SUA VIDA TEM SENTIDO?

TODO PREGUIÇOSO É VÍTIMA DA FALTA DE SENTIDO NA PRÓPRIA VIDA


Geraldo Generoso

       Assim como a religião (à falta de melhor termo), a ciência - em suas várias modalidades - acaba por nos tornar mais tolerantes, dado o fato de nos tornarmos mais aptos a compreender as pessoas e suas circunstâncias.

     Recordo-me de um tempo, aqui no Brasil - lá pelos anos 1950 -,em que não portar a  Carteira Profissional (indicativa de uma profissão e ocupação), em caso de abordagem policial, o cidadão poderia até ser detido.

    Implicava esse fato (de não apresentar a carteira de trabalho) como pressuposto de vadiagem. Em outras palavras, subentendia a Polícia (ou teria motivos para tal) supor tratar-se de um vagabundo ou marginal.

    Embora criança ainda, eu jamais entendia essa postura tão drástica em face da não portabilidade de um documento de ocupação.

   Hoje as coisas mudaram bastante, tanto nos bons quanto nos maus aspectos. Não ter profissão comprovada hoje não é mais crime. Porque para assim taxar (de infrator) um elemento, o governo teria que assegurar trabalho a todas as pessoas.

  Pois bem, a exposição acima serve de abertura para as portas de considerações sobre outros itens, antes proibitivos e que hoje passam ao largo de qualquer objeção legal.

  Na verdade, o cristianismo, mais do que uma religião, também influiu como importante filosofia e até ideologia no cenário da humanidade.

  Interessante observar que Jesus, uma pessoa que passou à história como um ser perfeito, foi o que mais compreendeu as imperfeições e limitações humanas. E suas ideias continuam a mudar o mundo, ainda que nem sempre disso damos conta.

 Na verdade, a ciência - em suas múltiplas facetas, na medida que espanca a ignorância, por incrível que pareça, se aproxima e estabelece no mundo os fundamentos da cristandade.

  Antes de Cristo, Buda já falava que o grande mal do mundo não era a ignorância. E sem mais delongas, aqui me ocupo em abordar a figura do preguiçoso. Daqueles que o mundo chama de vagabundos, ociosos, inválidos e até nocivos para a sociedade.

  Em seu livro "O Sentido da Vida", do médico, psicólogo e psiquiatra Viktor Frankl, cujos estudos se fizeram da forma mais dolorosa possível, vivendo experiência em campos de concentração nazista, conduz-nos (esse sábio judeu-alemão) a visões diferentes sobre as pessoas e seus respectivos comportamentos.

  Podemos fazer uma ilação, sem esgotar o tema, que o preguiçoso, na verdade, é uma vítima de si mesmo. Sofre pela falta de motivação, que é sinônimo e se ter um sentido na vida. O vagabundo puro sangue, a rigor, é uma mosca branca. Procurá-lo equivaleria a buscar agulha num palheiro, para usar um termo arcaico.

   Não somente em relação ao trabalho, propriamente dito, manual ou intelectual, mas também aos estudantes. Por mais que estude Pedagogia, essencialmente a técnica dessa ciência se fundamenta na motivação. 

   A pessoa normal, mesmo que não seja cem por cento normal, sem possuir um sentido na própria vida, reduz-se a alguém fácil e injustamente enquadrável na condição de preguiçoso.

  Voltando aos ensinamentos de Jesus, Ele nos enfatiza para jamais julgar o próximo, seja em que condição for. Não só é um ato de nobreza o não levar em conta as imperfeições do semelhante, como é sinal de compreensão, como sinônimo de sabedoria.

  No filme A VIDA É BELA, que venceu (e muitos brasileiros não concordaram por ele ser escolhido em lugar de CENTRAL DO BRASIL), há muito de Viktor Frankl, quando o enredo se resume na missão do pai (em pleno furor nazista) tentar entreter o filho com um sentido na vida: fazer um canhão.

   Isto, em certa medida, à certa altura da vida, acontece com cada um de nós. As lutas são tão permeadas de imprevistos e insucessos que muitas vezes somos levados à indiferença, ao alheamento de nossa missão neste curto espaço de tempo terreno.

   Como mestres de nós mesmos (só nós conhecemos, ainda que em parte) todas as nossas perguntas e respostas, o fundamental é sempre buscar, com empenho e vigor, um sentido para esta existência, cujo quadro ao nosso redor se nos apresenta sempre em forma de um desafio atrás do outro.

  Sua vocação, necessariamente, não decorre do que faz o seu pai ou a sua mãe. Você é um indivíduo (indivisível e único) e sua presença no mundo tem uma função que é só sua e somente a você compete realizá-la.







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