SURPRESA NO CAMINHO DE EMAÚS

A CAMINHO DE EMAÚS

Geraldo Generoso


Afirmam os estudiosos das Sagradas Escrituras que os relatos bíblicos sempre enfeixam, de forma simbólica, lições e exortações para conforto e uso em nossas vidas. As narrativas não se esgotam nos episódios em si mesmos. São sempre depositárias de uma mensagem a ser decodificada.

     Entre tantas passagens da Bíblia Cristã, na cerimônia de casamento do dia 24 de setembro,  de VITOR ANDRÉ G.MARTELINI (meu compadre e sobrinho)  com ELAINE NARDO,  o nosso querido FREI PAPIN, como sempre,  foi muito feliz na  escolha da leitura evangélica na celebração daquelas bodas.




     Conforme atesta o livro sagrado, já decorriam três dias da morte de Jesus Cristo. Dois de seus discípulos tomaram o rumo da aldeia de Emaús, distante 60 estádios (3 km + ou -) e pelo caminho iam rememorando o trágico acontecimento da transição dolorosa por que passara o Divino Mestre. Eis senão quando, Cleófas e seu companheiro são alcançados por um terceiro caminheiro em demanda da mesma povoação.





De pronto o novo amigo quis saber sobre o que estavam falando e qual o motivo de tanta tristeza e  apreensão. Cleófas estranhou por aquele caminheiro, provindo de Jerusalém como eles, não soubesse  da morte de Jesus. Eles explicaram o ocorrido.

 “Ele foi entregue à condenação. Nós esperávamos que ele remisse Israel, mas eis que já fazem três dias. É verdade que algumas mulheres, indo ao túmulo, o encontraram vazio, tiveram visão de anjos e disseram que ele vive”.


     De imediato o peregrino se pôs a explicar-lhes as escrituras, sobre os profetas e sobre Moisés e ainda esclareceu que “ao Cristo convinha padecer estas coisas e entrar no reino da glória”.
     Assim entretidos na boa conversa daquele homem, o percurso se fez breve até a aldeia, e logo chegaram ao local de destino. Aquele que os alcançara pela estrada fez que ia para mais longe. Fizeram por convidá-lo para que ficasse, pois já era tarde “e já declinou o dia”.

     Aceitou o insistente convite dos dois amigos e entrou para ficar com eles.Mas eis senão quando, postos à mesa, eles reconhecem o Cristo em pessoa no momento em que, da maneira que era só Sua, Ele partiu  o pão e abençoou-o à Sua maneira.


 E no mesmo instante desapareceu-lhes das vistas.Imediatamente voltaram para Jerusalém, felizes porque “Ressuscitou verdadeiramente o Senhor”.



     Igualmente em nossas vidas, muitas vezes somos alcançados,  em nossa trajetória, pelo Cristo disfarçado em um simples caminhante ao nosso lado. Da mesma forma que os viandantes em demanda de Emaús, ignoramos a evidência do Cristo ressuscitado e sempre presente em nossos caminhos.

     Contudo,  sempre é difícil  ao comum dos seres humanos, como o foi aos próprios discípulos, reconhecer o Cristo de Deus nos gestos que lhes são próprios, como lhe era bem peculiar o  gesto  de partir do pão. 

      Assim, mesmo quando nos parece que o Cristo está morto na Jerusalém de nosso coração, em que estamos errantes como que a fugir dos problemas que se nos assemelham fatais e sem solução, o Mestre está em nosso encalço para nos alcançar por quaisquer que sejam os nossos caminhos e com Suas mãos abençoadas partir o pão que nos alimenta pelo resto da jornada.


      

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