SANTO
ANTÔNIO SERRADO – 100 ANOS
PESQUISA – RELIGIÃO E FOLCLORE
No ano de
l907, na confluência do Ribeirão Douradão com o Rio Paranapanema, a
sua
margem esquerda existia uma tribo dos índios Chavantes que ali
permaneceram por
muitos anos enquanto o progresso e a civilização
permitiu.
Era uma grande extensão de mata virgem cobrindo toda a
vila, onde os colonizadores
deram o início na formação das
primeiras fazendas: a São Luiz, Santa Hermínia, Santa
Augusta e
Bela Vista.
Nesta
aldeia, conhecida pelo nome de Palmital vivia uma Padre Catequista, como
muitos jesuítas que vieram com as missões de Portugal com o intuito
de ensinar
a religiosidade e civilizar os nativos.
Foi esse padre,
cujo nome não foi identificado, que entalhou a imagem de Santo
Antônio
em cedro pardo com muita dificuldade por não ter na época
as ferramentas adequadas.
Logo após o término da imagem artesanal ,
preparou um altar num casebre de pau a pique,
coberto de sapé, próximo as choças dos índios e começou o trabalho de catequese.
Passado alguns anos o Padre veio a falecer e foi enterrado pelos
próprios índios, à margem
direita do Ribeirão Douradão, onde em
1910 deu início a Fazenda Barreirinho pelos
seus proprietários José
e Joaquim Augusto Junqueira.
Na sepultura do padre colocaram uma
tosca cruz de madeira e ao lado uma enorme pedra,
que foi batizada pelos caçadores que por ali passavam como a Pedra do Padre. Esta
história
foi narrada por antigos moradores que desde 1896 residiam
no povoado, como o
Sr. Oscar Ramos do Cartório Civil e o Major João
Ferraz, proprietário da primeira loja
de tecidos na rua 21 de
Abril, rua esta que corta a Praça Breno Noronha, em Ipaussu.
Em 1908,
um cidadão da Vila de Ilha Grande, de nome Luiz Pontes, que tinha
muito gosto
por caçadas, convidou alguns amigos para realizar este
feito nos arredores da Pedra do Padre,
já que lá tinha um amigo
sitiante de confiança chamado João Ruivo.
Penetraram na mata e
avistaram a aldeia dos Chavantes desativada, e por pura curiosidade
começaram a vistoriar, onde depararam com a imagem de Santo Antônio
toda empoeirada e abandonada.
Luiz Ponte, homem muito religioso
resolveu trazer o santo para o povoado, onde entregou
ao pároco, o
Cônego Miranda.
Miranda, o cônego, com receio de colocar a imagem na Matriz, sem
autorização do Bispo
da Diocese, manteve-a na casa paroquial
guardada. Depois de algum tempo, o vigário foi
transferido para a
cidade de Assis. Decidiu presentear a imagem ao seu
coroinha o
Sr. Alegário Campos que levou para a sua residência na
rua Joaquim da Luz, no. 74,
onde afluência de religiosos passou a
ser muito grande.
Certo dia recebeu a visita de um amigo, conhecido
por Sinhô, o alfaiate, que possuía uma
alfaiataria na rua Natale
Cafezale, n° 70. O visitante, ao defrontar com a imagem
de Santo Antônio
passou a convencer o Alegário Campos a se converter ao espiritismo,
insinuando que o santo era um cofre dos índios, onde continha ouro
e diamantes.
Tanto foi a insistência do amigo que, numa noite
macabra, providenciou a serradura da
imagem bem ao meio, na ânsia
pelas jóias escondidas.
Enorme foi a sua decepção ao encontrar apenas duras rachaduras da rica madeira de nossa
flora, o cedro
pardo. Ao amanhecer, tomado pela ira, levou a imagem partida até o
quintal na pretensão de atear fogo, quando foi interrompido pelo
vizinho, o Sr. Pedro Bissetti,
que encarecidamente pediu a imagem
do santo.
O Sr. Pedro Bissetti foi atendido pelo Sr Alegário
Campos e, com a posse da imagem,
levou-a para casa e providenciou
a colagem com cera de abelha. Com o desfecho dos
acontecimentos, o
Sr Alegário e Sinhô foram excomungados pela população católica.
O
Sr. Alegário se enclausurou em sua residência, remoído pelo remorso, e
perdeu a visão, vindo logo em seguida a falecer, enquanto o seu
amigo Sinhô, o alfaiate
fugiu da vila de Ilha Grande, (hoje Ipaussu) e nunca mais
ninguém ouviu falar dele.
O Sr.
Bissetti construiu uma pequena capela para duas pessoas na rua
Washington Luiz,
onde colocou a imagem de Santo Antônio,o qual, por
muitos anos distribuiu graças aos
seus devotos.
Em l922, uma senhora católica, moradora da Fazenda São Luiz, após receber uma grande
benção, em agradecimento construiu uma capela maior, a qual existe até
hoje. Em 1955, o Sr. Pedro Bissetti veio a falecer e a herança da
capela e da imagem passaram para sua filha Dona
Josefá B. Moretão
que cuidou por de 45 anos.
Após o falecimento de Dona Josefá
Moretão, resta atualmente os cuidados da última geração
composta
pela sua filha Fernanda de Fátima Moretão Menegasso e seu esposo
Luiz Fernando Menegasso ( por muitos anos Segurança da Agência da antiga Nossa Caixa
em
Ipaussu, onde hoje se intalou o Banco do Brasil).
Todo dia
13 do mês de junho é celebrada uma missa e, em seguida, realizada a
benção
dos pães . Este ano foram bentos mais de 6000, com a
participação de um grande números
de fiéis de Ipaussu e de uma
romaria de São Paulo e Ribeirão Preto com cerca
de 40 pessoas ,
vindos especialmente para a festa do santo casamenteiro.
Este é um entardecer sereno de Ipaussu:
FLOR DO VALE QUE IRRADIA CALOR HUMANO E HOSPITALIDADE
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