ATRAÇÃO PERPÉTUA



TEIMOSIA

Quem sabe até um novo livro saia,
De tantos versos que a ti remeto
Na presunção de sensibilizar-te,
Da lira que de espera já desmaia
Na cadência dum  último soneto.

Não existe outro idílio a igualar-te
E parte do meu céu eu te atribuo;
Vem lá da infância tua insistente imagem
Deste meu fado de assim sempre amar-te
E de nunca sofrer qualquer recuo
Toda esta emoção em sua voragem.

Confesso que a outro amor a cada entrega
Ao frescor de tua alma transportei-me
Para o teu ser qual oferenda cega.
Simulo tua alma e corpo, simulei-me,
E  o meu Eu bem lá do fundo alega
Ser meu coração só teu, por mais que eu teime.

Ge Generoso - livro Cântaro das Horas, 1995

Uma outra Carta do Baú



05 de dezembro de 1966.


Minha querida Namorada,

Daqui a dois meses esta minha espera, até o momento infrutífera, completará aniversário. Custa-me, querida, entender a razão de ser deste esperar indefinido, alimentado por migalhas de suas promessas.

     A cada vez que lhe cobro uma decisão, sinto-me prensado num dilema jamais vivido. Não raro me sacode um ímpeto de opções opostas: ou tudo ou nada. Mas nesses momentos, a luz tímida da esperança se faz valer sobre a hipótese inconcebível de perde-la.

     A ser verdade que partir é morrer um pouco, em breve confirmarei esta impressão. Sou obrigado a voltar para a minha terra. Longe do de mais precioso penso ter de meu. Mas o que de mim restar aqui persistirá, em emoções e pensamentos.
    
     Tanto assim que se você firmar bem os seus olhos e os seus ouvidos, será possível ver o meu fantasma a lhe falar do que você já se fez acostumada a ouvir. E verá, com certeza, a minha silhueta a rondar o seu portão.

     Se aqui permanece, fico sujeito a prestar o serviço militar. A tal não me obrigo ao voltar para o meu município de origem, onde há dispensa de incorporação.

     Amo a Pátria e não se trata de uma deserção, mas de uma opção tomada em tempo de paz para a Nação, o que em nada me acusará a consciência por falta de patriotismo e devoção à Pátria.

     Ainda assim, uma palavrinha sua seria suficiente para reter-me aqui, mas infelizmente isso seria bom demais para ser verdade.

     Voltarei sempre que puder. Com frequência farei chegar-lhe as minhas cartas, das quais você diz gostar. Tudo farei para que não me esqueça. Faça como farei no lembra-la a cada dia, pois assim tem sido minha vida, desde quando você nela entrou pela porta da frente.

Beijos





AQUARELA SERTANEJA






AQUARELA SERTANEJA

Recordo com saudades minha terra,
Além da serra o céu  azul, era tão lindo;
O passaredo  indo e vindo! Ai! Quem dera,
Na primavera ver a vida reflorindo.

Cantar de galos anunciava a aurora,
Saudando a glória  do romper do dia,
Então saía, pelo pasto afora,
Calçando a espora e o burrão trazia.

Ainda ouço o aboio e o berrante,
Que em tom vibrante pelo vale ecoava,
E a vida brava me fez retirante,
Nada é como antes quando eu vaquejava..

Parti, mas trago meu sertão presente,
Restou-me só  dessa  felicidade,
Na atualidade esta dor pungente

Que insistente hoje  se fez saudade.  

LUCYANA : MUSA DA MÚSICA SERTANEJA RAIZ


ESTA É LUCYANA QUE, POR SUA BELEZA, TALENTO E CARISMA, MERECE SER RECONHECIDA COMO MUSA DA CANÇÃO SERTANEJA RAIZ E UNIVERSITÁRIA. 


Paulistana, Lucyana  Villar nasceu em 1982 no bairro da Pompeia. Filha de músicos, teve contato com o sertanejo raiz em suas viagens de férias para as fazendas da família em Minas Gerais e Goiás. 

Aos sete anos ganhou seu primeiro festival junto com sua irmã Lucylla, com quem formou dupla por mais de 20 anos, alcançado reconhecimento nacional. 

Em 2012 lançou carreira solo, posicionada como uma das atrações mais importantes do cenário sertanejo tanto nas casas de espetáculos espalhadas pelo país, quanto na presença nos eventos das mais conceituadas empresas multinacionais, em atendimento ao setor corporativo.

 Atualmente, em parceira com Leo Chaves (Victor & Leo), Lucyana trabalha em seu primeiro álbum que tem lançamento previsto para os próximo meses. Vale a pena aguardar por esta produção.

 E vale a pena prestigiar essa artista que, mesmo em meio ao sucesso de público que tem alcançado, jamais perde a naturalidade e o jeito bonito de ser,que é só dela. 

Além da música raiz, ela desenvolve um Projeto Paralelo, em apresentações em shows de grandes casas de espetáculos na capital e grandes cidades do interior de São Paulo e do Brasil.
Confira aqui um aperitivo da canção MALA AMARELA, que ela detona, ao lado da colega Bruna Viola. Copie e cole no seu navegador.


https://www.youtube.com/watch?v=o-iIilrgTzY



    

ARTE É VIDA EM CONSERVA

AFINAL, O QUE É ARTE?

A arte consiste naquele algo que se destaca, ou melhor, que alguém faz destacar-se do todo. Como parte integrante que é, propositalmente se distingue do conjunto contemplado, como som, imagem ou cores, e modernamente até mesmo como objetos, comuns ou exóticos.
     Assim é que, muito apropriadamente, as pontes, pontilhões, viadutos e área verde das rodovias são denominados obras de arte.
     Para toda arte expressa se requer o necessário “pano de fundo”, assim como todo quadro  contemplado insere-se numa tela e, passo seguinte, para completa-lo contém uma moldura, real ou imaginária,  que o delimita.


     Ainda que  necessariamente valha-se do socorro do pensamento, da imaginação e do sentimento, a obra de arte se resume em aprisionar tempo e espaços determinados, e o que eles contém, para a posteridade. Ou a deslocar qualquer coisa do vazio ou do universo para apresenta-lo a quem se der por bem  contemplá-la.  Há uma assimilação com os sentidos correspondentes ao que o artista provocou com a sua ação criativa.

     Com o advento e aperfeiçoamento da fotografia, presente praticamente em cada ponto do planeta, os cultores dessa arte aprisionam o tempo e o espaço de forma fidedigna e rotineira.
     Obviamente, o cinema chegou muito além ao casar sons com imagens, passíveis hoje de multiplicação via internet, pelas redes sociais e outros meios. Tudo se retém: vozes, músicas, ruídos, lugares. Tudo a cores a perpetuar-se a quem o desejar.
     A arte de interpretar, afeita ao teatro, com a chegada e evolução do cinema e da televisão, e logo após dos computadores, passou a contar com recursos nunca antes imaginados.
     De longa data, a arte, ainda que mantenha sempre uma individualidade afirmativa e autônoma, no condão de ser nuclearmente ela mesma, a sua interação é notória com a ciência e a tecnologia. Contudo, jamais vai a reboque dos deslumbramentos e aparentes milagres das ciências com que exerce a sua simbiose.

     Pelo contrário, é, sim, a arte que agrega valores a produtos, de forma proporcionalmente crescente com o avanço incontido das conquistas em todos os ramos da sabedoria e conhecimentos humanos.






NÃO HÁ OUTRA SAÍDA...

 Num mundo onde  bilhões de pessoas
 vivem abaixo da linha de  pobreza,  e 
800 milhões  padecem de fome,
todas as propostas políticas, até o momento
sempre as mesmas, se revelam  
inócuas ante tantas mazelas 
que assolam a humanidade.

Diariamente leio os jornais, recorro à Internet em  busca de compreender a situação da humanidade. Primeiro, procuro saber sobre as coisas do Brasil, em que meu compromisso é mais direto, mesmo sabendo da minha impotência em melhorar, ainda que um pouco, a situação dos meus mais próximos.

Igualmente nos telejornais, em forma de passatempo, podemos ver economistas a desfiar um rosário de propostas, mesmo até em  se tratando de  alguns que, quando ministros  da Fazenda,  resultaram em rotundos fracassos.

Cansa-nos ouvir tantas balelas, de políticos - também sempre os mesmos -, a martelar as gastas teclas sobre o que irão fazer ou deixar de fazê-lo. Mais provável, que deixem realmente de fazer qualquer coisa. 

Todavia, o objetivo deste não é falar mal dos políticos. Há gente demais falando mal, às vezes até sem justa causa.

Mas ao que parece, há medidas que se nos aparentam milagrosas, como por exemplo a ênfase  colocada na EDUCAÇÃO. Ainda que por um milagre conseguíssemos educar a todos os cidadãos em médio prazo, mesmo assim  a questão resulta  mais complexa do que parece.

Temos por bem claro que a tecnologia hoje exige a educação  de forma imprescindível, mas essa é só uma parte, que se resume em conhecimentos e habilidades.

O que é preciso, de fato, é melhorar o povo. Ou mais exatamente os indivíduos.  Podemos dizer sem receio de que gente educada  nem sempre são boas pessoas. 

Há muitos corruptos, por sinal locupletos de diplomas, que causam grandes males à sociedade e ao País.

No entanto, conheci, na rusticidade do meu meio rural,  pessoas , analfabetas de pai e mãe e, ainda assim, se revelavam  educadas, disciplinadas, bem ordenadas mentalmente e capazes de entender o básico da boa vivência em sociedade.

O que falta, realmente, é um aprimoramento espiritual, sem o quê não há como se esperar melhorias na condição humana.  O difícil de tudo é o que ser humano não é uma mera máquina que sua, urina,   defeca e meramente se reproduz.

Ele dispõe de uma contraparte espiritual que precisa ser, não direi trabalhada, mas reconhecida. Nada de lavagem cerebral, mas que os instrutores competentes ( e como fazem falta) possam promover-lhes à  sintonia com a Invisibilidade de onde tudo provém.

Sejam eles padres, pastores, rabinos, orientadores de centros espíritas, místicos em geral.  Afinal, nesse meio, onde se congregam fiéis, são bem menos verificados os deslizes de praxe da sociedade  laica. 

Mas não sobra espaço na mídia para se falar que as soluções podem vir da espiritualidade maior, se as pessoas forem adequadamente motivadas e preparadas para uma vida melhor.

Eu até acho que não custaria tentar. Com a certeza de que as muitas filosofias não resolverão. Se tivessem que resolver, já o teriam feito. 


 A ninguém é proibido tentar a procura de um líder espiritual. Ou de um grupo religioso. É como homeopatia. Não há contraindicação de qualquer natureza.




Excetuando os fanáticos, que por si mesmos acabam por trilhar  um caminho solitário, há muitos instrutores capazes de direcionar grandes multidões. 

E  individualmente a cada pessoa, com extensão para as famílias, para conquistas muito maiores. Para um mundo mais  justo e uma humanidade mais feliz. Ou, pelo menos, não tão infeliz quanto se nos dá a conhecer.





EM MOMENTOS EXTREMOS

"Quando penso que estou fraco, aí que sou forte"
Palavras do Apóstolo São Paulo - 

Embora nos possa à primeira vista  parecer um contrassenso, mesmo em momentos de extremo penar é possível voltar-se para o Criador, de forma agradecida pelo dom da existência.

Se formos mais longe um pouco, constataremos,   como nos ensina a filosofia chinesa do TAO, que o "extremo do quente é o frio e vice-versa", tanto quanto nos adverte a filosofia cabocla de que "o fim do começo é o começo do fim".

Não se trata apenas de nos conscientizarmos da verdade de que tudo é fatalmente passageiro nesta vida. Claro que é, e isto é um inegável conforto.  Essa realidade é  constatada a cada minuto que vemos tombar do relógio.

Outro ponto a ser considerado,  até mais importante e não menos verdadeiro, é que quando não mais contamos com qualquer auxílio terreno ou humano, só nos resta buscar socorro  na mão do Todo Poderoso.

Obviamente, não é necessário   se esperar por horas tão escuras para acender a luz da fé em uma total entrega a Deus, a Quem abrigamos na  morada de nosso Eu . Não foi em vão que Jesus Cristo afirmou, repetindo o que já dissera tempos antes o salmista Davi: "vós sois deuses".

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NÃO PERCA A SUA ALMA.

     A Literatura é um campo onde, se houver liberdade de se dizer o que bem quer, ela vai além da própria filosofia. Um autor, quando escreve um romance, por exemplo, ele pode fazer com que as ideias se digladiem entre a tese e a antítese, entre o sim e o não que acaba por oferecer um quadro de tons múltiplos de verdade e conhecimento.

    O escritor pode dizer e desdizer. Sua forma de se expressar o faz único e, por esse seu estilo é que insere novos pensamentos. Quase um milagre, num mundo tendente a pensar pouco. Todo o pensamento vem mastigado pela imprensa, pela mídia em geral, que pouco se faz por pensar em alternativas.

     Quando, na verdade, não há poucas formas de se pensar e fazer diferente, contudo a preguiça de pensar e o complexo da grande maioria das pessoas em se crer incapaz, faz com que o mundo gire em rotação menos veloz e demore chegar a resultados otimizados em todos os campos das ideias.

    Um rico filão da literatura é o Amor. É um tema ilimitado e felizes os que podem ir a fundo em seu exame, sempre mutante como uma bola de mercúrio, mas sempre fascinante para todo o gênero humano.

    Lamentavelmente, parece que o sentimento em relação ao amor, e aqui podemos destacar o amor eros, entre um homem e uma mulher, estão derivados para outros atrativos que não os substituem.

    Em hipótese alguma, nenhuma sensação supera a atração existente entre duas pessoas de gênero diferente. Aqui não incluo pessoas com opções sexuais diferentes, porque não vivo esse universo. Mas nada substitui o encanto do amor que funde o côncavo e o convexo.

   Nem joias caras, nem carros de extremo luxo e preços astronômicos, nem mesmo paisagens ou lugares bonitos. O Amor não tem substituto no coração humano.
  
   É o que penso. Se para algumas pessoas houver sucedâneos que elas julguem complementá-las e inteirá-las em seu sentido corporal, mental e espiritual, não darei meu tempo em desperdício de convencê-las, porque estaremos em território subjetivo e intransferível.

  Amar pode, sim, se tornar um vício. Ainda assim não é contraindicado a ninguém, porque é totalmente isento de qualquer efeito colateral.

   Obviamente, aqui não incluo os psicopatas, porque esses são mera e desgraçadamente apenas amantes de si mesmos. Aí não vale a tese nem se completa a síntese. 

Mas quando amar não mais faz parte da vida de alguém, essa pessoa precisa conferir no interior de si mesma, apalpar a sua alma e perguntar o que fez ou deixou de fazer, a ponto de perder o sentido da própria vida.


O MISTÉRIO DO SOFRIMENTO

O sofrimento em todas as vidas é uma constante. Em maior ou menor grau todos se deparam, mas cedo ou mais tarde, com esse cidadão indesejável quando menos espera.

Há até aquelas pessoas - não se sabe baseadas em quê -, que proclamam tal situação indesejável, da qual instintivamente fogem todos os seres vivos, como de valor para evolução da alma.

Sem querer contraditar de forma palmar essa concepção, por leituras sei que não estou sozinho ao achar que o sofrimento, na verdade, é algo que em muito atrasa a própria evolução do ser humano.

Estou com Prentice Mulford, o grande pensador e mística do século XIX, muitos anos à frente dos pensadores de seu tempo, que dizia com todas as letras o que acabo de afirmar.

Dizia Mulford que comparássemos uma árvore bem tratada, com rega no tempo certo, adubos na medida exata e cuidados de poda e eliminação de pragas de seu entorno.

Depois  comparássemos com uma outra, abandonada numa quiçaça, sem água, sem colibrir a fertilizar suas flores, sem o vento para polinizá-la, e o resultado seria óbvio:


 o vegetal bem tratado se nos apresentaria melhor a si e ao mundo, por conta de não ter sofrido tanto das vicissitudes que o outro sem assistência.

Da mesma forma é a vida do ser humano. É verdade que tudo é muito relativo nessa questão, mas, ainda assim, não parece ser uma postura lógica achar que as pessoas precisam sofrer para vencer, alcançar o céu ou seja lá o que for de bom.

Lembro-me de minha infância, e até princípios de minha juventude, quando a Igreja Católica promovia a Procissão do Senhor Morto. Aqueles acontecimentos mexiam comigo no mais fundo.

Talvez até mesmo fosse essa a pedagogia da Igreja, no sentido de nos tornar, de um lado, cientes de que a vida é farta em dores, além de mostrar o sofrimento de Jesus Cristo pela humanidade.

Talvez também nos imunizasse quando chegada a hora de ver a morte de perto, pois o catolicismo é muito pragmático, e não traria isso como simples teatro sem uma finalidade.

Inobstante, quero crer que o melhor para ser feliz, para viver uma vida decente e, sobretudo cristã, é preciso que haja condições otimizadas para que nossas crianças cresçam com felicidade, ternura, encanto, mitos felizes e carinho sem conta.

Chega de masoquismo, de filosofias doentias que desvirtuam a verdadeira finalidade da vida. Não que o hedonismo, a busca pura e simples e única do prazer, seja a via correta. Não é correta quando ela se faz excessiva.

Mas, daí a  nos receitar esse remédio amargo e com efeito colateral inverso e irreversível - de nos tornar menos felizes e mais afeitos a todo tipo de inquietude e, a partir daí, com um sofrimento que às vezes chega ao limite de ele próprio nos isentar da própria sanidade mental, nisso eu não creio e sempre combaterei, levando ao longo da história, as palavras e ensinamentos do grande PRENTICE MULFORD.

POVO ITALIANO, O MAIS SOLIDÁRIO

                                            Universitário português, Diego Bhovan, viajou
por grande parte de países da Europa, a 1 euro por dia.

     Diego Bhovan, um universitário português, estuda engenharia da informática na Universidade de Coimbra e mantinha em mente o sonho de conhecer outros países.   
    Aliás, ele quer conhecer o mundo e descobriu a receita de como viajar barato. Talvez nem sempre viajar bem, mas bem em conta, à altura de suas possibilidades econômicas que são pequenas, no momento.


]


Passou por vários países, a saber: na cidade de Paris, na França; Bruxelas, na Bélgica; Berlim, na Alemanha; Praga, na República Theca (aí me deu inveja boa); Viena e, na Itália não deixou por menos em passar por duas cidades: Padova e Veneza.

Ele diz ter-se encantado com Paris. Abordava pessoas, contando sua história de aventura (em conhecer a terra dessas pessoas) e, no geral, sempre encontrava apoio: comida, abrigo e até dinheiro.

Embora tenha se encantado com a geografia da Franca, com Paris como joia engastada há muitos séculos no coração do mundo, foi o lugar que, já no primeiro dia de viagem, encontrou dificuldade para se abrigar e permanecer.

O contraponto foi a riqueza de coração dos italianos. E ele menciona 2 ou 3 vezes, em entrevista a várias mídias, sobre a hospitalidade e solidariedade do povo italiano.

 Eu, pessoalmente, de há muito suspeitava, pela amostra que temos dos descendentes de italianos no Brasil, que de fato é um povo sem igual e dos mais felizes do mundo. 

Por isso até há um ditado aqui, que se incorporou à nossa língua nativa: "italiano é tutti bona giente." Pode crer, é mesmo, esse turista não é o  primeiro a fazer menção das grandes virtudes do milenar povo italiano. Vou vê-los em dezembro, se tudo der certo.

REVIRANDO O BAÚ POÉTICO




UMA CARTA DE PERPÉTUO AMOR
Em 15 de fevereiro de 1974.
Minha querida Namorada,
             Tanto quanto este que lhe escreve, com a mão presa a um arrependimento, à vista de uma decisão contraditória, impensada e inexplicável, assim você deve estar quando lhe disse que nosso namoro terminava ali, no portão de sua casa, na noite de domingo em que a levei embora..
               Só agora me dou conta do tamanho de minha insensatez. Diria mesmo, da minha insanidade, pois 8 anos já se vão  desta minha espera insistente para que você saísse de sua indecisão e, enfim, estabelecêssemos uma relação afetiva para a vida inteira.
           Procurei, obviamente, ir a fundo na razão desse meu comportamento alienado e inexplicável. Será que o amor que me inspira transbordou a tal ponto que entornou-se e caiu por terra e evaporou-se, sem mais nem menos?
        Ao sentir o peso amargo de uma decisão incompreensível, não só para você mas, especialmente, para mim próprio, eis que consultei  um de meus amigos, que considero mais experiente e mais sábio na busca de uma explicação para uma desistência fatal que jamais foi meu desejo.
      E ele me explicou que os seres humanos, muitas vezes em meio a sentimentos de índole muito fortes, acabam por experimentar o que em psicologia se chama “ajustamento neurótico”.
   Isso explica, em grau extremo, até mesmo o fato de pessoas acabarem por eliminar o ente amado. O que ocorreu comigo, segundo ele me explicou, foi o tipo de ajustamento neurótico conhecido tecnicamente como da “raposa e as uvas”.
   Aí me aclarou o raciocínio. Descobri que o que me a fez perder foi, nada mais nada menos do que o medo de perdê-la. A tal ponto que, temeroso de que meus sentimentos se alçassem a voos mais altos, seria insuportável uma eventual separação, com decisão vinda de sua parte.
     Agora, aqui estou. E até me acodem imagens e injunções de dolorida poesia. O velho relógio daqui da sala, de onde lhe escrevo, vai a jogar sobre o chão minutos mortos, amalgamados pela minha angústia em chegar a uma decisão tão desinteligente e absurda.
      Só me resta esperar que você evoque os momentos em que juntos cantamos o amor de forma tão explícita e tão evidente, que você, tenho certeza, não alimentará qualquer dúvida de que foi, nada mais nada menos do que uma loucura de minha parte, própria dos que extrapolam no amor, e perde a medida do próprio bom senso.

    Receba esta carta e sinta em cada signo respingado da caneta sobre este papel, os vestígios irrefutáveis de que não pode existir um amor maior que o nosso.

Com o mesmo amor de sempre, 
  
   G.G.


NOSSA FORMA DE VER A DEUS.

Tudo na vida se resume numa projeção de nós mesmos.

     Por conta de nossa finitude, nossos olhos nos mostram muito poucas coisas, mesmo em termos físicos que temos pela frente. Cedo nossos pais e professores nos tomam pela mão e nos mostram, não só o que eles veem, mas também o que imaginam e o que imaginou a tradição que os antecedeu.

  Em meus estudos, acrisolados na solidão das minhas madrugadas, tenho cogitado que, independente da teologia e dos tratados religiosos, há uma tendência em cada pessoa de enxergar em Deus uma projeção de si mesmas.

  E isto ocorre até mesmo com os ateus e agnósticos, a espernear que não acreditam em nada nem sentem uma polarização para as coisas e circunstâncias inexplicáveis da vida.

 É muito comum alguns crentes - entre os mais extremados -, usar recorrentemente a expressão: "eu creio no meu Deus", como se houvesse um Criador para uma pessoa e houvesse outro Criador para outra.

 No mais das vezes, quando o certo seria (e é) adorar a Deus pelo oque Ele é, temo-Lo em nossa conta como uma extensão de nosso melhor. 

   Mas é bem verdade que, a rigor, ninguém sabe como Deus é. E a própria Bíblia judaico-cristã diz que "homem nenhum viu a Deus, porque aquele que ver, certamente morrerá". 


  Peço um parêntese com relação a um fato de que nos dá conta uma reportagem do jornal FOLHA de SÃO PAULO, em que um repórter informa que Stephen Hawking (resumo biográfico abaixo) embora se confesse agnóstico [ não propriamente ateu ] mantém em seu escritório uma foto de Isaac Newton ao lado de uma do também cientista Galileu Galilei.

  Aí está a devoção do grande mestre da física, cotado entre os maiores do mundo e com uma história de vida intrigante para quem se der ao trabalho de conhecer um pouco de sua luta contra uma doença que o imobiliza totalmente o corpo, e que por isso ele recorre a uma parafernália de aparelhos para se comunicar ocm o mundo.

Stephen William Hawking (Oxford, 8 de janeiro de 1942) é um físico teórico e cosmólogo britânico e um dos mais consagrados cientistas da atualidade. Doutor em cosmologia, foi professor lucasiano de matemática na Universidade de Cambridge2 , onde hoje encontra-se como professor lucasiano emérito, um posto que foi ocupado por Isaac Newton, Paul Dirac e Charles Babbage. Atualmente, é diretor de pesquisa do Departamento de Matemática Aplicada e Física Teórica (DAMTP) e fundador do Centro de Cosmologia Teórica (CTC) da Universidade de Cambridge.3

  Oras, Hawking é ele próprio um milagre. Uma referência em seus ensinos de física e uma pessoa extraordinária. 


  O que desejo enfocar é que ele vê esses 2 cientistas  - Newton e Galileu - como norteantes de sua devoação. Obviamente que nem ele sabe disso, mas não deixa de ser uma reação reflexa da sua espiritualidade, a qual ele, mesmo com toda a tonelagem de seus conhecimentos não consegue vislumbrar.

 

UM POEMA IMORTAL GG 1

Este poema, MÁQUINA DE ESCREVER, em 1994 foi lido no Programa  JÔ SOARES. É de autoria de um mineiro, natural de Paraíba do Sul, que foi jornalista e um grande poeta, tendo iniciado sua trajetória em 1945. Todos os poemas são tão bons, em tal medida (ou além da medida rss) que optei por incluir toda a página que encontrei na Livraria Cultura.


Giuseppe Ghiaroni - Alguma poesia
            Mineiro de Paraíba do Sul, Giuseppe Ghiaroni, poeta  e jornalista,  transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou na redação do jornal A Noite desenvolvendo intensa atividade. Seus poemas lidos na Rádio Nacional entraram para a história do Brasil! Dentre suas Obras publicadas e mais conhecidas, ressaltam-se: O Dia da Existência, seu primeiro livro, de 1941,  A Graça de Deus, de 1945 e a Canção do Vagabundo, de 1948. Em 1997 publica A Máquina de Escrever, obra lançada inclusive no Programa do Jô!
Abaixo, para seu deleite, algumas de suas mais belas Obras
Economia

“Dá de ti. Dá de ti quanto puderes:
o talento, a energia, o coração.
Dá de ti para os homens e as mulheres
como as árvores dão e as fontes dão.
Não somente os sapatos que não queres
e a capa que não usas no verão.
Darás tudo o que fores e tiveres:
o talento, a energia, o coração.
Darás sem refletir, sem ser notado,
de modo que ninguém diga obrigado
nem te deva dinheiro ou gratidão.
E com que espanto notarás, um dia,
que viveste fazendo economia
de talento, energia e coração!”
...



Pontos de Vista

Na minha infancia,quando eu me excedia
quando eu fazia alguma coisa errada
se alguém ralhava minha mãe dizia
-Ele é uma criança,não entende nada!

Por dentro eu ria satisfeito e mudo.
Eu era um homem,entendia tudo.

Hoje que escrevo poemas
e pareço ter tido algum estudo
dizem quando me veem com os meus problemas:
-Ele é um homem,ele entende tudo!

Por dentro,alma confusa e atarantada
eu sou criança,não entendo nada. 
...

A Fumaça
A pequena casa entre árvores no lago.
Do telhado sobe fumaça
Sem ela
Quão tristes seriam
Casa, árvores e lago.

...
 

Dia das Mães



Mãe! eu volto a te ver na antiga sala
onde uma noite te deixei sem fala
dizendo adeus como quem vai morrer.
E me viste sumir pela neblina,
orque a sina das mães é esta sina:
amar, cuidar, criar, depois... perder.
Perder o filho é como achar a morte.
Perder o filho quando, grande e forte,
já podia ampará-la e compensá-la.
Mas nesse instante uma mulher bonita,
sorrindo, o rouba, e a avelha mãe aflita
ainda se volta para abençoá-la

Assim parti, e nos abençoaste.
Fui esquecer o bem que me ensinaste,
fui para o mundo me deseducar.
E tu ficaste num silêncio frio,
olhando o leito que eu deixei vazio,
cantando uma cantiga de ninar.

Hoje volto coberto de poeira
e ten encontro quietinha na cadeira,
a cabeça pendida sobre o peito.
Quero beijar-te a fronte, e não me atrevo.
Quero acordar-te, mas não sei se devo,
não sinto que me caiba este direito.

O direito de dar-te este desgosto,
de te mostrar nas rugas do meu rosto
toda a miséria que me aconteceu.
E quando vires e expressão horrível
da minha máscara irreconhecível,
minha voz rouca murmurar:''Sou eu!"

Eu bebi na taberna dos cretinos,
eu brandi o punhal dos assassinos,
eu andei pelo braço dos canalhas.
Eu fui jogral em todas as comédias,
eu fui vilão em todas as tragédias,
eu fui covarde em todas as batalhas.

Eu te esqueci: as mães são esquecidas.
Vivi a vida, vivi muitas vidas,
e só agora, quando chego ao fim,
traído pela última esperança,
e só agora quando a dor me alcança
lembro quem nunca se esqueceu de mim.

Não! Eu devo voltar, ser esquecido.
Mas que foi? De repente ouço um ruído;
a cadeira rangeu; é tade agora!
Minha mãe se levanta abrindo os braços
e, me envolvendo num milhão de abraços,
rendendo graçs, diz:"Meu filho!", e chora.

E chora e treme como fala e ri,
e parece que Deus entrou aqui,
em vez de o último dos condenados.
E o seu pranto rolando em minha face
quase é como se o Céu me perdoasse,
me limpasse de todos os pecados.

Mãe! Nos teus braços eu me tranfiguro.
Lembro que fui criança, que fui puro.
Sim, tenho mãe! E esta ventura é tanta
que eu compreendo o que significa:
o filho é pobre, mas a mãe é rica!
O filho é homem, mas a mãe é santa!

Santa que eu fiz envelhecer sofrendo,
mas que me beija como agradecendo
toda a dor que por mim lhe foi causada.
Dos mundos onde andei nada te trouxe,
mas tu me olhas num olhar tão doce
que , nada tendo, não te falta nada.

Dia das Mães! É o dia da bondade
maior que todo o mal da humanidade
purificada num amor fecundo.
Por mais que o homem seja um mesquinho,
enquanto a Mãe cantar junto a um bercinho
cantará a esperança para o mundo!
...



Depois



Depois de ter tentado e conseguido,
depois de ter obtido e abandonado;
depois de ter seguido e ter chegado;
depois de ter chegado e prosseguido!
Depois de ter querido e ter amado;
depois de ter amado e ter perdido;
depois de ter lutado e ter vencido;
depois de ter vencido e fracassado!

Depois que o sonho comandou: ''Avança!"
Depois que a vida ironizou:"Criança!"
Depois que idade sentenciou: ''Jamais!"...

Depois de tudo que escarnece e exalta,
depois de tudo, quando nada falta,
depois de tudo, falta muito mais!

***Reminiscências



As mulheres que amei sinceramente
e que sinceramente me iludiram
seguiram por aí, e felizmente,
não sei por onde nem com quem seguiram.
Não sei se sorrirão como sorriram
para meus olhos bons de adolescente,
mas nem eu vejo como antigamente
nem elas são como os meus olhos viram.

Só sei que as vi passar num passo esquivo,
não sei para que fim, por que motivo,
além do fato atroz de que passaram.

Nem sequer sei quais delas se perderam,
nem sei quais se casaram ou morreram.

* * *Injustiça



Tu queres que eu te esqueça de repente,
que esqueça  de repente os teus carinhos,
eu que te venho amando aos bocadinhos,
desde quanto te era indiferente!
Deixa-me ir esquecendo lentamente,
voltando aos poucos sobre os teus caminhos,
arrancando um a um os teus espinhos,
até ver uma estranha à minha frente.

Dá-me um beijo de menos cada dia,
inventando um pretexto que sorria,
de maneira que eu saiba sem saber.

Pois queres que eu te esqueça de repente,
e nem sei se uma vida é suficiente
para-mesmo aos pouquinhos- esquecer!

Poveri versi miei gettati al vento

Stecchetti


Fiz os meus versos
como lamento
de um sofrimento
chamado eu.
Fiz os meus versos
e,em meu tormento
-como Stecchetti-
joguei ao vento
e o próprio vento
me devolveu!
A Máquina de Escrever



Mãe, se eu morrer de um repentino mal,
vende meus bens a bem dos meus credores:
a fantasia de festivas cores
que usei no derradeiro Carnaval.
Vende ese rádio que ganhei de prêmio
por um concurso num jornal do povo,
e aquele terno novo, ou quase novo,
com poucas manchas de café boêmio.

Vende também meus óculos antigos
que me davam uns ares inocentes.
Já não precisarei de duas lentes
para enxergar os corações amigos.

Vende , além das gravatas, do chapéu,
meus sapatos rangentes. Sem ruído
é mais provável que eu alcance o Céu
e logre penetrar despercebido.

Vende meu dente de ouro. O Paraíso
requer apenas a expressão do olhar.
Já não precisarei do meu sorriso
para um outro sorriso me enganar.

Vende meus olhos a um brechó qualquer
que os guarde numa loja poeirenta,
reluzindo na sombra pardacenta,
refletindo um semblante de mulher.

Vende tudo, ao findar a minha sorte,
libertando minha alma pensativa
para ninguém chorar a minha morte
sem realmente desejar que eu viva.

Pode vender meu próprio leito e roupa
para pagar àqueles a quem devo.
Sim, vende tudo, minha mãe, mas poupa
esta caduca máquina em que escrevo.

Mas poupa a minha amiga de horas mortas,
de teclas bambas,tique-taque incerto.
De ano em ano, manda-a ao conserto
e unta de azeite as suas peças tortas.

Vende todas as grandes pequenezas
que eram meu humílimo tesouro,
mas não! ainda que ofereçam ouro,
não venda o meu filtro de tristezas!

Quanta vez esta máquina afugenta
meus fantasmas da dúvida e do mal,
ela que é minha rude ferramenta, 






ORAÇÃO PROTETORA DA CASA


CONSAGRAÇÃO DE APOSENTO

SENHOR,
Que todo Ser que aqui chegar,
E cruzar o portal deste recinto,
Sinta a Vossa Presença, como eu sinto,
Da luz do Vosso Amor neste lugar.

Que aqui se faça pela Graça Tua,
A chama acesa de um amor em brasa,
Que desfaz qualquer treva, que das ruas
Possa rondar quem entre nesta casa.

Que aqui se acampem a cado momento
Os anjos das Tuas hostes celestiais,
Que se dissolva  todo o desalento,
Calem-se, pelo Amor, todos  os ais.

SENHOR,
Que aqui se pense e a cada instante
Proclamado seja o Teu santo nome
Com a fé vivida no amor constante
Que ao Teu calor a cada dor consome!

Que Tua essência inunde cada canto
Com o Vosso encanto neste lar pequeno;
Que nos recubra sempre o áureo  manto
Do amor imortal do Nazareno !

Que todo aquele que aqui vier,
De qualquer raça, homem ou mulher,
Sinta a Tua Presença a derramar
A bênção de poder que tens pra dar
A quem em Ti o coração puser.
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