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Tomemos algumas definições de alguns filósofos que se ocuparam do assunto dor, e no fim somaremos as opiniões para obtermos o produto de uma conclusão.
Tomemos algumas definições de alguns filósofos que se ocuparam do assunto dor, e no fim somaremos as opiniões para obtermos o produto de uma conclusão.
A partir daí, caminhemos pela
estrada da vida com firmeza, deixando que a dor fique às margens de nossa
estrada, e se da estrada não nos desviarmos, ela pouco nos significará e não há
de nos atemorizar tanto.
A definição de SHERRINGTON é “a dor é um epifenômeno que se apresenta habitualmente nos reflexos desencadeados por estímulos capazes de prejudicar a vitalidade orgânica (reflexos nociceptivos) manifestando-se mediante a execução de movimentos defensivos que tem igualmente lugar sem a intervenção psíquica, ou seja, no animal descerebrado."
Sherrington afirma que a dor não depende da parte psíquica, mas fica no meio do caminho ao dizer que o psiquismo não tenha seu lugar na dor, seja ela qual for. Pois o animal descerebrado, ainda que sinta a dor (primária) não haverá de sentir a consequência psíquica ?
Ou pode
alguém sentir algo sem possuir sentimento, por via dos órgãos dos sentidos, claro ? Ou por outra: - como se pode sentir
sem a parte sensível ?
Neste caso, um cadáver estaria sujeito à dor, pois daí
deduzimos, sem sombra de erro, que para existir a dor tem que existir o
psiquismo, por mais primário que seja. Sem sensibilidade haveria dor ?
Já BEAUNIS parece querer imprimir à dor um caráter heterogêneo, ao afirmar que, embora a dor (para ele) seja como o sono e a fome, uma manifestação global, nega-lhe unidade.
Isto é, procura estabelecer
os vários tipos de dores ao formular a tese que uma nevralgia do trigêmeo é
diferente em sua sintomática com as manifestações de um ataque de asma, ou uma
pessoa atacada pela raiva, ou de um pobre canceroso da pele.
BEAUNIS, em seu
minucioso estudo de caráter estritamente científico, alega que basta verificar
as diferentes reações das pessoas acometidas de diferentes males para se chegar
à conclusão da diferença existente entre os muitos tipos de dores.
Elaborou, inclusive, uma escala:
Dor física: De causas mecânicas: gravitativa, de tensão, constrição, torção, divulsão, pulsação.
Doenças: De diversas localizações mais ou menos precisas: calor, ardor (prurido), frio.
Dor psíquica: De cansaço: indolência, prostração, desgosto, cansaço, desespero.
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De detenção: decepção, perplexidade, vergonha, surpresa, confusão.
De inação: confusão, ansiedade, insuficiência, temor.
Beaunis, conquanto bem intencionado, apenas disseca, mas não consegue formular uma unificação. Por exemplo: eu sou de raça americana, consequentemente, sou diferente da asiática e vice-versa.
Meus caracteres físicos e mentais são diversos do de um chinês ou
japonês. Dentro da própria classificação de “americano”, como brasileiro, sou
diferente, no falar e no sentir, de um chileno e este me é diverso também.
Mas entre mim e um chileno existem traços relativamente comuns se eu e ele formos comparados a um norte-americano. Mas, tanto eu, quanto você, que pode ser um japonês, chinês, tunisiano, francês, alemão, espanhol, italiano, judeu ou africano, temos algo muitíssimo em comum: - somos da raça humana ; e isto nos torna mais estritamente parecidos, semelhantes, se eu e você formos colocados perto de um macaco.
Mesmo que nós três, eu, você, e o
macaco estejamos comendo uma banana, até um marciano sentirá que eu e você
pertencemos a um tipo biológico distinto do macaco.
Assim também é a dor. A dor e as dores são a mesma coisa, embora os seus matizes sejam diferentes, todos nós sabemos que, por experiência própria, não é coisa agradável. Poderíamos coletar maior número de definições, mas não nos conduziria a nada que fosse realmente o nosso propósito para o presente trabalho.
Nossa meta é unificar, e não dividir. Multiplicar conhecimentos para diminuir conjecturas vazias; desenferrujar o academismo laboratorial e revestir com verdades claras e simples as páginas que nos restam.
Por
isto vamos dar um salto e um voo para desembaraçar o espírito, e a fim de
espairecer a mente, o leitor está convidado para um agradável passeio de jipe.
Depois iremos dar uma volta de avião. Passear pelos ares, ocupar por alguns
instantes o vazio deixado por alguma águia sedenta que tenha descido do azul do
céu para saciar a sede no azul límpido de algum rio na terra.
O JIPE
Passei grande parte de minha infância num lugar maravilhoso, cercado de serras, cujos cimos esverdeados de vegetação pareciam tocar o céu e se traduziam num convite para galgar com o pensamento, alturas cheias de vertigem e abismos cheios de profundidade.
O JIPE
Passei grande parte de minha infância num lugar maravilhoso, cercado de serras, cujos cimos esverdeados de vegetação pareciam tocar o céu e se traduziam num convite para galgar com o pensamento, alturas cheias de vertigem e abismos cheios de profundidade.
Era
uma aldeia agrícola, onde o aroma das flores que o cafezal desabotoava; o voo
dos colibris travessos e o bulício sossegado dos animais, faziam daquele
panorama uma paisagem cheia de vida! Paisagem que nenhum pincel poderia
traduzir em tintas e nenhum músico em melodia; nenhum poeta, em versos. Era um
todo harmônico e sereno.
13A vida não tinha pressa, mas não era monótona e muito menos tediosa.
A velha e sinuosa estrada, vez por outra, arqueava sob o peso de um jipe, e a criançada toda gritava: - “Lá vem o Seu José”.
- Existe, porventura, algum jipe com esta marca ? Perguntaria o leitor.
Creio bem que não, mas muitas vezes, sem que houvesse necessidade de constatar, diziam as crianças: “Olhem lá, lá vem o Seu Zé”.
Evidentemente, José não era o jipe, mas o dono dele. E todos identificavam-no com o jipe.
Daquele jipe, talvez, José talvez nem se recorde totalmente. Jovem abastado, já deve ter possuído, no mínimo, uma centena de veículos, e o seu jipe, nem nós e nem ele poderemos afirmar onde estará.
José, no entanto, é o mesmo. É claro que, como todo mundo, mudou um pouco: - mais gordo, um pouco mais velho, mas é a mesma pessoa.
Hoje, com o advento de novas técnicas, José comprou um avião, e vez por outra dá umas voltas por aquele saudoso lugar.
Todas as pessoas logo deduzem que se trata de mais um de seus passeios. Basta ouvir-se um ronco nos céus para dizerem: “Lá vai o Seu José”, ou frases parecidas. Até se esquecem que o avião não é o José e que o José nunca foi um avião.
Assim ocorre conosco e com os demais quando dizemos que somos nosso corpo. Não, nós não somos o nosso ser físico apenas; somos almas que vivem em um invólucro físico. Quando deixarmos este planeta terreno, deixaremos as ferramentas de que se servia nossa alma aqui na terra.
Aí surge uma indagação. Nós não sabemos, graças à prudência de Deus e da Natureza, que somos, em essência, o mesmo que já fomos em priscas eras, embora nosso corpo atual seja outro.
O mero fato de se afirmar “fulano morreu” implica em uma ação, pois ninguém morre sem estar vivo, e ninguém que esteja vivo pode dizer que nunca morrerá.
Sendo nossa personalidade a soma de tudo, então o morto não somos nós. Para algum lugar iremos, e não deve ser tão penoso assim...
A verdadeira personalidade é o “EU”... Não é o seu carro, seu avião, sua lancha, sua bicicleta”...
A mudança chamada morte tem enganado a muitos, e nos engana diariamente.
A voz silencia (a voz não é o corpo, embora se manifeste através dele); o pensamento para (no sentido cerebral); os movimentos paralisam todos. Aqui então surge o teorema que quebra as cabeças materialistas.
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