QUEM SOU
EU 2
?
Na observância de um decreto
irrevogável,
Sou atento aos preceitos
Do descanso do sétimo dia
Em todos os meus dias da
semana.
Enquanto isso
Os meus críticos não
descansam
Em lançar-me às costas os
seus impropérios;
Atirando-me pedras de
argumentos chochos
Invejosos desta minha forma
de vida
Que bem queriam ter adotado.
Não quero causa própria
advogar,
Nem realçar neste mundo o
meu valor,
Mas a quanta gente faço
ocupada
Na criação de comodidades,
desde a invenção da roda!
Até o controle remoto,
No engenho incessante
De novos confortos
No afã de simplificar a vida
E incrementar o consumo.
Pensando em minha
necessidade,
Quanto se aprimoraram os
leitos,
Colchões, colchonetes e
almofadas,
Poltronas, sofás
,espreguiçadeiras,
Cadeiras de balanço,
guarda-sóis de praias
E mesmo os bancos dos
jardins,
os assentos nas praças,
O carro-leito, o trem, o avião e até veículos
Para viajar para o mundo da
lua,
Quer queiram quer não.
Minha presença é sempre
levada em alta conta
Até nas igrejas e nos parlamentos
Onde as poltronas perfilam
Em minha homenagem como um
exército agradecido.
Deste meu desprendimento
Resulta até a paz para os
governos
Em todos os quadrantes.
Sou pela paz,
Não importuno governo e empregadores
Com pedidos de serviços ou
tarefas
A pretexto de ganhos...
Em vez disso,
Em gesto de extrema renúncia
Não inflo o mercado de
trabalho,
Não concorro com os trabalhadores
Nem tenho o pecado da inveja
Daqueles que se enobrecem
Pelo suor do próprio
rosto...
Fiel à herança biológica
Identifico-me com um bicho
herbívoro,
Inofensivo e útil como
exemplo
De bom comportamento e vida
sã,
Longe das fábricas, das
oficinas
Com que dia e noite
Sonham milhares de
desempregados,
Em meu Ócio Criativo,
Eu simplesmente canto
Como Domenico di Masi
O meu hino à PREGUIÇA.
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