NÃO LAMENTEMOS PELOS QUE PARTIRAM
De uma página do Diário, datado de 11
de maio de 2010.
Afirmou um místico de Calcutá,
Hayat-Ynaiat-Khan, sábio sufi, indiano, do século 20, uma explanação sobre o fenômeno
Morte, que julguei válida dividir com você.
Afirmava ele em seu livro Mensagem
Sufi, que por mais inexplicável que seja o processo da finitude material, cada
pessoa, em maior ou menos grau, aceita essa condição. Em certo sentido até
determina esse momento da passagem , sem nada haver com relação a suicídio.
Numa primeira leitura me foi difícil
captar a lógica dessa afirmação. Costumeiramente, até por uma disposição
natural do instinto, prevalece a impressão de que o que se convencionou
acreditar ser o fim da vida se revela inaceitável para qualquer de nós.
Todavia, à medida que o tempo avança, esse perpassar dos dias significa a cada qual morrer um pouco, ainda que – em sã
consciência – persistimos em olhar para
a vida.
Percebemos, contudo, que essa transição, em algum momento e lugar, nos
aguarda com seu decreto irrevogável,
Nesse cenário, nos confrontamos diariamente
com essa realidade. Às vezes mais de perto, ao incorrermos na perda de um ente
querido. Às vezes em forma de notícia,
sobre a passagem para o “andar de cima” de uma ou muitas pessoas.
Tão reiterada e insistente ela se nos
apresenta, ao ponto de nos levar a tê-la como evidência a ser levada em conta.
Joel S.Goldsmith, o mais expressivo e
inspirado místico do Ocidente do século 20, sobre esse ponto da experiência humana, asseverou que “se
houvesse necessidade de ser diferente
esse rompimento entre carne e espírito, certamente o Criador a teria
disposto de outra forma."
Como nenhuma exceção se justifica nesse
mister, concluí sem dificuldade que a vida, necessariamente, enquanto no
aspecto carnal, requer e se programa para esse inevitável desdobramento, sem
qualquer restrição e, bem lá no fundo, como algo absolutamente natural. Igual ou
até mais fácil, em alguns casos, do que o próprio ato de nascer.
Tal processo brota da própria alma. A
nossa rotina sempre nos assegura que há o que fazer; arroja-nos sobre requisições de que a vida não se acanha
em ser pródiga e caprichosa.
Até
mesmo o não fazer nada requer o empenho de nossa atenção e o esforço da
sobrevivência.
Contudo, dura realidade, ninguém de nós é indispensável como
podemos supor, neste cenário terreno.
Apesar da quase convicção de liberdade, em
muito pouco ou quase nada podemos efetivamente influenciar, decidir, determinar
a vida ao figurino de nossos desejos e caprichos.
Veja bem.
Contamos com todas as manhãs que imaginamos nossas, ainda que nada nem
ninguém possam nos certificar se as viveremos ou não.
Esta inconsciência sobre a
realidade do nosso momento fatal é um prêmio valoroso. Mas devemos, certamente,
manter o espírito preparado para o nosso último dia sobre a terra, nesta
embalagem de carne, osso, músculos, cartilagens, veias, artérias e neurônios.
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