HISTÓRIAS CRUZADAS


Sempre que dois olhares se cruzam
Numa sensação de empatia,
Há que se pensar que se entrecruzam
Histórias desiguais
De dor e de alegria.

E que, além de   duas  existem mais
Letras de histórias,
De tantas pessoas,
Ruins e boas
De quem restarão 
Memórias
Dolorosas  ou não.

Sem nunca se poder dizer
Que um é pouco, dois é bom, três é demais.
Será uma galáxia de famílias
Que se agrega num breve depois
Deixando atrás a ansiada ilha
Imaginada  para apenas  dois.


01 de março de 2015 - * Geraldo Generoso



A SERVENTIA DA BELEZA

ELA...QUE SEMPRE FOI  LINDA !

Geraldo Generoso* p. Folha de Ourinhos

Ela já nasceu bela. Cercada de todos os mimos que a fortuna permite acrescentar mais qualidades aparentes do que a comum das mortais.  Não se sabe se pelo compromisso de manter as formas e linhas de sua bem dotada natureza, ou pela compreensível ambição de aumentar as luzes de seu carisma impactante, ela sempre se cuidou muito bem. 

Além do esperado e necessário. As pessoas a quem cumprimentava - pois mesmo discreta mantinha a fina educação de berço, havia aqueles e aquelas que diziam de si: Você está linda. Outros a chamavam: Poderosa e de adjetivos afins. Dos mais tácitos e de pouca familiaridade, embora não ouvisse, mentalmente exclamavam qualificativos parecidos: mulher maravilhosa, que coisa mais bela, parece feita a mão.

Na proporção que os anos se distanciavam de sua data de nascimento, mais se dava aos cuidados estéticos. Não se fazia tão premente aquela sua luta contra o tempo. Ela era bela e ponto. Habituara a se tratar bem, a emitir tão espontâneo quanto possível (o que nem sempre acontecia) aquele sorriso angelical que irradiava de seus lábios e de seus lindos olhos.

Apesar de seu ar pacífico e acolhedor, nenhum homem se atrevia a gentilezas que pudessem sugerir qualquer insinuação de algo mais do que  amizade e admiração. Mas parava por aí. Temiam o embaraço de uma recusa, ainda que esperadamente educada. 

E assim passou o tempo que, em dado momento, levou-a a perguntar-se: 
Até hoje, desde que nasci, tomei por obrigação ser sempre a mais linda. E, afinal de contas, para quê?
Ou mais precisamente: Para quem?

E a solidão, em seu feitio inapelavelmente mudo, nada lhe respondeu e ela continuou a não entender o porquê de seus zelos e o próprio porquê de ter nascido e vivido tão bonita.


             
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