O PULO 21 (Magno Alves, continuação)


Geraldo Generoso (Brasil)



Derramando o Eu ao Derredor


         Leio aqui, com a licença de vocês,  um pequeno trecho do  grande Prentice Mulford, entre outros que ocuparão outros trechos de nosso itinerário de exposição.
         Ele  escreveu,  no Volume III da coleção Nossas Forças Mentais, Editora Pensamento, palavras que permanecem atuais, como atuais ainda se nos apresentam a maioria das leis da física e da química:


“É, na verdade, maravilhoso que a felicidade ou miséria de nossa vida esteja baseada em uma coisa tão simples...Quando compreendermos que o que pensamos a nosso respeito é o que, na verdade,  seremos; teremos encontrado em nós próprios a pérola preciosa”.

         Interessante notar que Prentice  Mulford, nasceu  em 1834, em Long- Island, Estado de Nova York, vindo a deixar o cenário humano em 1891, e já àquele tempo destacava como ponto de partida para a melhoria interior de qualquer pessoa no cultivo da auto-estima.

         Tudo no universo se rege por medidas quando se intenta a busca da harmonia. Como poderá um frasco de perfume destinado a espalhar seus olores, se a  sua essência não se revestir do perfume que contém em seu interior?

         Assim, é preciso, como passo fundamental para assunção a uma melhor condição e posição na vida,  cada qual voltar-se para o interior e amar a si mesmo da forma que merece.

         Ou fazer por merecer ser amado por si mesmo. Como as cores se derramam em matizes os mais diversos pela natureza, assim também a luz peculiar individual de cada ser humano varia de um para outro.

         Mas cada lasca de luz, acesa em cada coração, é uma parte daquela essência que nasceu antes de tudo e veio à existência quando Deus exclamou: “Haja Luz” e a luz se fez.

         Pois está evidente  que  a luz a que se refere  o livro bíblico do Gênesis não era o sol nem a lua, já que somente a partir do versículo 14, desse capítulo inicial o Creador determinou :

         ”Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite”.
        
         Mas nem há necessidade de se  reportar a esse aspecto, ainda que necessário, para evidenciar que a luz (como luz espiritual) foi o princípio de tudo o que existe.
          Inclusive da própria luz do sol e da lua que alumiam a terra. Isto, mesmo apesar das toneladas de poluição que o homem lança aos céus diuturnamente.
        
         Cada pessoa é importante no cenário universal por uma série de fatores, que merecem ser considerados, a fim de esclarecer que ninguém pode  subestimar o seu próprio ser, sem arcar com as consequências  inevitáveis desse descaso.

          Uma luz que alumia, primeiramente se clareia a si mesma. Um incenso que se eleva aos céus contém em si o seu próprio perfume.

         A partir desta etapa, nesta viagem que estamos empreendendo, o primeiro passo é a aprendizagem sobre o amor próprio, pois ninguém pode dar o que não tem.

         O assunto AUTO-ESTIMA,  muitíssimo  favorecido a partir do questionamentos dos presentes, a quem deixamos à vontade para formular as suas perguntas a respeito desse assunto de capital importância.

1-    O senhor tem pregado esse milagre do amor-próprio  como se fosse  uma religião. Onde ficaria o altruísmo, que é o contrário do egoísmo, se cada um pensasse somente em amar a si mesmo. O senhor não acha que o mundo já é muito egoísta para o senhor se preocupar em torná-lo ainda mais egoísta do que já é ? Messias de Freitas – locutor radiofônico

Magno:  O senhor deve  ter  ouvido a prescrição do remédio e, como tal, creio que o senhor compreenda  que   um medicamento para  ser  eficaz deve  ser ingerido na dose certa.

                   Se o senhor entendeu que a receita é uma overdose de auto-estima, o senhor se enganou na avaliação.
                   O fato de sempre bater nesta tecla é que este é o ponto inicial de qualquer reforma íntima.
                   Quando um arquiteto menciona que o alicerce de uma casa é fundamental, não quer isto dizer que uma casa seja feita só do alicerce, mas sem o alicerce o senhor, e quem quer que seja, vai ter casa por muito pouco tempo.
                  
                   Numa guerra, qual o primeiro dever do soldado ?
                   É manter-se vivo. Não é? Pois na vida ocorre a mesma situação.
                    Se alguém, entre os presentes, que suponhamos apenas se cinge aos cuidados com a própria família, se tal pessoa não se amar, não se cuidar devidamente, não buscar melhorias para si mesma, como poderá oferecer algo de bom, como  reflexo de seu eu aos familiares, se não ama a si próprio?

                   O egoísmo é pensar apenas em si mesmo. Mas esta nunca foi e nunca será a nossa proposta, pois o egoísmo é o caminho mais curto para a infelicidade.

                   O egoísta, ao contrário do que possa sugerir os seus atos, não é uma pessoa feliz, porque esta atitude vai contra a própria natureza humana.
                   Entendo que o egoísta é nada mais do que um doente, um medroso, uma pessoa insegura e, como tal, jamais poderá se considerar feliz.




2 – Já que é assim,  qual seria a dose certa de  auto-estima a ser usada para  encontrar a felicidade? – Pergunta formulada por Josias Pereira



MAGNO ALVES - O PAPA DA ESTÉTICA CAPITAL E LIÇÕES DEVIDA




Resposta: Assim como o organismo (físico) é dotado da capacidade de saber o quanto alimentar-se e, quando sente sede reclama pela água que o hidrate e sacia, assim nosso aparato psicológico é apto a nos indicar se estamos com a auto-estima devidamente calibrada.

                   Cada um há de se perguntar ao seu interior em que ponto está o seu respeito por si mesmo.
                    Na medida em que você se sente capaz de se olhar no espelho (de sua mente) e aceitar-se como você é, isto indica o nível de sua auto-aceitação e compreensão de si mesmo.
                   É somente a partir daí que você poderá aceitar e amar os seus semelhantes, a começar dos seus familiares mais próximos.

                   Quando se cultiva o hábito de auto-analisar-se, você irá aos poucos fazendo as pazes consigo mesmo ( se é que você não a tem ) e, a então  você vai começar o aprimoramento a partir do que você já é.  Pelo fato de que nenhum ser humano atinge o vértice, pois sempre há alturas maiores a serem escaladas, você irá se motivando pela sua própria caminhada quando ela se lhe faz sugestiva, produtiva e, numa palavra, resulte  numa experiência positiva.

         Essa é a tarefa mais desafiadora e mais agradável a qualquer ser humano: trabalhar sobre si mesmo e a  partir de si mesmo, a se,mudar para melhor,  assim  modificando o mundo que o circunda.
                   Até onde sei, não há outro caminho que atenda à nossa proposta de ser feliz.

Eis mais uma pergunta, esta de uma mulher: Jandira Lupus .

         3- Se numa avaliação franca da pessoa, analisando o seu próprio comportamento, ela concluir que é alguém com muitos defeitos, ou mesmo pecados, não seria hipócrita da parte dela fomentar a auto-estima, que, na realidade seria a aprovação de atos que, ao critério dela mesma,  são os piores possíveis?

         Resposta:
         Muito bem! Entendo perfeitamente a sua pergunta, a qual não deixa de ser uma observação inteligente.

          Mas vamos esmiuçar a questão em itens para facilitar a sua compreensão sobre esse aspecto.

         Já que você usou o termo pecado, vou   reportar-me  ao tempo de estudante, em que em minha cidade, como sempre fiz, sempre busquei o conselho e a experiências das pessoas mais idosas.

         Certa feita, conversando com um espírita muito inteligente e muito lido, que trabalhava como radiotécnico numa sobreloja, me lembro ter estranhado quando ele, pela sua condição de não católico - já que era do credo espiritista- lamentava, já àquela época (por volta de 1971), o grande prejuízo que vinha se dando no rebanho católico quando os padres não usavam confessar seus fiéis com a antiga regularidade.

         ”No ato da confissão com um sacerdote a pessoa se beneficia de vários modos. Libera sua consciência de um peso, da mesma forma, e até com efeitos mais benéficos,  do que quando assim procede no divã de um psicanalista. Como todos estamos sujeitos a erros, em decorrência da nossa limitação humana,  e ao mesmo tempo, há em nós uma consciência que nos norteia sobre o certo e o errado, há a necessidade de uma válvula por onde escoem os resíduos de procedimentos incorretos em nossas vidas”- concluiu o espiritualista.
        
 Pois bem, quando você se refere à pessoa que se deu à tarefa de um auto-exame da própria vida, isto evidencia que ela está, de alguma forma, na primeira etapa de sua busca por algo melhor para si mesma.

Está obviamente querendo melhorar. Quando mantemos essa consciência estamos, pois, empreendendo um passo importante. Mais dia , menos dia, alguma mudança vai acontecer, porque quando a pessoa assim procede ela não apenas pensa sobre os seus erros, defeitos e pecados.

Ela passa a senti-los e isto causa um desconforto interior que acabará por fazer com que essa pessoa busque melhorias em seu modo de agir.  Isto é inevitável.

O próprio evangelho mantém como válida essa receita ao nos advertir com todas as letras: “Confessai-vos uns aos outros” . Textualmente, no Novo Testamento, está escrito:  “Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis: a oração feita por um justo pode muito em seus efeitos”.


Há pessoas que preferem confessar-se diretamente com Deus, o que não deixa de ser válido, muito embora a receita bíblica do “confessai-vos uns aos outros”  nos parece mais prática e com mais efeito para a maioria dos mortais.

 Mas é sempre válida  a confissão direta com o Espírito Supremo que é todo amor e compreensão.
Tanto assim que o Salmo 32 de Davi, no versículo 5, assim registra: “Confessei-te o meu pecado, e a minha maldade não encobri: dizia eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu  pecado.”


Mas para aqueles que preferem a ciência, no caso, a psicologia e suas terapias, podemos recorrer às autoridades nesse assunto e elas confirmarão os mesmos efeitos. 

Relata o psicoterapeuta G.Scott Sparrow, em seu livro “Eu Estarei Sempre Convosco”-1995 – Ediouro S/A. 

Carl Rogers e M.Scott Peck acreditam que “a afeição positiva incondicional, ou a convicção profunda do indivíduo de que ele é amado e aceito constitui a principal força curativa no processo terapêutico”.

Uma última pergunta surgiu à queima-roupa, partida de um farmacêutico que chamarei de Célio, e que encerrará este primeiro capítulo:

-         Pois bem, o senhor fala que auto-estima é a base por onde começa o sucesso. Não é isso que o senhor diz?
-          
-         Magno: Perfeitamente. Esse é o alicerce de que falei e sobre o que não tenho qualquer dúvida.
-          
-         Então, já que estamos jogando aberto nesta espécie de pinga-fogo, gostaria que o senhor nos dissesse  como cultivar o nosso amor-próprio e, ainda assim, como bem observou o nosso amigo Messias, não cairmos no egoísmo descarado e brutal.

Não há necessidade de muitas palavras para esta explicação se a mesma fosse dirigida apenas aos senhores e senhoras presentes.

 Até porque, vocês aqui vieram  para ouvir um conferencista, que está longe do  charme do Tarcísio Meira,  ou o sorriso cativante do Silvio Santos, numa noite fria como esta de julho que nos trouxe um inverno rigoroso.

Só o fato de se deslocarem de seus lares para esta despretensiosa palestra, sem qualquer grande aparato publicitário, demonstra que vocês buscam uma reforma interior, uma melhoria de suas próprias condições em todos os aspectos de suas vidas.

 E isto já é uma demonstração patente de auto-estima. Vocês estão investindo em conhecimentos  que possam melhorá-los, o que evidencia essa disposição para tal.

Mas quando você, meu caro interlocutor  Célio, me pede um programa para o plantio inicial da auto-estima, vou então partir para casos que não são o de vocês.

Isto para que,  munidos da responsabilidade de quem sabe, daqui por diante possam auxiliar os parentes e amigos que estejam em condições precárias de auto-aceitação.

(Continuação  ma  próxima postagem) 

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