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Mas, num processo de ensaio e erro,
estamos continuamente aprendendo. Objetaria alguém, e com certa
margem de razão:
- Mas, então, nesta história toda
de aprendizado, como é que fica o meu sofrimento ? Por acaso a natureza ou Deus
sabe que eu desejo aprender ? Porventura não posso mudar todo este aprendizado
às favas ?
É carente de base esta assertiva
tão severa, mas não deixa de ter lugar algumas vezes. Porém, o que ocorre, não
é meramente um “aprendizado”, nem sequer a acumulação de experiências.
Afinal,
isto não seria válido para um outro mundo, com outros valores e outras
propriedades. É de se crer, ou antes, é do conhecimento de todos, ou presumo eu
que o seja, que a finalidade da vida, aqui, e além também, é o AMOR.
Não temo em dizer que esta lei, (o
amor) esta qualidade do espírito, supera o próprio valor da evolução. Se bem
que, sem amor, não é possível sequer conjectura sobre evolução.
Seria uma
contradição de termos dizer-se que um homem ou mulher é evoluído e sem amor.
O equívoco que reside na mente de
muitas pessoas é, em grande parte, decorrência deste fator: acham que a
personalidade terrena precisa “pagar” isto e aquilo; ou então, que precisa viver
mil vidas para “aprender”.
Diante da insatisfação das metas
propostas, o buscador sincero vira as costas às melhores oportunidades de
encontrar a verdade.
Como frisei no início deste
tratado, devo admitir que não só a dor evolui o homem, mas todas as
experiências conglobadas no seu “EU” participam deste processo.
O fato de uma
pessoa levar uma vida atribulada, cheia de carências de todo jaez; repleta de
temores e incertezas, povoada de pesadelos e apreensões contribuirá, em
definitivo à sua evolução ?
Absolutamente, não e não! Em muitos
casos chega a retroagi-la a estados mentais negativos, na descrença de Deus e de
si mesma, na descrença completa da humanidade .
É próprio das almas são buscarem a
felicidade, a alegria, a saúde, a benquerença e o AMOR.
Há que se frisar que algumas
pessoas passam por provações, e comumente ouvem o velho chavão de que “Deus
as está experimentando na paciência”.
Evidentemente, isto é um disparate que
faria, se bem analisado, despertar até a repulsa. Se não, vejamos:
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Como é que Deus, sendo onisciente,
sabendo melhor do eu como eu realmente sou; quais são as minhas fraquezas e
minhas forças, quais os meus atributos e quais as minhas deficiências, iria,
por um minuto, se dar ao trabalho de fazer experiências comigo no laboratório
do sofrimento.
Tais pregadores carecem de melhor
raciocínio. Se é que dizem que Deus é misterioso em Seus desígnios, e de fato é, não podemos
revidar com qualquer argumento, mas afirmar, em sã consciência, que Deus está
“experimentando” a minha paciência, ou a sua, é uma tese absurda.
Bem, se contestamos o que dizem é
preciso que digamos algo a respeito. Se não é Deus que está nos experimentando,
então o que será ? Será o Satã ? Ah! Também este “Anti-Deus” entra com
frequência nas fábulas dos “doutores de evangelho”.
Até parece que este tal é o
“ordenança celeste”. Felizmente, hoje em dia, com o avanço das mentalidades,
isto tem tido pouca influência.
De nossa parte, quanto ao fato das
experiências de pessoas que estão sofrendo, esperamos não cair em igual
ridículo. Trata-se de uma “provação”, realmente.
Mais de uma pessoa está sendo
provada neste momento, mas não perante ninguém que as force a isto ou àquilo,
mas tão somente provando a resistência de suas próprias almas.
Assim, fica de posse da consciência de que elas têm capacidade para
sobrepujar tais dificuldades, após a prova vencida.
Como disse, e com muita propriedade, o grande
Eliphas Levi, “a inteligência aceitou o sofrimento”. Tais experiências foram
aceitas por todas estas pessoas que hoje passam, no cadinho amargo de
experiências infelizes, por provações as mais diferentes.
Tecemos o nosso destino como a
aranha tece a sua teia.
Colheremos o que plantarmos, mas não somos somente o
semeador, somos também a seara; não somos apenas o lavrador, mas também a terra.
Para romper as cadeias do karma não
podemos viver nele. Temos que alçar voos sublimes, de alegria e tranquilidade,
de valentia e coragem rumo a estrela de novos amanheceres.
Se nos apoiamos em certos gurus e líderes,
cedo ou tarde veremos apodrecer as muletas. Antes e acima de tudo é preciso
traçar com anelos de autoconfiança e determinação, um caminho feliz.
Se na terra passamos por tantas
experiências, podemos até certo ponto determiná-los por meio de um viver e
pensar mais corretos.
Não se exige que sejamos santos;
nem a natureza teria este direito quando nos fez imperfeitos e falhos em mais de um aspecto.
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Nosso trabalho parece nos conduzir
às torres de marfim da filosofia. Porém, nosso viver pregresso ainda deixou
fundamente marcado nas raízes de nossa alma o desejo de buscar nas coisas mais
claras as respostas e as aplicações mais fáceis. Ainda ressumam em meu viver de
camponês o anelo à simplicidade e às coisas chãs.
Este livro não será em vão.
Trataremos de assuntos práticos, elucidaremos alguns pontos de capital
importância na vida de cada leitor.
Se por ora estamos fazendo estes
parênteses, estas digressões que nos levam a pensar juntos, é para,
sintonizando as nossas mentes num mesmo diapasão de pensamento e ideias, chegarmos a uma conclusão mais próxima da
verdade; e tomara que a verdade seja bela, para ser imortal.
Não iremos intentar desmerecer
qualquer religião específica. Nem tampouco nos situamos no desejo de fundar qualquer
seita; mesmo porque, para se fundar uma organização religiosa, mais do que a proposta filosófica ou teológica em si mesma, é preciso ser dotado de espírito empreendedor.
Basta olhar para os grandes empreendedores religiosos que, como tais, são notórios em organização de balanços contábeis e outros atributos requeridos a homens de negócios. Não é o caso presente do signatário destas mal-traçadas linhas.
Tão somente vislumbramos uma
possibilidade de, fazendo deste livro um promontório avançado de novos
pensamentos e ideais, traçar uma linha demarcatória do certo e do absurdo.
Vejamos hoje o que ocorre com os
chamados fenômenos espíritas. Frequentemente vemos pessoas que se dizem
acometidas de espíritos. Muitos deles confessam piamente que o espírito os
manda encher a cara em um boteco.
Outros se dizem acorrentados por espíritos
que os levam, ou induzem-nos a que sigam esta ou aquela sorte, por pior que
seja.
Infelizmente, nossos pobres mortos, em seu descanso, com a promissória de
tantas lutas vencidas, recebem em responsabilidade os erros de muitos irresponsáveis, incapazes de um mínimo de autodomínio e bom senso.
Para maior confusão dessas pessoas
acometidas, os espíritas dizem que tais pessoas precisam desenvolver-se. Fala-se
que a mediunidade é um fator que pode atrapalhar a vida do indivíduo, se ele
não frequentar um centro espírita.
Bem lembramos da palavras de Jesus:
“Os vivos cuidam dos vivos e os mortos que cuidem dos mortos”.
E ainda seria
um paradoxo sem igual se a situação nos obrigasse a viver invocando ou evocando
espíritos egressos da terra, sendo que na própria terra tantos vivos carecem de
nossas atenções, tantos menores abandonados; tantos infelizes vivos gemendo num
hospital, quando o encontra, ou se é que podem se dar a condição de poder contar com um atendimento médico-hospitalar.
Com tantos refugiados pelo mundo, andarilhos e famintos de pão e de tudo, seria exigir demais de
todos nós, homens conscientes da necessidade de se ajudar a minorar o alheio
sofrimento, que nos déssemos ao trabalho regular de evocar os mortos.
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Não duvidamos da imortalidade
da alma. E é exatamente por podermos crer que a alma é infinita, imortal e
ilimitada, que não nos daríamos a trabalhos de evocações doutrinárias aos
nossos irmãos de além-túmulo.
A ignorância, contudo, sempre
fomenta o fanatismo, desmorona os mais nobres e caros ideais, no proselitismo
barato de alguns espertalhões, ou mesmo uma grande parte de pessoas de boa-fé
que, de tanto imaginarem e conjecturarem, passam a crer, mais do que o seus
próprios instrutores, num determinado movimento, ou seita.
A
VERDADE DE CADA DIA
O título acima parece restrito,
mas, dentro de um esquema de vivência pode ser o “abre-te-sésamo” para uma vida
renovada.
Infelizmente, a verdade hoje é um artigo de museu. Na arqueologia paleontológica
de nosso vocabulário, iremos encontrá-la na boca do próprio Pilatos, a indagar de Jesus Cristo: “O que é a verdade ?”
Em termos, não seria tão importante
saber o que é a verdade, mas senti-la e vivê-la no dia-a-dia. Infelizmente,
para ser verídico até nas mínimas coisas, é necessário ser herói até aos
extremos.
É preciso ser solitário e ao mesmo tempo participante; é preciso ser
amante da paz, e, ao mesmo tempo, se fazer partícipe da luta.
Todos mentem, todos sucumbem com o
veneno que fabricam com as frases de ardis mentirosos, num mundo de pouca
verdade, ou talvez, num mundo de ilusões e vaidades, mas tão vazio de
objetivos.
Nosso planeta seria uma marvailha se
pudéssemos volver à idade de ouro em que reinou nestas plagas, a verdade.
Mas,
o declínio vertiginoso de nossa raça está aí para quem quiser ver. A mentira
hoje vai do palácio à choupana nas asas dos abutres da conveniência e do
interesse próprio.
Em que pese o fato de ser o homem um animal de origens
aquáticas, a triste realidade que hoje se assiste é que ele se tornou terráqueo
como o verme que rasteja entre sombras e tumbas.
A verdade de cada dia é mais
necessária do que o pão de cada-dia. Para viver a verdade não é preciso
inteligência, mas brio; nem tanta prudência ou intelectualidade, mas maior dose
de vergonha.
Qual verme, calcado apenas nas
necessidades de uma vida parasitária; encerrado num casulo de ideias malsãs,
hoje os homens tecem com o ardil mais enganoso os meios de fazer do forte, mais
forte; do fraco, mais fraco; do rico, mais rico; e do pobre, mais pobre.
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