AMIGOS DESTE BLOG,
Tenho me ocupado em revisar autores dos mais distantes rincóes do Brasil. Abaixo registro o meu método de trabalho, com os comentários que julgo mister.
Ge.Generoso
SINFONIA DE VOCÊ
(Roberto,
altura mais ou menos da pág. 22)
Sei que foi tão
lamentável
E até incompreensível
Quando esse
sentimento
Dominou meu infinito:
Eis que já não tem
mais jeito,
Mesmo que a música
não toque,
Eu acordo em seus
acordes
Deliciando-me numa
sinfonia
Que tua existência
executa
Dentro da minha
alma...
E sou profanado por
sua melodia.
E meu universo toca
em você.
E, me inebrio nas
tuas canções,
Mesmo sem qualquer
melodia no ar.
[ Beto, este poema pode ser retrabalhado. Com todo respeito a seu direito autoral, e
sem invadir a sua autenticidade, eu gostaria de ver esse poemeto, com o mesmo
sentido que você quis oferecer, e ofereceu, sem prejuízo do conteúdo. Que,
aliás, achei muito bom. Bem pessoal seu, mas no meu entender ficaria mais
adequado (em termos técnicos) reescrito assim.
O emprego dessa expressão “PROFANADO POR SUA MELODIA”, empresta um
sentido riquíssimo. Tanto assim que apanhei bastante aqui para deixar essa
expressão em realce. As alterações que
sugeri (mera sugestão) também se prende a evitar o uso de muitos adjetivos. O
mínimo possível. E na verdade, você, nos primeiros 3 versos abusou um pouco do
emprego dessa categoria gramatical.
Segundo Evgeny Rein “Se você quer que seu poema realmente funcione, evite o uso
de adjetivos. Reduza-os ao mínimo. Mas você deve enchê-lo de substantivos e até
mesmo os verbos devem sofrer restrições. Se você lança sobre o poema um véu
mágico que remove adjetivos e verbos, ao retirá-los do papel ele deve estar
‘escuro’ de tantos substantivos.”
Grita em mim um lamento,
{para tirar a palavra LAMENTÁVEL, que é adjetivo}
Que por mais que tento
Não me é dado
compreender {para eliminar o adjetivo
incompreensível }
Quando esse sentimento
Arrebata-me o infinito.
Eis que não há mais
jeito:
Mesmo que a música não
toque
Eu acordo com seus
acordes
Na sinfonia em que me deleito
Que de tua essência explode
Aqui dentro do meu peito.
Meu universo a ti se
vai juntar
E me inebrio nas tuas
canções
A orquestrar-me a noite
e o dia
Mesmo quando longe
nossos corações,
Eu sou profanado por tua
melodia.
RITUAL DO TEMPO
Não dispare em mim
Os dardos da emoção,
Que você não deseja
ver
Penetrando em sua
alma.
Não morra antes do
tempo.
Ainda é cedo pra
vaidade.
Não morra antes da
sua hora,
Porque nem sempre o
tempo
Está pronto e
programado
Para receber esse
banquete
Do ritual da nossa
morte.
[Veja aí,
Beto. Um bom poema. Você não abusou de adjetivos e deu um fecho bem à altura.
Você obedeceu de modo correto a hierarquia do discurso, onde o eixo é NÃO MORRA
ANTES DA HORA. ]
DA SOLIDÃO
Amar é um ato
solitário, às vezes
Mas a solidão pode
ser também
Um ato sublime de
gratidão da vida
Para mentes e
sentimentos errantes
Quando o mundo lá
fora
Desmente a mentira
Que somos cada um de nós
Quando
vivemos uma companhia.
[ Um poema
bem urdido. Só tenho a observar, como regra, que o emprego do verbo SER poderia
ser menor, já que os verbos: ser, ter, estar são muito comuns. Mas você dá um
voluteio muito bom, confronta ideias opostas e o fez com maestria. ]
CONTRAMÃO
Eu te quero, é isto,
Senão for dividido em
duas partes
Um pedaço somente do
teu eu em mim
Você tem duas pernas,
duas narinas,
Dois ouvidos, mas
apenas uma boca:
É hora da decisão!
Não deixe este
sentimento na contramão.
[ Matou no
ninho. Esse é um poema muito seu, ao seu estilo e você foi feliz. Grande
espírito de síntese você tem. É um poeta para este tempo, em que os poemas
extensos estão condenados às traças.]
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