O PULO DO GATO

Trecho de uma biografia incrível de um personagem polivalente, detentor de 15 ofícios e 16 necessidades. Um mestre de 7 instrumentos e que merece registro para a posteridade, brasileira e mundial. 


COMO CONHECI MAGNO ALVES




         Já ouvira falar muito sobre esse personagem em diferentes rodas sociais.  Minha esposa, que provém da mesma cidade onde ele viveu e vive, sempre o mencionava pelo nome de batismo. Ante alguma situação difícil de nossa vida em  casa, que normalmente acontece em todos os lares,  lembro-me que era comum ela observar: “é como diz o Magno,  na vida, só pensamento positivo não resolve, mas sem persistir em pensar positivamente, nenhum desafio pode ser vencido”. 

      Assim se sucederam várias vezes, com os conselhos de Magno Alves perpetuados em nosso dia a dia. Magno Alves assumiu para mim, ao longo destes anos, uma conotação especial de muita sabedoria e traquejo no lidar com a vida.
        
         Numa outra oportunidade, meu sócio, Vitório Paiva Maistro, dono do jornal Cometa – de Ipaussu  e de uma pequena produtora de documentário em vídeo, certa vez convidou-me para assistir a uma fita em  vídeocassete que ele, como cinegrafista  havia gravado há uns quinze anos atrás.

          Era a cobertura de um evento sobre um saudoso carnaval, no Camping Municipal de Ipaussu. À época apareceu  Magno Alves no cenário, ainda bem jovem, num discurso de agradecimento pelos que colaboraram com ele na ocasião. Mesmo com tempo chuvoso, num local de difícil acesso para aquela área,  por essa época ainda rústico, sem conforto (nem sanitários havia), Magno conseguiu romper o pensamento inercial de um grande número de jovens (de todas as idades) e promoveu o seu evento com grande sucesso no camping local.

         Avaliando – quinze anos depois – a fita que produzira, Maístro comentou comigo sobre a audácia empresarial de Magno Alves em se atirar num projeto que tinha tudo para dar errado e que acabou resultando, para espanto de todos, em um sucesso  que marcou época.

         Assim, a imagem que fui tecendo de Magno Alves passou a se revestir de uma curiosidade crescente sobre o seu modo de pensar, ser e viver.

         Em outra oportunidade, soube que  um outro amigo estava obtendo sucesso na venda de calçados, façanha que muito me  surpreendia, porque  os vendedores desse ramo, à  época, reclamavam da escassez nas vendas.

         Muitos nem faziam para a despesas de viagem e estadia. Perguntando, pois, ao meu amigo Glicerinho como ele conseguia romper aquela barreira e se mostrar tão satisfeito com as vendas que conseguia fazer, este me disse sem pestanejar:

      “eu aprendi com o maior vendedor do mundo.  Ele era tão eficiente, que um dia, aí pelos fundos do Estado do Paraná, terminadas as nossas  vendas de calçados, Magno (este é o nome dele) me convidou para ir a um sítio comprar  frango caipira. 

       Chegamos lá numa biboca (lembro-me como se fosse hoje). Atrás da porteira estava um caboclo descalço,  de ar desconfiado, com uma antiga  espingarda à tiracolo, e com cara de poucos amigos.

       Nossa saída daquele lugar foi exatamente o oposto: depois de jantarmos  com o caboclo e a família deste,  Magno Alves voltou com seis frangões, limpos, para evitar problemas com a Polícia Rodoviária. 

    Partimos, não sem antes ouvir o insistente apelo  daquela família para que, em breve oportunidade, voltássemos para uma nova visita. Por incrível que pareça, Magno fez de chinelos a viagem de regresso, pois vendera o próprio par de sapatos que calçava ao matuto que o aprovou por ser  de pelica, não machucar os pés e outras vantagens que Magno o fez ver.

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