga a citar apenas algumas passagens, onde mesmo aqueles que são considerados patriarcas, profetas e homens santificados ali são espelhados em todas as suas arestas.
Oras, se esse documento não deixou de mencionar que o rei judeu Davi mandou colocar na linha de combate, em situação de risco máximo, ao general Urias, para que este, uma vez morto, lhe deixasse a esposa a quem cobiçava. E que tal injustiça foi perpetrada com menção em seus mínimos detalhes, mostrando o pecado de um dos líderes mais consagrados de Israel, certamente, só isso seria suficiente para mostrar que não se faltou com a verdade.
Mas, em passant, temos o próprio Abraão, o patriarca maior, coabitando com a escrava, de quem nasceu seu filho Ismael e, por conta dos ciúmes de Sara, acabou por lançar Agar ao deserto, sem eira e nem beira.
Na passagem de Ló, em que pelo fato de as noras não terem quem as fecundasse, embebedaram o sogro de quem vieram a ficar prenhes do próprio sogro, por um motivo compreensível até, de que era a perpetuidade da raça e, particularmente da espécie.
Em Ezequiel, onde se conta que ele por 3 anos se alimentou de estrume de animais como penitência por sua condição de homem de Deus...
Oras, seria fastidioso enumerar passagens infelizes da Bíblia, histórias dolorosas de uma mulher que cortou a cabeça de um comandante militar a pretexto de salvação do povo em luta.
Bom. Um livro que narra alturas espirituais das maiores e da mais ampla admiração e êxtase para quanto se derem à sua leitura, que interesse teria em não mencionar sobre a esposa ou mulher de Jesus Cristo? Até porque o povo judeu é um dos que sempre levaram muito em conta o fator familiar. Mais ainda naquele tempo, em que o mundo precisava de aumentar o número de habitantes.
Seria até, por sinal, uma história – sob o ponto de vista literário, mais rica e com um tom mais natural e atraente à leitura sabermos nós, leitores desse livro, como era Jesus como esposo, como era sua esposa, se chegou ou não a ter filhos.
Tudo isso a Bíblia mostraria, até porque não seria até mais normal do que ele não ter contraído núpcias. Como seria interessante para quem quer que haja escrito a história da bíblia contar como teria sido o enlace do divino mestre com uma mulher, por certo de muitas qualidades, como bem o sabemos o quanto sua mãe Maria é enaltecida, a ponto de ali se constar que ela será relembrada por todas as gerações até o fim do mundo.
Esta objeção ao fato de Jesus ter sido casado daria um livro de muitas páginas, e colocaria na berlinda todas essas ficções que aparecem com relação ao estado civil de Jesus. A mim não enganam esses ficcionistas que posam de pesquisadores: são exploradores da ingenuidade pública ou da curiosidade frívola de leitores que vivem à procura de pelo em ovo.
0 comentários:
Postar um comentário
Comentários sempre serão bem-vindos!
Para assinar sua mensagem, escolha a opção "Comentar como -Nome/URL-" bastando deixar o campo URL vazio caso você não tenha um endereço na internet. Forte abraço!