Por
onde quer que se ande pela terra,
Vemos
a cada palmo, a cada instante,
A paz
ausente e, no furor da guerra,
A dor
da Terra com os seus viventes !
Cada
qual faz o céu sempre distante
E
mais gritante a vida em meio às gentes.
Ante
esse quadro assustador e horrendo
Há
alguém a criar, no mundo crendo.
Há
gritos de presídios e hospitais !
Há
gritos de miséria longe e perto,
Há
solidão e luto em tantos ais,
Na
travessia deste chão deserto.
Além
do tempo incerto a luz e a paz.
Onde
se esconderá o amor por certo?
Ante
esse quadro, de dor feita à custa,
Há
alguém a criar, que não se assusta.
Milhões
de vozes a exprimir carência,
Hordas
famintas sem teto nem pão;
É
infausta e malograda a experiência
Desta
seqüência de um viver em vão
Que
não foi explicado pela ciência
Nem
resolvido pela religião.
Ante
esse quadro que nos desalenta
Há Alguém acima que ao amor sustenta.
Quem
será esse Alguém, presente e oculto,
Que
ainda crê e em criar persiste?
Que a
cada instante as marcas de Seu vulto
Se
expressam num semblante, alegre ou triste!
Mas
sempre criativo, infante ou adulto
Está
no homem esse Alguém que existe
E
quer, como Ele, nos fazer criadores
De eterno Éden que ao tempo resiste.
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