O SILÊNCIO DE DEUS
GeGê
Vivemos, individual e coletivamente, num mar de hipóteses.
Nada há de certeza com relação ao quer que seja em relação a tudo o que nos
cerca. Até mesmo nosso próprio corpo, sem falar em extensões mais complexas de
nossa personalidade, que denominamos alma, mas alguns preferem dizer espírito,
mente ou até duvidar-lhes da existência.
À ciência e a
filosofia (mais propriamente a metafísica, a teologia etc) cabem a tarefa de
explicar, com divisões conceituais sensíveis e, não raro conflitantes, este
nosso vir e estar no mundo. O que os cientistas afirmaram ontem, sobre os
diversos temas que abordam (e como os admiro!) vez por outra são “desmentidos”
mediante novas teses mais convincentes ou até mesmo por provas tecnológicas
(tão prevalecentes a esta altura do mundo.
Os mestres, teóricos e práticos da ciência do espírito,
igualmente, portam os seus archotes de conhecimentos sublimes, com vistas a
explicar o inexplicável, o invisível, o impalpável, o mistério do Creador (*) e
da criatura. Às vezes até com sucesso, mas, honestamente, sem aceitação
indeclinável ou definitiva, e muito menos por unanimidade para com seus
conceitos e pregações. ( Como eu igualmente os admiro!.)
E quanto mais cada qual
de nós estuda, reflete, analisa, observa o nosso próprio universo, somos
obrigados a repetir as sábias palavras “ eu só sei que nada sei”, atribuídas ao
filósofo Sócrates. E se esse velho grego, gigante do conhecimento e de sua
historicamente demonstrada lucidez, veio a dizer, com a sinceridade que lhe era
dominante, nada saber sobre nada, quem sou eu para me atrever a abrir a boca
diante da honesta confissão dessa
autoridade?
Porém, em
respeito ao leitor, que não espera de um texto senão enredá-lo em perguntas
irrespondíveis, como simples quebrar de argumentos inconclusivos, peço vênia
para deixar uma opinião. É uma impressão que vem insistindo para ser exposta.
Para esse relacionamento
Creador X Creatura, no meu pálido e limitado entender, não dispõe de receita
pronta. No entanto, há livros, cds, vídeos e toda sorte de sugestões de como se
conectar com a fonte da creação, em número praticamente ilimitado.
Concluo que essa
conexão, essa ligação Deus-homem se processe de forma absolutamente natural,
sem rodeios, sem qualquer lição humana, por melhor que se possa ajuizar. Arrisco
dizer que o ser humano é o animal que detesta a naturalidade. É useiro em
tornar difíceis as coisas fáceis. E isto constato, ainda que inapropriadamente,
a alegria que vejo em meu cão, o Totó, diante da própria vida. Sim, da vida
dele que, relativamente, é muito menos boa do que a minha vida.
De qualquer vida
de qualquer humano que desfruta (e nunca se satisfaz) com alimentos de ponta da
alta gastronomia; com roupas da mais refinada alta costura; de veículos com
designs cada vez mais belos e potência cada vez maior.
Será que a lição dos animais, de modo geral, não nos ensinam
muito mais e melhor do que sermões pastores e lições de líderes espirituais, sobre a forma de celebrar
a vida e, dessa forma nos conectar naturalmente com Deus, sem palavras?
Totó, em feliz repouso meditativo. |
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