Por sugestão de lideranças – civis e eclesiásticas – tem-me chegado recorrentes pedidos para escrever a história do religioso católico, Padre Nazareno Paschoal Brízolla, uma das maiores personalidades do município de Ipaussu.
Tal chamamento vem ao encontro de um antigo desejo que acalento em registrar para a posteridade a vida desse místico e líder católico, até hoje lembrado e, mais que isso, respeitado e reverenciado nos mais diferentes estratos da sociedade ipauçuense.
Aliás, nomeado Cônego em 1959, com uma festa que ficou histórica, ele empresta o seu nome a um importante conjunto habitacional, somado à Praça da necrópole municipal, que também o homenageia de longa data.
Uma marca registrada do Cônego Nazareno era escrever cartas. Na verdade, ele não era dotado do dom da oratória. Seu forte mesmo era comunicar-se pela escrita. Registra a tradição que era dotado de dom de cura, principalmente com relação a pessoas insanas.
Neste formato (blog) forçosamente resumido, vou me reportar apenas a um, entre os muitos ocorridos na vida desse personagem. Estava ele em sua casa, como de costume, certamente, elevando seu Espírito em orações, quando ouviu um ruído de um jipe que estacou sob a árvore da sua casa paroquial.
Com a serenidade que lhe era peculiar, foi conferir o que acontecia. Três homens fortes, entre eles o Sr. Luiz Marin (ainda moço àquele tempo), conduziam uma pessoa totalmente transtornada, para não dizer, louco varrido.
A custo, num esforço desmedido, os homens arrastaram aquele leão furioso até a área da casa, enquanto o Cônego Nazareno, em absoluta calma, esperava no alto da pequena escada. Acenou para que entrassem, num gesto comedido, como era de seu feitio.
Aos trancos e barrancos aquela estranha figura subiu as escadas, arrastado e empurrado (não havia outro jeito) por aqueles seguranças voluntários.
O cônego mandou que adentrassem à sua sala com o insano. Os acompanhantes obedeceram. Mas foi difícil atender à ordem seguinte do então padre Nazareno:
- Soltem essa criatura. Desamarrem as suas mãos.
- Padre Nazareno (disse Luiz Marin, o popular Sr Zicão) – acho isto muito perigoso, mais ainda para o senhor, pois este homem está como uma fera, ele pode quebrar tudo aqui e até agredir e machucar o senhor.
- Façam o que peço e fiquem longe. Podem ficar ali na área.
- Ah, Padre, isto que nos pede é demais. Deixar o senhor sozinho com esse doido?
A essa altura o demente parecia mais calmo. E a ordem do cônego foi cumprida. Desamarraram-no, mas sem sair para a área, em caso de qualquer agressão contra o líder religioso.
Cônego Nazareno ofereceu uma bala àquela criatura infernizada. Ele aceitou de pronto, naturalmente e abaixou a cabeça. A uma certa distância da mesma, o cônego impôs as suas duas mãos e, concluída a bênção, acariciou-o na face, arrematando com um suave tapinha, de forma carinhosa e paternal. E arrematou:
- Podem levá-lo para a casa dele. Está curado. Não tenham nenhum receio. Ele não dará mais trabalho algum.
Assim disse, assim ocorreu. Nunca mais essa pessoa apresentou problemas mentais. O que ocorreu foi que a fama do Padre Nazareno, que já não era pequena, acabou se consolidando cada vez mais em toda a região do Vale do Paranapanema.
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