KARMA REVISTO PÁGS 21- 24

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Não duvidamos da imortalidade da alma. E é exatamente por podermos crer que a alma é infinita, imortal e ilimitada, que não nos daríamos a trabalhos de evocações doutrinárias aos nossos irmãos de além-túmulo.

      A ignorância, contudo, sempre fomenta o fanatismo, desmorona os mais nobres e caros ideais no proselitismo barato de alguns espertalhões, ou mesmo uma grande parte de pessoas de boa-fé que, de tanto imaginarem e conjecturarem, passam a crer mais do que o seus próprios articuladores num determinado movimento, ou seita.

                                   A VERDADE DE CADA DIA


      O título acima parece restrito, mas, dentro de um esquema de vivência, pode ser o “abre-te-sésamo” para uma vida renovada. 


      Infelizmente, a verdade hoje é um artigo de museu. Na arqueologia paleontológica de nosso vocabulário, iremos encontra-la na boca do próprio Pilatos, a indagar Cristo: “O que é a verdade ?”

      Em termos, não seria tão importante saber o que é a verdade, mas senti-la e vivê-la no dia-a-dia. Como o Cristo a viveu na própria carne.


      Apesar de tudo, para ser verídico até nas mínimas coisas, é necessário ser herói até aos extremos. É preciso ser solitário e ao mesmo tempo participante; é preciso ser amante da paz, e, ao mesmo tempo, ser constante partícipe da luta.

      Todos mentem, todos sucumbem com o veneno que fabricam com as frases de ardis mentirosos, num mundo de pouca verdade, ou talvez, num mundo de ilusões e vaidades, mas tão vazio de objetivos.


      Seria uma maravilha a terra se pudéssemos volver à idade de ouro em que reinou nestas plagas, a verdade. Mas, o declínio vertiginoso de nossa raça está aí para quem quiser ver. A mentira hoje vai do palácio à choupana nas asas dos abutres da conveniência e do interesse próprio. 


     Em que pese o fato de ser o homem um animal de origens aquáticas, a triste realidade que hoje se assiste é que ele se tornou terráqueo como o verme que rasteja entre as sombras e tumbas.

      A verdade de cada dia é mais necessária do que o pão de cada-dia. Para viver a verdade não é preciso inteligência, mas brio; nem tanta prudência ou intelectualidade, mas maior dose de vergonha.


      Qual verme inculcado apenas nas necessidades de uma vida parasitária; emergido num casulo de ideias malsãs, hoje os homens tecem com o ardil mais enganoso os meios de fazer do forte, mais forte; do fraco, mais fraco; do rico, mais rico; e do pobre, mais pobre.

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      O mundo externo é o exato reflexo do mundo interno. Se hoje a podridão grassa desbragadamente como peste nauseabunda, quer seja aqui ou acolá, é porque os corações estão podres e as mentes corrompidas. Felizmente nem todas. Há os que são o sal da terra e a luz do mundo.



     Afirmou certa feita, e com profunda base de sustentação filosófica, um certo alemão de nome Frederico, que a “raça humana está involuindo”... 

     Com certo aspecto, o ser humano está inferior ao animal. E realmente, para triste constatação de todos os que, com objetividade e espírito isento, analisam a humanidade de hoje, vê-se que tal assertiva,  um tanto alarmante é deveras constatável em certo nível.


      Vemos que, grandes homens e grandes mulheres, destinados ao apogeu de uma existência luminosa, com tudo para vencer na vida; munidos das melhores ferramentas espirituais que se pode imaginar, estão aí entregues à corruptela coletiva, à prostituição, aos vícios de uma sociedade que preza em ter, mas não presume em ser; antes valoriza a aparência do que poderia ser, do que a essência do que pode e deve ser.


      Ademais, com a derrocada dos valores para uma total inversão, o conservador honesto é um preconceituoso na opinião de muitos liberais em matéria de costumes.


      Os velhos e rígidos padrões que antes aglutinavam a sociedade num diapasão de harmonia e boa conduta, foram para sempre riscados dos mapas morais.

       Hoje, taxar alguém de moralista é chama-lo de quadrado, retrógrado, antediluviano, ou algo similar. Claro que não se admite, como em nada que se possa imaginar, o ultra-moralismo de alguns imitadores dos fariseus, ao tempo de Jesus.

      A conveniência superou a vergonha; a requisição de liberdade levou a própria juventude à libertinagem consentida; o poder paterno é sombra extinta no livro de uma história que já assinalou o seu ponto e vírgula e marcha para um ponto final definitivo.


      “Ainda há pouco tempo, um ateu exclamava:

      - Deus, se é que existe, destrua tudo para que comecemos tudo de novo; e nunca permita que a situação chegue aonde chegou”.


      Temos tido oportunidade de averiguar hoje um retorno ao feudalismo de épocas remotas. São, evidentemente, imperceptíveis aos olhos da maioria, mas aí estão os tristes resultados do consentido imoralismo. 


    Aí está a base do apocalipse, aí está o Anti-Cristo desta era conturbada, mercadejando as consciências; aviltando os corações, denegrindo a imagem do homem; que se é que continua sendo a imagem de Deus, nada mais pode ser do que uma imagem de barro que ao pó retornará.

      Mas... Ah se não fosse esta lei eterna das exceções para todas as regras, e nem ânimo teríamos em escrever este livro.

                                                       23

                                O RAIAR DE NOVA ALVORADA

      O termo se gastou pelo uso diuturno, como divisa utópica, talvez de ressumo messiânico.


      No entanto, num ciclo bem equilibrado pelas mentes cósmicas mais evoluídas, assistimos o leve descortino da verdade por entre as chaminés negras das ideias primitivas.

      Pouco a pouco, muitas verdades assomam no horizonte moral da humanidade, quer pelas línguas de fogo de um profeta ou pelos dedos de aço de algum escritor ousado.


     Tudo provém, em última análise, da fonte invisível das ideias, como um banco imenso a incrementar e disseminar o contínuo conhecimento.

      Com referência à lei do karma, tão apregoada nos últimos tempos e tão mal interpretada como sendo um regurgitar da velha tese do “olho por olho, dente por dente”, algo está se tornando mais claro e menos sombrio. 


     Sendo a lei do karma uma resultante de causa e efeito, temos presente que “todos os atos, mínimos que sejam, levam fatalmente a uma evolução da personalidade-alma, quer disto se aperceba a nossa mente objetiva carnal, quer disto não tome conhecimento. 

   Então, concludentemente, podemos afirmar que a verdadeira evolução se processa com a vida, e não com a dor; e que tanto a dor como o prazer servem à vida e não à morte”.



      Viver na negligência de uma fé esmaltada de serenidade; pautar uma vida pelos caminhos do menos ruim, e do melhor, se possível, eis o lema de nós todos que peregrinamos à sombra deste vale de lágrimas.


 
      Reatando os fios de minha intenção, vejo no divino autor uma imagem de amor que supera todas as leis do mundo; não temos o menor juízo do mecanismo que rege, através desta inteligência, o nosso mundo e outros mundos; mas é patente que existe, 


    E isto  independente de nossa crença, um poder que atravessa milênios e eons, sempre impessoal e justo, mas não distante de nós, pobres humanos, caminheiros da senda universal, cujo ponto final, cujo objetivo primeiro e último, é e continua sendo o BEM.


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