TRANSMUTAÇÃO



             F
oi o amor razão da minha vida
             E o sentido deste meu viver,
             Trago tua imagem n’alma refletida
             Para, por onde eu for, sempre te ver.

             E guardo bem essa visão querida,
             Ausente, embora, e que me faz sofrer;
             Mas a ventura, quando revivida,
             Faz da dor das saudades um prazer.

             Hoje, ao ver a vida em vôo lento
             Por sobre as horas, momento a momento,
             Recordo frases que alguém me disse.

             Relembro-me, sem mágoa, a mocidade:
             -Lembrança doce que se fez saudade
             Da mocidade que se fez velhice.

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