Generoso: Hoje temos um dilema
crucial nessa questão da profissão que é a automação, sempre requerendo mão de
obra especializada, com pessoas sabendo o máximo sobre o mínimo de partes da
engrenagem produtiva. Um outro sério desafio é que enquanto se é novo não reúne
a experiência exigida pelo empregador, e quando se adquire essa
experiência, por decorrência da idade, o
mercado de trabalho não oferece vagas.
Magno: Essa é uma questão conhecida,
que vem de longe. Mas o ajuste que a
pessoa fundamentalmente precisa de fazer nesse setor da vida – que é
fundamental – é desenvolver o equilíbrio e cultivar o desenvolvimento da
inteligência emocional. Modernamente, isto conta muito ponto - a integração da pessoa ao grupo profissional
de que é parte. Mas por falar em
engrenagem, vamos estabelecer uma comparação entre uma roda e uma engrenagem.
Eu comparo o aprendiz, e mesmo aquele profissional que está deslanchando, mas
ainda em começo de carreira, a uma roda que gira tão mais perfeitamente quanto
melhor ajustada estiver.
Uma roda, por
mais que gire, não girará mais do que lhe permite a sua dimensão. Esta é a imagem geométrica de quem começa uma
atividade, especialmente uma atividade autônoma, por conta própria.
Mas ninguém pode persistir sendo sempre o mesmo, e a girar
sempre na mesma configuração, com pena
de não se mover do lugar em que está. Sim, porque no Universo, tudo é dinâmico.
Assim, os anos passam. Infelizmente, mais depressa do que nos damos conta. Enquanto jovens não nos
assustamos com o tamanho das tarefas e a energia de que dispomos sempre dá
conta do recado com relativo sucesso.
Mas ai de quem
for um profissional rodante a vida toda. Na medida que os anos chegam, para não
deixar o cenário profissional de que é parte, é preciso fazer uma modificação
nesse circulo bastante rodado.
A experiência acumulada não tem preço, mas
também não terá serventia se não puder ser empregada e passada adiante no ramo
em que nos situamos profissionalmente.
Generoso: Aqui
então entra a transformação da roda em uma engrenagem, capaz de mover outras
rodas – mormente as mais vigorosas, representadas pelos profissionais menos
experientes.
Uma frase
magistral do milionário norte-americano, que dispensa apresentaçãoes, John Paul
Gatty. ilustra bem a diferença comparativa entre ser uma RODA ou uma engrenagem:
“Prefiro ganhar um por cento
dos resultados dos esforços de cem pessoas, do que ganhar cem por cento dos
resultados dos meus próprios esforços”.
Magno: Perfeitamente. Aí o efeito
da ação desenvolvida é muto mais significativo e isto conta muito quando se
fala em produção. O profissional precisa dominar por completo todos os pontos
da sua atividade e se tornar um dínamo capaz de mover outras e outras rodas com
a sua mente, com o seu conhecimento, que é algo impalpável mas que no fim é o
que mais conta. Assim, um odontólogo que realmente se dedicou ao seu ofício,
que conhece a fundo a sua profissão, será um excelente pesquisador, um hábil
professor de odontologia, suavizando sua carga de trabalho, na mesma proporção
em que vai se fazer mais útil e sentir maior gratificação em sua atividade.
Este exemplo é válido para quaisquer outras atividades. Conheci um caminhoneiro
que se tornou muito bem realizado em sua profissão quando, não mais podendo fazer as viagens
interestaduais que de costume empreendia, passou a ser gerente de uma
transportadora, tirou a empresa do vermelho e ganhou muito dinheiro nesse novo
degrau de sua ocupação. Isto é um exemplo de roda que se tornou engrenagem e
puxou da falência uma empresa graças apenas aos seus conhecimentos e a
habilidade em delegar tarefas.
Generoso – O símbolo da engrenagem, evoluída a partir de
uma roda, é a experiência que essa “roda”, esse profissional adquire ao longo
de sua carreira. Voltando ao foco do que já abordamos até aqui, que foi o lado
social e profissional, é fácil perceber que quando uma pessoa é bem sucedida no
trabalho o resultado seu aspecto social de vida é o mais diretamente
favorecido. Uma pessoa que tenha galgado altos degraus na profissão que
abraçou, ou que esteja em ascensão, normalmente se relaciona bem no seu círculo
social, de amigos e colegas de trabalho ou de clube ou pescarias. E aí, não se
pode perder de vista, os outros dois aspectos, as duas quartas partes restantes
daquele nosso primeiro círculo, que poderíamos chamar “ o queijo da vida”.
Magno:-
Que são os setores Familiar e Conjugal. Vamos primeiro ao aspecto familiar para
distingui-lo com clareza do aspecto conjugal.
Generoso:- Ainda que quase se confundam numa coisa só, - os aspectos
familiar e conjugal se diferem sensivelmente, a ponto de, em muitos casos, se
tornar em foco de atrito. O setor Familiar pode ser representado por duas
setas. Uma para cima e outra para baixo, assinalando assim duas direções que
esse ramo da vida percorre.
Neste direcionamento da seta,
voltado para baixo, situam-se nossos
descendentes e
similares: filhos, genros, noras,
sobrinhos, netos, e irmãos . mais novos.
Enfim, todos aqueles que fazem parte
de nosso convívio, aos quais influ-
enciamos, ou somos por eles
influenciados, a partir de experiências que
seguem
a direção do presente (deles) para o
passado (nosso).
Esta direção apontando para cima representa a nossa ascendência: avós, pais,
Sogros, irmãos mais
velhos, tios etc.
É fácil notar a diferença de linguagem quando se fala com um
filho daquela de quando se fala com nossos pais. Há uma determinação do tempo
que é inevitável.
Os pais, até certo ponto, mais do que biologicamente, nos
fizeram, ou melhor, nos moldaram a um tipo de comportamento e atitudes, onde
somos um elemento passivo, receptivo e, por haver um fosso entre a nossa
geração e a de nossos pais, é sempre uma relação que não fala a mesma língua,
porque não é do mesmo tempo.
Talvez, se não fossem as diferenças individuais,
com quem melhor poderíamos nos identificar nos diálogos seria com nossos
irmãos, cunhados, irmãs ou tios de nossa quase mesma idade. Nesse mesmo
contexto, há a flecha voltada para cima, em sentido oposto, que representam os
nossos ascendentes: avós, tios e tias mais velhos; pais, sogros etc.
Todas essas relações com que, em situações normais o indivíduo
defronta, inseridas no meio familiar igualmente, para
mais ou para menos,
influenciam na sua postura
profissional, social e conjugal. Do mesmo modo as demais
partes do nosso queijo da vida (
o círculo cortado em 4 partes) fatalmente influencia umas às outras.
Significa dizer que esse aspecto da existência precisa ser
trabalhado com constância e acurado interesse. Dele também derivam emoções e
comportamentos que se integram na vida como um todo.
Quem não é um bom
filho(a), normalmente não é um bom esposo(a) diz a experiência de cada dia. A
família é importante porque sempre representa a primeira rede de proteção para
o individuo para a espécie.
Nascemos sociáveis a partir de um pequeno núcleo
chamado família, onde exercitamos da forma mais espontânea possível aquilo que
somos de verdade e em essência.
Se hoje se repete o drama de filhos se
esquecerem ou ignorarem os pais, é porque esses mesmos pais, evocando talvez os
mais nobres motivos, também foram omissos para com os próprios
ascendentes. A vida tem suas leis a
partir da consciência de cada um.
Há aqueles que a vida toda se afundaram no
trabalho, como um ópio aparentemente virtuoso, que na realidade era uma fuga da
família. Esses laços rompidos farão falta, como sempre faz falta o elo de uma
corrente ou o dente de uma engrenagem.
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