"NÃO ESTAMOS MORTOS..."




Se no sussurro da noite, num misto
do desejo de rever os seus ausentes,
É bem provável que digam  isto:

Geraldo Generoso

           " Daqui do Plano Espiritual em que vivemos, prosseguimos  na rota  dos nossos ideais perseguidos no transcurso da efêmera vida terrena. Desvencilhados dos liames da matéria, que sem o sopro do espírito se putrefez para repasto dos vermes, vivemos num ambiente  até mais real do que aquele     vivido nesse orbe. Aqui no etéreo assento, dos despojados de carne e ossatura, as situações não nos desiludem nem iludem. Nem há motivos para sobressaltos ou temores. A começar, obviamente, pelo temor da “morte”.

            O primeiro grande prêmio do desenlace carnal é o de constatar que o vocábulo “morte” desaparece de nosso dicionário. Tão logo cruzamos o portal para esta dimensão da existência nos certificamos de uma continuidade natural.

            Aqui partilhamos de uma visão da vida sob uma ótica diferente do modo de viver dos que se dizem “vivos”. Não se trata, contudo, de uma condição efetivamente oposta àquela por nós vivenciada no âmbito  da carne.

Estranha designação

            É muito curiosa a reação que nos causa ao ouvirmos de nossos parentes e amigos de quem  nos acercamos em alguma oportunidade, a menção da palavra “finado” antes do nome que por certo tempo éramos  chamados aí na terra.. Tal expressão nos causa riso e estranheza pelo absurdo evidente de que se reveste.

A vida continua...

            Pairamos numa dimensão onde, mais do que nunca, a vida pulsa e se reveste de formas e conteúdos desvelados.  Onde se fazem  inócuas as sugestões ilusórias dos sentidos. Enquanto carregávamos a nossa cruz pelos caminhos percorridos, sentíamos a vida numa dimensão modesta e acanhada. A intuição se fazia pouco ou quase nada responsiva.
           Vivíamos eivados de poluição intelectual, opiniões próprias e alheias, em meio à balbúrdia e à vã correria em busca da matéria que se traduzia numa extensão de nosso próprio EU.

O império do Amor

            O fato de nos encontramos neste plano, dito superior, não nos isenta, contudo, da condição de eventuais sofrimentos. Mas aqui aprendemos sobre a suprema necessidade de amar.
Descobrimos que esta é a única via para a nossa redenção.

          Não obstante, não significa que a arte do verdadeiro amor possa ser obtida mediante aprendizados. Ela se resume num exercício de vigilância e persistência. Cedo descobrimos que só o amor redime. 
        Somente ele nos coloca em sintonia com o Bem Supremo e assim nos abre todos os veios da alma para nos conectarmos com  à  plena bem-aventurança, na “paz que excede todo o entendimento”.

Um mundo dinâmico

            O amor se nos manifesta de forma tangível, apesar de sua imaterialidade. Para efeito de comparação, o amor aqui parece revelar-nos da mesma tessitura de nosso corpo espiritual, a que os místicos chamam “ o esplendor aprisionado” e o apóstolo Paulo designou como sendo o corpo incorruptível. Nós sentimos, sim, a liberdade de todo o Universo, ao abrimos a consciência de que somos parte do infinito.

A chegada

            A princípio, quando aqui chegamos, percute sobre nós uma leve saudade da terra e surge uma pequena e momentânea dificuldade de  ajustamento. As novas condições obviamente diferem, mas alguns itens aqui  persistem semelhantes ao viver terreno: o trabalho se mostra como essencial.

Construímos amanhãs como vocês na Terra.

Em pouco tempo conscientizamo-nos do novo estado de existência. Lamentamos não poder dizer de viva voz aos nossos entes queridos que suas lágrimas choraram uma  ausência temporária, mas não, definitiva.

Não significa que nos acomodamos numa vida paradisíaca e inútil .O trabalho prossegue. Tão ou até mais intensamente do que quando nos servíamos de uma carcaça para andar e dos revestimentos musculares de uma caveira para sorrir.

Queremos sim, voltar à terra para oferecer o melhor de cada um de nós a fim de  que a luz do verdadeiro conhecimento se instale na alma da humanidade. Para que o mundo deixe de sofrer inutilmente, como acostumou-se desde que pisou pela vez primeira nesse planeta."


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