CONTROLEM-SE PARA VIVER MELHOR



O DESCONTROLE DA REPRODUÇÃO 

HUMANA

G.Generoso




Sujeitos ao  conjunto dos  instintos, a maior parte dos seres 

humanos passa pela vida de uma forma condicionada, 

com situações de vida estereotipadas de forma medíocre e infeliz e, 


não raro, atormentada.


            Isentamente  posta  em observação, de um modo objetivo, 

pode-se ressaltar a questão do ter filhos ou não.


           Há uma onda tão forte a soprar nessas decisões individuais, a 
ponto de mesmo aqueles que nela não embarcaram cair na 

enganosa tentação  de achar que o ter filhos teria sido melhor.


          Antigamente, e não muito antigamente assim, dizia-se que era preciso formar uma família como garantia de que os filhos cuidassem dos pais na velhice.

         Embora isto hoje pareça ser uma exceção (de filhos devotados a pais e mães), não era muito diferente nos tempos que já se já vão longe na história da humanidade.

            Porém, essa desculpa esfarrapada já não serve mais sequer a um por cento de quem faz questão de se iludir.

 Vivemos na era do lucro e, como pessoas, quando nos encontrarmos na circunstância do lucro cessante, também cessará qualquer interesse, salvo honrosas e mínimas exceções, com relação a qualquer tipo de interesse por nossa vida.

Sei bem que a esta altura de quem lê este texto, que me exigiu muita coragem em pô-lo a público, certamente estão a contestar cada palavra aqui pingada de meus dedos, não com gosto, mas com contrariedade por as coisas serem como são.

 O egoísmo sempre existiu e atualmente ele extrapolou todo e qualquer senso de medida, mesmo nas melhores pessoas. Entre suportar o egoísmo de possíveis filhos, por que não ser egoísta e evitar a tê-los?


Posso conceder, contudo, que há pessoas com capacidade para ter e criar filhos com relativa aparência de realização. São em sua maioria, e não raro entre nós, de gente que gosta e é talhada para sofrer. 

Bom, aí não há o que discutir quanto a opinião de tais indivíduos. Sofrem e gostam, e é um direito sagrado que lhes assiste.

Numa análise fria e isenta, por outro lado, havemos de convir que há pessoas que, infelizmente e pior que tudo, não são talhadas para a paternidade e se metem a tal ignorando o peso desse sacrifício. Aí é mais ou menos dizer que encontraram o que buscavam e, por duras penas aprendem que não era bem o que elas queriam.

Todavia, falando de modo geral, a descendência, pelos cuidados que requer, pelas diferenças individuais inevitáveis que cada pessoa tem; pelo fato de nunca se saber como será o gênio ou temperamento do descendente (que aliás, nunca é tão bom quanto o esperado, na melhor das hipóteses).

 Sim, porque na maioria das vezes representa o conhecido conflito de gerações, tanto mais acentuado quando os filhos são adolescentes.

É respeitável a coragem dessa maioria, ou otimismo infundado 

com que nutrem suas expectativas de vida apostando no

 incerto e, pior ainda, no que no mais das vezes só resulta em 

decepção, cuidados, pesares; noites perdidas de sono, em 

vigílias apreensivas e, quase sempre, disso tudo só vem 

incompreensão, ingratidão, ao ponto de mais que um filho ter


 dito aos pais: eu não pedi para nascer.


Mas a vida é assim mesmo e a humanidade continua a se 

somar e multiplicar, num mundo com 4 bilhões de pessoas 


abaixo da linha de pobreza e 800 milhões de pessoas  passam 


fome.



Oras, será que alguém, em sã consciência, ainda aposta algo 

neste mundo?  E deseja perpetuá-lo da forma que está, ou 

pior, quando daqui a pouco vai faltar água no Planeta?

Parem com isso. O mundo já está bem provido de gente.


 Gente transbordando, saindo pelo ladrão, como se diz no popular.



Meios para evitar que venha mais gente ao mundo, filhos que 

só trazem aos pais, na maior parte do tempo, preocupações e

 os envelhecem antes do tempo, e para arrematar ainda são 


ingratos, não é o que falta.


Há recursos de sobra a ponto de dispensar menção, sem necessidade sequer de se recorrer ao aborto, que gera polêmica no mundo todo.

Pelo exposto, pode alguém concluir que haja de minha parte,  uma indisposição com a vida, até mesmo uma tendência suicida diante do quadro que este mundo apresenta.

 A rigor, não é verdadeira essa impressão.  Também não significa que se deseje e  possa trancar as madres de todas as mulheres e o mundo parar por aí.

Há aqueles que têm vocação, e merecem ser respeitados em

 suas opções de vida. Se vão sofrer as agruras e percalços da 

paternidade ou maternidade, compete a eles arcar com essa 

responsabilidade e, ao que parece, tudo indica que as pessoas 

concluem, bem lá no íntimo, que não há outro jeito senão que

 ser assim, no sacrifício, no sofrimento ao decorrer de uma 

vida inteira de buscas sem sentido. Isso é uma utopia que 

acomete a maioria das pessoas.



O grande filósofo árabe Al Mohre, mandou que escrevessem

 em seu túmulo esta frase que nos remete a pensar com 

bastante profundidade sobre o que é este viver na Terra:

“Meus pais pecaram contra mim, mas eu não pequei contra ninguém”.

Sei que as pessoas ditas religiosas, ou assim presumidas, por si 

ou pela sociedade, certamente se puderem deletarão sem 

piedade esta página que escrevi e, para ser sincero, a grande

 contragosto. 

Mas o Apóstolo São Paulo mesmo escreveu, aconselhando ao

 falar de sua situação particular aos seus leitores, que fazia 

votos de que as pessoas se mantivessem solteiras como ele.

O que gera sofrimento, na verdade, é o apego. Filhos se 

apegam e se fazem apegados pelos pais, de onde resulta – quer 

queira quer não , uma relação não raro conflituosa e das mais

 infelizes. A ponto de uma pessoa, por sinal muito coerente e

 digna de crédito ter-me dito o seguinte:

“Meus filhos, pelos cuidados que me  impingiram, pelos

 trabalhos e situações a que me fizeram sujeitar-me, 

causaram-me  mais dissabores do que todos desgostos que me


  causaram os  meus próprios inimigos”.


Esta página não se resume em dar receita para ser feliz. 
Apenas observa a realidade fria, nua e crua do que é esta vida. E não é um flash de impressão de algum momento, passado ou atual, que seja incômodo e desagradável. 

Resulta do que se vê e que a maioria das pessoas fecha os olhos para esta questão e caem na escuridão de se tornar existências caudatárias dos filhos ao preço, quase sempre, do desprezo e da ingratidão. Tenho dito.

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