AFINAL, E O JUÍZO?

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O ÚLTIMO DESPERTAR
GeGê
Alguns falam em carma,
Outros, em Graça...
Mas, o que existe no pensar
É apenas m mistério insondável
Em cada minuto que passa.
Há pessoas que falam em Deus,
Outras discorrem sobre Satã,
Há até os que se dizem ateus,
Mas sempre restam dúvidas
Sobre o hoje e os amanhãs!
Nesse dilema profundo
Eu sei apenas que não sei de nada
Sobre este e o outro mundo...
É apenas uma passagem
Entre o riso e a tragédia:
Nada se escuta além da estrada,
Sobre a vida não há rédea.
Muitos falam em trombetas
Acordando os mortos
Num juízo irrecorrível,
De anjos e capetas,
Na chegada de um tempo horrível .
Há os que falam em trombeta audível
Mas a trombeta angelical
Talvez foi ultrapassada
Por instrumentos de decibéis mais fortes,
Capazes de acordar
O mundo de sul a norte.
Haverá – quem sabe? – sobressalto
Nos mortos ao acordar,
Cujo primeiro gesto
Será, talvez, o longo espreguiçar de um longo sono...
E ao retornar à vida,
Que, por viver, souberam dura
Com sobras de dor e mágoas,
Ao despertar, ao pé da sepultura,
Que não falte na torneira a água;
Que se avise a Polícia, a Prefeitura,
Pra marcar ordem nessa fila renascida,
Para os ex-mortos lavarem os rostos
No recomeço de mais uma vida.

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