MAGNO ALVES (Biografia em diálogos) 5) a 56






Generoso: Então aqui já entramos na condição que escolhemos destacar que é O PODER DA AÇÃO POSITIVA.

Magno: Ação positiva pra valer! Mas não queira, por favor, mudar de repente, de lobo para cordeiro ou de serpente para pombo. Tudo na natureza obedece a um ritmo. Nós, humanos, temos a felicidade de poder superar os próprios limites, desde que não queiramos atropelar a nossa própria constituição.

Generoso: - Isto é importante. A nossa vida para ser boa, não precisa ser outra. Há que continuar sendo ela mesma, mas turbinada com momentos mais bem vividos, com realizações concretas ao correr do tempo. O mal das pessoas é esse: querer mudar tudo de repente.

Magno:- Não só lhe servirá de consolo, mas de lição extraída de história de vidas conhecidas, ilustres ou anônimas,  saber que  mudança efetiva de caráter não ocorre de uma hora para outra.

Uma das grandes personalidades do mundo bíblico foi Paulo de Tarso, mais tarde denominado Apóstolo Paulo. Reportamo-nos a ele por ser uma das pessoas mais conhecidas e onde o motivo de mudança foi  o mais radical possível.

Como sabemos, ele foi um perseguidor cruel dos cristãos, encerrando-os em prisões e submetendo-os a flagelo e morte, sem qualquer condescendência ou piedade. Literalmente, caiu do cavalo. Pela estrada de Damasco, o Cristo ressuscitado, em pessoa, o repreendeu e abriu com sua luz aquela consciência povoada de cólera, com gana de morte.
Mas foram precisos mais três anos de preparo- segundo a própria Bíblia relata -  para que Paulo mudasse aquela casca dura e empedernida de fanatismo e ódio pelos cristãos. Somente então, após três anos de preparo,  transformou-se no novo homem e um dos mais destacados, senão o maior propagador do cristianismo na face da Terra.

Tenhamos bem certo, pois, que  Saulo de Tarso, mesmo  tendo sentido todo o poder de Jesus Cristo em pessoa, não pôde mudar-se por completo  de um momento para outro. Por isso, nós, simples mortais, a maioria dos quais não palmilhará como Saulo a estrada de Damasco (ainda menos agora, com tantos conflitos armados naquelas bandas), seguramente não podemos, nem há quem o exija, que mudemos por completo de uma hora para outra.

Generoso: - Aliás, queiramos ou não,  a criatura humana está sempre mudando. Não só fisicamente, mas mental e  espiritualmente também. Há ao correr da vida a aquisição inevitável de experiências que inevitavelmente modificam as pessoas. Algumas pessoas  se mudam mais, outras, menos, mas todos nós, infalivelmente nos mudamos.

Desmascarando os fantasmas
MAGNO ALVES - EM O PULO DO GATO

Magno: Ninguém pode se permitir experimentar com freqüência o estado de cólera. Na medida em que vão-se afrouxando os laços da consciência, o indivíduo passa a incorporar em sua vida o hábito de autoflagelar-se por mil razões. A rigor, motivos não faltam para qualquer um de nós ficar contrariado. Mas há dois fatores a considerar.
O primeiro é que  reagir violentamente é uma maneira errada de se tentar resolver o problema. Em vez disso, o que vai ocorrer é que o problema ficará maior. Poderá chegar a um dimensão em que fugirá por completo de todo e qualquer controle.
A segunda razão é que  quando a pessoa toma o caminho da intolerância – e na natureza tudo é progressivo – ela vai acabar sendo uma pessoa essencialmente intolerante. Com isso  passará a ser evitada pelos amigos e pela própria família. É fácil ajuizar como a situação irá se complicando e multiplicando brigas, bate-bocas e até agressões físicas.

Por isso é preciso um constante ajuste de contas consigo mesmo. Se você observar um violeiro,  para usar um exemplo feliz e muito simples, verá que ele passa, na verdade, mais tempo afinando a viola do que propriamente tocando seus deliciosos ponteios. Assim também cada um de nós precisa afinar o instrumento (corpo, mente e espírito) com regularidade para poder entoar com harmonia a canção da  vida.




Recursos terapêuticos sempre existem

Generoso: Alguém poderá dizer, em réplica, que os tempos de hoje são difíceis, avalizando o refrão dos pessimistas que o gravaram a ferro na testa. No entanto, qualquer um que se der ao mínimo de trabalho de ler umas poucas páginas da História – de nosso país ou da própria humanidade- não encontrará nenhum momento estático e paradisíaco. Pode ser, e é verdade, que este tempo tem seus inconvenientes acentuados por uma série de fatores. Mas se os fatores fossem outros, não haveriam esses efeitos, mas outros efeitos (desagradáveis) inevitavelmente existiriam. A evolução é um processo dolorido.

         Magno: -   Mas sob o aspecto de  recursos terapêuticos, para curas do corpo e da mente,  nunca a humanidade teve tanto recurso como hoje. A prova disso é que a expectativa de vida da humanidade aumentou muito.

Conte com a competência dos profissionais de saúde

Se você está a ponto de estourar, more você onde morar, pode contar com um médico que, bem ou mal, irá lhe atender e norteá-lo  - quem sabe?- para um psicólogo que o oriente de como administrar sua sensibilidade. Na verdade, isto é muito salutar, e esses profissionais estudaram muito, sabem o caminho para resolver o seu problema ou, se mais sério, encaminhá-lo a  outras instâncias de cura.
Se for questão de tomar um medicamento, eles – médico, psicólogo, fisioterapeuta etc., cada qual em sua respectiva especialidade – sabe o que receitar-lhe. Se você não tem dinheiro para comprar o remédio, o Centro de Saúde ou outro órgão qualquer do governo, mantém  um departamento farmacológico para lhe fornecer gratuitamente o medicamento que você precisa. Se negarem, brigue pelos seus direitos. Informe-se onde reclamar. Se isto não adiantar, procure  a imprensa e apresente os fatos, seja específico. Não se acanhe em fazer valer o que lhe é de direito. Por aí você percebe que há toda uma rede de proteção para você usar quando necessário. Você tem onde se apoiar, mesmo quando tudo pareça conspirar para lhe fazer crer que está sozinho e desprovido de recursos.
Todos estas formas de ajuda são providências que Deus inspirou os cientistas e governantes  para manter a sociedade em funcionamento. É um apoio delegado, transferido para a hierarquia humana e que está  estabelecido para fazer o melhor pela sua e pela minha vida.





Generoso: Muito bem, Magno. Você não deixa escapar nada. Sempre adota um sistema de mergulhar na questão a ponto de não deixar nenhuma brecha para  que a ausência de sorte possa apresentar  qualquer argumento contrário.

Magno: Nada resolve uma atitude complicadora, ou permanecer à espera da chuva de maná sobre o deserto. Em 99,9 por cento das vezes, que alcançamos soluções para nossos problemas, essas soluções se tornam posteriormente explicáveis e se lastreiam em condições naturais. As soluções mais simples e mais visíveis são as que melhor funcionam.

Generoso: - É a velha prática do “caminho das pedras”.

Não precisamos fazer de nossa vida uma romaria em busca de  milagres ou constante peregrinação da mente por territórios ocultos. A vida prefere as coisas simples, e as atitudes práticas são as vias mais usadas para se chegar aonde se quer.
Seja direto no seguir  o caminho de uma vida saudável, equilibrada e exitosa. Use suas pernas para caminhar e nunca para espernear, pois somente andando é que se pode chegar ao destino traçado.


Generoso: - Agora você acrescentou mais clareza à questão da AÇÃO POSITIVA. Mas ao final desta seção há um resumo bem detalhado sobre esse item. Faltou dizer, aí na história do seu pai, que mesmo após os tabefes e pescoções no rádio,  ele continuasse mudo, então seria a hora de leva-lo ao técnico.

Magno: - Perfeitamente. Por ir ao técnico entendemos que, em casos mais sérios, não se pode evitar a ida ao médico ou psicólogo, assim como se os tapinhas no rádio não resolverem é preciso procurar um técnico em eletrônica. Também pode procurar o seu líder espiritual, o pastor, o padre ou equivalentes.  Se alguém está se sentindo abatido,  cansado, sem forças e indisposto – em muitos casos o mal pode também ser apenas o físico, de funcionamento do corpo. E o corpo não sempre  influi na mente. O que não pode é ficar parado, esperando as coisas acontecerem. A proceder assim, pode ser até que aconteça o pior. Temos que ser realistas.

             Generoso:- A depressão hoje está em voga em todas as classes. Até se diz entre os estudiosos que grande parte de deprimidos estão na classe dos altos executivos. Seria bom que abordássemos esta questão, para deixar bem claro que não confundimos dinheiro e prestígio, com sucesso e felicidade.
            Magno: - É bom tocar nesse assunto. Se uma pessoa achar que o sucesso dela só depende de dinheiro ou do que o dinheiro pode comprar, sabe o que vai acontecer? Será o mesmo que subir num pau de sebo – aquela prova folclórica que há em alguns lugares – e depois de tanta canseira e esforço, no meio de todo aquele aplauso da torcida, descobrir que a nota de 100 reais que estava no topo desse pau de sebo é uma nota falsa. A ação positiva é sempre abrangente. É preciso ter um foco, mas não uma fixação doentia em apenas se tornar uma máquina de ganhar dinheiro.



        
Generoso: Segundo pesquisas da área médica e psiquiátrica, os executivos estão mais susceptiveis a depressão? Seria excesso de foco?

Magno: Não se pode confundir foco com idéia fixa. Uma luz sempre tem um foco mas não alumia uma única coisa. A competitividade, até certo ponto é saudável, ajuda a manter o dinamismo da vida. Mas passado de certo limite, em que o sujeito se torna como um burro amestrado, só para trabalhar e nada mais, aí ele se desenfoca a própria vida.

Generoso: O que leva um homem bem sucedido, a ter depressão? Quais as conseqüências  para sua familia?
Magno: À maioria desses executivos, bem que se aplica o exemplo do escalador de pau de sebo que, desapontado, recebe como prêmio de todo esforço uma nota falsa que não pode comprar o que ele precisa. O que se experimenta é  somente vazio emocional, decepção. Na verdade, o sucesso tem algumas armadilhas psicológicas próprias para quase todos os Diretores Executivos (D.E) que se robotizam em trabalhar e fazem do trabalho – pasmem – uma espécie de droga ou anestésico.
Generoso : Segundo foi apurado, as próprias virtudes  que os levam a se tornar “os grandes mandachuvas”, advém  de um lugar muito escuro na psique.  De verdadeiros pontos cegos da alma.

Magno: Claro que existem muitas exceções. Embora este parecer deva ficar reservado aos técnicos da alma, que são os analistas, estudos revelam que  existe dois tipos gerais  de executivos: aqueles que alcançaram o  sucesso por sua praticidade e agressividade, e uma outra classe  que só  têm sucesso exatamente porque temem o  não terem sucesso. Alguns nunca tiram férias ou trabalham o tempo todo durante elas, carregando celulares,  pastas, liptops, notebooks, etc.  Isto acarreta complexo de  culpa e um estado constante de estresse..
Generoso : Causa muito freqüente de desajustes, comum entre alguns grandes  executivos o fato de  que geralmente procuram suprir sua condição de filho, pai e marido  ausente, sem nenhuma coesão com a família, , compensando-a com dinheiro e toda sorte de bens materiais.

Magno: Quando no topo, em condições de depressão aparentemente incurável, tais executivos podem debandar para relacionamentos  desastrosos  fora do casamento. Outros, podem se valer da bebida em excesso como uma falsa válvula de compensação. Chegados a este ponto, são diagnosticados por certos  profissionais de saúde  como sinal do topo do stress e não do sucesso....

Generoso: - O tema desta publicação será o de manter o foco. E o foco escolhido foi a AÇÃO POSITIVA. Seria conveniente aprofundar mais a questão e fazer, ao final, uma retrospectiva dessa prática, justificando sua recomendação.

Magno: - O primeiro ponto que destaco é o de que é preciso se mexer. É manter o primeiro impulso, sair da inércia. Já se diz que carro parado não ganha frete e cobra que não anda não engole sapo. Embora os mineiros digam que “cobra na rodilha não leva porretada”. São ditos populares, mas cheios de sabedoria.  É preciso destacar que pensar positivamente é bom, mas agir, a partir do pensamento positivo, é o ideal. Quem quiser pode comprovar em sua própria vida a partir de agora, se nunca aplicou esse truque de espantar a preguiça, a inação.


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