MAGNO ALVES - BIOGRAFIA DIALOGADA.

          


Generoso: Hoje temos um dilema crucial nessa questão da profissão que é a automação, sempre requerendo mão de obra especializada, com pessoas sabendo o máximo sobre o mínimo de partes da engrenagem produtiva. Um outro sério desafio é que enquanto se é novo não reúne a experiência exigida pelo empregador, e quando se adquire essa experiência,  por decorrência da idade, o mercado de trabalho não oferece vagas.

         Magno: Essa é uma questão conhecida, que vem de longe. Mas o ajuste que a  pessoa fundamentalmente precisa de fazer nesse setor da vida – que é fundamental – é desenvolver o equilíbrio e cultivar o desenvolvimento da inteligência emocional. Modernamente, isto conta muito ponto -  a integração da pessoa ao grupo profissional de que é parte.  Mas por falar em engrenagem, vamos estabelecer uma comparação entre uma roda e uma engrenagem. Eu comparo o aprendiz, e mesmo aquele profissional que está deslanchando, mas ainda em começo de carreira, a uma roda que gira tão mais perfeitamente quanto melhor ajustada estiver.
 





          Uma roda, por mais que gire, não girará mais do que lhe permite a sua dimensão.  Esta é a imagem geométrica de quem começa uma atividade, especialmente uma atividade autônoma, por conta própria.


Mas ninguém pode persistir sendo sempre o mesmo, e a girar sempre na mesma configuração,  com pena de não se mover do lugar em que está. Sim, porque no Universo, tudo é dinâmico. Assim, os anos passam. Infelizmente, mais depressa do que  nos damos conta. Enquanto jovens não nos assustamos com o tamanho das tarefas e a energia de que dispomos sempre dá conta do recado com relativo sucesso.

          Mas ai de quem for um profissional rodante a vida toda. Na medida que os anos chegam, para não deixar o cenário profissional de que é parte, é preciso fazer uma modificação nesse circulo bastante rodado. 


A experiência acumulada não tem preço, mas também não terá serventia se não puder ser empregada e passada adiante no ramo em que nos situamos profissionalmente.

         
          Generoso: Aqui então entra a transformação da roda em uma engrenagem, capaz de mover outras rodas – mormente as mais vigorosas, representadas pelos profissionais menos experientes.




 
      Uma frase magistral do milionário norte-americano, que dispensa apresentaçãoes, John Paul Gatty. ilustra bem a diferença comparativa entre ser uma RODA ou  uma engrenagem:

“Prefiro ganhar um por cento dos resultados dos esforços de cem pessoas, do que ganhar cem por cento dos resultados dos meus próprios esforços”.





            Magno: Perfeitamente. Aí o efeito da ação desenvolvida é muto mais significativo e isto conta muito quando se fala em produção. O profissional precisa dominar por completo todos os pontos da sua atividade e se tornar um dínamo capaz de mover outras e outras rodas com a sua mente, com o seu conhecimento, que é algo impalpável mas que no fim é o que mais conta. Assim, um odontólogo que realmente se dedicou ao seu ofício, que conhece a fundo a sua profissão, será um excelente pesquisador, um hábil professor de odontologia, suavizando sua carga de trabalho, na mesma proporção em que vai se fazer mais útil e sentir maior gratificação em sua atividade. 


Este exemplo é válido para quaisquer outras atividades. Conheci um caminhoneiro que se tornou muito bem realizado em sua profissão quando,  não mais podendo fazer as viagens interestaduais que de costume empreendia, passou a ser gerente de uma transportadora, tirou a empresa do vermelho e ganhou muito dinheiro nesse novo degrau de sua ocupação. Isto é um exemplo de roda que se tornou engrenagem e puxou da falência uma empresa graças apenas aos seus conhecimentos e a habilidade em delegar tarefas.




             Generoso – O  símbolo da engrenagem, evoluída a partir de uma roda, é a experiência que essa “roda”, esse profissional adquire ao longo de sua carreira. Voltando ao foco do que já abordamos até aqui, que foi o lado social e profissional, é fácil perceber que quando uma pessoa é bem sucedida no trabalho o resultado seu aspecto social de vida é o mais diretamente favorecido. Uma pessoa que tenha galgado altos degraus na profissão que abraçou, ou que esteja em ascensão, normalmente se relaciona bem no seu círculo social, de amigos e colegas de trabalho ou de clube ou pescarias. E aí, não se pode perder de vista, os outros dois aspectos, as duas quartas partes restantes daquele nosso primeiro círculo, que poderíamos chamar “ o queijo da vida”.

            Magno:- Que são os setores Familiar e Conjugal. Vamos primeiro ao aspecto familiar para distingui-lo com clareza do aspecto conjugal.

            Generoso:- Ainda que quase se confundam numa coisa só, - os aspectos familiar e conjugal se diferem sensivelmente, a ponto de, em muitos casos, se tornar em foco de atrito. O setor Familiar pode ser representado por duas setas. Uma para cima e outra para baixo, assinalando assim duas direções que esse ramo da vida percorre.

           Neste direcionamento da seta, voltado para baixo, situam-se nossos             
           descendentes e similares: filhos,  genros, noras, sobrinhos, netos, e irmãos      .           mais novos.
            Enfim, todos aqueles que fazem parte de nosso convívio, aos quais influ-
            enciamos, ou somos por eles influenciados, a partir de experiências que


seguem a direção do presente (deles)  para o passado (nosso).

   Esta direção apontando para cima  representa a nossa ascendência: avós, pais,
    Sogros, irmãos mais velhos, tios etc.




É fácil notar a diferença de linguagem quando se fala com um filho daquela de quando se fala com nossos pais. Há uma determinação do tempo que é inevitável. 


Os pais, até certo ponto, mais do que biologicamente, nos fizeram, ou melhor, nos moldaram a um tipo de comportamento e atitudes, onde somos um elemento passivo, receptivo e, por haver um fosso entre a nossa geração e a de nossos pais, é sempre uma relação que não fala a mesma língua, porque não é do mesmo tempo. 


Talvez, se não fossem as diferenças individuais, com quem melhor poderíamos nos identificar nos diálogos seria com nossos irmãos, cunhados, irmãs ou tios de nossa quase mesma idade. Nesse mesmo contexto, há a flecha voltada para cima, em sentido oposto, que representam os nossos ascendentes: avós, tios e tias mais velhos; pais, sogros etc.
           
Todas essas relações com que, em situações normais o indivíduo
defronta, inseridas no meio familiar igualmente, para mais ou para menos,
influenciam na sua  postura profissional, social e conjugal. Do mesmo modo as demais partes do  nosso queijo da vida ( o círculo cortado em 4 partes) fatalmente influencia umas às outras.

Significa dizer que esse aspecto da existência precisa ser trabalhado com constância e acurado interesse. Dele também derivam emoções e comportamentos que se integram na vida como um todo.

 Quem não é um bom filho(a), normalmente não é um bom esposo(a) diz a experiência de cada dia. A família é importante porque sempre representa a primeira rede de proteção para o individuo para a espécie.

 Nascemos sociáveis a partir de um pequeno núcleo chamado família, onde exercitamos da forma mais espontânea possível aquilo que somos de verdade e em essência. 


Se hoje se repete o drama de filhos se esquecerem ou ignorarem os pais, é porque esses mesmos pais, evocando talvez os mais nobres motivos, também foram omissos para com os próprios ascendentes.  A vida tem suas leis a partir da consciência de cada um.

 Há aqueles que a vida toda se afundaram no trabalho, como um ópio aparentemente virtuoso, que na realidade era uma fuga da família. Esses laços rompidos farão falta, como sempre faz falta o elo de uma corrente ou o dente de uma engrenagem.


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