ADIVINHE QUEM SOU EU !






  1. Eu trago uma marca atávica
  2. Como uma cicatriz da História,
  3. Desde os seus  fios  primordiais,

Antes mesmo, talvez,
Que todo esse progresso  chegasse.

Dou trabalho, reconheço,
No bom e no mau sentido.
No aspecto menos feliz,
Basta-me tão só declarar
O sub-ofício que exerço.

Mas, a partir  da tramela
E do ferrolho,  estou  gerando empregos,
Cuido de  levar levas e levas de pessoas,
Avaras sem dizer sequer “muito obrigado”.

Graças a mim
Quantas portas se fazem
Num mundo feito de casas,
Cada vez mais fechadas.

Quanto e como evoluíram
Carpintaria e marcenaria,
Quantas e quantas fábricas de pregos,
De vernizes e tintas,
De batentes e fechaduras
Não se fabricam por minha causa!

Nas travas de segurança dos carros,
O quanto não se ocupam em pesquisas
Cuja pretensa perfeição me é um desafio!
Assim procedo e prossigo,




Sem apoio governamental,
Assim só, sempre só
Na raça e no peito
Contra todo um arsenal.

Qual o destino das seguradoras
Sem minha ação real e imaginária.?..
Certamente seriam pouquíssimos segurados
E, por conseqüência, 
Ínfimo o número dos securitários.

Ah ! não fossem as minhas ações
Na calada das noites, nas madrugadas,
                                                   As ruas não contariam com guardas ou sentinelas...
                                                  Quantas e quantas bocas não são alimentadas
                                                  Pela minha ação renegada:
Policiais, carcereiros, escrivães,

Agentes  penitenciários,
Seguranças bem ou mal pagos,
Promotpres, juízes, desembargadores,
Sem contar os advogados,
A quantos beneficio!
Gente que nem conheço...

No entanto vejo que do mal  praticado
Há um bem como resultado
E por ele não ouso
Esperar reconhecimento ou gratidão.

Mas basta pensar em quanto,
A pretexto de minha existência ativa,
O quanto a economia se movimenta.

Sempre estive. Sempre estarei presente.
Até mesmo na cruz ao lado do Mestre,
Não por acaso,
Lá partilhei de um martírio insano,
Donde fiz escalada para o paraíso
Como me prometera o Redentor do mundo.


Não faço, contudo, apologia dos meus afazeres,
Nem quero ser como aquele colega,
Ao lado do Filho de Deus
Que quis prova de poder e assim se fez blasfemo.

Por último bem causado,
Por conta de meus atos
Tantas e tantas orações sobem aos céus
Em função do medo a exigir a fé.

Eu sou o Bom Ladrão,
Que apesar de maldito entre os homens
Tem seu lugar no que a sociedade tem de fundamental:
A  economia  que se fez no eixo
De um mundo onde, até entre os ladrões,

Existem alguns mais iguais.!

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