SALVE TIMBURI, A JANELA DO POENTE SEMPRE BELA E LUMINOSA.
De
longa data o Município de Timburi tem em 24 de
outubro uma de suas efemérides mais importantes, a par com a data
de 3 de maio, que assinala o Dia da
Santa Cruz. Foi
sob a senha e a sombra da cruz que Timburi, ainda em seu nascedouro, recebeu o
nome de Santa Cruz do Palmital, tendo sido também chamada de Paraíso
e, primeiramente, Retiro.
Todos aqueles que lá nasceram, viveram,
e depois tomaram caminhos em direções diversas, sempre experimentam uma
enorme saudade, como este escriba que nasceu junto com a emancipação da cidade . Quis o destino, que de lá saísse um dia, sem saber talvez que traria sempre
no peito as imagens da terra e da gente timburiense.
Esta saudade se mistura
com um orgulho sempre presente, mesmo transcorridos tantos anos, por continuar a
entender o idioma da gente de Timburi. Assuntos não faltam quando aqui aportam
os irmãos Minozzi – Maurício, Ademir e a irmã,
dedicados amigos que não perdem nosso endereço.
E assim outros que lá
viveram e adotaram aquela terra e aqueles céus de placidez inaudita, hão de
levar nas retinas a imagem de beleza e singeleza que só Timburi sabe ter.
Ciclo do Café
Nesse
áureo tempo, de fins de 1940 a 1970, fervilhavam nos carreadores das fazendas, levas e levas de
colonos, numa comunhão de trabalho e camaradagem. As rodas dos carroções
sulcavam as estradas de terra boa, ao figurino de Pero Vaz de Caminha, “onde em
se plantando, tudo dá”.
Sempre, em setembro, vinha o término das colheitas com
grande festa. Sob os galpões aconteciam os bailes, regados a anisete. As cantorias eram frequentes, com uma trégua
para recomeço das atividades, já que o café é uma cultura que exigia mão de obra
o ano inteiro. Quanto suor derramado. Quanto sono interrompido nas madrugadas,
trocando o leito pelo eito.
Por esse tempo, juntamente com amigos cujo
nome ainda guardo, como o meu querido conterrâneo José Messias ( o compadre
Messias da Rádio), a Ninica, o Nino do violão, o Fernando Rocha ( e tantos
outros) a certeza de que a gente era feliz e sabia por quê.
Passada a febre do
ouro verde, cujo produto era de primeira qualidade, produzido em abundância
pelas fazendas Sta.Elisa, Sta.Rosa, Conceição, São Francisco etc., outros produtos surgiram, ditados pelo mercado. O Município de Timburi continuou belo
como sempre.
Era pouco esperar, e eis que a orquestra alada das abelhas e das mamangavas entoavam os seus
cânticos de primavera. Todo o cafezal se vestia com branca e olorosa florada. O
perfume que se derramava por quilômetros dizia alto e bom som que a vida
continuava, com futura colheita a garantir o pão de todos os lares.
Um Tempo Novo
Aos poucos se mudou esse cenário. O café, ainda que ali cultivado
até hoje em algumas propriedades, como a da
Família Souto (Café Timburi), foi cedendo seu lugar a outras atividades, como a criação de gado. A paisagem física e humana vai a delinear-se em novos contornos, e Timburi tem tudo para o Turismo.
Família Souto (Café Timburi), foi cedendo seu lugar a outras atividades, como a criação de gado. A paisagem física e humana vai a delinear-se em novos contornos, e Timburi tem tudo para o Turismo.
Uma nova história hoje acontece
naquela terra. Mas perdura a declaração inequívoca de amor aos que lá vivem e a
todos os que a visitam.Sob o signo da Santa Cruz,
que resume o sacrifício e a doação, Timburi prossegue a sua marcha. Segue seu
destino de cidade acolhedora nas pessoas de suas autoridades e seus simpáticos
habitantes – a quem empresta a sua aura mágica. Lá sempre está presente paz e a beleza de seus sítios e seus céus.
A Santa Cruz é um símbolo
sempre vitorioso, que finalmente se transfaz no mistério da própria
Ressurreição. Timburi, por estes lustros, tem feito nascer e criar em seu seio
diferentes pessoas, oriundas dos lares mais diversos. Muitos desses filhos
percorrem mundos longínquos e peregrinam por terras estranhas do chamado
Primeiro Mundo.
Singram mares desconhecidos e rastreiam terras distantes.
Vencem. Alcançam glórias e alguns se fazem capazes em possuir, se o desejarem, tudo quanto o dinheiro pode comprar. Outros
assumem consagrações invejáveis no mundo das artes ou da ciência. Mas o prêmio
maior a cada timburiense ausente se resume na alegria do regresso à velha
querência. Ao berço pequeno e aconchegante, que constantemente acolhe com um
sorriso aos que se achegam ao seu regaço.
Geraldo Generoso – Jornalista MTE 33788.
Em especial para FOLHA DE PIRAJU -
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