Há belezas que nada mais são do que resultado de uma engenhosa colocação das
formas. Algo semelhante ao disposto num edifício, combinando cores, curvas e retas,
num pré-estudado jogo de tonalidades quentes,
frias e neutras, em tons e sobre-tons, velhos conhecidos da estética em
sua missão de vestir aparências.
Há,
sim, muitas atrações para todos os olhos que numa mínima precipitação de seus
contornos, ou num pequeno desajuste de seus átomos, conduzem o admirador ao
desapontamento.
Mas
há, sim, ainda que raras, criaturas realmente belas.
Tão mais belas quanto mais
vivas. Seres plenos da consciência cósmica que as anima e preenche a cada
partícula de sua manifestação. Nem sempre se pode avaliar com isenção a tais
tipos de pessoas que nos encantam: o brilho dos olhos, o gingado do andar, os
modos que só essa pessoa sabe ostentar, o sorriso nascido bem lá do fundo, a espocar graciosamente na cantiga de
uma risada cristalina e transparente !
Aí
se encontra a beleza real. Aquele encanto que fulgura além das aparências
transitórias feitas de carne, ossos, nervos, cartilagens, músculos e gestos,
irrigados de sangue e linfa. São belezas assim que marcam um ponto luminoso ao
derredor de onde estão.
São belezas desse naipe que marcam um ponto luminoso na
existência deste sofrido mundo de Adão e Eva.
São entes assim, tão especiais,
que se perpetuam na retina e na lembrança póstuma dos que detêm a graça de
conhecê-las.
São
encantos tais que plenificam o tempo, decretando inflorescências de primavera,
mesmo em meio ao rigor cinzento do inverno carrancudo e prosaico.
Embora
se revele locupleto de vida, de uma
forma concreta como o ouro e o aço, esse encanto mágico que algumas pessoas
detêm , sobrevive sutil como uma pluma. Tão suave como uma canção de ninar ou
uma declaração de amor.
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