ETERNO MOVIMENTO

No Universo tudo é dinâmico. Pode nos parecer que uma árvore seja imóvel. Todavia, sua alma viaja nos grãos de pólen, por distâncias consideráveis.

POR UM MINUTO SÓ...



 

 

O sentimento que me anima o peito

Tão especial se faz e enorme é

Que transfaz a paixão e o preconceito

Na sensação de inabalada fé.



Esperança de amá-la sem ter freios,

Fé no seu amor um dia conquistar,

Transformar em verdade os devaneios,

E, enfim, contigo, teu calor privar.



Faz-me sempre suave este sentir,

Pois nela tudo é belo e tão sublime

Que até a saudade que dela advir,

Do coração as frustrações redime.

 
Persisto pois numa quase irracional

Certeza em alcançar pelo que luto,

A crer que um dia se fará real

                            A ventura de a ter por um minuto.

BEM VINDO, AMIGOS DE MOÇAMBIQUE

        O registro deste blog acusou a presença, num só dia, de 10 (dez) acessos da parte de Moçambique. Assim como já conto com leitores da Rússia, EEUU, e outros países, agora foi grata surpresa incluir moçambicanos em meu sítio e assim estabelecer uma ligação intercontinental, com um povo que muito admiro.

      O povo brasileiro, na verdade, é uma soma de raças que deu um caldo cultural dos mais ricos do mundo. A presença africana neste País é das melhores, revelando aspectos muito felizes de nossa genética.

     Muitos, entre meus amigos, desejam conhecer Nova York, Paris, Londres, Berlim e outras grandes metrópoles do mundo. Particularmente, meu maior desejo é visitar a África, passando por Moçambique, Angola e outros países de língua portuguesa.

     Tenho, com certeza, na minha ancestralidade, a semente boa da´África, onde, tudo indica, a humanidade teve início. Tenho certeza que após séculos de exploração e domínio desses povos, hoje nos alegra saber que estão ensaiando seguros passos para uma melhor qualidade de vida, que sempre mereceram.

      MOÇAMBIQUE, BEM VINDA AOS ALFARRÁBIOS DO GENEROSO.  Entre, sente e comente, caro moçambicano ou moçambicana.

 Vamos fazer uma ponte, e quando com vocês eu estiver, em corpo e alma nesse chão sagrado, darei o abraço real e efetivo a cada um dos amigos aqui comparecem, com seu gesto de amizade.

Homenagem Póstuma ao Tinoco


TINOCO E SUA CHEGADA NO CÉU

Geraldo Generoso (Ipaussu-SP)

No dia 4 de maio,

Caído numa sexta-feira,

O Brasil teve um desmaio,

Tremeu a Nação inteira.

Chorou o mundo caboclo

Pela morte do Tinoco,

Do País a voz primeira.


Por 75 anos

Cantando sem ficar rouco,

Sessenta com o Tonico;

15, “Tinoco e Tinoco”:

150 milhões

De discos, esses campeões

Já venderam e mais um pouco.


Em respeito ao leitor,

A quem tiro o meu chapéu

De poeta e trovador,

Vou colocar no papel,

Sem aqui aumentar nada

Como se deu a chegada

Do Tinoco lá no céu.


Diante do portal celeste

Fez logo o “Pelo Sinal”.

São Pedro disse “vieste

Para o mundo angelical,

Aqui está o Tonico

E aqui neste mundo rico

O show nunca tem final.


Ao Tonico ele abraçou

E, este, ao abraçá-lo,

Na hora lhe entregou

A viola de São Gonçalo,

E disse aqui tem serviço,

Meu violão é de São Francisco,

Vamos então afiná-lo.


São Pedro, o grande Porteiro,

Secretário do Senhor,

Pediu a moda “Canoeiro”:

- Saibam que fui pescador

E o abençoado Carreirinho

Que aqui tem seu lugarzinho

É dessa canção o autor.



Tinoco os causos contava:

- Foi bem boa a vida nossa.

O Tonico confirmava:

- Muito bela era a palhoça,

Fincada lá no sertão,

Pendurada no espigão

Perto da mina e da roça.


No auditório perfumado

Com aroma de mirra e incenso,

Ambos foram abraçados

Pelo Torres e Florêncio.

Chegaram bem de mansinho

Tião Carreiro e Pardinho

E enfim quebrou-se o silêncio.


Cornélio Pires chegou,

Feliz, de  alegria pleno,

E ao Tinoco perguntou:

- Vocês cantaram sem treino,

Sem nada desafinar,

Distante, você em seu lar

E o Tonico aqui no Reino?


Tinoco deu-se a explicar:

- Cornélio, ultimamente,

Pouco antes de vir pra cá,

Se dava um fato frequente:

A cada noite eu sonhava

Que com o Tonico eu cantava

Em um  lugar diferente.


- Em sonho eu me transportava

Com a viola na mão.

O cenário variava

Sempre uma nova emoção,

Grande auditório aplaudia

Quando a viola eu tinia,

E o Tonico, o violão.


 - Me lembro de um auditório

Com bandeiras de São João,

Havia muito foguetório,

Bem próprio para a ocasião.

Tudo achei muito bonito,

Por isso eu até supus

Que lugar com tanta luz

Devia ser o infinito.



Tinoco assim concluiu

Aquela explicação;

O Tonico retiniu

As cordas do violão.

Em meio a  vivas e palmas,

Podia ver que as duas almas

Era uma só em cada irmão.



Por no céu não haver canseira

Na voz e na inspiração,

Modas saíram em fileira

E a alma do sertão

Num enlevo terno e doce

Ali ao céu elevou-se

Na mais perfeita união.


No show ali realizado

Nenhum artista faltou,

Mas não só os consagrados,

Muitos dos quais ajudou,

Tinoco estendeu a mão

E com muita emoção

Com o Tonico assim falou:


Agora ficou perfeito

Sem ter que fazer as duas

Vozes, só com o meu peito,

A “segunda” agora é sua

“Primeira” volta a ser minha;

E agora a gente caminha

A cantar no antigo dueto.


Não se pode avaliar

Se o Céu mais contente ainda

Mais do que é pode ficar,

Mas Tinoco com sua vinda

Com o Tonico a cantar

Fez o ambiente balançar

Com a “Moreninha Linda”.


         Hoje na eternidade

Junto ao coro de anjos mil,

Resta à posteridade,

Ao olhar pro céu de anil,

Sentir o canto caboclo

Do Tonico e Tinoco

Coração deste Brasil.


PROTESTO PELAS MORTES NA SP 270 -

- A situação reinante na SP.270, mormente no trecho Ourinhos Piraju, tem-se revelado insustentável. Nos anos 70, mormente pela Folha de Ourinhos que me deu vez e voz, muito lutei, ao lado do companheiro Hélio Brizola, do meu professor Maurício Farah e com o apoio também do então prefeito Felipe Macários, para que se construísse o trevo subterrâneo na entrada Ourinhos Piraju à altura de Ipaussu.  À custa de muito empenho tal urgência foi atendida. Depois veio a Rodovia Castelo Branco, até Santa Cruz do Rio Pardo, consequentemente diminuindo o fluxo de veículos a trafegar pela  Raposo Tavares, SP 270,

Nem se compara o volume de trânsito da década de 70/80 com o fluxo de caminhões e veículos leves que hoje ocupam o trânsito, assim aqui como em quase toda parte. Ocorre que, a pretexto de se desviar do pedágio, mormente os caminhões - sem faltar também carros e caminhonetes optaram por nos impingir uma insegurança que causa espécie e pânico em todo o entorno, de Avaré para cá.

Em questão de 1 mês, quase 10 mortes por acidente, algumas de imediato e outras após penoso calvário, enlutaram suas famílias e círculo de amigos, de uma forma trágica e, ao que tudo indica, por conta desses abusos que se verificam. Até porque, em pistas da Rodovia Raposo Tavares, por ser pista de mão simples, salvo algumas terceiras faixas, não se pode desenvolver com segurança, a mesma velocidade da SP 280, Rodovia Castelo Branco.

Mas não é o que acontece. Abusos e mais abusos, obrigam motoristas mais prudentes e cuidadosos, que moram neste entorno do interior paulista, a sair pelo acostamento, quando há tempo, com uma constância preocupante, porque já se fez rotina. Rotina de sofrer acidentes evitáveis se melhor fosse disposta a malha rodoviária, com vistas a oferecer condições melhores e mais seguras para os que transitam pelo trecho citado.

Não se pode impor, impunemente, o preço inestimável de vidas humanas por qualquer pretexto que seja, e a nós, que juntamente com nossas famílias e amigos, temos consciência da gravidade dessa situação, cujo custo lutuoso farto está da lágrima de tantas vidas que se perderam, temos o dever, e mais que isso, de fazermos com que chegue ao governo do Estado, ao Secretário dos Transportes e a todos quantos possam fazer algo com relação a essa grave questão, que não pensem duas vezes e abram em alto e bom tom suas vozes pela justiça básica do supremo direito de viver.

De minha parte, não me contive em recolher-me passivamente á minha insignificância e já manifestei, como se pode conferir abaixo, toda a minha inquietação, em solidariedade aos entes queridos, vitimados neste trecho, não só de Ipaussu, mas igualmente das nossas cidades vizinhas, com vidas tão preciosas como  aquelas pelas quais mais de perto lamentamos pela perda irreparável.


Primeira Resposta:

Prezado(a) Senhor(a),

Agradecemos seu contato; assim que possível enviaremos as informações solicitadas ou encaminharemos sua mensagem ao devido órgão para que providencie resposta.

Atenciosamente - Biblioteca Virtual do Governo do Estado de São Paulo saopaulo@sp.gov.br

Em resposta  - Fale Conosco - excesso de acidentes na SP.270                                                   

De Geraldo Generoso  para:  Governo do Estado de São Paulo                                            

                                                                                           15/08/2012 21:33

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Nome   : Geraldo Generoso - Email   : geraldo156@itelefonica.com.br

Mensagem:  Excelentíssimo Sr. Governador Geraldo Alckmin, Sr. Secretário de Estado dos Negócios do Transporte: - A nossa microrregião de Ourinhos, a que pertencemos, não suporta mais o elevado índice de acidentes verificados na Rodovia Raposo Tavares, SP 270.

Entre as várias causas, o trecho de entrada em Chavantes já nos arrebatou várias vidas ipauçuenses porque, segundo um vereador da região, que até levantou esse assunto, o mesmo peca em vários aspectos no que respeita à segurança. Ademais, Sr.Governador e Sr. Secretário, a fim de desviar de pedágios, nosso tráfego de veículos em geral, mormente caminhões, alguns de alta tonelagem, a fim de desviar do pagamento do pedágio estão a nos obrigar a pagar com o alto custo de acidentes, semeadores de orfandade, viuvez, invalidez e morte. Não falo em nome de nenhuma autoridade perante Vossa Excelência. Sou apenas um escritor e comunicador em várias mídias da região e nada mais tenho do que a minha pena e o microfone para brandir em prol desta causa, pela qual lutei muito durante o governo de Paulo Egydio Martins e outros. Grato, meu mais ilustre homônimo. Confio na sua sensbilidade político-administrativa, assim como na sua responsabilidade como estadista. Geraldo Peres Generoso - Ipaussu - SP Direcionado de: http://www.saopaulo.sp.gov.br/sis/fale.php



2 - ANDAMENTO PARA A  OUVIDORIA  DOS TRANSPORTES, COMO ABAIXO COLADO

Enviada em: sexta-feira, 17 de agosto de 2012 13:56
Para: ouvidoria@transportes.sp.gov.br
Cc: geraldo156@itelefonica.com.br
Assunto: Mensagem recebida através do Portal do Governo do Estado de São Paulo

CONTRADIÇÕES DA POLÍTICA BRASILEIRA




No momento em que tanto se fala e tanto se propala sobre “cidadania”, mais e mais assistimos, salvo em raras oportunidades, algum protesto contra o “status quo” reinante no Brasil, “como nunca d’antes neste País”.

Daria um rosário quilométrico a enumeração de tantas contradições e falta de lógica em um sem-número de disposições e até mesmo do nosso formato governativo. Mas a não ser nem meia dúzia de “gatos pingados”, a sociedade a tudo absorve sem discussão e sem reclamar.

Achamos tudo natural porque alegam os que gostam e sabem fazer política, no sentido mais infeliz da palavra, tem que ser assim. Ou mesmo no Judiciário, de onde vem o termo “tecnicidade processual” e outros termos doutorescos para enfiar goela abaixo dos governados um cardápio amargo de medidas ilógicas e indigestas.

Não haveria espaço, sequer para um livro com mais de mil páginas, assinalar as contradições, a cada  dia mais insuportáveis, deste formato socioeconômico e político que penaliza, principalmente, as pessoas ordeiras e afeitas tão só ao trabalho e a uma vida pacífica e obediente a princípios discutíveis.

São tantas coisas (não daquelas coisas que Roberto Carlos fala poeticamente), mas tantas coisas inexplicáveis à luz da razão, que optei por repartir os temas em várias postagens deste blog.

Na oportunidade, refiro-me à proliferação de siglas partidárias (30 já proliferadas e em período de amamentação regular nas tetas do povo), senão que outras estão em gestação, a pretexto de democracia, para igualmente se locupletar de recursos públicos, que são : fundo partidário, horário “gratuito” de TV, aluguel de siglas a partidos mais estruturados etc.

É muito partido para um País só, que em lugar de resolver problemas cria outros vários problemas na máquina política e no processo eleitoral. E em resumo, o que mais causa prejuízo ao erário público é que, embora neste País não exista, de direito, o patrocínio público de campanhas eleitorais (como no caso da Alemanha), no Brasil ele existe camuflado e muito mais caro do que lá.

É uma aberração, tanto nas câmaras municipais, quanto nas assembleias estaduais, câmara federal e senado estarmos sujeitos a um cálculo esotérica e ilogicamente complicado para a distribuição das cadeiras dos legisladores. E eis que se vota em alguém e seu voto, caro eleitor, vai parar em outra sigla coligada, muitas vezes de plataformas e ideologias completamente opostas às suas.

Oras, se no momento eleitoral essas siglas se reúnem, ao sabor das conveniências, de quem “dá mais”, e que são merecidamente chamados “partidos de aluguel”, qual é então sua razão de ser uma agremiação senão para complicar o processo eletivo e insultar-nos como eleitores?

Cinco partidos políticos no Brasil seria mais do que suficiente. Agora está no útero malicioso de lideranças aproveitadoras da boa fé pública, mais um partido que, curiosamente, leva o nome de Partido Pirata. Não sabemos como usará a abreviatura da sigla, já que o PP tem direito autoral registrado e tem como liderança maior o deputado federal Paulo Maluf.

O Kassab foi a sigla mais recente – PSD. Em um estado coliga-se com o PSDB; em outro se coliga com o PT – partidos diametralmente opostos, mas evidentemente tudo se resume ao sabor de uma conveniência de poder para poder chegar mais longe. Passadas as eleições, cada um dos partidos chamados de “nanicos” recolhem-se à sua insignificância, para negociarem votações que melhor atendam aos seus interesses.

Ainda que deixemos de lado o custo dessas maquinações, em termos de arrancar do erário público fundos partidários para manutenção dos partidos criados, que o povo não pediu para criar.

Aposto 1 por 1 milhão que ninguém, nem mesmo pessoas dadas à leitura da política atual diária, seria capaz de repetir, nome por nome, cada um desses nomes de fantasia dessas 30 siglas, inflacionando o processo político.

Somente durante 6 meses a cada 4 anos, colocam as mangas e as mãos de fora para entabular negociações de interesses nem sempre os mais lícitos . em coligações sem a mínima contextura ideológica, filosófica ou com plano de ação definido.

Justiça seja feita ao atual Vice-presidente da República, Michel Temmer, que até tentou remodelar o processo eleitoral, em que o candidato mais votado (como seria lógico e de absoluto direito) – em qualquer alçada do Poder Legislativo – naturalmente ocuparia a vaga em disputa. 

Ao que se sabe, essa disposição de Temmer, absolutamente lógica, não vingou e tudo permanece como antes e, infelizmente, como agora, em que a mesma condição permanece, como uma esquizofrenia sistemática, sem chance de ser remediada.

Por iniciativa do Congresso Nacional, também se tentou limitar o número de siglas partidárias. O assunto até que avançou. Mas ao chegar ao Judiciário houveram por escolher um termo muito bonito – “Cláusula de Barreira” – o que impediu que se normalizasse essa questão. 

Alega-se, em prejuízo da ordem lógica, que a democracia, por sua condição de pluralidade, não pode impedir que se criem e se recriem e se engordem novos partidos políticos.

Com certeza, a explicação esteja no fato de que hoje, no Brasil, a  atividade política, como fonte de renda, é  a que melhor remunera e a que  envolve riscos mínimos em comparação com qualquer outra categoria profissional, empresarial ou  das profissões liberais.

Amor envelhece, sem nunca caducar.



“Amor feito por instinto é apenas ensaio”.(autor ignorado)

Nos versos de Renato Teixeira “cada um de nós conhece a sua história...como o velho boiadeiro levando a boiada” da canção Tocando em Frente, é bem mais profunda e sábia do que numa primeira audição se pode colher de seu significado.

Na passagem pela vida, as pessoas tecem suas histórias a partir de inúmeros fatores, a maioria deles nem sequer logicamente explicáveis. Há imprevistos agradáveis e, muitos deles, trágicos, quando menos se espera.

Dá a impressão que a própria estrutura social, à medida que em muitos pontos facilita a vida do indivíduo, por outros, acaba por desaguar em complexidades cada vez mais acentuadas na existência dos seres humanos.

Há contradições flagrantes no modo de vida da quase totalidade das pessoas. Há limites, não só naturais, como o tempo que demanda para uma criança aprender a comer, engatinhar, andar, falar e se conhecer por gente, como individualidade.

A partir daí surgem as imposições sociais, as regras de comportamento; o conhecimento do que pode e não pode em termos de pessoa na sociedade. Vem o imperativo de se aprender a ler, escrever, contar.

Some-se a toda essa rotina – que requer grande parte da vida do indivíduo -, o conhecimento do politicamente correto, da moral, dos bons costumes.

Tudo isso, e só depois de tudo isso, se fala em liberdade. Aprende-se sobre ela na escola e na mídia, e se descobre, na prática, o quanto ela é relativa a liberdade e o quanto os ensinamentos do lar e da escola a limitam de mil maneiras.

Pierre-Joseph Proudhon (Besançon, 15 de Janeiro de 1809Passy, 19 de Janeiro de 1865)  filósofo francês, considerado um dos mais influentes teóricos e escritores do anarquismo, foi  o primeiro a se autoproclamar anarquista, até então um termo considerado pejorativo entre os revolucionários.

Pois bem, Proudhon, sem querer, disse uma frase místico-filosófica, que ficou antológica e até hoje é repetida. Não só pela beleza poética da construção (e ele era um poeta dos maiores), mas também pelo significado de que se reveste. Eis o que ele disse:

“Sejamos como o pássaro,

pousado no galho mais alto,

que sente tremer os ramos,

mas não se assusta,

porque sabe que tem asas”.



A rigor, todos, de fato, temos asas. E o curioso dessa condição de entes alados, é que tanto podemos voar para o passado, como podemos voar par ao futuro.



 Nenhuma das opções é a ideal. Devemos voar para o alto do nosso presente, do nosso dia de hoje, mesmo com a bagagem cinza da saudade sobre os ombros e o verde da esperança como uma flor na mão.



É difícil seguir o mandamento do poeta Rudyard Kipling, num dos  versos da poesia “If” – que quer dizer “SE”, quando ele nos diz, entre outros preceitos para “entre reis não perder a naturalidade e entre a plebe não se corromper”.



Todavia, a modernidade cada vez mais complica a vida das pessoas. E ai de quem ousa questioná-la nos seus cânones, estabelecidos por pensadores complicados.



Ou talvez mesmo, filósofos especialistas em dosar a vida com pitadas de ideais impraticáveis, ao sabor de duvidosa inspiração para fazer um mundo mais feliz.



Pela limitação do formato internético, obrigo a restringir este conteúdo a um interessante questionamento levantado pelo filósofo norte-americano Will Durant, com o qual não me faço de pleno acordo, em seu livro Mansions Of Philosophi, traduzido por Monteiro Lobato.



Observa esse grande pensador do Século XX (escreve até de uma forma poetizada, só dele) que na idade em que aflora no jovem toda a efervescência do instinto reprodutivo, tal período não coincide com a idade do casamento.



Para desossar esse assunto teríamos que picar em pedaços, não  um boi mas uma boiada inteira, sob a supervisão de um competente açougueiro. Porque, como observado no início, o ser humano nasce incompleto, dependente, naturalmente anarquista.



Mas ao tocar nesse item, há a considerar que o assunto é de fato mais sério e há que se ir mais fundo do que mera constatação de fatos. Transpondo para uma linguagem mais aproximada de interpretação, o que podemos entender é que o passo de uma união, sem aquela cola inexplicável da empatia, do amor e da paixão, não reúne consistência em sua contextura para de fato estabelecer um núcleo familiar.



Até porque, assim como a Natureza não tem pressa em verter de suas galhadas os frutos que alimentam, ou espessar sua sombra a eventuais caminheiros que transitam em seu entorno; ou fazer-se num agente inserido entre insetos, pássaros, animais e homens (e mulheres), igualmente a paisagem social é vagarosa em suas elaborações.



E o amor entre duas pessoas igualmente se apura num processo lento, que requer mais maturidade. A sociedade teve que criar regras – feliz ou infelizmente – porque o ser humano, de si mesmo e por si mesmo – é a mais complexa entre todas as criaturas.



O grande desafio são aquelas coisas invisíveis, aqueles sintomas inexplicáveis, próprios de cada ente humano. E aqui entra o fenômeno do amor – aqui entendido no sentido de completude, sem perda de identidade.

O que existe e o que fica do amor é impalpável. Em matéria de sexo, o que prevalece não é o sexo por si mesmo. Quando muito, pode ser a sensualidade. E esta independe de potência, de catuaba, de viagra, de estimulantes físicos de qualquer jaez.



Amor é amor quando não se pode defini-lo em seu porquê ou em sua causa. Dirão os psicólogos que quando se fala em coração, entenda-se mente.



Eu diria, sem medo de errar, que coração é sinônimo de alma. Amores verdadeiros envelhecem, sim. E branqueiam como os cabelos dos anciãos ao correr do tempo. E sulcam rugas nas faces como marcas vivas que restam de sorrisos e lágrimas.



Amor envelhece, sim. Mas jamais caduca, porque não é de neurônios que a ciência conhece, mas de Espírito, que nem os maiores entre os sábios pode desvendar o seu mistério.



Assim entendo o porque de os amantes terem consciência de que tem asas, porque é certo que os galhos tremam sob o guante de tempestades inevitáveis, de procelas inesperadas, mas o céu é o destino de quem aprende a voar através de um amor ou de uma paixão.














PULANDO DE GATO PARA MURO

         Quando acordo na madrugada, aqui neste quarto, a poucos metros da ruidosa rodovia, nada havia para  diluir o silêncio, a não  o ronco insistente de motores. Vestígios sonoros de veículos de todos os portes:carros,  caminhões, caminhonetes, treminhões, motos nervosas a gritar para o nada e para o asfalto.
         É muito raro constatar-se uma voz humana. Há sim, bem longe, de forma intermitente mas não tão nítida, os latidos dos cães, talvez a molestar alguns retardatários ou madrugadores transeuntes que demandam para seus afazeres.
        Mas, de uns tempos a esta parte, meu coquetel sonoro não é mais o mesmo. Não só motores soam seus rugidos  sem alma e sem sentido, pontuando a minha insônia.
        Um gato, de alto porte, assenta-se no muro fronteiro à minha janela e entoa miados sucessivos, insistentes e em alto e bom som. A rigor, não sei se é gato ou gata, pois ele faz questão de confirmar o provérbio de que "à noite todos os gatos (e gatas) são pardos."
       Ignoro se é a solidão que o faz espremer-se em vozes que inundam as cercanias. Sou mais para acreditar que ele (ou ela) é um bichano romântico, capaz de conquistar companhias com facilildade, pois assim se dá, em poucos minutos após seus galanteios.

    Pelo ruído amoroso, em que faz pública sua volúpia contagiante, o felídeo se transforma. Há quem diga que ele esteja às raias da loucura em seu ímpeto de luxúria anunciada.

    Os vizinhos têm reclamado  do escarcéu habitual  que ele provoca em seu dueto erótico. 
    
    Da  minha parte, cismando para a lua, enquanto o bichano me contempla do pilar do muro, talvez buscando palavras poéticas para chamar o seu par, não me  vejo em desconforto ou implicância. 

    Vozes vivas - como a desse boêmio escandaloso - precisam sim encher as noites e madrugadas. Chega da voz sem sílabas e sem letras de motores anônimos, sempre os mesmos, a insinuar que a vida é breve como uma viagem.
     Olho para o bichinho pensativo e tento lhe transmitir um pensamento. Não sei se ele entende, mas presta muita atenção:
      - Bichano, continue a ser esse amante caliente. "Se formos castigar os que se amam, o que fazer com os que se odeiam?"

       

CÔNEGO NAZARENO – Liderança Maior

Por sugestão de lideranças – civis e eclesiásticas – tem-me chegado recorrentes pedidos para escrever a história do religioso católico, Padre Nazareno Paschoal Brízolla, uma das maiores personalidades do município de Ipaussu.

 Tal chamamento vem ao encontro de um antigo desejo que acalento em registrar para a posteridade a vida desse místico e líder católico, até hoje lembrado e, mais que isso, respeitado e reverenciado nos mais diferentes estratos da sociedade ipauçuense.

Aliás, nomeado Cônego em 1959, com uma festa que ficou histórica, ele empresta o seu nome a um importante conjunto habitacional, somado à Praça da necrópole municipal, que também o homenageia de longa data.

Uma marca registrada do Cônego Nazareno era escrever cartas. Na verdade, ele não era dotado do dom da oratória. Seu forte mesmo era comunicar-se pela escrita. Registra a tradição que era dotado de dom de cura, principalmente com relação a pessoas insanas.

Neste formato (blog) forçosamente resumido, vou me reportar apenas a um, entre os muitos ocorridos na vida desse personagem. Estava ele em sua casa, como de costume, certamente, elevando seu Espírito em orações, quando ouviu um ruído de um jipe que estacou sob a árvore da sua casa paroquial.

Com a serenidade que lhe era peculiar, foi conferir o que acontecia. Três homens fortes, entre eles o Sr. Luiz Marin (ainda moço àquele tempo), conduziam uma pessoa totalmente transtornada, para não dizer, louco varrido.

A custo, num esforço desmedido, os homens arrastaram aquele leão furioso até a área da casa, enquanto o Cônego Nazareno, em absoluta calma, esperava no alto da pequena escada. Acenou para que entrassem, num gesto comedido, como era de seu feitio.

Aos trancos e barrancos aquela estranha figura subiu as escadas, arrastado e empurrado (não havia outro jeito) por aqueles seguranças voluntários.

O cônego mandou que adentrassem à sua sala com o insano. Os acompanhantes obedeceram. Mas foi difícil atender à ordem seguinte do então padre Nazareno:

- Soltem essa criatura. Desamarrem as suas mãos.

- Padre Nazareno (disse Luiz Marin, o popular Sr Zicão) – acho isto muito perigoso, mais ainda para o senhor, pois este homem está como uma fera, ele pode quebrar tudo aqui e até agredir e machucar o senhor.

- Façam o que peço e fiquem longe. Podem ficar ali na área.

- Ah, Padre, isto que nos pede é demais. Deixar o senhor sozinho com esse doido?

      A essa altura o demente parecia mais calmo. E a ordem do cônego foi cumprida. Desamarraram-no, mas sem sair para a área, em caso de qualquer agressão contra o líder religioso.

      Cônego Nazareno ofereceu uma bala àquela criatura infernizada. Ele aceitou de pronto, naturalmente e abaixou a cabeça. A uma certa distância da mesma, o cônego impôs as suas duas mãos e, concluída a bênção,  acariciou-o na face, arrematando com um suave tapinha, de forma carinhosa e paternal. E arrematou:

      - Podem levá-lo para a casa dele. Está curado. Não tenham nenhum receio. Ele não dará mais trabalho algum.   

      Assim disse, assim ocorreu. Nunca mais essa pessoa apresentou problemas mentais. O que ocorreu foi que a fama do Padre Nazareno, que já não era pequena, acabou se consolidando cada vez mais em toda a região do Vale do Paranapanema.




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