Geraldo Generoso
Esta
é uma página forte e de impacto, que vai tocar numa questão que, em muitos
casos, se reveste de um tabu que se perpetua. Numa labareda que ninguém quer
pôr a mão.
Não será forte no sentido de lavor
literário, mas pelas palavras que vestem as evidências em sua essência e em sua
raiz.
Remotamente, sem qualquer intuito em
desmerecer qualquer denominação religiosa – e hoje são tantas as igrejas que, a bem da verdade, prestam inúmeros
benefícios à sociedade como um grupo e aos indivíduos em particular.
O que de fato assusta é o gigantismo
de certas corporações religiosas. Constituem-se em verdadeiros impérios
econômicos.
Bem foi dito por Jesus Cristo, de
forma clara e irrecorrível: “é
impossível servir a Deus e às riquezas”. Igualmente, o mesmo Mestre,
insuperável em sua franqueza, ensinou a todos que é “impraticável servir a dois
senhores”.
O que se verifica hoje, em que pesem
os benefícios inequívocos da religião,
lamentavelmente muitas igrejas são chamadas de “indústria da fé”. Parece
impossível administrar patrimônios de milhões de reais, com tantos
empreendimentos e a exigir tanto esforço, num mundo competitivo que,
inevitavelmente, torna inviável sintonizar-se com Deus.
Sobreveio-me esta mensagem ao confrontar
o presente da cristandade com o gigantesco trabalho do Apóstolo São Paulo.
Levantou o cristianismo nascente, sobre condições precárias, contando até com a
oposição dos poderosos da época. Ainda assim fez vingar a semente do
Cristianismo de forma tão majestosa, de tão fundas raízes, que até hoje aí está
a desafiar os milênios. Sua mensagem, em suas epístolas, ainda hoje fazem
prevalecer o prístino vigor de quando as escreveu ou ditou.
Oras, é claro que hoje o mundo
evoluiu muito. Até mesmo os meios de se pregar o evangelho não pode prescindir
dos recursos de comunicação que avançaram tanto e são capazes de abranger até milhões de pessoas.
Todavia, cumpre ressaltar que os
meios de comunicação, ainda que legítimos e eficazes instrumentos, alavancam
grande soma de recursos, o que exige ocupar-se mais dos meios que dos fins.
Certa vez hospedei em casa o saudoso
filósofo mineiro (de Cambuquira), Saturnino Gomes da Cruz que, a pretexto de
cumprir seu dever religioso, consultou-me sobre a menor igreja, a mais humilde de Ipaussu.
Informei-o conhecer uma pequena congregação, ainda em seus
primeiros passos. Acompanhei-o até ao pequeno templo. Lá partilhamos de
verdadeiras mensagens, transmitidas com simplicidade e que, a despeito de
simples, conduziu-nos ao milagre da elevação e da comunhão com Deus.
Desde esse tempo convenci-me de que
“amar a Deus sobre todas as coisas” é talvez o mandamento mais difícil de se
cumprir, mormente para as pessoas que se dizem religiosas.
Não sem base, se diz
que Deus é ciumento. Não aceita dividir cuidados e atenção com que quer que
seja.
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