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Se você fala a um cientista mundano sobre as coisas espirituais, ele dá a entender que isto não é provado, ou é apenas conjectura. Dirá ele que gosta da exatidão. Mas, perguntamos, sem nenhum intuito de diminuir a ciência: - Até hoje, o que foi que a ciência fez de maneira perfeita ? Pouquíssimas, principalmente na medicina, pois a verdadeira medicina, como dizia Paracelso, é a natureza.
Estamos mais do que
convictos que o maior de todos os médicos não saberia curar um resfriado
totalmente, se não aplacar apenas os seus efeitos, à base, geralmente do ácido
acetil salicílico (aspirina), vitamina C, cálcio, cama, etc.
Então onde reside a razão deste pavoneamento científico ? Cadê o cientista que esperneia e grita que é o “tal”, e acaba morrendo de um simples resfriado, ou gemendo de uma simples e inofensiva dor de cabeça ?
Enquanto conheço boiadeiros e tropeiros que não sabem, se não de “ouvir dizer”, o que é uma dor de cabeça; os médicos e cientistas, farmacêuticos e químicos vivem quebrando o piolho e procurando novos remédios e pesquisando sobre “novas” doenças.
Mas tudo é válido. São louváveis todos os trabalhos que se direcionam para aliviar ou suprimir a dor. É evidente que a ciência evoluiu muitíssimo.
As constantes preocupações da vida moderna abarcam a todos. E, por falta de adequado exercício físico, a humanidade perdeu o sono, principalmente no ocidente e nas nações industrializadas. Hoje a globalização tomou conta. China e Índia se capitalizaram e absorveram muito do jeito de ser e de viver do Ocidente.
A ânsia pelo lucro fácil transformou o homem em simples célula de dinheiro; este trocou a própria felicidade pelo vil metal.
É claro que o dinheiro é necessário. Mas quando ele se tornou fundamental, o homem deixou de ser essencial. Podemos possuir dez carros, mas só ocupamos um banco de um só automóvel; podemos comprar dez casas, mas só podemos morar em uma única residência, e, pela porta desta casa, que orgulhosamente, dizemos “nossa”, sairá o nosso corpo para a viagem sem retorno.
Aqui nos parece que fomos um pouco sombrios, desejamos que este livro seja uma luz, nunca uma sombra. Mas, como lançar luz sem que a sombra se faça ? Seremos, porventura, melhores que o bondoso sol, que nada tem de sombrio e é, indiretamente, o fautor da sombra, consequente de sua própria luminosidade ?
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Cabe-nos a opção entre ficar sob a ação da luz, ou permanecer nas trevas.
O homem, ao correr do tempo, desde a descoberta do fogo, tem procurado dissipar a escuridão. Escuridão que ele próprio povoou com gênios e almas penadas, filhos legítimos da superstição.
O homem não deseja enxergar as próprias criações de seu pensamento, pois são aferrados às figuras que, na pedra opaca e fria do medo, o homem esculpiu individual e coletivamente.
O engenho humano trouxe a luz elétrica; as cidades se iluminam ao pôr de cada sol; as praças se apinham de gente. Retângulos luminosos, num sorriso claro, enquanto a noite dorme seu sono de pesadelos e êxtases, a lâmpada acesa rompe o seio da madrugada, até que novamente venha o sol ferir com seus raios a retina do alvorecer.
A dor também tem sido inquilina do homem desde os primórdios de seu aparecimento na face da terra. Misteriosa e pouco agradável, tem sido inspiração para muitos e estorvo para outros tantos.
Do mesmo modo que o homem (normal) fugiu das trevas, é natural que ele fuja da dor, e só a aceita quando esta lhe promete um bem ulterior mais intenso, real ou imaginário (ideal).
A dor não pode ser medida, manipulada como um objeto, e dada à ortodoxia científica que vai de encontro ao anseio do ser que passa pela dor, esta é tratada pela cauda, isto é, julgada pelos efeitos que produz.
Posso, perfeitamente, avaliar a sua dor de dente se já sofri de dor de dente; por outro lado não poderia avaliar uma coisa que nunca senti, embora isto seja conjecturável.
Por solidariedade inata, até o mais cruel dos seres humanos se esforçaria em buscar ou indicar meios para suprimir ou atenuar a dor alheia.
Não podemos definir a dor como sendo ausência do prazer; tal axioma não procede e nem resiste a uma análise mais aprofundada.
Há muitas espécies de dor, mas podemos dividi-las, abstratamente, adotando um critério universal como sendo: - pena, sofrimento, desgosto, mal-estar, angústia, tensão, ansiedade, medo, mal, etc.
Há uma só dor, embora pareça ser múltipla. Se estivéssemos olhando o lado científico, então seria necessário concatenar e dividir, a exemplo do cientista, que tudo divide, mas felizmente já caminham para captar a realidade do “UM” em tudo.
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