AO TELEFONE


Quando de azul e branco tu passavas
Destino à escola e para mim olhavas
Por entre as réstias deste teu sorriso;
As horas se arrastavam longamente,
Então, pela janela, eu via à minha frente
Na tua figura o  meu paraíso.


Hoje o tempo rodou, longo e espesso,
Já não mais posso ver em moldura de gesso
Aquele jovem rosto a me sorrir...
Mas, quando dentro desta noite insone
Sinto trinar o mago telefone,
Por tua voz tua face ressurgir!
E conversamos sobre tudo e tantos
Momentos bons que os janeiros, quantos?
Já levaram bem longe de roldão!
Para melhor te ouvir eu fecho os olhos,
Desato-me de espinhos e dos abrolhos
Que amargam no meu quarto a solidão!


Vejo além da cortina esvoaçante
O teu rosto jovem na voz sibilante
De amor a  sussurrar-me além da linha...
Assim, no fado amargo e solitário,
Eu pergunto, com as mãos no rosário,
Por  que vivo tão só, por que vives sozinha?


A nossa história é complicada e triste;
– Tantos descrentes dizem, o amor não existe
E para nós é mais que realidade...
E te ouço falar, te sinto viva e pulso
E sinto o relógio no meu pulso
Marcar novo tempo de felicidade.

Geraldo Generoso

0 comentários:

Postar um comentário

Comentários sempre serão bem-vindos!
Para assinar sua mensagem, escolha a opção "Comentar como -Nome/URL-" bastando deixar o campo URL vazio caso você não tenha um endereço na internet. Forte abraço!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...