RIQUEZA FUNDAMENTAL

Recentemente, um canal de tv aberta mostrou a opulência de Reinaldo, o herdeiro da Galeria Pagé, detentor de uma das maiores fortunas do Brasil e, até mesmo do mundo. Trata-se de uma pessoa relativamente jovem.
 
Revela-se dinâmico, acessível, naturalmente simpático e, o que é mais importante, dotado de um sentido para a vida, nos termos em que Viktor Frankl, considerado  um dos maiores psiquiatras e filósofos do século XX, definiu como ingrediente essencial de felicidade.
 
No caso específico do Reinaldo, ele quer ser cantor. Aliás, ele é um cantor, mas ainda não despontou na mídia e nos espetáculos. Luta para isso, com armas convencionais, ainda que muitas vezes pague auditórios para ouvi-lo. Mas fez, sob esse aspecto de sua vocação, uma declaração muito feliz: "Medalha sem honra enferruja a alma".
 
Há grande número  textos que enfatizam  a relatividade da riqueza. A maioria de tais mensagens se funda em conotação religiosa ou moral. Na oportunidade, minha pretensão é vazar as ideias de forma prática e despretensiosa, nua e cruamente.
 
Bom, já apresentei o Reinaldo, ainda que pessoalmente não o conheça. Mas tudo indica ser gente boa. Possui avião, vários carros, inclusive uma Ferrari das melhores; camaros de várias cores; mansão, um estúdio de som de cair o queixo; um zoológico particular etc e etc.
 
No zoológico há até uma zebra mansa. Entre lindos pôneis (cavalinhos que parecem de brinquedo), ele tem como animal de estimação um carismático tigre, e que passeia com ele pela casa.  A fera é simplesmente linda  e dócil como um cão. Menciono esses luxos desse simpático herdeiro da Pagé para, a partir daqui mostrar como vejo a opulência de um modo pessoal.

Todos esses ingredientes luxuosos e confortáveis são bem mais relativos do que somos levados a supor. Muito do que se  pode fazer o dono desses e outros  bens - de consumo e de capital - nós, que não temos  herança milionária, usufruímos no mesmo nível do que o opulento empresário, candidato a cantor.
 
O dom da visão - que a Natureza gratuitamente confere à maioria das pessoas -  permite ver aqueles objetos de desejo que, em sua quase totalidade nada mais causam de prazer do que o simplesmente contemplá-los. O vê-los também quem tiver olhos fazer-se dono (pelo simples dom de olhar) de todas essas tantas coisas.
 
Não vai aqui nesta exposição qualquer semelhança com a velha conhecida posição da raposa e as uvas. Claro que riqueza traz conforto, vida melhor em alguns aspectos (jamais em todos); mas, quanto à vida (em termos terrenos) tanto ela pode alongar como abreviar os dias dos ricos.
 
O mesmo seja dito com relação aos demais  quatro sentidos de percepção. Tudo o que se tem só se tem pelo dom da vida, que é a única doação que a Natureza  oferece como mãe e, não sei como ou porque,  um dia nos subtrai e  elimina  até mesmo da própria vida em termos terrenos.
 
Se Sócrater ainda estivesse entre nós em carne e osso, seria comum vê-lo nos shopins e grandes magazines a olhar para as vitrines com mercadorias expostas. E acaso nos surpreendêssemos em ver um filósofo como ele, tão voltado para as coisas do Espírito como que hipnotizado por tantos apelos de consumo, certamente ouviríamos a mesma sábia resposta que ele deu aos seus contemporâneos: 
 
      - Estou aqui maravilhado ao ver diante  tantas coisas de que não preciso e que não me fazem a mínima falta.
 
 

0 comentários:

Postar um comentário

Comentários sempre serão bem-vindos!
Para assinar sua mensagem, escolha a opção "Comentar como -Nome/URL-" bastando deixar o campo URL vazio caso você não tenha um endereço na internet. Forte abraço!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...