DIÁRIO, DOMINGO - CADERNO G 2010

31 DE JANEIRO DE 2010 - DOMINGO - 06h00

      O galo já veio bater o ponto na madrugada. Seu canto retardatário deve-se ao fato de a esta altura o céu encontrar-se encoberto, por conta do verão chuvoso, a pontuar o último dia deste mês.

      As conduções se sucedem, num coquetel de notas múltiplas a irradiar-se dos escapes. Prevalecem os sons da pesada, de ônibus, caminhões, treminhões, entrecortados por buzinas e brecadas sucessivas.

        
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02 DE FEVEREIRO DE 2010 - TERÇA-FEIRA  / 3 HORAS DA MADRUGADA

Normal, fresca e silenciosa.

Longo se faz o hiato entre passagem de veículos, enquanto esse vácuo se preenche pelo ladrar insistente de um cão insone. Já ultrapassei a metade da leitura do Volume 2 de JOSÉ E SEUS IRMÃOS. A esta altura o livro apresenta a figura de um personagem, meu velho e amado conhecido, Faraó Amenhotep IV, ainda a despontar como novo rei do Egito.

Que narrativa deliciosa tem o escritor alemão Thomas Man. Não foi em vão que recebeu o Prêmio Nobel de Literatura, cujo ano não me lembro exatamente. Pelos indícios de sua escrita, deduzo que Thomas Man haja sido rosa-cruz,  ou pelo menos, reúne conhecimentos sobre o movimento político-religioso que culminou no monoteísmo.

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04 DE FEVEREIRO DE 2010 - QUINTA-FEIRA

O relógio assinala onze badaladas. A noite veio quente e abafada. Na tarde de hoje a nota triste foi o falecimento do Sr. NICO,  pai de Leonardo, meu concunhado.

         Do falecido se disse ter vivido 88 anos, com grande parte da vida passada na roça e, como passatempo não dispensava o baralho. Gostava de seus jogos com os amigos, o que revela ter aproveitado bem o tempo de lazer. Tanto melhor que esse vício para ele não se fazia prejudicial ao trabalho e família.

              88 anos de existência é bastante para as estatísticas. Extrapola o estabelecido como expectativa normal de vida em nosso País. E tudo se faz ainda mais relativo em termos de cronologia àqueles a quem a perda de um ente querido vem ocorrer.

              Assim é a realidade, que nos leva a ponderar sobre essa circunstância, fácil de equacionar pelos estranhos e pelos burocratas, mas sempre muito difícil para a família.
  
                Que os anjos de Deus acolham a alma bondosa do Seu Nico em suas asas infinitas e lhe propiciem a merecida ventura celeste, cujo mistério nossos olhos terrenos são incapazes de vislumbrar.


             

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