Alfarrábios do Generoso: BIOGRAFIA DIALOGADA - MAGNO ALVES - 35 - 45

Alfarrábios do Generoso: BIOGRAFIA DIALOGADA - MAGNO ALVES - 35 - 45: Generoso: - Sem dúvida. E ainda há o salário-desemprego, que esse trabalhador(a)  vai continuar percebendo  por alguns meses. Mag...

BIOGRAFIA DIALOGADA - MAGNO ALVES - 35 - 45

Generoso: - Sem dúvida. E ainda há o salário-desemprego, que esse trabalhador(a)  vai continuar percebendo  por alguns meses.



Magno: Certo. Só que é aí que  começa o problema, e a pessoa só vai dar por isso em hora imprópria e retardada.

Por conta desse expediente de dispor de uma certa quantia em dinheiro, e, como você bem lembrou, do salário-desemprego, a maioria entre os demitidos só dá realmente  conta de que sua situação está crítica quando esses pequenos recursos se acabarem por completo.

 Aí já é tarde, ou, quando não, a solução é menos motivadora e mais difícil de se pôr em prática. 

Porque agindo assim, adiando o enfrentamento da situação, essa pessoa  perdeu mais que o emprego,  pois perdeu  o foco essencial da própria  vida.
Qual é o foco essencial da existência normal de cada um de nós ?  - é fazer por merecê-la pelo exercício de alguma ocupação.




Generoso: - Pelo que entendo, você quer dizer que esses expedientes de seguridade muitas vezes deixa a pessoa acomodada. Se ela espera um emprego, não deixa de estar contando com a sorte, e sorte, pelo que você bem disse, não gosta de ninguém que dependa dela.

Magno: Isso mesmo. Vamos imaginar que você perca o emprego e por  essa causa, que na verdade é hoje muito comum, resolva sentar na área de sua casa com sua mulher e filhos.
Ali você se senta numa cadeira e fica falando só sobre isso. Ali você persiste retratando as conseqüências  que irão enfrentar dali pra frente.
 E o que é pior: devido ao seu estado emocional, de baixa estima (pois perder o emprego não deixa de ser um pe no saco), você ainda espelha a situação com lentes de aumento, dramatizando ainda mais o que já é um drama na sua vida e na vida de seus familiares. 

Avalie se há clima pior do que esse?
Alguns estudiosos de psicologia do trabalho chegam a comparar, de fato, a perda do emprego como um sentimento próximo ao luto.
 Mas tanto o luto quanto o perder o emprego são coisas que ocorrem. Não há como abolir isto por decreto. Nem mesmo por decreto divino, porque se esse fosse o caminho Deus já teria dito: faça-se emprego para todos. No entanto, ocupação e trabalho não faltam. Nem mesmo em épocas de guerras o trabalho deixa de existir.
E há o mandamento de Cristo bem explícito para quem quiser ler: “Trabalhai, porque Eu e o Pai continuamos trabalhando”.

Uma condição nova sempre tem duas alternativas :- ou melhora ou piora. Isto,  em grande parte, ou senão mesmo na totalidade – depende do que cada um fizer diante dessa  nova situação.
Generoso: - No correr de nossa entrevista você falou sobre o veneno do RESSENTIMENTO. Isto acontece com quem perde o emprego, quase que de forma inevitável. Ele vai pensar que pode ter sido má vontade do chefe, ou mesmo perseguição, escolhendo-o entre os demitidos etc. Com esse estado ressentido essa pessoa já estará de mal com a vida e consigo mesma para ir avante em ocupar-se. Ressentindo-se, vivendo o que passou de desagradável e, pior ainda, com sombrias expectativas para um futuro ignorado. Acredito também, Magno – e caros leitores -, que poderíamos enfocar num mesmo aspecto, o desempregado e aquele comerciante ou industrial que se quebrou, faliu e se lança ao desespero de reconstruir a própria vida.

Magno:- Sim, são equivalentes, porque tanto o profissional desempregado quanto o comerciante falido sentem a sensação de não ter mais o seu lugar no mundo.
Mas a avaliação que deve contar realmente,é aquela que a própria pessoa faz de si mesma. Claro que a primeira providência de nosso ego é transferir para outros a culpa de nossos insucessos.
 Em parte, pode ser que este ou aquele chefe, ou este ou aquele cliente nos tenha acarretado prejuízos consideráveis.
 Mas de que adiantará remoer esses sentimentos negativos, quando todos sabemos que o câmbio da  vida não tem marcha à ré?
Ocupação sempre existe, o mundo está ansioso por novos negócios, tanto que isto move a mídia e movimenta a alma da nossa civilização. Daí que preconizo, com todas as letras, para a pessoa agir.
Claro que é muito bom pensar em cada passo, mas sempre manter a mente ocupada com o melhor, aventando possibilidades a fim de tirar o melhor proveito, mesmo das situações mais complicadas.
Para cada problema, a solução está dentro de nós mesmos, porque nós, unicamente nós, somos os artífices de nosso destino.
Um dos grandes problemas de quem sofre um insucesso – seja ele profissional ou financeiro – é confinar-se em sua própria casa.


Generoso: A tendência natural, e menos recomendável,  é a pessoa  procurar eco para as próprias lamentações. Quando as lamentações se multiplicam são (não tenho dúvida) como orações às avessas.

 A ser verdade que a oração tem poder, não há menos poder (para o infortúnio) nas murmurações e reclamações, ainda que aparentemente sejam verdadeiras. Ainda que verdadeiras, são nocivas, e são as únicas verdades que não interessam a ninguém dar guarida no coração. 

Acho que a união com outras mentes é muito importante, pois é curioso observar no evangelho de Cristo, de forma categórica, a promessa de que certos efeitos benéficos e até maravilhosos, se fazem notar sempre que duas ou mais pessoas estiverem reunidas em seu nome. 

Pode-se notar que Ele nunca prometeu que os mesmos ansiados resultados ocorrerão quando alguém atua sozinho. Então, cumpre observar que a família de alguém que passa pela provação da inadimplência (termo moderno e mais suave) ou desemprego, tem um papel importantíssimo em entender essa condição e, com muito tato, apoiar esse chefe de família, sem, no entanto, transformar-se em câmara de eco para suas explanações sobre o próprio infortúnio.

Magno :- Quando falarmos sobre os 4 pilares da vida, nele destacamos a Família como um dos suportes mais eficientes para a estabilidade e felicidade de um ser humano.
Como nós estamos num bate papo, os assuntos estão pipocando, e isto cria uma conotação de espontaneidade com mais autenticidade para o leitor. Não podemos, contudo, fugir da proposta em que distinguimos, com todas as letras, a pessoa conformada com o desemprego, com aquela disposta a ocupar-se.

Assim, quando abordei o assunto AÇÃO POSITIVA, foi exatamente com o propósito de sugerir que a pessoa dê uma sacudida na poeira e dê a volta por cima.
A ação positiva é você levantar cedo e fazer qualquer coisa que apareça. O espírito da manhã, no seu  ato cósmico tocante para o espírito, que é o renascer do sol, traz uma vibração propícia à análise da vida. O momento também é favorecido porque, pelo sono da noite, o cérebro está mais descansado e a mente encontra-se mais arejada.

A pessoa toma de uma caneta, ou se preferir senta-se ao computador ou diante de uma máquina de escrever, e registra sua situação, sem tirar nem pôr, de como ele a está sentindo.
Mas procura fazer isto de forma objetiva, sem sentimentalismos. Se houver emoção nessa tarefa, que seja emoção positiva pela sensação de se estar traçando um novo caminho.

Generoso: Esta sugestão seria para quem se encontra desempregado. Desculpe: desocupado profissionalmente.

Magno: - Vale para todas as pessoas, mas especialmente para aquelas nessa condição que você mencionou.
 Nesse exame, ela deve tentar ocupar a mente ocupando-se de números, com eles efetuando alguns cálculos relativos à sua condição. Por exemplo: “se eu dispuser de 20 mil reais, posso investir numa fábrica de blocos de cimento”. Analiso em seguida: “quantos blocos posso fabricar por dia? “ e assim por diante. 

A fábrica de blocos é um mero exemplo, cada qual sabe onde o sapato aperta e como desenlaçar o cadarço para aliviar-se.  O bom de tudo isto é que esta atitude e atividade força essa área do cérebro, que é a área da lógica, da matemática, onde tudo é mais objetivo. Ao mesmo tempo, a mente se organiza e desencadeia sensações de expectativas, como sempre ocorre com qualquer um de nós.

         Generoso: - Isto seria um procedimento que precederia a Meditação propriamente dita?

         Magno: - Sim, seria como dar partida num carro a fim de esquentar o motor. A lógica, a realidade, a objetividade não pode estar ausente desse processo. Esta preparação é necessária e este passo  precisa ser observado.

         Generoso: - Aqui você procura situar o ego de quem vai meditar num tablado real. Ao mesmo tempo, com este modo de se preparar para uma imersão nas profundezas do espírito, tal postura será diferente de uma alienação indesejada. De nada adianta alhear-se do mundo por alguns momento, imaginar tudo cor de rosa, ignorando a realidade circundante. Nenhum ser humano poderá lograr qualquer resultado, simplesmente usando a postura do avestruz em face de uma tempestade. Isto é, não vai mudar em nada o panorama da vida de ninguém fazer como essa grande ave que enterra a cabeça na areia e faz de conta que tudo está em santa paz. Sempre que alguém for subir uma escada, é inevitável que ela parta do chão. Até com a Torre de Babel podemos ter certeza que isto foi inevitável.

Magno: Por outras palavras, grande é o número de pessoas que não alcançam resultados satisfatórios numa meditação por que falta-lhes a base de apoio real. Falta-lhes o estofo prático. Falta-lhes o chão para que possam lançar-se ao vôo das próprias aspirações.

Generoso: - Seria como pôr as cartas na mesa e depois deixar a mente jogar pela intuição?

Magno: - É botar as cartas na mesa da mente mas de forma ordenada. O subsconsciente não responde a perguntas mal formuladas. Não atende a questões vagas, sem uma configuração de propostas. Quem pode diagnosticar a vida pessoal, financeira, comercial, profissional, social, conjugal etc., de uma pessoa, em primeiro lugar está ela mesma como mais apta a essa tarefa.

 Nenhum conselheiro dispõe de receita pronta para um determinado indivíduo, porque quem sabe dos problemas desse indivíduo, na superfície e na profundidade, melhor do que ninguém, é ele próprio. Concorda?

Generoso: - Seria, então nesse primeiro passo, uma semeadura de algum desejo específico. A Meditação seria a maturação e colheita desses resultados. Pelo que você afirma, este passo se faz necessário para anteceder a VISUALIZAÇÃO do que a pessoa deseja obter.

Magno: - Visualização, essa é a definição mais correta desta proposta, do que o termo meditação propriamente dita. A palavra meditação lembra monge, claustro, mosteiro, cela etc. Embora a visualização não deixe de ser uma forma de meditar. Mas o que se propõe é encurtar o caminho na busca de um resultado predeterminado. Em síntese, na visualização, a pessoa vai esculpir o desejo. Mas nessa prévia de arrolar cálculos e análises, ela está tirando as medidas do próprio sonho. Correto?

Generoso: - Em tudo, percebo que você, Magno, procura arrumar um meio facilitador, ou por outras palavras, expõe dificuldades com que você se deparou em sua própria trajetória pessoal e profissional.

Magno: - Pela experiência  que vivi, e principalmente pelas formas de pensar e agir que não deram certo, que descobri certos atalhos capazes de chegar a resultados mais eficazes.
 Ou, quando não, foi possível  obter efeitos desejados mais depressa, ainda que o primeiro mandamento de qualquer autor de auto-ajuda, a quem quer que o leia ou ouça, deve ser o de manter o quanto possível uma atitude de paciência e de persistência em esperar. Toda espera é demorada. Toda expectativa viola nossa integridade. Mas é preciso administrá-la.


Generoso: - Não podemos perder de vista que nosso tema é cultivar a AÇÃO POSITIVA.

Magno: - Acho que a esta altura o leitor ou leitora já entendeu grande parte desse conteúdo. A ação positiva chacoalha o corpo e a mente.
Mas é isto mesmo: só que estamos partindo do nascedouro da ação – que é o preparo necessário para agir com inteligência e objetividade, ao mesmo tempo  em que acende a motivação.

 Depois disso, e somente depois, vem a visualização do projeto.
Ato contínuo, o cultivo da ação positiva diária vai selar a validade do pensamento empreendedor.
Não é recomendável, em hipótese alguma, dar um salto nesse processo. Posso falar de cadeira sobre esses detalhes, porque muitas vezes quase desanimei de certas tentativas nesse sentido.

 E esta é, sem dúvida, uma das razões que leva algumas  pessoas a duvidar da eficácia de um mergulho interior bem feito.
Se aquele ou aquela que nos lê, seguir estes procedimentos,vai descobrir em seu interior um caudal enorme de energias adormecidas.
 É a velha história, uma coisa puxa outra.
Nisto se resume a proposta deste  trabalho : ver onde e por quê certas práticas tão propaladas não deram certo com grande número de praticantes.

Oras, para tudo existe um caminho certo, e os detalhes é que fazem a diferença. Na verdade esta é uma proposta de administrar melhor a relação que cada um tem que manter consigo mesmo.

Está mais do que provado que o universo individual de cada um é na verdade uma hospedaria de muitas pessoas e, ainda por cima, pessoas que se diferem umas das outras.
E o que é pior, não raro, essas pessoas lutam entre si, não combinam, não se afinizam. Oras, toda casa dividida cedo ou tarde acaba ruindo.

Generoso: A propósito,  o psiquiatra espanhol, da Universidade de Barcelona,  Myra e Lopez, bem classificou a psique humana como sendo formada de  um misto de anjo e demônio. E concluiu que não somos nem uma coisa nem outra, mas um pouco de cada um.
Assim, espero que as pessoas entendam que é muito fácil lidar com o anjo bom de sua personalidade, mas é também preciso confrontar-se com os próprios fantasmas que não se fazem de rogado para tentar ocupar um espaço nas suas mentes.

Magno: - Essa é uma dualidade necessária para a própria evolução do mundo e do universo. Tudo se resume numa questão de equilíbrio. Ainda que em forma de um breve parênteses, poderíamos aqui explicar aquela questão do direcionamento da fúria, ou raiva – já que falamos em fantasmas ou mesmo os demônios interiores que tanto atormentam as pessoas.

Generoso: - Há um direcionamento válido até para as inevitáveis emoções negativas. E aqui, Magno, poderíamos considerar, numa palavra que você gosta muito, o foco de ação vital de uma pessoa, como fundamental.

Magno: - Sim, direcionamento é um foco. Mas vamos esmiuçar melhor essa questão, porque é muito importante .Faz uma diferença da água para o vinho. Nós temos batido,  igualmente, na tese de que a AUTO ESTIMA é fundamental. Isto você tem presenciado em minhas palestras e conferências pelo Brasil afora.

Generoso: - Tanto assim que até transcrevemos muitos dos questionamentos que alguns ouvintes de suas palestras lhe apresentaram. Felizmente, você foi incisivo e fez prevalecer o seu ponto de vista em benefício de tais pessoas e agora, por extensão, aos nossos leitores.

 Mas vamos supor que alguém está desafortunado, temporariamente insatisfeito – já que felizmente nenhuma insatisfação é eterna - , creio eu que é mais do que normal que ela fique insatisfeita...


Alfarrábios do Generoso: MAGNO (Biografia Dialogada) 35-40

Alfarrábios do Generoso: MAGNO (Biografia Dialogada) 35-40: Geraldo Generoso in Magno Alves - O Pulo do Gato Quando o nosso velho automóvel pé de bode não pegava na manivela (a partida dele ...

MAGNO (Biografia Dialogada) 35-40






Geraldo Generoso in Magno Alves - O Pulo do Gato
Quando o nosso velho automóvel pé de bode não pegava na manivela (a partida dele era ainda por esse meio), a gente fazia o mesmo. Dava um tranco, ele saía dando uns pulos e o motor funcionava. É o mesmo processo para alguém que está insistindo em pensar positivo mas precisa de um tranco para “pegar na partida”. Ou mesmo de um reboque provisório para sair do atoleiro.

Generoso: Isto quer dizer, conceituando essa questão, que as AÇÕES também alteram o curso dos pensamentos de uma pessoa. Até acrescentaria que, uma vez posta em prática, o certo é ir até o fim, sem ficar tão preocupado com os resultados. Pouco importa se não for o melhor, o importante é que na vida “não há mal que pra bem não venha”.Todos os males vem para o Bem.

Magno: - Sim, o resultado que nunca chega é aquele que ficou adormecido ou morto em nosso desejo de realizá-lo e para o qual não fizemos nada de bom ou de ruim.

Se você vai entrar em algum negócio ou emprego, ou mesmo num casamento, você, necessariamente, não precisa nem deve entrar para esse território novo ignorando todas as alternativas. Obviamente, deverá pesar  os prós e os contras. Mas depois de tomada a decisão, estar disposto a arcar com todas as conseqüências desse novo passo.

Generoso: - A psicologia ensina que para conter a ação gasta-se tanta energia, ou até mais, do que para agir.  Se, por um lado, agir é apostar em algum resultado, a inação, por seu turno, não resulta em absolutamente nada. Pior ainda, gasta energia sem nenhum retorno e termina num cansaço doentio, diferente daquela canseira gratificante que é correr atrás de alguma coisa.

Magno: Qualquer pessoa, que resolva se mexer, sair da inércia vai experimentar uma sacudida no pensamento e nas emoções que ele burila. Nem estou falando – e faz um bem inegável – sobre exercícios, malhação, ginástica etc, dentro dos limites de cada um.

Generoso: - Você acha que mexendo o corpo acaba por mexer na cabeça e, nesse tranco, pode-se entrar num caminho de vida melhor.

Magno: - Isso acontece de forma automática. É claro que se a pessoa começar a se movimentar, abraçar uma atividade, qualquer seja ela, e ao mesmo tempo primar por agir positivamente, com o pensamento bem calibrado com os sentimentos, os resultados serão inevitáveis.

Mas ficar recluso, recolher-se a um mosteiro e buscar milagres se constitui numa probabilidade de êxito bem menor. A vida é movimento, o universo é movimento incessante. Não há como não seguir essa diretriz cósmica.


MAGNO ALVES - FAZEDOR DE CABELO E CABEÇAS


Generoso: - Mas isto quer dizer que não se pode excluir o pensamento positivo?

Magno: Absolutamente. Em hipótese alguma o pensamento positivo pode deixar de ser cultivado. O que não pode faltar é o ato conseqüente depois do pensamento cultivado. Mas quando a pessoa começa a agir, ela está usando o que se poderia chamar de um truque para alinhar os neurônios, digamos assim.

Generoso:- Ocorre, também, que uma ação positiva desencadeia, invariavelmente, uma reação positiva. Essa reação positiva nasce de dentro e de fora; do interior e do exterior e se interagem umas com as outras.  Mas vamos supor, Magno, que alguém – e são tantos nessa condição – chegue para você e diga: “ Magno, tudo isto é muito bonito, muito otimista e até pode ser verdadeiro. Mas eu estou desempregado, sem perspectiva nenhuma. O quê posso fazer num mundo automatizado, informatizado e com tantos desempregados iguais a mim no olho da rua?

Magno: - Outra vez nós voltamos à questão do foco. Não podemos subestimar essa condição de alguém que está em desespero por falta de uma ocupação. Veja bem que estou dizendo “ocupação” e não, emprego. Emprego quem cria são as empresas – e os termos são quase  parentes gramaticais.

Mas “ocupação” é outra história. Ocupação cada qual pode criar, com mais ou menos lucro, em melhores ou piores condições. O próprio governo dispõe de estatísticas diferenciadas, com classificação para emprego e ocupação. Sem falar em termos mais específicos da Economia, como formalidade e informalidade comercial.

Mas, primeiramente , a pessoa precisa derrubar esse tabu de  que o mundo só tem lugar para pessoas especiais. Se isso fosse verdade estaríamos perdidos. Quem faz o mundo são as pessoas comuns. As pirâmides do Egito estão lá não foi graças a este ou aquele faraó.
O rei egípcio não deu um estalo de dedos para tudo aquilo surgir do nada e desafiar milênios. Precisou do arquiteto, do mestre de obras que entendia o que o arquiteto queria fazer (talvez até melhor do que o governante).

A construção das pirâmides requereu uma multidão de peões, de trabalho braçal, com seus feitores em cada seção e por aí afora. Se não fosse essa massa de pessoas comuns não existiria nem pirâmide no Egito; nem a Ford ou a General Motors nos Estados Unidos, que estão presentes no mundo inteiro; nem o Bil Gates teria a fortuna que detém se fosse somente contando consigo próprio unicamente.

 Acontece muito freqüentemente de as pessoas se julgarem inferiores, mesmo entre as iguais do seu convívio profissional.  E aqui entra o item auto-estima. Quando uma pessoa se autodenomina com essa palavra feia “desempregado”, infelizmente o sinônimo mais próximo é “desocupado”. 

 Um desocupado, voluntária ou involuntariamente, cá entre nós, cai em qual sinônimo? – “Vagabundo”. E isto forma uma trava na cabeça da pessoa. O que você pensaria de você mesmo se você concluísse que você é um vagabundo?

 Você pode até rir do que estou dizendo, os leitores podem até achar que estou fazendo piada, mas é um caso muito sério. A questão maior é essa. Houve um tempo - nas minhas benditas quedas, das quais até me sinto feliz por terem me fortalecido – que perdi o foco da minha vida.


Eu havia perdido tudo. Em vez de investir no meu negócio, investi em ilusões. Como um garoto que em vez comprar um caderno e livros para  estudar se desse à compra de sabão para fazer bolhas furta-cores.   Arrumei a minha mala e fui para bem longe enfrentar o garimpo.

Mas, como ? Procurar ouro seria o mesmo que procurar uma agulha num palheiro. Logo que cheguei para  minha nova ocupação, movido pelo desejo de ficar rico bem depressa, a primeira coisa que se me deparou foi que eu não tinha jeito para aquele trabalho.

 Pior ainda, eu via aqueles meus novos colegas de profissão (eu nem era profissional), reclamando dia e noite das condições precárias de trabalho, das carências, do preço alto de tudo. 

Em áreas de garimpagem os custos são normalmente mais elevados.
Então, constatei, em breve, que aquela atividade (não tenho nada contra quem sonha com um veio de ouro ou uma ninhada de pedras preciosas) era o mesmo que jogar no bicho, na loteria e, quando acertasse em qualquer jogada já estava devendo tudo para o lotérico ou o bicheiro. Não há nada pior do que depender da sorte, pura e simplesmente.
Fiquei ao ponto de ter-me restado sabe o quê?

Generoso: - Você me disse que nessa época só restou uma tesoura e uma máquina velha de cortar cabelo. É isso mesmo?

Magno:- Isso mesmo. De concreto eu só tinha essas duas ferramentas como única coisa em que me pegar. A princípio fiquei deprimido.

 Parei com tudo. Dei aquela parada para dar uma olhada em minha vida a fim de tomar um rumo. Mas, que rumo?

 Eu não tinha recurso nem para a passagem de volta. Fui investindo o pouco que possuía confiando na sorte, e a sorte não gosta que a gente dependa dela.

Aí me lembro estar conversando com um colega no acampamento. Nós parecíamos apostar quem conseguia reclamar  mais do que o outro por aquela situação de penúria. Encontrava-me num verdadeiro beco sem saída. Até a minha cueca já estava penhorada pelo dono da área de garimpagem.


De repente me deu um estalo. Esse meu amigo – Josimar, estava com o cabelo por fazer e, quando me viu mexendo na minha tralha, ao se deparar com a máquina e a tesoura, ficou curioso.

Perguntou-me o que eu estava fazendo com aquelas ferramentas. “Por acaso você é barbeiro?”. “Não” – respondi, “sou cabeleireiro, tive um salão muito chique, frequentado por madames da alta sociedade e, por vários motivos, quebrei a cara e estou aqui, onde o Judas perdeu as botas e o calcanhar”.

À primeira vista – eu próprio estava barbudo e cabeludo -  ele não confiou muito na minha habilidade. Mas talvez por solidariedade – e as pessoas quando estão sofrendo são mais solidárias – me autorizou que fizesse o cabelo dele.

Aí foi “mole pro gato”. Como havia muitos peões, e até mesmo pessoas com família naquela vila de sonhadores, em pouco tempo começou a chover gente no lugar que eu chamava de “salão improvisado” . 

A partir de então o meu ganho, apesar de não ser alto para o meu padrão, já me permitiu sobreviver por lá algum tempo. Até que pude comprar uma passagem  e retornar para  São Paulo, de onde nunca deveria ter saído.

 Mais uma vez você e os leitores podem notar o alto preço que a gente paga quando perde o foco.  

Voltando à história do pato, eu nem voava nem andava, só fazia o que pato sabe fazer sujando por onde passava.

 Não posso negar que a experiência valeu a pena.
Aprendi mais sobre o coração humano, e vi o quanto de sofrimento as pessoas são capazes de suportar. Nisso é que eu vejo a misteriosa força da vida.

Generoso: - Sim, Magno, mas então você tem a suposição de que uma pessoa nunca deve dizer que é, mesmo sendo ou estando, um desempregado?

Magno: - Não, Generoso. Não é suposição. Isso é matemático. Emprego é uma palavra elitista. Ocupação é o que não falta. E cada vez mais teremos desempregados. E qualquer pessoa, com um mínimo de iniciativa vai estar ocupada. Isto se deve à robótica, à informática – pois a tecnologia não pára de crescer, então emprego hoje é coisa de luxo.

Mas o homem ou a mulher que quiser fazer algum trabalho, sempre terá no que se ocupar. Preferentemente, escolhendo a habilidade que domina melhor. No meu caso, por exemplo, o que me salvou foi entender que não nasci para garimpeiro. Tão logo reencontrei o meu foco, o mundo se incumbiu de ir bater à porta da minha tenda e eu pude sair daquele lugar e daquela situação.

Só hoje compreendo que o  meu grande equívoco era a pressa em enriquecer. Queria ficar rico  o quanto antes.

 Reconquistar o que perdi da noite para o dia. Embora também deva fazer a ressalva que não existe isso de se perder tudo da noite para o dia.

Mas querer ficar rico de repente  é miragem e até nem teria graça se realmente eu houvesse encontrado um generoso veio de ouro ou muitos quilates de diamante.

 A minha mina estava onde sempre esteve: no lugar de onde eu saí para uma aventura louca, pela qual paguei o preço  da carência naquele degredo voluntário.
Porém,  não quero, em hipótese alguma,  que as pessoas, espelhando-se neste exemplo verídico menos feliz de minha vida, se  limitem nos seus sonhos e se castrem. Para algumas pessoas é necessária essa experiência de deixar tudo e buscar terras e pessoas estranhas e aventurar-se por novas terras e novas condições.

Se não fosse assim o mundo seria muito pobre. O que seria de nós sem os aventureiros? Colombo não teria descoberto a América; Cabral não teria descoberto o Brasil, e assim por diante.

O meu grande erro foi ter perdido o “foco”. Fui literalmente sem lenço e sem documento, contando com o acaso, e não poderia ter sido diferente. 

Mas as pessoas devem entender que OCUPAÇÃO existe; em toda e qualquer parte sempre há o que fazer. A questão de se ganhar pouco nunca é definitiva. Todo o “muito” é feito de muitas porções de poucas coisas. Tudo que existe se constitui de átomos. Você quer coisa menor do que um átomo?

Generoso: - Seria bom definir melhor como a pessoa pode se entregar a ações positivas. Pelo que deu para entender, é que o indivíduo faça um esforço se mover, e por conseqüência, motivar-se à ação.


Magno: - Quer ver um exemplo simples?  O sujeito foi despedido do emprego porque o patrão queria enxugar o quadro de pessoal. Em situações tais, invariavelmente, no ato da demissão a pessoa recebe lá um dinheiro resultante, ou do tempo de serviço, ou mesmo apenas das férias e décimo-terceiro proporcional, abonos do Pis/Pasep ou algo que o valha. Não é isso o que acontece?

Alfarrábios do Generoso: MAGNO ALVES 33-35 - BIOGRAFIA DIALOGADA

Alfarrábios do Generoso: MAGNO ALVES 33-35 - BIOGRAFIA DIALOGADA: Generoso : Um dos capítulos, talvez o mais  importante deste nosso livro será aquele onde se enfatiza  o assunto AÇÃO POSITIVA. Acho que es...

MAGNO ALVES 33-35 - BIOGRAFIA DIALOGADA

Generoso: Um dos capítulos, talvez o mais  importante deste nosso livro será aquele onde se enfatiza  o assunto AÇÃO POSITIVA. Acho que esse é o caminho e se trata de uma postura nova, mas eficaz, que qualquer um poderá constatar no próprio dia a dia com resultados quase que imediatos.

 
MAGNO ALVES - fazedor de cabelos e cabeças

RETROSPECTIVA DESTA SEÇÃO

1.     A palavra RESSENTIMENTO significa sentir (sofrer) duas vezes a mesma experiência. Evitar o ressentimento é reduzir à metade o sofrimento da vida.
2.     Analise o tremendo potencial de um hábito. Você precisa saber que há o hábito de se cultivar ressentimentos. Se você é uma dessas pessoas, mude o curso de sua vida, evitando ressentir-se, assim como um dependente precisa evitar o consumo de bebida alcoólica ou drogas.
3.     Cultive a indiferença para com as pequenas coisas. São as pequenas contrariedades que trazem os grandes sofrimentos. Evite as querelas e diz-que-disses.  Avalie como sua vida será diferente a partir do momento que você use de certa indiferença para com certas pessoas, das quais você conhece o quanto são complicadas por experiências anteriores.
4.     Sepulte o passado triste em cova profunda. Nunca permita que os ossos do passado se revolvam nas tumbas de seu coração. Nada faz ressuscitar o passado. Tudo o que passou em sua vida só vale por experiência. Nada mais que isso. O que passou de bom deve servir para você saber sobre o que dá certo em sua vida, e até conhecer suas habilidades bem sucedidas. Faça de cada dia que nasce o cenário no qual você vai viver um único dia.






O PODER DA AÇÃO POSITIVA


Generoso : Magno, muito se tem comentado sobre o valor do Pensamento Positivo. E podemos constatar que Pensamento Positivo realmente funciona. Mas por que você acha que,  às vezes, há pessoas que tentam aplicar positividade na vida e não conseguem resultados?

Magno: É verdade. Eu também já constatei, como outros colegas que proferem conferências sobre esse assunto, que muitas vezes as pessoas tentam organizar o pensamento e não logram sucesso. Frente a isso, procurei uma explicação, pesquisei e estudei a questão bem de perto. E acho que agora surgiu a oportunidade de oferecer um caminho para romper esse bloqueio.

Generoso: Então você acha que só manter o pensamento positivo não basta?

Magno: Em nenhum momento o pensamento positivo pode ser subestimado. É que a simples menção dessas duas palavras não faz milagres. A rigor, não é só pensar positivo, mas sentir positivamente. Se é verdade que os nossos pensamentos influem em nossas emoções e, por último, em nossos atos, o caminho inverso não deixa de ser menos aplicável, embora com critérios diferentes.



GERALDO GENEROSO - Biógrafo

Generoso: Você quer dizer que a pessoa precisa se mexer para mudar. Pelo que entendo, se a pessoa começar a agir (diferentemente) ela passará a pensar de um modo diferente para melhor. É isso?

Magno:  Sim, porque a inércia é a morte. Muitas vezes, a pessoa tentou tanto esse caminho de cultivar uma mentalidade mais otimista, e falhou porque achou que não precisava de fazer mais nada. Então, fico com aquela filosofia antiga, mas válida, dos escoteiros: a cada dia praticar, pelo menos, uma boa ação. Lembro-me que a mais elementar das ações recomendadas – e que era muito comum nas atividades do escotismo, era a  de ajudar uma pessoa idosa a atravessar a rua. Até há a piada que o escoteiro via uma velhinha numa avenida,  sem mais nem menos, tomava-a pelo braço e lá iam os dois. Quando chegava na calçada oposta havia o caso dessas beneficiárias do escoteiro meter a boca nele, pois não estava com intenção nenhuma de fazer a travessia da via pública. (Risos) .

Generoso: - Você acha, então, que o primeiro passo é sair do lugar, se mexer para a vida, soltar as amarras. Isto pode ser comprovado com as pessoas que se dedicam ao voluntariado, algo muito em voga no momento. Ficou comprovado pelos médicos que quando alguém se torna voluntário até sua saúde física melhora.Deve ser mais ou menos onde você quer chegar.

Magno: - Sim, mas eu faria uma comparação um pouco mais simples, mesmo sem deixar de considerar o voluntariado – que são essas pessoas que se dedicam a menores abandonados, idosos, portadores de deficiência, aidéticos etc. – e que acabam se beneficiando muito de corpo e alma.

Eu me lembro que em tempos de safra, que coincidentemente marcava a época das chuvas, vários carros e caminhões passavam pelo nosso sítio rumo às fazendas para serem carregados com café. Nas estradas, principalmente nos carreadores, sem os maquinários de hoje, e até pela constituição do terreno argiloso, os caminhões encalhavam. Alguns, mais potentes, saíam patinando e, uma vez embalados, subiam o tope e depois, no plano deslizavam com mais facilidade e dali pegavam a estrada asfaltada. Alguns outros veículos, porém,  talvez pela inabilidade de seus próprios motoristas, atolavam até ao chassis e aí não havia outra solução que não fosse empurra-los. Isto era feito com um grupo de trabalhadores, ou às vezes até com cavalos e muares.

Generoso: - De nada adiantaria forçar o motor, quando se sabia que as rodas iam girar em falso, sem aderência ao chão. Seria, mais ou menos, como você compara o fato de a pessoa – na condução da carga da própria vida – não possuir um foco. Não é isso?

Magno:- Isso mesmo. Gosto dessa palavra. FOCO. Este ato de rebocar ou empurrar é uma forma de destravar o mecanismo da ação. A vida tem que ter ação sem o quê nada se sucede. E sucesso o que é? Uma sucessão de atos inteligentes, de experiências aplicadas e de uma inspiração que se mantenha sempre acesa.

Quando o nosso velho automóvel pé de bode não pegava na manivela (a partida dele era ainda por esse meio), a gente fazia o mesmo. Dava um tranco, ele saía dando uns pulos e o motor funcionava. É o mesmo processo para alguém que está insistindo em pensar positivo mas precisa de um tranco para “pegar na partida”. Ou mesmo de um reboque provisório para sair do atoleiro.

Generoso: Isto quer dizer, conceituando essa questão, que as AÇÕES também alteram o curso dos pensamentos de uma pessoa. Até acrescentaria que, uma vez posta em prática, o certo é ir até o fim, sem ficar tão preocupado com os resultados. Pouco importa se não for a melhor, o importante é que na vida “não há mal que pra bem não venha”.

Magno: - Sim, o resultado que nunca chega é aquele que ficou adormecido ou morto em nosso desejo de realizá-lo e para o qual não fizemos nada de bom ou de ruim.



Se você vai entrar em algum negócio ou emprego, ou mesmo num casamento, você, necessariamente, não precisa nem deve entrar para esse território novo ignorando todas as alternativas. Obviamente, deverá pesar  os prós e os contras. Mas depois de tomada a decisão, estar disposto a arcar com todas as conseqüências desse novo passo.


Alfarrábios do Generoso: MAGNO ALVES (BIOGRAFIA DIALOGADA)

Alfarrábios do Generoso: MAGNO ALVES (BIOGRAFIA DIALOGADA): Magno Alves em Biografia Dialogada com Geraldo Generoso Falando nisso, eu me lembro de um poema que você escreveu há algum tempo, q...

MAGNO ALVES (BIOGRAFIA DIALOGADA)


Magno Alves em Biografia Dialogada com Geraldo Generoso

Falando nisso, eu me lembro de um poema que você escreveu há algum tempo, que falava sobre se dar essa chance a si mesmo para ver o mundo por inteiro antes de se ir embora da vida.

Generoso: Sim. É o poema ANTES DE PARTIR, que compus pensando exatamente nessa situação em que a pessoa se desgosta da vida e fica na expectativa do próprio fim.

Magno:  Acho que esse texto deve fazer parte deste livro. Pela forma com que conclama as pessoas a insistir no próprio sonho, expresso em forma de versos livres, mas com cadência, talvez possa mostrar, pela ótica poética, que a vida sempre tem algo novo a nos oferecer.

Geraldo Generoso -2017


Se não te encantas por mais nada nesta vida,
Saiba que ainda não morreu a última rosa,
Apenas ocultou-se nas dobras do inverno,
Para aos beijos do sol, numa explosão de luz,
Ressurgir perfumando a primavera em flor.

Se agora a solidão mortifica a tua alma,
Pense ao menos tanger a última canção
Que ainda não saiu do bojo de tua lira;
Adie o quanto possa a hora da partida.
O passaredo em bando ainda não ensaiou
O último gorjeio para o entardecer.

Se pesadelos sobre ti se desabaram,
Destroçando esperanças por acontecer,
Espera só um pouco mais, dê um tempo ao sol
Para trazer a aurora dos confins da noite
Sobre o colo azul do céu inteiramente novo.
Não penses hoje em ir embora deste mundo,
Antes que nos jardins todas as rosas floresçam;

Antes que a imensa orquestra  de que é feita a vida
Te enseje ouvir então seus últimos acordes!
Fique mais um pouco, não deixe este cenário,
Antes que o derradeiro pássaro da tarde
Venha pousar as suas asas em gorjeios
Sobre o último galho do último silêncio!

Não vá embora ! Não vá embora ! Não vá embora
Antes que todos  os teus sonhos aconteçam.





Generoso : Muitas pessoas gostaram desse poema. Ele foi composto exatamente com essa intenção de que as pessoas enxerguem o dia seguinte como um ponto de interrogação de ouro em sua vida. Magno, dizem que ressentimento faz a pessoa ser endividada. Você acha que isto tem alguma base lógica?

Magno : Olha, o que sei de verdadeiro é que o ressentimento é um verdadeiro saco de chumbo que a pessoa carrega às costas. Ressentimento é uma vingança reprimida. E você quer sentimento pior do que a vingança? Pior que a vingança, só o que vem depois dela: o remorso. Mas vamos por nós mesmos analisar o quanto sofre uma pessoa ressentida.

Generoso: É também, creio eu, uma forma de imaturidade, de não entender que a vida e as pessoas tem seus pontos positivos e seus pontos negativos.

Magno : Sim. Mas como eu disse, vamos analisar por nós mesmos, pois quando mais jovem não posso negar que também agasalhei certos ressentimentos e vi o quanto mal me fizeram. A partir do dia que apaguei certos ressentimentos que eu remoia gratuitamente, comecei a escalada para uma seqüência de vitórias. Principalmente no campo financeiro. Não sei, com certeza, se há alguma relação entre ressentir-se e endividar-se, mas o que fiquei sabendo foi que o ressentimento só  traz conseqüências infelizes.

Generoso : Quanto a isto não resta dúvida, mas também vamos parar naquilo que você disse mais ou menos no começo deste livro-entrevista: a pessoa habitua-se com isso. Pega o costume de cultivar magos e remoê-las, como alguém que vai arrancando sucessivamente as cascas das feridas, tão logo as mesmas comecem a cicatrizar-se.

Magno : Muito bem. É isso mesmo. Esse sentimento de ficar remoendo mágoas para com esta ou aquela pessoa é um hábito, sim, que vai-se enraizando na mente da pessoa sem que ela perceba. É preciso estar muito atento para esse detalhe.

GenerosoA palavra ressentimento quer dizer sentir (sofrer) duas vezes.  Mesmo as pessoas que acreditam que o sofrimento age como um purificador da vida atual,  para purgarmos eventuais erros de vidas passadas, são unânimes em afirmar que basta sofrer uma vez só para se aprender a lição que nos faltou em vidas anteriores.

Magno : Mas como ficou dito, há pessoas que cultivam esse hábito, mesmo tendo consciência, a cada passo, de quanto ele as prejudica. Por que isto acontece?  Por ter incorporado esse modo de ser à sua personalidade. E vira um vício cujo preço a pagar é elevado.  Não se requer que a pessoa se torne num autômato, sem sensibilidade, mas para o seu próprio bem deve aprender a sentir uma única vez as coisas desagradáveis que lhe acontecem. Que sirvam, quando muito, como lição e experiência mas para sua mente objetiva, sem sentimentalismos doentios.

Generoso : Então, até certo ponto, você acha que devemos ser indiferentes a muitos fatos de nossa vida?

Magno : Analise,  por você mesmo, como a sua vida teria sido diferente, para melhor, se você tivesse se mantido indiferente a muitos atos de outrem para com você. Sempre que vemos alguém que sabe se colocar acima desses sentimentos, estamos diante de um espírito superior. O cultivo de uma certa indiferença ( não descaso) dá nobreza à alma e engrandece o caráter.

Generoso:  Apesar que a vida, como um sistema de trocas as mais diversas, sempre acaba por deixar alguém contente e alguém insatisfeito. Porque somente Deus doa, entre os seres humanos há apenas trocas. Por conta disso, sempre sobra alguma vantagem para alguém, em desvantagem para outro.

Magno :  Mas cultivar o ressentimento é aumentar a própria desvantagem sofrida. Por essa razão é que concordo com o sábio sufi, indiano, HAZHAT YNAIAT KAN, quando ele pregava a indiferença como um meio de melhor convivência na sociedade. Isto também é válido para pessoas muito crédulas, ingênuas, simplórias. Acreditam em tudo o que ouvem e, pior ainda, sofrem muito com o que vêem e ouvem.

Generoso: Sim, é preciso filtrar não só o que ouvimos, como também calibar nossa sensibilidade a fim de não embarcar em toda onda que se nos apresente.

Magno: O mais importante é que para virar uma página de sua vida, o único meio é não querer insistir na leitura da página que você já virou. Você pode ter experimentado as suas mágoas e desapontamentos. Todos nós, sem exceção,  já passamos por isto. Mas como dizia o imortal poeta libanês, Gibran Khalil Gibran : “aquele que se deixa acorrentar pelo passado não pode disputar com o presente”.

Generoso: Magno, será que os leitores entenderão o que você quer exatamente significar pela prática da INDIFERENÇA?
Magno: Bem lembrado. Precisamos ser mais claros com esta recomendação. Quando eu digo que a pessoa deve ser um pouco indiferente, é exatamente pela falta de uma palavra mais simples que essa. O termo exato seria, talvez, seja equânime. Mas aí você me faz o favor, pega aquele dicionário ali e vamos registrar, textualmente para o leitor, o que isto significa.

Generoso: Sim. Equânime é aquele ou aquela que tem equanimidade. [Do lat. aequanimitate.]
S. f.
 1.     Igualdade de ânimo tanto na desgraça quanto na prosperidade.
 2.     Serenidade de espírito; moderação.
Eqüidade em julgar; imparcialidade, retidão, eqüidade. 

Magno: O perdão que devemos a nós mesmos, na questão da auto-estima, é aquele que devemos igualmente dar aos demais. Você nunca verá uma pessoa de sucesso de lamuriando, reclamando – nem sequer mentalmente – contra este ou aquele. Já constatei na prática, por mim mesmo e por pessoas  de meu convívio, como a sorte muda a partir do instante que se deixa de remoer sobre coisas e pessoas que nos infelicitaram.

Além disso, o ressentido traz estampado na face algo que espanta as pessoas de seu redor. E os negócios bons lá se vão escorrendo pelo ralo e o infeliz sente o quanto o repelem e assim, num círculo vicioso, passa a se ressentir ainda mais. Aí, sim, vem o desapontamento pela vida que até parece justificável aos seus próprios olhos.

Generoso :  É.. .isto gera um efeito desastroso para qualquer pessoa. Pois em sociedade, cada qual vende uma imagem de si próprio. Nem é preciso dizer que não há lugar para pessoas viciadas em ressentimento.

Magno :  O mais difícil, como sempre enfatizo, é a pessoa dar aquela brecada, entrar dentro de si mesma e se examinar com um critério objetivo. Em certo grau, ou em certos momentos, todos nós agimos sem usar cem por cento de nossa sanidade. 

Generoso: É até compreensível que isto aconteça, pois somos seres humanos limitados, com 5 bilhões de células pensantes, mas nem sempre fazemos uso sequer de uma mínima porção desse capital.

Magno:  Mas isto é outra história e todo mundo sabe. Para consolo dos que procuram a reinvenção da roda, tenho a dizer que ninguém deve se preocupar em não usar todos os recursos da mente. Ninguém até hoje foi capaz dessa proeza. Nem mesmo do uso pleno do cérebro. O mais importante de tudo é deixar fluir a existência da forma mais natural possível.



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Generoso: Um dos capítulos, talvez o mais  importante deste nosso livro será aquele onde se enfatiza  o assunto AÇÃO POSITIVA. Acho que esse é o caminho e se trata de uma postura nova, mas eficaz, que qualquer um poderá constatar no próprio dia a dia com resultados quase que imediatos.



Alfarrábios do Generoso: O PULO (Conversando com MAGNO ALVES)

Alfarrábios do Generoso: O PULO (Conversando com MAGNO ALVES): Magno: Perfeito. Mas depois me lembre de voltar sobre dois assuntos importantes: o dom e a sorte. Vamos lá ! Em meus tempos de roceiro,...

O PULO (Conversando com MAGNO ALVES)

Magno: Perfeito. Mas depois me lembre de voltar sobre dois assuntos importantes: o dom e a sorte.

Vamos lá ! Em meus tempos de roceiro, onde talvez obtive a base das lições mais importantes da minha vida, recordo-me que no nosso sítio havia um açude onde nadavam, freqüentemente, alguns patos. Em pequeno número . Lembro bem que  minha mãe, D.Raimunda, nem se ocupava em matar essas aves para a família comer.  E você sabe que extraí lições importantes para os meus negócios a partir daquele cenário saudoso do sítio de papai, o seu José, cujas lições me faz muito bem partilhar em forma de depoimento nas minhas conferências pelo Brasil afora.

 
MAGNO ALVES, FOTO RECENTE

Generoso: Foram lições sem palavras, eu creio.

Magno : Isso mesmo. Acho que foram lições sentidas ao vivo e a cores, de forma serena na paz do campo. Era fácil notar que o pato em tudo era desajeitado.
Ele nadava ao sabor das águas, solto e sem esforço. Superdotado com nadadeiras que até nós, homens, copiamos para facilitar a natação. Pois bem, você já viu um pato andando, que coisa mais feia?

É vagaroso, desajeitado e o que mais faz é defecar por toda parte.
Os danados dos patos não respeitavam nem as nossas visitas mais importantes. Podia ser  o fazendeiro vizinho que ia lá em casa com a família, ou então, cagava aos montes para o gerente do Banco do Brasil, e a gente até ficava com vergonha do descaramento deles com aquela sujeira toda esparramada pelo terreiro.

Pois bem! O pato não tem um foco. Dele não se requer nenhum esforço para nadar, já que é superdotado pela natureza. Não voa quase nada, porque não exercita esse dom, deixando as asas em desuso. Anda desajeitado, sem elegância e sem agilidade.

Generoso : Infelizmente, há pessoas que são assim também, como os patos. Medíocres por levar uma vida sem diferencial.

Magno : Sim. Falta-lhes o “foco”. Quanto mais se exercita num foco, mais ele se aprimora. Se o sujeito quer ser cientista, ele precisa aprender e continuar aprendendo e aprendendo. Isto vale para qualquer outra profissão ou atividade.

Nos negócios é a mesma coisa. E não é só questão de administrar bem um comércio ou indústria qualquer. É preciso arrojo, tesão no que faz. Esse gosto pelo que se faz vem com o fazer bem e cada vez melhor.

Há  no mundo pessoas tão ignorantes que relacionam negócio como sinônimo de se tapear alguém.
 Isso não existe em nenhum negócio ou profissão. Os grandes magnatas, você pode observar, descobriram há muito tempo que a idoneidade é tudo.

O nome de uma empresa, seja  grande, média ou pequena é o maior capital com que se pode contar, o melhor seguro contra possíveis contratempos no curso de suas atividades. A boa fama, o conceito de que se goza, ninguém pode roubar.

Generoso : Magno, o que você diria às pessoas acostumados à leitura de obras de auto-ajuda?

Magno: Este livro que vai resultar desta nossa conversa, extensiva ao leitor,  se constitui, assumidamente, numa obra de auto-ajuda.. Sem qualquer constrangimento da parte do autor.

Generoso: Há certos literatos que vêem a obra de auto-ajuda como subliteratura.

 Magno :    Não dou a mínima atenção a tais  críticos gratuitos. Eles  querem ser  osdonos da literatura e patrulheiros dos que ousam escrever sem amarras e sem filiações doutrinárias limitantes. Daqui de nossas entrevistas vai sair um livro prático, de textos às vezes até agressivos, mas de resultados seguros, porque testados na prática.

Além disso,  se repete que “os livros constróem”, que “uma casa sem livros é como um corpo sem alma”, que “uma Nação se constrói com homens e livros” etc. Mas há uma corrente ruidosa de “intelectualizados”, a gritar aqui e ali contra este gênero de literatura. Na verdade, são esses tais os que mais carecem de orientações seguras que os façam capazes de remover suas amarras íntimas.

Generoso :  Literatura não precisa ser apenas arte e passatempo. Concorda?

Magno:  Concordo plenamente. A pessoa pode usar como passatempo as suas novelas ou programas de humor da televisão, livre ou de canais pagos. Acho que leitura de auto-ajuda é coisa mais séria a ser escolhida.
 Há também, por outro lado, pessoas que viciam em ler sobre esses temas e acabam sem sair do lugar. Não é culpa dos autores de tais livros.
Até porque já se disse mais de uma vez que não existe nenhum livro que se possa tachar de completamente inútil.


Generoso : Mas é prejudicial a si mesma a pessoa que fica procurando novidades, como aquelas hipocondríacas em farmácia à procura das últimas vitaminas do mercado.  Ou como aquela que experimenta um remédio, antes mesmo do tempo  para fazer efeito,  passa para outro e mais outro. É nesse sentido que eu acho necessário dizer que mais vale o pouco (lido ou ouvido) bem aplicado do que o muito sem aplicação, só servindo para ocupar neurônios sem ser colocado em ação.

Magno: Sim. Porque  a vida só acontece na ação e se vinga dos ociosos e sonhadores inconseqüentes. É o que sempre faço questão de repetir : Mantenha o foco de seu sonho alimentado pela sua ilusão sempre bem acesa.

Generoso: Magno, por falar em auto ajuda, como você encara essa afirmação de que para todo problema existe uma solução?

Magno:  Essa questão, eu gostaria de responder à queima-bucha, de que não há problema sem solução. Mas a questão exige um pouco mais análise.
 Custei a entender uma afirmação da Psicologia que diz mais ou menos o seguinte: “ tudo o que acontece com uma pessoa, de bom ou de ruim, é porque, consciente ou inconscientemente, ela própria o desejou”.

É difícil entender isto num primeiro momento. Mas há um fato fácil de ser observado na vida de todos os indivíduos. Todos nós temos tendências, boas e más, virtuosas ou infelizes. A partir do momento que fomos dotados de razão, era para que a usássemos em toda sua plenitude.

Generoso: Não são todas as pessoas que usam a razão na maior parte do tempo. Não é isso?

Magno:Exatamente.  Há graduações entre as pessoas no uso racional da inteligência. O impacto de certas tendências determinam comportamentos direcionados, feliz ou infelizmente, para o fracasso ou para o sucesso. Sem contar os milhões que vivem na média, na mornidade da vida: comendo, bebendo e se reproduzindo de forma inconseqUente, ao sabor da sorte ou do azar. 

Mas, respondendo a essa indagação sobre se todo problema tem solução, estou mais do que ciente que isto ocorre, sem exceção, na vida de qualquer pessoa. E a solução está no interior de cada um, não no exterior.

Não precisa ser superdotado para encontrar saídas nos labirintos da jornada terrena. É que para obtenção de resultados é preciso ação. Às vezes para a consecução de algo bom em nossa vida, temos que pagar o preço de renúncias a que não estamos acostumados.

Mas hoje, e a cada dia mais, as soluções vão ocupando o lugar dos velhos desafios, enquanto novos desafios vão surgindo. Acho que este é o ritmo da vida e se não fosse assim não haveria a menor graça em viver.

Generoso: Você receitaria a fé como solução?


Magno : A fé é a base de tudo. Principalmente a fé em si mesmo. Aliás, tem gente que não sabe, mas isto é bíblico. Segundo fui informado, nas escritura cristã existe uma passagem que diz textualmente o seguinte: “Tens, tu, fé? Pois então tenha fé em ti mesmo diante de Deus.”

Ter fé não significa acreditar em milagres da noite para o dia. Aliás, você já observou, numa noite de insônia, como as trevas demoram para dar lugar à luz do amanhecer?
Mas pode a noite tentar nos assustar com seus fantasmas, mas nada poderá deter a luz solar que brilhará na madrugada. 

Acho que a primeira coisa que se tem de fazer diante de um problema, que requer seja solucionado por alguém, é essa pessoa – a exemplo dos antigos filósofos – fazer a seguinte leitura: “em algum lugar do universo, no tempo e no espaço, esse problema já está solucionado”.
Porque imaginar que algo é insolúvel é o caminho mais curto para se render à falsa evidência de que é um caso perdido.


Generoso: Abrindo o jogo ao extremo, o que você diria a alguém que se decide pelo suicídio?

Magno : Essa forma extrema de sair pela porta falsa da vida nada mais é do que o cúmulo da birra.

Todo suicida, ou quem tenha intenção de matar-se, no fundo, o que ele queria era matar a todas as demais pessoas. Isto é duro de se dizer, mas está comprovado.

Há casos patológicos, e hoje a ciência tem capacidade de sobra para lidar com essas mazelas. Mas, muitas vezes, o sujeito fica nessa de vai, não vai, dando trabalho para os mais próximos, para os amigos e a família e, nessa lenga lenga vai se tornando uma pessoa indesejável, porque o mundo despreza pessoas que assim pensam e sentem.

Mas eu diria a uma pessoa que nada mais quer da vida, que ela não pode partir sem antes verificar tudo o que deveria ter verificado enquanto estava na sua normalidade existencial.

O fato de alguém nascer significa que um, um só, entre  milhões e milhões de espermatozoides, certo dia alcançou – depois de uma luta que não há paralelo na história – a área de um óvulo e o fecundou e uma vida humana nasceu.

Oras, isto não foi por acaso. Quaisquer dos outros milhões de espermatozoides  poderiam se perguntar – “Por que não eu?”. Mas eis que esse indivíduo veio para a vida e aqui tem um lugar. Se não está ocupando ainda é outra história, é uma questão de tempo.

Esse é o grande desafio: o tempo precisa trabalhar a nosso favor, e nem sempre temos a paciência suficiente para que ele  nos erga do túmulo para a ressurreição.


Falando nisso, Generoso,  eu me lembro de um poema que você escreveu há algum tempo, que falava sobre se dar essa chance a si mesmo para ver o mundo por inteiro antes de se ir embora da vida. 

Geraldo Generoso - biógrafo de Magno Alves

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