JOVEM DESAPARECIDO

QUARTA-FEIRA, 23 DE DEZEMBRO  DE 2009

São 4:20H da manhã. Desde que acordei, há mais ou menos 20 minutos, o céu trouxe a chuva, anunciada alto e bom som por trovões enérgicos e relâmpagos fulgurantes.. As águas desceram do céu e cumpriram o prometido: choveu copiosamente.

Avalio que o mato do meu quintal parece acolher com muito gosto esse jorro de bênçãos - cristalinas - que descem do firmamento, num beijo ao chão que parece estremecer.

Ontem à noite, não faz tanto tempo, um entregador de lanches, em atenção a uma encomenda de um x-tudo, da parte de meu filho, nos  deu conta do assassinato de um jovem, à rua João dos Santos - que chamo minha primeira rua. 

O motivo, segundo relatou o Rodrigo, foi por causa de drogas. Um motivo grave, ainda que ultimamente se tenha feito em frequência das mais indesejáveis.
...............................................

Um véu espesso de esquecimento, como algo natural e banalizado, recairá sobre o desaparecimento prematuro desse jovem. De uma criatura, ainda na flor da idade, cuja família por certo jamais haverá de esquecer.

 Acalentará, essa mãe, uma lembrança dolorida até o ponto final de sua jornada terrena. Certamente, a vida se mostra sempre recheada de urgências que se sobrepõem a cada cotidiano. 

É claro que fatos assim, apesar de imensamente tristes, acontecem desde a primeira família, segundo o primeiro dos livros bíblicos (o Gênese). E o pior de tudo é que continuam a repetir-se indefinidamente, e não escolhem lugar nem hora para acontecer.

O Brasil, infelizmente, país que se diz de gente cordial e, acima de tudo, teoricamente cristão, experimenta níveis intoleráveis de violência no ranking mundial.

O que afirmo com relação à morte trágica desse jovem, o Jônatan, é que tudo continuará como antes.  Não percebi qualquer alteração na rotina das autoridades e do povo para com assunto tão vital, ou melhor, tão mortal.

Já não há mais tragédias nas telas que superem a angústia daquelas que se apresentam no teatro da própria realidade de nosso dia a dia.

No pequeno e médio prazo, o que resta à nós desta idade e deste país, é conviver forçados a achar natural os absurdos que pipocam, por conta de inúmeras causas.  Há muitas igrejas e religiões, mas muito pouco de espiritualidade e respeito ao Criador e Suas criaturas.




TEMPO CHUVOSO - 28/11/2009

DOMINGO, 28 DE NOVEMBRO DE 2009 - 05H00

Sobre uma capa de silêncio, próprio de toda madrugada, o ronco esparso de motores vez por outra quebra a quietude de forma intermitente. São cinco horas da madrugada. Os veículos, que a audição ora me dá conta, se revelam em raros ruídos, provindos das duas rodovias próximas.

...........
A chuva se derrama copiosamente, desde a tarde de ontem. Ipaussu sentiu-se unida ao céu pelo entorno de nuvens, incendiadas vez ou outra por relâmpagos, mas sem chegar aos moradores qualquer nível de temor ou apreensão.

Enchentes com estragos, com consequências menos felizes, aqui chegaram apenas pela televisão. Aliás, não se tem constituído em novidade a presença de chuvas além dos limites, em vários pontos do globo.

O domingo se anuncia fresco, pela passagem da chuva. Daqui a pouco a cidade acorda por inteira. Como de hábito, a feira contará com pessoas para compra de verduras, jornais, pastéis para, após o meio dia, reduzir-se o número de carros e transeuntes. Tudo fica ermo.

 A cidade, por obra do costume, em tais períodos parece entregar-se uma sesta coletiva.

A esta altura da madrugada, sem ainda o canto primeiro do galo, os cães ladram discretamente para os lados da Vila Nova. Vila Nova que se já se fez idosa, por conta do perpassar do tempo. Lá se fincaram as primeiras casas na década de 70. Por muitas portas entraram e saíram tantas pessoas.

A vida tem dessas coisas, desses apelidos. Eis minha Vila Nova, onde morava minha vó Benedicta Fontes, hoje sem ela, sem muitos e no entanto, sempre se renova, e só por isso continua a se chamar VILA NOVA.

21/11/2009 - 01H00 - CADERNO 'G'


Sábado, 21 de novembro de 2009

Faltam 20 minutos para a uma hora da manhã. O silêncio impera nas cercanias, só quebrado pelo ladrar de cães. Meus ouvidos dizem latir dos extremos sul da Vila Nova. 

O ruído de motores parece provir da Rodovia Raposo Tavares, que corta perpendicular a via João Baptista Cabral Renó, que passa praticamente   ao fundo de meu domicílio, onde praticamente morre a minha rua.

A manhã se mostra fresca. O céu se recobre de um manto negro por inteiro, sem o luzir de um único astro. Permaneço aqui, com a caneta suspensa por pingos de letras que relutam saltar para a folha em branco do caderno.  

Os dias transcorrem numa rotina de marcas próprias, com movimentos repetitivos, qual o pêndulo de um relógio. Levantar por volta das 6 h, depor a chaleira com água sobre o fogão. 

Lavar  o rosto e aguardar a chegada da secretária Ivana. Esperar mais um pouco para que a água ferva  e assim abrir o novo dia com o primeiro café matinal.

Não há maior heroísmo do que suportar a rotina, como clichê insistente a nos levar sempre a fazer o mesmo do mesmo por dias, meses e anos sem fim. Mas hoje é sábado. 

A rua, pelo que me revela  o sentido da audição, está órfã de passos. O silêncio agora rege soberanamente na madrugada a ele recolhida.

........

O sábado amanheceu arejado por um vento leste. No dia fresco, a esta altura  das 07:10 H, o céu se apresenta  revestido de prata fosca, abundante de nuvens, em anteparo à luz do sol.  

Aqui, em retiro bem arejado, melhor conviria uma parede, em anteparo ao vento que às vezes extrapola a medida do desejado.

Enfim, a vida chegou, mais uma vez, após o sono de mais uma noite. O sábado, que significa descanso, mais ainda sugere essa providência.

. Bastarão  nossos olhos para enxergar o novo, mas muitas vezes a preguiça nos acomoda a apenas ver e ouvir o passado, onde já não somos mais sujeito das ações, mas um simples voyê de momentos que já se foram.

Mas hoje é sábado...que até ganhou um lindo poema de Vinícius de Moraes.







04/10/2011 - DO CADERNO G

04 DE OUTUBRO DE 2011 -
 DO CADERNO G







Outra noite vem...
Dentro dela  guardo
o silêncio dos teus passos.

Daqui a pouco também
à noite de luz avara
ao sono entrego  meus braços.


Quando a aurora enfim surgir
Tão só fará ainda mais clara
Esta solidão que vem
E teima em não partir.




31/10/2010 - DO CADERNO G

CADERNO G - 31 DE OUTUBRO DE 2010





A  nossa vida, para ser feliz, não precisa ser diferente.
 Aonde estamos é o lugar certo.
As pessoas com quem convivemos são as nossas pessoas. 
A profissão que exercemos
é aquilo que de melhor podemos oferecer ao mundo.

A nossa  vida é o que é,
de nós depende fazê-la ao feitio 
do idealizado.
As pessoas são o que são;
Depende de nós
o fazê-las melhores
a partir do que com elas 
e por elas fizermos.

CADERNO G - 18/11/2009

DO MEU DIÁRIO DE 18 DE NOVEMBRO DE 2009
QUARTA-FEIRA - 23:00

São 23 horas. Os motores rangem nervosos na rodovia próxima e são audíveis, também, alguns veículos mais escandalosos, que passam na rodovia SP 270, um pouco mais distante, mas em linha reta não tão longe.

Já caiu uma chuva no entardecer de hoje. O céu se derramou sobre o nosso pedaço até por volta das 20 h. Uma chuva que lavou a alma da cidade, mas sem causar qualquer apreensão, mesmo nos mais temerosos a tempestades.

A nota triste que pautou o dia foi o falecimento do Prof. Jairo Giacomini, a quem meu filho chamava, com justa razão, de mestre. Ministrava aulas de física e matemática na ETEL, uma escola de eletrônica que é modelo em todo o Brasil e com vários de seus alunos, nela formados, a se revelar grandes profissionais mundo afora.

Diante desse mistério insondável da desencarnação, ainda que anunciada no caso do professor Jairo, por conta de um pertinaz câncer na próstata, não deixa de se traduzir em grande abalo na rotina da nossa pequena cidade.

Ante o sofrimento, a via dolorosa em que se resume tal enfermidade, obviamente mestre Jairo descansou desta via crucis. Por outro lado, nosso  egoísmo, decorrente de nossa limitação de  sentido espiritual pleno, nos insinua uma enorme sensação de vazio.  É uma perda dolorosa, que se sente e não se explica, e ainda que explicada, não deixa de nos doer bem fundo na alma.

Todavia, as lições que ele deixa, como professor e como pessoa, anda permanecerão perpetuando seus frutos de conhecimento, como poucos mestres são capazes de oferecer aos seus pupilos.

PÉTALAS DE ETERNIDADE II






Do livro em preparo

PÉTALAS DE ETERNIDADE

Não  peça a Deus 
para arrancar de seu coração
a cobiça, a soberba, a avareza, os vícios seus,
por que Deus
Em tais coisas jamais porá a mão.

(GeGê)

Ipaussu, Estado de São Paulo, Brasil
20/05/2013

PÉTALAS DE ETERNIDADE 1





DO LIVRO EM PREPARO,
PÉTALAS DE ETERNIDADE 



Se  seus inimigos insistem
desaforadamente em prejudicá-lo,
por desaforo, ame-os:
eles não resistirão sequer à primeira dose.

(GeGê)

Ipaussu, SP, Brasil, - 20/05/2013

CADERNO G - 2ª FEIRA - 16/11/2009

Diário de 16/11/2009

São 5:30 h deste horário de verão. O movimento na pista, pelo que apuro com o exclusivo sentido da audição, revela-se normal para este horário. Pelo que se ouve, passam a cada 4 ou 5 minutos. Não há estrelas sobre o céu negro. Ainda é noite para os galos em seu mutismo.

As chuvas de ontem foram abundantes, mas sem exageros dignos de nota. O céu protestou, sim, em trovoadas e raios, pelo que deduzo, pelo falecimento do amigo e vereador Mandi. Sua passagem para a espiritualidade em muito surpreendeu os seus amigos.

Ou, talvez, o céu alegrou-se em demasia com a chegada dele por lá, ao ponto de assustar a cidade com uma tempestade, ainda que breve. Mandi deve ter entrado para o céu muito depressa, pois a vida inteira cuidou em ser bom e solidário às pessoas à sua volta.

Mais um dia desponta, com mechas douradas por entre as nuvens. Até que enfim o galo vizinho, agora, insiste em repetir que mais uma vez a vida acordou em Ipaussu.



DO CADERNO G - 14 e 15/11/2009

14 de novembro de 2009. - Sábado

São 4 horas da manhã. Faço uma hora de acordado, à espera do filho Gabriel (17 anos) que foi para o Motofest e até o momento não deu o ar da graça. Pelo que ouço  daqui, a quase 1 km de distância, a festa ainda ferve.

A madrugada, por conta da espera, empacou aqui na área da cozinha. Um vento tímido, de vez em quando, agita as folhagens do arvoredo no quintal vizinho. Até o momento o galo ainda não cantou. Sem necessidade de apurar os ouvidos, dá para se ouvir motores a impulsionar rodas e vidas pela rodovia próxima.

O canto de um galo longínquo se antecipa à orquestra dos pássaros que, daqui a pouco começa uma saudação ao novo dia. Que bela e sábia decisão das aves: abrir o dia com seus cantos.

15 de novembro de 2009 - Domingo

Ao quase turvar da tarde de ontem, 14, o céu prometeu mas não cumpriu a chuva. Agora se ouve o ribombar de trovões, sequentes e insistentes, mas que parecem acontecer muito ao longe. Neste momento também uma sinfonia de motores acusa a passagem de veículos pela rodovia.

De qualquer modo há um fundo de silêncio na pele da noite trêmula por ruídos difusos. Excepcionalmente, pouquíssimos latidos violam a solidão desta madrugada. 


PENSAMENTO IMORTAL 67


POR MAIS QUE VOCÊ 
 JULGUE SER
QUALQUER UM, VOCE  É TÃO IMPORTANTE QUANTO 
QUALQUER OUTRO.

IGUALDADE INDISCUTÍVEL

O caminho é o mesmo
nesta  mesma viagem.
O outro caminhante,
sob chuva ou pó,
Em busca de estalagem,
pelo destino a esmo,
 é tão só 
você mesmo,
numa outra embalagem.


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...