|
Clique nas imagens abaixo para vê-las
ampliada.
Nas últimas décadas do século XIX começa a história do
município de Ipaussu.
Na cidade de Avaré chegam dois mineiros: João Justino,
vulgo João dos Santos e
João Corra de Miranda. Embrenham-se na mata e
aventuram-se na conquista de novas terras.
Tinham como trajeto para este lugar
os pontos de Piraju e Santa cruz do Rio Pardo.
Em seu trajeto, cruzaram o Rio
Paranapanema na altura onde hoje situa-se Piraju e,
nessa jornada, ao aportarem
em Santa Cruz do Rio Pardo à procura da exuberância do rio,
foram parar num
Coqueiral, o marco zero de Ipaussu. Pegaram o ribeirão e desceram,
convindo que
todos os ribeirões correm para os rios. Caminhando nessa direção encontraram
uma
ilha, a qual denominaram de Ilha Grande.
Encontraram como habitantes nessa
época os índios Coroados, que permanecem por muitos anos. Retiraram-se somente
quando se sentiram incomodados com a aproximação do elemento branco, que foi
espichando os seus domínios por todas as terras do Paranapanema. O sistema de
tropas era o meio de transporte que ligava que a região e os centros comerciais
da época, Lençóis Paulista e Botucatu. O transporte de cargas era feito por
tropeiros sobre estradas sofríveis.
A Estrada de Ferro Sorocabana, criada em
dois de fevereiro de 1870 na cidade de Sorocaba, foi a primeira via férrea a
explorar o interior paulista mais profundamente, desempenhando um papel
econômico importante como meio de transporte do café.
O potencial econômico
do vale do Paranapanema, garantido pela qualidade de suas terras na exploração
de café forçava a vinda da estrada de ferro para a região.
A chegada da
Sorocabana no ano de 1908 à Ilha Grande do Paranapanema foi muito importante à
prosperidade da vila, e o dinamismo desta experimentou uma nova dinâmica em seu
modo de vida.Para se fazer uma idéia da Ipaussu daquela época, basta dizer que
na fase inicial contávamos única e tão somente com 4 fazendas. A saber: São Luiz
e Santa Hermínia; Santa Augusta e Bela Vista.
A povoação de Ilha Grande foi
crescendo aos poucos. De excelente solo para a lavoura, envolta por matas
virgens de todo o passo humano, o seu clima revelou-se assaz. Sítio convidativo
ao viajante que aqui aportasse.
Daqui damos um grande salto no tempo. Nossa
história sofre algumas mudanças de rumo. Leis já determinam e registram
oficialmente a vida deste pedaço de São Paulo.
Por força da lei Estadual Nº
187, de 23 de agosto de 1893, a Ilha Grande que era pouco ou nada mais do que um
apêndice do município de Santa Cruz do Rio Pardo foi elevado a Distrito de Paz
pela Lei Nº 550, de 13 de agosto de 1898. Assim, aqui lavraram desde então os
registros da vida civil da população: Nascimento, casamento e
óbitos.
Entretanto, os benefícios representados pelo retorno de sua atividade
econômica se encontravam em favor do município de Santa Cruz do Rio Pardo.
Os
primeiros ensaios de independência foram feitos pelo Dr. Cleophano Pitaguari de
Araújo, advogado e deputado estadual, eleito pelo 5 Distrito Eleitoral que, após
muitas e incontáveis gestões junto ao governo do Estado, fez com que Ilha Grande
se elevasse à categoria de Distrito de Paz.
Na Câmara dos Deputados (atual
Assembléia Legislativa Paulista), o Dr. Pitaguari, juntando os documentos
exigidos e interpondo a sua ação parlamentar, criou condições para a criação do
distrito.
Aos 19 de dezembro de 1906, sob a denominação de ILHA GRANDE DO
PARANAPANEMA, por força da lei estadual nº 1038, eleva-se à condição de Vila. Um
reconhecimento decorrente de sua expansão natural.
Para se elevar a Distrito,
como vimos, houve uma ação enérgica e insistente do Dr. Pitaguari, para subir à
categoria de Vila, ao que tudo indica, essa evolução foi natural. Aqui se
fixavam os primeiros imigrantes. As proles da época eram, de costume, numerosas.
A riqueza do solo, a vocação agrícola sendo o próprio fundamento da
economia.
Em resumo, a ascensão a distrito de paz e, posteriormente, a vila,
deixava a cidade na mesma dependência, embora tenha sido importante ter galgado
esses degraus, pois sem tais degraus não seria possível tornar-se município. O
fato é que a população não foi participante nesses embates. O Dr. Cleophano
praticamente sozinho proclamou a elevação a Distrito de Paz.
Em 1914, surge o
sentimento autonomista. Pela primeira vez a população Ilhagrandense, já de forma
organizada, dá as mãos num mesmo objetivo. E esse objetivo passa a ser um ideal
aceso por um vivo sentimento de amor a terra. Assim nasceu o senso de
comunidade.
Os moradores querem a emancipação. O anseio de liberdade foi, ao
que tudo indica, um forte movimento comunitário que envolveu cada família aqui
radicada. E não podemos nos furtar de reconhecer, em especial, o valor e a fibra
dos líderes que conduziram e deram corpo a esse ideal.
Nunca avaliaremos com
exatas medidas o mérito dos condutores desse processo libertário. Esses líderes
tiveram muitas qualidades ao mesmo tempo, ou muito bem distribuídas entre os
próprios, pois lançaram a semente e ela germinou com tal força que ninguém
conseguiu conter o ímpeto de separação de Santa Cruz do Rio Pardo e aqui traçar
o próprio destino da população.
Houve uma reunião em 2 de maio de 1914, o
povo compareceu em massa contagiada de civismo e desejoso de participar como
peças vivas desse tempo. Tem início a campanha de emancipação da Ilha
Grande.
Foi evidenciado o papel fundamental que exerceu na formação desse
objetivo a imprensa da então denominada ILHA GRANDE.
A imprensa local, no
desempenho de seu papel, vai contagiando o coração e a mente dos leitores; vai
crescendo por indução em todos os demais, a semente do ideal libertário.
A
propagação deste anseio cívico cresce como uma epidemia. Já não são apenas os
homens, são também as mulheres ilhagrandenses, numa época naturalmente machista
e autoritária, trazem também o quinhão de participação. Eis que a imprensa
registra, na edição de 12 de agosto de 1914, um significativo apelo, em forma de
abaixo assinado das senhoras ilhagrandenses, dirigido ao Exmo. Dr. Washington
Luiz, "ilustre líder da maioria na Câmara dos Deputados do Estado de São Paulo,
a quem solicitavam advogar essa causa justa e nobre".
Em 30 de outubro de
1914, um telegrama sacode Ilha Grande de ponta a ponta. Informa que, em segunda
discussão, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto.
Em 1915 chega a boa
nova: a autonomia de Ilha Grande é aprovada, deu-se a elevação de Distrito de
Paz a município, por efeito da Lei Estadual Nº 1465, de 20 de setembro de 1915,
com a denominação de Ipauçu. O nome Ipauçu tem origem na língua tupi guarani,
sendo sua forma primitiva IPAGUAÇU que significa Ilha Grande.
Em 15 de
novembro de 1915, acontece em Ipaussu a primeira eleição de sua história, tendo
o município como prefeito Coronel Henrique da Cunha Bueno.
Em 1940 acontece o
primeiro censo demográfico no município. A população estava estimada em 9.707
habitantes, sendo 2.353 na zona rural e 7.354 na zona rural, distribuídos em
4.674 mulheres e 5.033 homens.
O número de domicílios era de 2.024 sendo 504
urbanos, 56 suburbanos e 1.464 rurais.
A religião predominante era o
catolicismo e, para a formação da comunidade de Ipaussu contribuíram a imigração
Italiana, Espanhola, Japonesa e Alemã.
As principais atividades estavam
voltadas para a agricultura, pecuária e silvicultura.
A riqueza econômica do
município está baseada na agricultura. Dedicando-se à policultura, havia no
município, em 1954, 215 propriedades rurais. Seus principais produtos em 1956
foram: café, arroz em casca, milho. Na pecuária, o município tem como principais
os rebanhos suíno e bovino e a produção anual de leite avaliada em 380.000
litros.
Os principais produtos industriais foram, em 1956, tijolos, telhas e
portes de cimento. A plantação do café foi inicialmente substituída pelas de
arroz, milho e mais tarde essas duas foram sendo substituídas pela
cana-de-açúcar.
Nos idos de 1955 inicia-se um trabalho assistencial no
município. Dona Sebastiana da Silva da Cunha Bueno, esposa do Prefeito Coronel
Henrique da Cunha Bueno, criou uma fundação. Ela entendia que cabe à elite,
enquanto tal, assistir à coletividade no que ela tem de essencial: as crianças.
Assim surgiu a FUNDAÇÃO HENRIQUE DA CUNHA BUENO em Ipaussu. A fundação das
meninas, como era assim conhecida, se revelou importante ponto de apoio social,
acolhendo inúmeras jovens sem nenhuma perspectiva de vida.
Em 1953, norteada
pelos princípios não só de ordem, mas fraternais e cristãos, o Sr. Silvestre
Ferraz Egreja e sua esposa plantam mais um monumento para a prosperidade.
Segundo os estatutos, o Educandário receberia gratuitamente menores
desamparados, do sexo masculino, provenientes de famílias sem recursos de
qualquer natureza.
Em 1961, foi fundado em Ipaussu o Lions Clube, uma
organização extremamente democrática que visa servir a comunidade no campo
educacional, social e na área da saúde.
Em 1968 a congregação Mariana,
através de sua diretoria, funda a SOCIEDADE SÃO VICENTE DE PAULO, trabalho de
auxílio espiritual e material aos mais carentes da comunidade.
Com o passar
dos anos, várias instituições foram organizadas e regulamentadas.
O FUNDO
SOCIAL DE SOLIDARIEDADE municipal de Ipaussu foi criado pela lei municipal nº
009/83 de 26/05/83, tendo como objetivo fazer o levantamento das principais
necessidades e aspirações de seu município e estimular e apoiar iniciativas da
comunidade voltada para soluções dos problemas locais, promover articulações e
entrosamento com outras entidades públicas ou privadas.Foi presidido pela
primeira dama do município, juntamente com o Conselho Deliberativo composto por
representantes da comunidade.
HISTORICO DA LINHA: A E. F. Sorocabana foi fundada em 1872, e o primeiro
trecho da linha foi aberto em 1875, até Sorocaba. A linha-tronco se expandiu até
1922, quando atingiu Presidente Epitácio, nas margens do rio Paraná. Antes,
porém, a EFS construiu vários ramais, e passou por trocas de donos e fusões: em
1892, foi fundida pelo Governo com a Ytuana, na época à beira da falência. Em
1905, o Governo vendeu a ferrovia para um grupo anglo-americano de Percival
Farquhar, desaparecendo a Ytuana de vez, com suas linhas incorporadas pela EFS.
Em 1919, o Governo voltou a ser o dono, por causa da situação precária do grupo
detentor. Assim foi até 1971, quando a EFS foi uma das ferrovias que formaram a
estatal FEPASA. O seu trecho inicial, primeiro até Mairinque, depois somente até
Amador Bueno, desde os anos 20 passaram a atender principalmente os trens de
subúrbio. Com o surgimento da CPTM, em 1994, esse trecho passou a ser
administrado por ela. Trens de passageiros de longo percurso trafegaram pela
linha-tronco até 16/1/1999, quando foram suprimidos pela concessionária
Ferroban, sucessora da Fepasa. A linha está ativa até hoje, para trens de carga.
A ESTAÇÃO: Aberta em 1908 com o nome de Ilha Grande recebeu o nome de Ipauçu
em 24/01/1916. O edifício que hoje está lá abandonado, depredado e sem cobertura
deve ter sido construído nos anos 60, por sua arquitetura. A vila ferroviária,
situada no limite norte da cidade, é muito longa, com várias casas do início do
século e um grande armazém construído, ou reformado, entre 1925 e 1929 (ver
foto). É hoje uma área deteriorada e semi-abando-nada.
Inauguração da estação de Ilha Grande, com festas, em 1908.
Foto do álbum da Sorocabana comemorativo das obras durante o período de Percival
Farquar.
|
|
Fachada da estação Foto do
autor
|
|
|
|
A Estasção Ferroviária de Ipaussu, abandonada
|
|
|
|
0 comentários:
Postar um comentário
Comentários sempre serão bem-vindos!
Para assinar sua mensagem, escolha a opção "Comentar como -Nome/URL-" bastando deixar o campo URL vazio caso você não tenha um endereço na internet. Forte abraço!