REVISAR TEXTOS EM PROFUNDIDADE

Há sido muito gratificante este meu trabalho de leitura e aperfeiçoamento crítico de textos. Obviamente, eu persigo o objetivo de fazer com que o autor seja otimizado. 

Ou seja, possa alcançar com sua escrita o melhor de si mesmo. E aí meto a colher de pau para que suprima, acrescente ou mude a versão de uma frase ou período. 

E sempre mantenho o cuidado e a ética de o autor usar tão somente palavras dele próprio, configuradas em seu estilo, no estilo que é só dele, escritor, ou escritora.

Aqui tenho trazido, vez por outra, algumas correções efetuadas, ao mesmo tempo que exponho, visivelmente, o método que adoto. Não se trata apenas de primar pela correção ortográfica, agora um pouco confusa com a Nova Ortografia. Na verdade, a Nova Ortografia veio mais para complicar do que para resolver.

Tanto assim, que Ariano Suassuna, de longa data vem escrevendo um livro e faz questão que saia na ortografia mais recentemente antiga. 

A rigor, eu não iria a tanto, até porque em certo sentido, a implantação dessa reforma ortográfica deve ter levado em conta a facilidade com que os países de idioma luso possam melhor integrar-se.

 Claro que eles estudaram para isso. Alguma base deve haver para justificar essa postura

No entanto, só correção ortográfica é muito pouco do que pode oferecer um revisor. Eu me considero um Assessor de Escritores e Redatores.

 Procuro ver o aspecto sintático, morfológico -, enfim, gramatical, como algo que deve ser correto até em termos educativos. Mas há escritores que, a despeito de possuírem o dom de escrever, vestem mal as palavras. 

Viciam no emprego sucessivo de verbos em gerúndio; usam verbos pobres como ser, estar, ter, ir. Endurecem as frases com essa palavra "cola-tudo" chamada "que". 

Às vezes perdem grandes chances, depois de construída uma trama, quando no ápice, no momento em que o suspense enseja arrebentar com a previsão do leitor, eis que o autor passa batido e deixa passar tão especial oportunidade.

Vou aqui transcrever, ainda que no resguardo do anonimato, mas de consciência tranquila quanto à autenticidade do depoimento, as palavras do escritor a que mais recentemente servi com meus préstimos de assessoramento literário.


Seu Geraldo...Gostaria que soubesse de duas coisas.

A primeira é que eu me dei de presente de aniversário ( completo 37 anos dia 6 de Abril ) a revisão do meu texto.

A segunda e a mais importante é que eu não procurei por “ Um serviço de revisão “  trabalho de revisão tem por aí , ao montes...

Eu tenho objetivos muito claros com esse texto...Pretendo publicá-lo ainda este ano e concorrer ao maior numero possível de concursos literários em 2015 .

Por isso eu tenho plena consciência ( O que só veio a confirmar minha escolha depois que vi o trabalho do senhor )  é que”eu” escolhi “ o melhor” para mim e para meu livro


Satisfação !





VIDA E SITUAÇÃO

A situação de vida
 não tem nada a ver 
com a própria Vida.

Se esta afirmação não for verdadeira, e comprovadamente é indiscutível e real, não sobrará qualquer argumento em favor de sair deste mundo pela porta falsa do suicídio.

Não se trata, pois, de qualquer pirueta semântica a constatação de que a Vida não está sob qualquer controle humano, no que ela tem de essencial. As situações da vida, estas sim, podem e devem ser mudadas para melhor.

Se alguém passa por período de dificuldades - sejam elas de que natureza for - , de saúde,   relacionamento ou provisão, o que melhor se faz é deixar-se embeber pela Vida.

Buscar no silêncio onde Deus trabalha - desde o átomo até às galáxias aparentemente ilimitadas -  a sua própria essência, o seu Eu, 

o seu EU SOU, de que Cristo mencionou com todas as letras, alertando-nos de que : O REINO DOS CÉUS ESTÁ DENTRO DE VÓS MESMOS".

O grande erro é confundirmos a Situação com a Vida. A Vida é cada um de nós. A situação é a paisagem que passa, às vezes bela, às vezes tenebrosa, mas que, de um jeito ou de outro, acabará por se modificar. 

Todo indivíduo tem provas suficientes  para crer que a transitoriedade dos dias e estações é bem mais veloz e impermanente do que podemos avaliar.

Obviamente, a Vida permanece. E sempre seremos o Mesmo em todas as situações. Sejam as difíceis, as fáceis e até aquelas aparentemente impossíveis de serem transpostas. 

Todavia, no relicário da memória, quantas lutas ficaram para traz e hoje nada mais são do que páginas arrancadas do nosso Livro da Vida, e sem nenhuma força ou influência sobre nosso destino.

A situação em si, só aparentemente, só de forma ilusória, pode mudar a vida. Jamais efetivamente mudará sequer o mínimo odo que a Vida é. 

Porque a Vida é criação da Divina Providência, e as situações são circunstâncias que nós tecemos, por via do suor com que pretendemos criar um mundo diferente e melhor do que aquele que o próprio Deus faz e é o único capaz de tanto.






DEUS É LINDO !

Sempre que alcanço alguma graça, grande ou pequena (aliás, graça não se apresenta em tamanho), fiquei useiro da exclamação DEUS É LINDO.

Sim. Por falta obviamente de um termo que mais de perto fizesse jus ao mistério da Divindade. Quiçá eu falasse a língua dos Anjos, e melhor se aproximasse de uma exclamação mais concisa diante do Todo Poderoso.

E são tantos os motivos, e a cada minuto eles ocorrem. Por mais que esse adjetivo esteja em minha linguagem, não se desgasta pelo uso. Deus é cada vez mais lindo, mesmo quando a expressão lindo se repete a cada dia.

Lindo por tantas razões que me levam a ver a Sua Presença nas menores e nas maiores coisas. Uma mudinha de manacá da serra, ganha de meu vizinho Luís Barcoto, de repente deixou de ser criança;

levantou os braços verdes, com suas mãozinhas de flores, a alternar em cores ao correr do dia... e eis um milagre silencioso, apenas para os olhos. 

E assim tantos outros flash, envasados em momentos de quietude e silêncio, Deus sempre a falar por Suas ações marcantes, ainda que sem alardes de qualquer jaez.

E isto não só com relação a visões poéticas, enlevantes à inspiração ativa e exultante. Igualmente vejo Deus a enbranquecer o cabelo de meus amigos e conhecidos. 

Que bela transformação. Quando as pessoas que a gente conhece, enveredadas para aquele período em que todos temem, orgulham-se em dizer o número de anos com todas as letras.

Como o meu grande professor, Geraldo Negrão Machado, de Chavantes. Como ainda hoje me encontrei com meu amigo Augusto Mollo. 

Na mocidade um grande violonista, que cantava as canções mais bonitas que pude ouvir ao vivo, e sem microfones, em sua oficina de conserto de rádios ali da Rua Washington Luís.

E assim tantos e tantos. Nenês que ontem passeavam de chupeta no colo das mães, hoje passam em motos possantes e velozes, e eu vejo a vida voar, sem que me cause susto  ou espanto, 

porque Deus me proveu das asas da fé e da certeza de que Ele, de fato, é e sempre e eternamente será LINDO.


A RELATIVIDADE DOS SENTIDOS

REALIDADE  E   INCERTEZA
Geraldo Generoso
Somos escravos, pretensamente convictos, sobre a verdade de  tudo quanto vemos, ouvimos, cheiramos e tateamos.  Para a maioria esmagadora dos indivíduos, essa configuração se revela pétrea, fatal e absoluta.

            Em certo sentido, por dispormos dessas 5 pontes que nos ligam à apercepção de nosso mundo circundante, essa circunstância acaba por se tornar determinante, às raias de uma falsa certeza. Não há como negar aquilo de que a pessoa se apercebe por via dos órgãos dos sentidos.

            Talvez a tese de René Descartes (La Haye en Touraine, 31 de março de 1596 – Estocolmo, 11 de fevereiro de 1650 ) filósofo, físico e matemático francês, a famosa expressão filosófica “Penso, logo existo”, não destoa de uma assertiva irmã “Sinto, logo existo”. O verbo sentir aqui empregado, situa-se na relação a tudo o que o indivíduo experimenta por via dos 5  portais de recepção do mundo.

            Por falar em filósofo, não tão destoante dessa via, há a afirmação atribuída a Aristóteles [ nascido

ano ano 384 a.C.,  em Estagira, Grécia ; e falecido no ano  322 a.C., Cálcis, Grécia ] de que “Nada há na 

mente que não tenha, antes, passado pelos sentidos”.

            Obviamente, a realidade de que se fala e se ouve falar e sobre a qual se estuda, no mais das vezes acaba por se firmar como única e absoluta.

            Em termos de ampliação da capacidade das percepções humanas, pelos vários meios de que se dispõe – lentes possantes para ver, amplificadores potentes para a audição, a rigor conduz à verdade de quanto a realidade é relativa.

            Se alguém contempla a lua a olhos nus, sentindo a poesia do luar, e outra pessoa faz o mesmo – olha para a lua -, através de um telescópio, obviamente se defrontará com os mares ilusórios e crateras gigantescas, qual entre os dois indivíduos está com a razão no que tem diante dos olhos? Isto em formas  diametralmente opostas uma da outra.


            Isto evidencia a relatividade de tudo quanto temos como visível no universo de que somos parte. Seja de uma forma ou de outra, no caso específico da lua, objeto de desejo dos cientistas e dos enamorados, simplesmente é o que é.

 E aí entra o mistério que está além mesmo da própria visão – natural ou ampliada. A lua simplesmente e´, como todas as coisas e seres simplesmente são, constituídos de uma essência que extrapola  tudo quanto seja possível deles aperceber-se.

            Sem esforço poderíamos perceber que tudo quanto se faz visível, provém do invisível, do impalpável, a corroborar a frase de que o Verbo se fez carne.

           



            

ESCRITORES OCULTOS (Diário 18.09.2010)



As pedras mais preciosas são aquelas que se ocultam nas mais recônditas profundezas.



Há muita gente inspirada. Mais, muito mais do que imaginamos, e nem sequer o mundo consegue aquilatar o que está a perder.

Há escritores dos melhores, até em maior número do que aqueles festejados pelos seus sucessivos  best sellers, como sabonetes com aromas repetitivos, sempre sob o mesmo molde.

Não falo por mim próprio. Até porque jamais desejaria, a exemplo da coruja, gavar o meu próprio toco. 

Todavia, o que se vê no mercado editorial, infelizmente, salvo honrosas exceções, em número reduzido, são nada mais do que temas apelativos.

Apesar de não me manter, por hábito, tão criterioso em matéria de leitura (não existe livro inútil), quero dizer, sem qualquer risco de temeridade, que a maioria das obras expostas no ranking dos mais vendidos não passam de papel-sujo.

FALSO FIM - (Poema de 06/10/2010)

FUNDO FALSO

GEGENEROSO
 (06/10/2010)

SENHOR, meu Deus, em minha hora extrema,
Pelo meu nascimento decretada,
Quando diante do fatal dilema
Da mente em face do Tudo e do Nada;


Nessa chegança ao término da estrada,
Que minha Alma ao abismo não tema
Esse sol-pôr da minha hora chegada,
Qual conclusão do último poema.


Que não relute ao império de ir-me
E sentir pressa a sobrevir-me
O seu manto de luz por sobre mim.


É o certo isto ocorrer. Fizeste assim;
Serei um entre os mais que a Lei confirme:
Nada há por temer a um falso fim.

 





VERDADES QUE LIBERTAM I

Cada vida é uma história. Com começo, meio e fim. Algumas [vidas] começam muito bonitas, às vezes até ao meio, às vezes nem tanto. Algumas em menor número, belas do começo ao fim.

O que paira evidente é a verdade de que cada um de nós há que chegar a um ponto final. Isto é literalmente fatal. Não bastasse isso, ainda somos tangidos a conviver com perdas dolorosas e, ainda assim, sobreviver.

Este desafio nos assalta sem esperar ao longo da estrada. Poeiras se levantam em redemoinho e obscurecem os caminhos. Muitas e muitas vezes sentimos aquela solidão da própria solidão. Quando e onde não temos com quem contar. Assim é a vida.

Suponho, mesmo ao levar em conta o meu limitado entendimento, por conta de minha indeclinável condição humana, que necessariamente as circunstância poderiam se nos revelar menos espinhosas.

 A esta altura, não posso me furtar à realidade de que o Espírito é quem deve prevalecer na existência de cada um. E a fórmula já se encontra, logo ali, no 1° mandamento mosaico: "Amar a Deus acima de todas as coisas". 

Na medida que amarmos a Deus, com reverência mas com amor legítimo, não iremos depor sobre nada, sobre nenhuma condição ou pessoa o amor limitado a este breve, e às vezes tormentosa, vida humana.

Se amamos Deus de fato, a primeira evidência que ocorre é a de sentirmos a presença Dele em todos os momentos. Dessa presença jorra a sabedoria, a força, ingredientes estes temperados com o principal de Deus que é o amor.

Em tais condições, entenderemos o fluir da vida como ela é, mas não pelo que nos parece. Se lembrarmos que Deus está em cada um de nós, seres humanos, certamente a conversa é outra.

Deus jamais nos abandona, mas nós O abandonamos sob a tenda de nossos medos. Queremos controlar as coisas, as pessoas e a própria vida. Nada disso é possível em grau absoluto.

Busquemos a companhia de Deus. Ele é um companheiro abençoado, acrescido do adjetivo de PAI sempre presente em todos os momentos de nossa vida, agora e pela eternidade.

O MATO OU MATO




CASO DE UM VELHO BOIADEIRO
 QUE DE LONGA DATA SE CONTA POR VERDADEIRO




Geraldo Generoso

O
 fato ocorreu na Ipaussu dos anos 60. Havia um senhor, a esse tempo já cinquentão, conhecido por seu temperamento irascível , de pavio curto. 

Chapéu quebrado nas abas, botas sanfonadas sem muito trato, não raro seladas com o estrume dos pastos que visitava em busca de comprar  gado para abate. Ainda não era o tempo do SIF dos frigrofícos, como hoje.

Por conta de sua carranca habitual, secretamente foi alcunhado pelo contraditório nome de Salvador Cusarrúim. De um lado, a palavra “Salvador” dispensa comentários, pois o termo ressalta como indicativo de um ser bondoso, solidário e extremamente altruísta.


O termo  “Cusarrúim”, por sua vez, sucedia em contraste absoluto qualquer ideia de cordialidade e bonomia. Não vem ao caso discutir a questão semântica deste personagem.

 Mas, à bem da verdade, e fazendo justiça à sua memória, Salvador Cusarrúim nada tinha de ruim no conceito da cidade. Era, isto sim, muito bravo. Um homem valente até à raiz do cabelo e que ninguém ousasse  tirá-lo  do sério - como ele próprio avisava.


Ele sempre repetia nas rodas que frequentava, que “por bem qualquer um pode me levar até para o inferno; mas por mal  não consegue me levar nem para o céu”.

Sempre prestativo, compreensivo com os fregueses, até mesmo tolerava  atrasos no pagamento de alguns que não andavam em dia com o crédito em seu pequeno açougue. 

A condição imposta  era sempre a de que o cliente justificasse o porquê de não lhe ter pago  o fornecimento mensal. 

Certa feita foi obrigado a viajar a Piraju para, às pressas, fechar negócio de uma partida de gado. Rumou, por volta das dez horas da manhã, para o Bar do Ponto, que então existia  na rua 7 de setembro,  para pegar o primeiro ônibus que passasse. 

Foi informado de que a então Viação Pássaro Azul dispunha de um micro-ônibus (o expressinho) que ia direto, sem passar por Bernardino de Campos e abreviaria o tempo do apressado açougueiro.

 Nesse mesmo instante o expressinho estacionou para apanhar a descida e subida de passageiros. Salvador Cusarrúim perguntou ao Nina, agente local da empresa de ônibus, se não daria tempo para ele, Cusarrúim, ir ao banheiro. O agente explicou:


- Ouça, Salvador, o expressinho é rigoroso  nos horários. Olha lá como o motorista está impaciente, com os olhos no relógio. A viagem é rápida...se você puder aguentar mais um pouco é vantagem, pois essa jardineira é um corisco e não para em lugar nenhum.

- Bom, Nina! Pra mim foi um achado eu poder sair daqui neste horário. Me dá aqui  a passagem e toma aqui o dinheiro!  Seja o que Deus quiser – disse Cusarrúim com sua voz forte e incisiva, apanhando no balcão algumas folhas de papel de embrulho.

Entrou para o coletivo e se assentou quieto numa poltrona atrás do motorista. Pensava consigo: “se a minha dor de barriga apertar eu mando o chofer parar e vou pro mato”.


Após uns 5 minutos de viagem, talvez pelos sacolejos do ônibus sobre a rodovia então em precárias condições, Salvador puxou a cordinha da campainha para que o motorista parasse o veículo a fim de aliviar os intestinos que reclamavam urgência de emissão compulsória.

Tão logo ouviu o alerta para sinal de parada,  o motorista conferiu pelo espelho quem era o passageiro desinformado do regulamento da empresa de que aquele pequeno ônibus não parava senão nos terminais rodoviários. 

E foi exatamente esta informação que o motorista prestou a Cusarrúim, com cara e modo de poucos amigos. O passageiro, indignado, enfezado, disse em altos brados para o condutor:

 - Pare essa joça, já! Eu preciso fazer uma viagem!Eu tenho que ir pro mato agora mesmo!Eu sabia que isso ia acontecer, por isso é que já me preveni com estes papéis de embrulho lá do bar do Nina.

 - Meu senhor - disse o motorista, olhando Cusarrúim pelo espelho – tenha paciência... eu não posso fazer nada. É ordem da empresa!

Mas um argumento silencioso, porém convincente, fez com que motorista mudasse de idéia, ao conferir no retrovisor um enorme parabelo  de cano longo apontado em sua direção. 

Parou o coletivo tentando recobrar a calma . O motorista dominou o carro, mas ante o perigo não conseguiu frear  a própria barriga, que o traiu em pleno exercício de condutor : um odor característico obrigou alguns passageiros a abrir as janelas para que o vento aliviasse um pouco a atmosfera carregada.

A esta altura, o passageiro Cusarrúim, a passos largos foi abrindo com as botas as moitas de arranha-gato, seguido de perto pelo motorista , com quem repartiu o papel de embrulho  que prevenidamente apanhara no Bar do Ponto para aquela serventia.

Só que, literalmente enfezado, Salvador não retornou ao micro-ônibus para a conclusão da viagem que julgara abreviada. De lá do mato exclamou alto e bom tom:

- Pode tocar essa desgraça! Deixe-me aqui que eu acabo de chegar a pé ! E nunca mais vou entrar nesse filhote de jardineira.








TAGORE, UM MESTRE DA POESIA UNIVERSAL

Rabindranath Tagore foi aclamado por Gandhi como "Grande Mestre" e foi reconhecido por todos os indianos como o "Sol da Índia". Foi Tagore quem, pela primeira vez, em 1919, se referiu a Gandhi como Mahatma (do sânscrito A Grande Alma), quando este o visitou pela primeira vez.

       Abaixo a foto do imortal poeta TAGORE, sentado em conversa com MAHATMA GANDHI.







As Coisas Transitórias

Irmão,
nada é eterno, nada sobrevive.
Recorda isto, e alegra-te.

A nossa vida
não é só a carga dos anos.

A nossa vereda
não é só o caminho interminável.

Nenhum poeta tem o dever
de cantar a antiga canção.

A flor murcha e morre;
mas aquele que a leva
não deve chorá-la sempre.
.
Irmão, recorda isto, e alegra-te.


Chegará um silêncio absoluto,
e, então, a música será perfeita.
A vida inclinar-se-á ao poente
para afogar-se em sombras doiradas.

O amor há-de ser chamado do seu jogo
para beber o sofrimento
e subir ao céu das lágrimas ...

Irmão, recorda isto, e alegra-te.

Apanhemos, no ar, as nossas flores,
não no-las arrebate o vento que passa.

Arde-nos o sangue e brilham nossos olhos
roubando beijos que murchariam
se os esquecêssemos.

É ânsia a nossa vida
e força o nosso desejo,
porque o tempo toca a finados.

Irmão, recorda isto, e alegra-te.

Não podemos, num momento, abraçar as coisas,
parti-las e atirá-las ao chão.

Passam rápidas as horas,
com os sonhos debaixo do manto.

A vida, infindável para o trabalho
e para o fastio,
dá-nos apenas um dia para o amor.
Irmão, recorda isto, e alegra-te.

Sabe-nos bem a beleza
porque a sua dança volúvel
é o ritmo das nossas vidas.

Gostamos da sabedoria
porque não temos sempre de a acabar.

No eterno tudo está feito e concluído,
mas as flores da ilusão terrena
são eternamente frescas,
por causa da morte.

                                  Irmão, recorda isto, e alegra-te.


OSCAR WILDE E SUAS FRASES LAPIDARES.





Optei, a partir de hoje, 2.4.2014, alternar textos próprios com biografias, principalmente de grandes autores,- em literatura e teatro, ou ambos. Na oportunidade, destaco, extraído da excelente publicação DIGESTIVO CULTURAL, notas curiosas sobre o grande escritor irlandês, OSCAR WILDE, mundialmente conhecido.


Digestivo nº 499 >>> Quase como Clarice Lispector, que tem frase pra tudo, Oscar Wilde é mais conhecido, hoje, pelas citações do que por qualquer obra sua. Tirando uma frase ou outra que Wilde, efetivamente, declarou, a maior parte das citações vêm de suas obras. 

Reza a lenda que, na alfândega, em sua viagem aos Estados Unidos, ele teria dito: "Nada tenho a declarar, a não ser o meu gênio". E dizem que, em seu leito de morte, teriam sido estas as suas últimas palavras: "Morro como sempre vivi, além de minhas posses". 

Wilde era teatral. A ponto de sua confissão, De Profundis, ser considerada, por alguns estudiosos, como mais uma de suas poses. Até quando era sincero, Wilde podia estar encenando.

 "Mentiras sinceras me interessam", cantou o nosso bardo contemporâneo. Porém, mais do que teatral, Oscar Wilde foi dramaturgo, e homem de teatro. A receita do plebeu irlandês para ascender às altas rodas da elite do império britânico incluiu, além de polêmica, e escândalo, aparições públicas e sucessos de bilheteria no teatro.


 O Retrato de Dorian Gray, seu romance, talvez permaneça como a principal porta de entrada para sua obra, mas as peças são, como dizem, o filet mignon, e é preciso lê-las para conhecer Wilde.


 Nesse sentido, A importância de ser prudente e outras peças, pela Penguin Companhia, é um ótimo aperitivo para o universo do dramaturgo irlandês. O volume abre com Uma mulher sem importância, que Paulo Francis definiu como um dos textos mais hilariantes do teatro em inglês, e é mesmo. 



Nesta peça, encontramos, por exemplo: "Os homens se casam porque estão cansados; as mulheres, porque estão curiosas. Ambos se decepcionam".

 E: "Nós sempre devemos estar apaixonados. É por isso que nunca devemos nos casar". Feminista, Wilde coloca as mulheres no centro da trama, comandando a ação. 

Tinha uma sensibilidade profética para captar o Zeitgeist: "A única coisa que vale a pena ser hoje em dia é moderno". Chegando até a nossa época: "Nada faz mais sucesso que o excesso". Ou, ainda: "Adoro os prazeres simples. Eles são o último refúgio do complexo".
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Wilde jogava com o contraditório. Era seu charme. Em O marido ideal, por exemplo, diz que "verdadeiras personalidades", raramente, "são populares". 

Ou que "quando os deuses querem nos punir"... "eles atendem nossas preces". Antecipou o individualismo: "Amar a si próprio é o início de um romance para a vida toda".

 E o eterno culto à juventude: "A juventude não é uma afetação. É uma arte". Pressentiu que a forma subjugaria o conteúdo: "Ele não tem nada, mas aparenta tudo".


 E mostrou o segredo de seu sucesso: "Em assuntos de grande importância, o estilo é vital, não a sinceridade". Wilde não brincava em serviço: quando fazia piada, estava falando muito sério. Era o seu gênio. Era a sua assinatura. 

FORÇAS QUE RENASCEM DOS ABISMOS

DA DEPRESSÃO À RESSURREIÇÃO

Gergeneroso



É sintomático afirmar, durante as várias quadras da vida, que os "altos e baixos" fazem parte deste enredo que cada qual interpreta no plano existencial.

Não há como fugir de evidentes desafios. Muitas vezes você é assaltado pelo imprevisto, quando menos espera e nem sequer é capaz de entender o porquê de certas investidas do destino, sem aviso.

Há, nessas circunstância, períodos breves e  longos. Tão mais longos quanto mais penosos se nos apresentam. Por mais que se busque evitar tantos empecilhos, contratempos, sem falar em desgostos profundos e até deprimentes, a realidade sempre insiste em mostrá-los como inevitáveis.

Somos nada mais que uma cápsula pensante, envolta em carne, osso, nervos, músculos e cartilagens e, não sem razão, muita vez você se questiona sobre o por quê disto tudo? 

Até admite que a regra geral se pauta por essa nota: nascer, crescer, envelhecer e morrer. Tudo isto faz parte da configuração a que eu e você e os nossos vizinhos estão, sem escolha, destinados.Com nossos ancestrais deu-se o mesmo. 

No entanto, se você mergulhar bem fundo no seu interior, há de concordar que tudo o que lhe aconteceu - em termos de experiências de sua vida,  carrega um sentido para a própria alma, na condição da imortalidade de que ela se reveste.

Assim como outrora me dava a contemplar as carroças, todas as manhãs a saírem para as lavouras de café, puxadas cada uma delas por 5 muares, sempre havia a necessidade de o carroceiro incitá-los à marcha.

Com o tempo, os burros já treinados, não careciam mais das relhadas da jiboia do condutor sobre os lombos.  Bastava chamá-los a cada qual pelo nome para que tomasse tendência no passo rumo às roças em busca de carga. 

Ouço ainda a voz daqueles trabalhadores, primitivos carreteiros de uma época hoje  transplantada para a era dos motores. Com o tempo, e até creio que o costume também faz o amor, eles nutriam grande carinho pelos seus animais, habituais companheiros de trabalho.

A vida traz momentos  capazes de arrojar à depressão. Até mesmo quando a pessoa está provida, mais que do necessário, não raro do supérfluo, e ainda assim perde o que Viktor Frankl chama de "sentido da vida".

Aqui chegamos ao ponto da palavra que a tantos infunde temor: a Depressão. Doença em voga desde os ranchos e  casebres até às mansões mais finas e luxuosas. 

Não sem ser repetitivo, a esta altura é bem válido aquele axioma, de que "não há mal que para o bem não venha". A própria depressão, somente se faz em  extremamente danosa - às vezes até de forma irremediável-, se não for bem administrada.

Oras ! Mas se estou depressivo - diz você com certa dose de razão -  aí é que sou incapaz de administrar o que quer que seja. 

A rigor, não há como subestimar este mal que, na quase maioria das vezes, nada tem a ver com a nossa vida. 

Nem sequer com a nossa situação de vida. Ela, por si mesma, não dispõe de nenhum poder sobre o que quer que seja. Quando mais não seja uma oportunidade para voos nunca antes imaginados.

O abismo em que alguém se submerge oferece a oportunidade de se tomar um impulso até então nunca empreendido.Mais ou menos como o touro diante de um toureiro. 

Observamos que ele primeiro vai de fasto, invariavelmente, para obter um ganho de força maior do que o usual. Da mesma forma, o artilheiro em campo, na marcação de um pênalti, invariavelmente assim age.

Para melhor ilustrar, caro leitor, imagine  quantas experiências vividas  - algumas até muito dolorosas -, você superou e hoje nada mais representam em termos de limitação de qualquer natureza.

Mesmo que você fosse um masoquista saudoso,  você conseguiria ressuscitar quaisquer de suas dores, a não ser num poema que, a rigor, pode até ser de primeira linha ? 

Só as pedras mudam  tão devagar, ao ponto de, cobertas pelo limo das algas, morrer para a própria beleza e para sua própria razão de ser. Ao fim apenas sepultada literalmente com uma mortalha verde-musgo.

Levanta a cabeça. Imita o touro. Sinta a força que hauriu debaixo, como a planta que, através de sua raiz, e somente assim, pôde trazer flores e frutos, e assim cumprir o sentido da própria vida.

Avante sempre. Não há como viver num universo estático, quando o Creador o fez dinâmico em cada átomo de sua constituição.




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