KARMA -PÁGS 18 A 21

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      Mas, num processo de ensaio e erro, estamos continuamente aprendendo. Objetaria alguém, e com certa margem de razão:

      - Mas, então, nesta história toda de aprendizado, como é que fica o meu sofrimento ? Por acaso a natureza ou Deus sabe que eu desejo aprender ? Porventura não posso mudar todo este aprendizado às favas ?


      É carente de base esta assertiva tão severa, mas não deixa de ter lugar algumas vezes. Porém, o que ocorre, não é meramente um “aprendizado”, nem sequer a acumulação de experiências.


      Afinal, isto não seria válido para um outro mundo, com outros valores e outras propriedades. É de se crer, ou antes, é do conhecimento de todos, ou presumo eu que o seja, que a finalidade da vida, aqui, e além também, é o AMOR.


      Não temo em dizer que esta lei, (o amor) esta qualidade do espírito, supera o próprio valor da evolução. Se bem que, sem amor, não é possível sequer conjectura sobre  evolução.


      Seria uma contradição de termos dizer-se que um homem ou mulher é evoluído e sem amor.

      O equívoco que reside na mente de muitas pessoas é, em grande parte,  decorrência deste fator: acham que a personalidade terrena precisa “pagar” isto e aquilo; ou então, que precisa viver mil vidas para “aprender”.


      Diante da insatisfação das metas propostas, o buscador sincero vira as costas às melhores oportunidades de encontrar a verdade.


      Como frisei no início deste tratado, devo admitir que não só a dor evolui o homem, mas todas as experiências conglobadas no seu “EU” participam deste processo.


      O fato de uma pessoa levar uma vida atribulada, cheia de carências de todo jaez; repleta de temores e incertezas, povoada de pesadelos e apreensões contribuirá, em definitivo à sua evolução ?

      Absolutamente, não e não! Em muitos casos chega a retroagi-la a estados mentais negativos, na descrença de Deus e de si mesma, na descrença completa da  humanidade .


      É próprio das almas são buscarem a felicidade, a alegria, a saúde, a benquerença e o AMOR.


      Há que se frisar que algumas pessoas passam por provações, e comumente ouvem o velho chavão de que “Deus as está experimentando na paciência”.


     Evidentemente, isto é um disparate que faria, se bem analisado, despertar até a repulsa. Se não, vejamos:

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      Como é que Deus, sendo onisciente, sabendo melhor do eu como eu realmente sou; quais são as minhas fraquezas e minhas forças, quais os meus atributos e quais as minhas deficiências, iria, por um minuto, se dar ao trabalho de fazer experiências comigo no laboratório do sofrimento.


      Tais pregadores carecem de melhor raciocínio. Se é que dizem que Deus é misterioso em Seus desígnios, e de fato é,  não podemos revidar com qualquer argumento, mas afirmar, em sã consciência, que Deus está “experimentando” a minha paciência, ou a sua, é uma tese absurda.


      Bem, se contestamos o que dizem é preciso que digamos algo a respeito. Se não é Deus que está nos experimentando, então o que será ? Será o Satã ? Ah! Também este “Anti-Deus” entra com frequência nas fábulas dos “doutores de evangelho”. 


     Até parece que este tal é o “ordenança celeste”. Felizmente, hoje em dia, com o avanço das mentalidades, isto tem tido pouca influência.

      De nossa parte, quanto ao fato das experiências de pessoas que estão sofrendo, esperamos não cair em igual ridículo. Trata-se de uma “provação”, realmente.


      Mais de uma pessoa está sendo provada neste momento, mas não perante ninguém que as force a isto ou àquilo, mas tão somente provando a resistência de  suas próprias almas.

      Assim, fica de posse da consciência de que elas têm capacidade para sobrepujar tais dificuldades, após a prova vencida.

      Como disse, e com muita propriedade, o grande Eliphas Levi, “a inteligência aceitou o sofrimento”. Tais experiências foram aceitas por todas estas pessoas que hoje passam, no cadinho amargo de experiências infelizes, por provações as mais diferentes.

      Tecemos o nosso destino como a aranha tece a sua teia. 


     Colheremos o que plantarmos, mas não somos somente o semeador, somos também a seara; não somos apenas o lavrador, mas também a terra.

      Para romper as cadeias do karma não podemos viver nele. Temos que alçar voos sublimes, de alegria e tranquilidade, de valentia e coragem rumo a estrela de novos amanheceres.


      Se nos apoiamos em certos gurus e líderes, cedo ou tarde veremos apodrecer as muletas. Antes e acima de tudo é preciso traçar com anelos de autoconfiança e determinação, um caminho feliz.


      Se na terra passamos por tantas experiências, podemos até certo ponto determiná-los por meio de um viver e pensar mais corretos.
      Não se exige que sejamos santos; nem a natureza teria este direito quando nos fez imperfeitos  e falhos em mais de um aspecto.

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Nosso trabalho parece nos conduzir às torres de marfim da filosofia. Porém, nosso viver pregresso ainda deixou fundamente marcado nas raízes de nossa alma o desejo de buscar nas coisas mais claras as respostas e as aplicações mais fáceis. Ainda ressumam em meu viver de camponês o anelo à simplicidade e às coisas chãs. 


      Este livro não será em vão. Trataremos de assuntos práticos, elucidaremos alguns pontos de capital importância na vida de cada leitor. 


     Se por ora estamos fazendo estes parênteses, estas digressões que nos levam a pensar juntos, é para, sintonizando as nossas mentes num mesmo diapasão de pensamento e ideias,  chegarmos a uma conclusão mais próxima da verdade; e tomara que a verdade seja bela, para ser imortal.

      Não iremos intentar desmerecer qualquer religião específica.  Nem tampouco nos situamos no desejo de fundar qualquer seita; mesmo porque, para se fundar uma organização religiosa, mais do que a proposta filosófica ou teológica em si mesma, é preciso ser dotado de espírito empreendedor. 


     Basta olhar para os grandes empreendedores religiosos que, como tais, são notórios em organização de balanços contábeis e outros atributos requeridos a homens de negócios. Não é o caso presente do signatário destas mal-traçadas linhas.



      Tão somente vislumbramos uma possibilidade de, fazendo deste livro um promontório avançado de novos pensamentos e ideais, traçar uma linha demarcatória do certo e do absurdo.


      Vejamos hoje o que ocorre com os chamados fenômenos espíritas. Frequentemente vemos pessoas que se dizem acometidas de espíritos. Muitos deles confessam piamente que o espírito os manda encher a cara em um boteco.


      Outros se dizem acorrentados por espíritos que os levam, ou induzem-nos a que sigam esta ou aquela sorte, por pior que seja. 

     Infelizmente, nossos pobres mortos,  em seu descanso, com a promissória de tantas lutas vencidas, recebem em responsabilidade os erros de muitos irresponsáveis, incapazes de um mínimo de autodomínio e bom senso.

      Para maior confusão dessas pessoas acometidas, os espíritas dizem que tais pessoas precisam desenvolver-se. Fala-se que a mediunidade é um fator que pode atrapalhar a vida do indivíduo, se ele não frequentar um centro espírita.


      Bem lembramos da palavras de Jesus: “Os vivos cuidam dos vivos e os mortos que cuidem dos mortos”. 


     E ainda seria um paradoxo sem igual se a situação nos obrigasse a viver invocando ou evocando espíritos egressos da terra, sendo que na própria terra tantos vivos carecem de nossas atenções, tantos menores abandonados; tantos infelizes vivos gemendo num hospital, quando o encontra, ou se é que podem se dar a condição de poder contar com um atendimento médico-hospitalar.


     Com tantos refugiados  pelo mundo,  andarilhos e famintos de pão e de tudo, seria exigir demais de todos nós, homens conscientes da necessidade de se ajudar a minorar o alheio sofrimento, que nos déssemos ao trabalho regular de evocar os mortos.

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Não duvidamos da imortalidade da alma. E é exatamente por podermos crer que a alma é infinita, imortal e ilimitada, que não nos daríamos a trabalhos de evocações doutrinárias aos nossos irmãos de além-túmulo.


      A ignorância, contudo, sempre fomenta o fanatismo, desmorona os mais nobres e caros ideais, no proselitismo barato de alguns espertalhões, ou mesmo uma grande parte de pessoas de boa-fé que, de tanto imaginarem e conjecturarem,  passam a crer, mais do que o seus próprios instrutores, num determinado movimento, ou seita.

                                   A VERDADE DE CADA DIA

      O título acima parece restrito, mas, dentro de um esquema de vivência pode ser o “abre-te-sésamo” para uma vida renovada. 


       Infelizmente, a verdade hoje é um artigo de museu. Na arqueologia paleontológica de nosso vocabulário, iremos encontrá-la na boca do próprio Pilatos, a indagar  de Jesus Cristo: “O que é a verdade ?”

      Em termos, não seria tão importante saber o que é a verdade, mas senti-la e vivê-la no dia-a-dia. Infelizmente, para ser verídico até nas mínimas coisas, é necessário ser herói até aos extremos.


      É preciso ser solitário e ao mesmo tempo participante; é preciso ser amante da paz, e, ao mesmo tempo, se fazer partícipe  da luta.

      Todos mentem, todos sucumbem com o veneno que fabricam com as frases de ardis mentirosos, num mundo de pouca verdade, ou talvez, num mundo de ilusões e vaidades, mas tão vazio de objetivos.


      Nosso planeta seria uma marvailha  se pudéssemos volver à idade de ouro em que reinou nestas plagas, a verdade. 


      Mas, o declínio vertiginoso de nossa raça está aí para quem quiser ver. A mentira hoje vai do palácio à choupana nas asas dos abutres da conveniência e do interesse próprio.

      Em que pese o fato de ser o homem um animal de origens aquáticas, a triste realidade que hoje se assiste é que ele se tornou terráqueo como o verme que rasteja entre  sombras e tumbas.

      A verdade de cada dia é mais necessária do que o pão de cada-dia. Para viver a verdade não é preciso inteligência, mas brio; nem tanta prudência ou intelectualidade, mas maior dose de vergonha.


      Qual verme, calcado apenas nas necessidades de uma vida parasitária; encerrado  num casulo de ideias malsãs, hoje os homens tecem com o ardil mais enganoso os meios de fazer do forte, mais forte; do fraco, mais fraco; do rico, mais rico; e do pobre, mais pobre.


        

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