Poema de duas faces

IMAGEM REGRESSIVA




Nesta procura por mim mesmo
Surge o desenho  d’uma imagem estranha
Ante  meus olhos desacostumada:
Nesta viagem pela vida a esmo,
Fiz de meu rosto jovem a barganha
Com a velhice que já é chegada.

Será que sou eu próprio no espelho?
A devassar o  meu passado e  insisto
Em rever uma ausente  criatura...
É um velho que lá está, e agora ao vê-lo
Eu me alieno num cinzento misto
De ignorar minha própria figura.

Que mágica será esta? Pra onde foram,
A escoar das rugas do meu rosto,
Os amores e sonhos tão ardentes?
Onde os raios de amor que não mais douram
A minha vida às raias do  sol  posto
E  de mim mesmo se fizeram  ausentes.


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