O MAIS ANTIGO EQUIPAMENTO TERAPÊUTICO
Não só o mais antigo, tanto quanto sempre atual e
indispensável. E ao longo do tempo sofreu mínimas modificações ou adaptações,
desafiando os ímpetos da tecnologia alucinante deste século.
Trata-se de um
acessório doméstico que acompanha a raça humana de longa data. Por seu
histórico, bem que merece um monumento gigantesco, talhado em ouro maciço.
Refiro-me à cama, ao leito – ou sensualizando um pouco mais o termo, a alcova.
O seu uso se traduz no primeiro expediente para qualquer doença ou
indisposição.
Os centros de saúde bem que deveriam oferecer camas e mais camas a serviço dos doentes que
esperam nas filas de atendimento.
Ademais, quantas e quantas pessoas se
restabelecem ao simples ato de deitar-se sobre um colchão sobre a mesma?
Doutores e pós-doutores esfalfam-se em seus laboratórios no intuito de fazer
milagres científicos a cada momento, destarte engrossando a lista dos
medicamentos – genéricos e específicos – e eis lá a cama.
No quarto da casa,
nos acampamentos de peões, nos presídios e hospitais, como recurso
insubstituível a cada um dos usuários.
Antes, quando parteiras assistiam a
domicílio, poder-se-ia dizer que a maioria dos seres humanos nasciam e morriam
na cama.
A alcova dos nubentes se firma
a sua finalidade maior, na tentativa de perpetuidade da espécie.
Ah! Que pena
não haver no calendário o DIA DA CAMA!
Congressistas, não percam tempo e
oportunidade ! Exaltem o que é de mérito para homologar de público o valor
dessa peça de samaritana dedicação aos seres humanos de todos os quadrantes.
Os
motéis já fizeram sua parte, guarnecendo seus aposentos com as famosas camas
redondas, sem arestas, de feição mais feminil em seu design.
Hospitais – no
pouco que evoluíram nessa matéria – guarnecem os leitos reguláveis, com
colchões d água para maior eficácia na cura e manutenção do paciente em
decúbito dorsal.
Todavia, algo tão perfeito, como todas as coisas simples, não
evolui de forma esnobada ou modista.
É um móvel democrático onde todos se
igualam na horizontal.
Como me recordo, e
com saudades, do meu ruidoso colchão de palha, lá na Fazenda Santa Rosa.
Palhas que vestiram espigas – complemento alimentar da tropa de meu avô, do
nosso bode de estimação, do galo cantor das madrugadas, das galinhas em
cacarejo anunciando postura de ovos, ou ralhando com o redor em defesa dos
pintainhos!
Sim, vamos valorizá-la sem a parcialidade própria dos que a vêem
como cúmplice de preguiçosos e valia
ociosa de vagabundos.
Sem
o sono, em verdade, a vida seria dupla. Mas, se por um lado essa duplicidade
nos garantisse mais tempo de existência ativa, onde a cama inexistisse, por
certo nossas dores seriam também duplicadas por sobre este Vale de Lágrimas.
Que
a cama seja respeitada em seu ofício múltiplo, no descanso ao sadio e no repouso
ao doente, ou palco dos amantes.
Continue ela na ajuda à recuperação dos
bilhões de humanos da face da Terra, tão carentes de tantas coisas. Que não
falte em cada lar o leito sagrado, território indevassável do sono e dos
sonhos, na saúde e na doença.
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