Generoso: - Sem dúvida. E ainda há o salário-desemprego, que esse
trabalhador(a) vai continuar
percebendo por alguns meses.
Magno: Certo. Só que é aí que
começa o problema, e a pessoa só vai dar por isso em hora imprópria e
retardada.
Por conta desse expediente de dispor de uma certa quantia em dinheiro,
e, como você bem lembrou, do salário-desemprego, a maioria entre os demitidos
só dá realmente conta de que sua
situação está crítica quando esses pequenos recursos se acabarem por completo.
Aí já é tarde, ou, quando não, a
solução é menos motivadora e mais difícil de se pôr em prática.
Porque agindo assim, adiando o enfrentamento da situação, essa
pessoa perdeu mais que o emprego, pois perdeu
o foco essencial da própria vida.
Qual é o foco essencial da existência normal de cada um de nós ? - é fazer por merecê-la pelo exercício de
alguma ocupação.
Generoso: - Pelo que entendo, você quer dizer que esses expedientes
de seguridade muitas vezes deixa a pessoa acomodada. Se ela espera um emprego,
não deixa de estar contando com a sorte, e sorte, pelo que você bem disse, não
gosta de ninguém que dependa dela.
Magno: Isso mesmo. Vamos imaginar que você perca o emprego e por essa causa, que na verdade é hoje muito
comum, resolva sentar na área de sua casa com sua mulher e filhos.
Ali você se senta numa cadeira e fica falando
só sobre isso. Ali você persiste retratando as conseqüências que irão enfrentar dali pra frente.
E o que é pior: devido ao seu
estado emocional, de baixa estima (pois perder o emprego não deixa de ser um pe
no saco), você ainda espelha a situação com lentes de aumento, dramatizando
ainda mais o que já é um drama na sua vida e na vida de seus familiares.
Avalie se há clima pior do que esse?
Alguns estudiosos de psicologia do trabalho chegam a comparar, de fato,
a perda do emprego como um sentimento próximo ao luto.
Mas tanto o luto quanto o perder
o emprego são coisas que ocorrem. Não há como abolir isto por decreto. Nem
mesmo por decreto divino, porque se esse fosse o caminho Deus já teria dito:
faça-se emprego para todos. No entanto, ocupação e trabalho não faltam. Nem
mesmo em épocas de guerras o trabalho deixa de existir.
E há o mandamento de Cristo bem explícito para quem quiser ler: “Trabalhai,
porque Eu e o Pai continuamos trabalhando”.
Uma condição nova sempre tem duas alternativas :- ou melhora ou piora.
Isto, em grande parte, ou senão mesmo na
totalidade – depende do que cada um fizer diante dessa nova situação.
Generoso: - No correr de nossa entrevista você falou sobre o veneno
do RESSENTIMENTO. Isto acontece com quem perde o emprego, quase que de forma
inevitável. Ele vai pensar que pode ter sido má vontade do chefe, ou mesmo
perseguição, escolhendo-o entre os demitidos etc. Com esse estado ressentido
essa pessoa já estará de mal com a vida e consigo mesma para ir avante em
ocupar-se. Ressentindo-se, vivendo o que passou de desagradável e, pior ainda,
com sombrias expectativas para um futuro ignorado. Acredito também, Magno – e
caros leitores -, que poderíamos enfocar num mesmo aspecto, o desempregado e
aquele comerciante ou industrial que se quebrou, faliu e se lança ao desespero
de reconstruir a própria vida.
Magno:- Sim, são equivalentes, porque tanto o profissional desempregado
quanto o comerciante falido sentem a sensação de não ter mais o seu lugar no
mundo.
Mas a avaliação que deve contar realmente,é aquela que a própria pessoa
faz de si mesma. Claro que a primeira providência de nosso ego é transferir
para outros a culpa de nossos insucessos.
Em parte, pode ser que este ou
aquele chefe, ou este ou aquele cliente nos tenha acarretado prejuízos
consideráveis.
Mas de que adiantará remoer
esses sentimentos negativos, quando todos sabemos que o câmbio da vida não tem marcha à ré?
Ocupação sempre existe, o mundo está ansioso por novos negócios, tanto
que isto move a mídia e movimenta a alma da nossa civilização. Daí que
preconizo, com todas as letras, para a pessoa agir.
Claro que é muito bom pensar em cada passo, mas sempre manter a mente
ocupada com o melhor, aventando possibilidades a fim de tirar o melhor
proveito, mesmo das situações mais complicadas.
Para cada problema, a solução está dentro de nós mesmos, porque nós,
unicamente nós, somos os artífices de nosso destino.
Um dos grandes problemas de quem sofre um insucesso – seja ele
profissional ou financeiro – é confinar-se em sua própria casa.
Generoso: A tendência natural, e menos recomendável, é a pessoa
procurar eco para as próprias lamentações. Quando as lamentações se
multiplicam são (não tenho dúvida) como orações às avessas.
A ser verdade que a
oração tem poder, não há menos poder (para o infortúnio) nas murmurações e
reclamações, ainda que aparentemente sejam verdadeiras. Ainda que verdadeiras,
são nocivas, e são as únicas verdades que não interessam a ninguém dar guarida
no coração.
Acho que a união com outras mentes é muito importante, pois é
curioso observar no evangelho de Cristo, de forma categórica, a promessa de que
certos efeitos benéficos e até maravilhosos, se fazem notar sempre que duas ou
mais pessoas estiverem reunidas em seu nome.
Pode-se notar que Ele nunca
prometeu que os mesmos ansiados resultados ocorrerão quando alguém atua
sozinho. Então, cumpre observar que a família de alguém que passa pela provação
da inadimplência (termo moderno e mais suave) ou desemprego, tem um papel
importantíssimo em entender essa condição e, com muito tato, apoiar esse chefe
de família, sem, no entanto, transformar-se em câmara de eco para suas
explanações sobre o próprio infortúnio.
Magno :- Quando falarmos sobre os 4 pilares da vida, nele destacamos a
Família como um dos suportes mais eficientes para a estabilidade e felicidade
de um ser humano.
Como nós estamos num bate papo, os assuntos estão pipocando, e isto
cria uma conotação de espontaneidade com mais autenticidade para o leitor. Não
podemos, contudo, fugir da proposta em que distinguimos, com todas as letras, a
pessoa conformada com o desemprego, com aquela disposta a ocupar-se.
Assim, quando abordei o assunto AÇÃO POSITIVA, foi exatamente com o
propósito de sugerir que a pessoa dê uma sacudida na poeira e dê a volta por
cima.
A ação positiva é você levantar cedo e fazer qualquer coisa que
apareça. O espírito da manhã, no seu ato
cósmico tocante para o espírito, que é o renascer do sol, traz uma vibração
propícia à análise da vida. O momento também é favorecido porque, pelo sono da
noite, o cérebro está mais descansado e a mente encontra-se mais arejada.
A pessoa toma de uma caneta, ou se preferir senta-se ao computador ou
diante de uma máquina de escrever, e registra sua situação, sem tirar nem pôr,
de como ele a está sentindo.
Mas procura fazer isto de forma objetiva, sem sentimentalismos. Se
houver emoção nessa tarefa, que seja emoção positiva pela sensação de se estar
traçando um novo caminho.
Generoso: Esta sugestão seria para quem se encontra desempregado.
Desculpe: desocupado profissionalmente.
Magno: - Vale para todas as pessoas, mas especialmente para aquelas
nessa condição que você mencionou.
Nesse exame, ela deve tentar
ocupar a mente ocupando-se de números, com eles efetuando alguns cálculos
relativos à sua condição. Por exemplo: “se eu dispuser de 20 mil reais, posso
investir numa fábrica de blocos de cimento”. Analiso em seguida: “quantos
blocos posso fabricar por dia? “ e assim por diante.
A fábrica de blocos é um
mero exemplo, cada qual sabe onde o sapato aperta e como desenlaçar o cadarço
para aliviar-se. O bom de tudo isto é
que esta atitude e atividade força essa área do cérebro, que é a área da
lógica, da matemática, onde tudo é mais objetivo. Ao mesmo tempo, a mente se
organiza e desencadeia sensações de expectativas, como sempre ocorre com
qualquer um de nós.
Generoso:
- Isto seria um procedimento que precederia a Meditação propriamente dita?
Magno:
- Sim, seria como dar partida num carro a fim de esquentar o motor. A lógica, a
realidade, a objetividade não pode estar ausente desse processo. Esta
preparação é necessária e este passo
precisa ser observado.
Generoso:
- Aqui você procura situar o ego de quem vai meditar num tablado real. Ao
mesmo tempo, com este modo de se preparar para uma imersão nas profundezas do
espírito, tal postura será diferente de uma alienação indesejada. De nada adianta
alhear-se do mundo por alguns momento, imaginar tudo cor de rosa, ignorando a
realidade circundante. Nenhum ser humano poderá lograr qualquer resultado,
simplesmente usando a postura do avestruz em face de uma tempestade. Isto é,
não vai mudar em nada o panorama da vida de ninguém fazer como essa grande ave
que enterra a cabeça na areia e faz de conta que tudo está em santa paz. Sempre
que alguém for subir uma escada, é inevitável que ela parta do chão. Até com a
Torre de Babel podemos ter certeza que isto foi inevitável.
Magno: Por outras palavras, grande é o número de pessoas que não
alcançam resultados satisfatórios numa meditação por que falta-lhes a base de
apoio real. Falta-lhes o estofo prático. Falta-lhes o chão para que possam
lançar-se ao vôo das próprias aspirações.
Generoso: - Seria como pôr as cartas na mesa e depois deixar a mente
jogar pela intuição?
Magno: - É botar as cartas na mesa da mente mas de forma ordenada. O
subsconsciente não responde a perguntas mal formuladas. Não atende a questões
vagas, sem uma configuração de propostas. Quem pode diagnosticar a vida
pessoal, financeira, comercial, profissional, social, conjugal etc., de uma
pessoa, em primeiro lugar está ela mesma como mais apta a essa tarefa.
Nenhum
conselheiro dispõe de receita pronta para um determinado indivíduo, porque quem
sabe dos problemas desse indivíduo, na superfície e na profundidade, melhor do
que ninguém, é ele próprio. Concorda?
Generoso: - Seria, então nesse primeiro passo, uma semeadura de
algum desejo específico. A Meditação seria a maturação e colheita desses
resultados. Pelo que você afirma, este passo se faz necessário para anteceder a
VISUALIZAÇÃO do que a pessoa deseja obter.
Magno: - Visualização, essa é a definição mais correta desta proposta,
do que o termo meditação propriamente dita. A palavra meditação lembra monge,
claustro, mosteiro, cela etc. Embora a visualização não deixe de ser uma forma
de meditar. Mas o que se propõe é encurtar o caminho na busca de um resultado
predeterminado. Em síntese, na visualização, a pessoa vai esculpir o desejo.
Mas nessa prévia de arrolar cálculos e análises, ela está tirando as medidas do
próprio sonho. Correto?
Generoso: - Em tudo, percebo que você, Magno, procura arrumar um
meio facilitador, ou por outras palavras, expõe dificuldades com que você se
deparou em sua própria trajetória pessoal e profissional.
Magno: - Pela experiência que
vivi, e principalmente pelas formas de pensar e agir que não deram certo, que
descobri certos atalhos capazes de chegar a resultados mais eficazes.
Ou, quando não, foi
possível obter efeitos desejados mais
depressa, ainda que o primeiro mandamento de qualquer autor de auto-ajuda, a
quem quer que o leia ou ouça, deve ser o de manter o quanto possível uma
atitude de paciência e de persistência em esperar. Toda espera é demorada. Toda
expectativa viola nossa integridade. Mas é preciso administrá-la.
Generoso: - Não podemos perder de vista que nosso tema é cultivar a
AÇÃO POSITIVA.
Magno: - Acho que a esta altura o leitor ou leitora já entendeu grande
parte desse conteúdo. A ação positiva chacoalha o corpo e a mente.
Mas é isto mesmo: só que estamos partindo do nascedouro da ação – que é
o preparo necessário para agir com inteligência e objetividade, ao mesmo
tempo em que acende a motivação.
Depois disso, e somente depois,
vem a visualização do projeto.
Ato contínuo, o cultivo da ação positiva diária vai selar a validade do
pensamento empreendedor.
Não é recomendável, em hipótese alguma, dar um salto nesse processo.
Posso falar de cadeira sobre esses detalhes, porque muitas vezes quase
desanimei de certas tentativas nesse sentido.
E esta é, sem dúvida, uma das
razões que leva algumas pessoas a
duvidar da eficácia de um mergulho interior bem feito.
Se aquele ou aquela que nos lê, seguir estes procedimentos,vai
descobrir em seu interior um caudal enorme de energias adormecidas.
É a velha história, uma coisa
puxa outra.
Nisto se resume a proposta deste
trabalho : ver onde e por quê certas práticas tão propaladas não deram
certo com grande número de praticantes.
Oras, para tudo existe um caminho certo, e os detalhes é que fazem a
diferença. Na verdade esta é uma proposta de administrar melhor a relação que
cada um tem que manter consigo mesmo.
Está mais do que provado que o universo individual de cada um é na
verdade uma hospedaria de muitas pessoas e, ainda por cima, pessoas que
se diferem umas das outras.
E o que é pior, não raro, essas pessoas lutam entre si, não combinam,
não se afinizam. Oras, toda casa dividida cedo ou tarde acaba ruindo.
Generoso: A propósito, o
psiquiatra espanhol, da Universidade de Barcelona, Myra e Lopez, bem classificou a psique humana
como sendo formada de um misto de anjo e
demônio. E concluiu que não somos nem uma coisa nem outra, mas um pouco de cada
um.
Assim, espero que as pessoas entendam que é muito fácil lidar com o
anjo bom de sua personalidade, mas é também preciso confrontar-se com os
próprios fantasmas que não se fazem de rogado para tentar ocupar um espaço nas
suas mentes.
Magno: - Essa é uma dualidade necessária para a própria evolução do
mundo e do universo. Tudo se resume numa questão de equilíbrio. Ainda que em
forma de um breve parênteses, poderíamos aqui explicar aquela questão do
direcionamento da fúria, ou raiva – já que falamos em fantasmas ou mesmo os
demônios interiores que tanto atormentam as pessoas.
Generoso: - Há um direcionamento válido até para as inevitáveis
emoções negativas. E aqui, Magno, poderíamos considerar, numa palavra que você
gosta muito, o foco de ação vital de uma pessoa, como fundamental.
Magno: - Sim, direcionamento é um foco. Mas vamos esmiuçar melhor essa
questão, porque é muito importante .Faz uma diferença da água para o vinho. Nós
temos batido, igualmente, na tese de que
a AUTO ESTIMA é fundamental. Isto você tem presenciado em minhas palestras e
conferências pelo Brasil afora.
Generoso: - Tanto assim que até transcrevemos muitos dos
questionamentos que alguns ouvintes de suas palestras lhe apresentaram.
Felizmente, você foi incisivo e fez prevalecer o seu ponto de vista em
benefício de tais pessoas e agora, por extensão, aos nossos leitores.
Mas vamos
supor que alguém está desafortunado, temporariamente insatisfeito – já que
felizmente nenhuma insatisfação é eterna - , creio eu que é mais do que normal
que ela fique insatisfeita...
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