que sente tremer as ramas e, apesar disso, canta,
porque sabe que tem asas".
(Pierre Joseph Prudhon, filosofo
e político francês,
1809-1865.)
É curioso, ainda que não incomum, que um escritor obtenha de um escrito com foco em um tema alcance outros significados e se torne inspirador de outros temas que não aquele por ele exposto em seu discurso.
É o que aconteceu com esta linda passagem de Prudhon, um filósofo com viés anarquista que acabou por inspirar não só cidadãos, quanto uma postura política firme, mas invadiu mesmo o aspecto da espiritualidade.
Próprio dos escritores inspirados, eis que Prodhon disse mais até do que desejava e cujo efeito de suas palavras já entra nas raias do terceiro século após sua morte.
Arrisco mesmo dizer que o autor chegou a ser "bíblico" nessa sua frase tão feliz quanto verdadeira, e numa comparação belíssima, da alma com um pássaro.
Nem sempre há consciência de que somos alados por conta do Espírito que nos preenche, a partir do primeiro sopro que bebemos ao adentrar à experiência terrena.
Raramente há consciência em cada um de nós sobre o quanto podemos. Com a infeliz ressalva de que tanto podemos para o bem quanto para o mal.
Mas o eixo desta crônica se fixa em outra proposição: elevar-se acima das circunstâncias temporais e terrenas é o alcance do que de fato precisamos para a nossa existência.
Grande número de pessoas, a certa altura da vida, em meio aos insucessos, desgostos e mesmo ante fracassos retumbantes, acabam por usar a expressão: "me dá vontade de jogar tudo para o ar".
É mais que compreensível, pela conhecida fragilidade da condição humana, que tais ocorrências sejam mais comuns do que imaginamos.
Agora mesmo algum homem ou mulher assim cogita, por não poder contar mais com qualquer alternativa para a sua vida ou seus negócios.
Porém, de volta ao dito de Prudhon (cuja intenção abrangente tudo indica não lhe haver acudido), jogar tudo para será apenas a primeira parte da solução.
A solução definitiva é atirar tudo para o céu. Entregar não apenas os problemas - insolúveis até, mas entregar-se a si mesmo a Deus de corpo e alma.
E aí, pelas asas da alma, podem tremer galhos e ramas e folhas e flores. É uma forma, não de desistir da luta ou optar pela fuga, mas, isto sim, pela elevação onde os invisíveis se fazem visíveis, no testemunho do salmista, ao afirmar:
"Elevo os meus olhos para os montes,
De onde me virá o socorro?
O meu socorro vem do Senhor que fez o Céu e a Terra."
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