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 Boteco do
Pereira  até que é bem surtido. Razoável
variedade de caninhas sobre a pequena prateleira com a ação dos cupins à
mostra. O balcão, esfolado como sola de sapato de muito uso, religiosamente com
dois dedos de poeira a encobrir os estragos do tempo, acomoda baleiros
recauchutados com durex e tampas remendadas com cola haraldite. 
            Na
hora de abrir o “estabelecimento” era  preciso esperar pela chegada de algum
freguês para ajudar segurar um lado da porta, enquanto a mesma é empurrada para
dentro para dar o encaixe da chave. Função esta que igualmente cabe ao último
freqüentador (normalmente um bêbado ) na hora de fechar a espelunca.
           As
vitrines de vidros partidos, foscos pela sujeira e pela idade, a custo permitem
divisar uma Maria-mole ou um pé-de-moleque em seu habitat, mais com função de
esconder do que de expor os produtos. Finalmente, a caixa registradora, feita à
mão, de tantos maus tratos traz o tampo quebrado e. para não destoar do
cenário, também está esfolada, soltando fiapos de madeira e expondo nós
sucessivos em sua contextura.
            Assim é O
Boteco do Pereira, conforme uma pichação estrategicamente colocada em letras
vermelhas sobre fundo amarelo-sujo na parte superior do batente da porta,
melindrosa para abrir e fechar, mas, quando aberta, sempre de coração amplo
para receber a fiel freguesia.
Bem lá no fundo, entre velharias sem uso, em posição
visualmente estratégica, estes dizeres vazados em letras garranchais:
A
inveja mata...

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